POV MADALENA

Tiago estava estendido sobre minha cama, enquanto eu estava arrumando uma roupa no roupeiro. Estava de costas voltadas pra ele, por isso não sabia o certo o que aquela coisa estava fazendo.

_ Muito calor aqui, né! – virei pra trás pra enxergar meu namorado, tentando assim perceber qual a razão de tal insinuação.

Estava tirando a camiseta e logo depois a jogou num canto, deixando o peito descoberto, se apoiando apenas nos cotovelos, enquanto ainda fazia questão de amarrotar minha cama.

Tiago me olhava de um jeito que eu nunca o tinha visto me olhando. Seus olhos reluziam e falavam logo o que ele queria fazer. Mordia o lábio, que nem um safado, erguendo o cenho com um ar de importância. Me estava seduzindo, provocando, tentando assim saber até que ponto eu resistiria a seus encantos.

Rindo de canto eu entrei no joguinho gostoso dele. Era brincar que ele queria, né? Então que o jogo começasse.

Joguei a blusa que tinha na mão para dentro do roupeiro, destino pelo qual já estava previsto pra ela e procurei por um blusão ou algo do tipo.

_ Calor? Cê deve tá doente Tiago. EU tou morrendo de frio! – Mentira. Mas se ele brincava comigo daquele jeito porque não responder na mesma moeda?

Remexia procurando algo quente quando me senti encurralada. Estava presa, sem passagem, sem saída. Desisti de procurar o que quer que fosse e me virei pra Tiago, alma responsável pelo sequestro que eu estava sendo submetida naquele momento. E o melhor mesmo era ele se afastar, ou se não teria que responder por crime qualificado, e eu não me importaria nada de ditar sua sentença. Até já tinha algumas ideias.

Ele se aproximou ainda mais de mim, quase que me entalando entre ele e a parede.

_ E agora ainda continua com frio?

_ Pois, é…. – fiquei nervosa e só gaguejava, não sabia o que falar e sentia minha respiração começando a ficar um pouco descontrolada. – Eu acho que agora a temperatura subiu bastante. – sabe aquela sensação de rosto queimando? Pois eu me estava sentindo assim naquele preciso momento. E o sorriso tosco e maroto de Tiago não ajudava em nada.

_ Nossa, e agora você tem superpoderes ou sou mesmo eu que te deixo desse jeito?

_ E o que te leva a crendo que é você que me deixa assim?

_ Talvez, a forma como ainda não desgrudou o olho de meu peito, ou o nervosismo com que fala! – achava seriamente que se ele chegasse um centímetro mais que fosse pra mim, eu ficava que nem folha de papel acabada de sair de impressora. Estava já em bicos de pés e encolhendo a barriga, quase que já sentia minhas costelas, por isso o risco disso acontecer era digamos bastante grande. – Mas me fala, o que você acha de meu peito, de minhas marcas, de minha pele abdominal?...

_ Eu… Eu… Eu acho que como stripper cê não tem grande futuro, mas… se quiser eu não me importo de te fornecer umas lições privadas… - enquanto falava passava as mãos por seu peito e acabei falando em seu ouvido, enquanto arranhava suas costas.

Regressei os calcanhares ao chão e o encarei.

_ Sabe que essa ideia, não me está parecendo nada má! Mas me fala. Qual é a primeira coisa, que tenho que aprender pra ser um excelente stripper?

_ Primeiramente tem que segurar a onda e ter um pouco de paciência… - ele levantou um pouco as mãos deixando eu passar as minhas por suas laterais. – Depois, tem que ser um pouco carinhoso nos movimentos e não pode apressar nada… - levei a mão em meu cabelo e o joguei suavemente para meu ombro direito, deixando ele caindo desse lado apenas, mostrando grande parte de meu pescoço. Tiago apenas passou a mão por cima de meus lábios e depois deixou seus dedos escorregarem por eles.

O olhei e achei que minhas palavras naquele momento já não faziam diferença, já não expressavam o que quer que fosse, o momento que ele pedir, agarrou minhas palavras. È e como as palavras já não saiam mais de minha boca, podia afirmar que a lição estava terminada. Ele já sabia o que tinha que fazer.

Tiago jogou meu cabelo pra trás com cuidado descobrindo meu peito e meus ombros.

Pousando a ponta do dedo em meu ombro ele foi traçando uma linha até minha mão. Depois a agarrou e pousou a outra mão em mim cintura. Já eu o agarrei pela pescoço com a que me restava e colei nossos lábios. Fomos andando até á cama como que dançando e acabamos por cair juntos, lado a lada. Ele me agarrou forte pra ele, passando sua perna por cima das minhas, enroscando nossos pés e apertando meus quadris.

Aos beijos o ar não fazia a diferença a vontade era tanta, que naquela altura nossas bocas, nossos pulmões, nossas mãos, nosso desejo e tudo o que quer que fosse nosso apenas nos queria um ao outro.

Senti Tiago deslizando suas mãos ao mesmo tempo que tentava arrastar minha blusa junta e isso me estava causando arrepios, vagas de frio, um frio um pouco medroso. Porque sim eu estava com medo, não de Tiago, não do que ele pudesse fazer comigo, estava com medo de mim mesma, do que eu sentiria. Mas também qual a menina que não fica assim?

Minha blusa passou por minha cabeça e eu a joguei num canto qualquer, enquanto Tiago me admirava atento, parecia que tudo o que eu fazia, meu piscar de olho e tudo mais eram pormenores que ele notava e reparava, mas ele estava indo devagar, estava sendo carinhoso, meigo, paciente. O que me levava a concluir que ele tinha aprendido a lição de hoje.

Deitei por cima dele e coloquei minhas pernas entre as suas. Joguei meu cabelo pra trás e depois, depois mais beijo. Não beijos calmos, mas sim desejosos, quentes.

Não estávamos em igualdade, quer dizer praticamente estávamos mas teoricamente não pois menino não usa sutiã.

Tiago não estava com muita pressa, por isso achei que essa nossa desigualdade não era relevante pra ele. O tiraria de qualquer jeito.

Um barulho vindo sei lá de onde invadiu o quarto, mas tanto eu como ele não estávamos nem aí, só tivemos noção da realidade uns segundos depois.

_ Ups! Estou interrompendo alguma coisa! – Lucas,. Oh meu deus! Lucas! Tiago me jogou pra lado e eu apenas o abracei. De modo que Lucas não me metesse a vista em cima.

_ Que raio faz aqui? – Tiago perguntou enervado? Um pouco talvez, mas isso acho que até eu estava. Mas também recuperando algum ar.

_ Desculpa cara! Primeiramente vim aqui pra avisar o menino que seu pai ando louco á sua procura, e visto que vos encontrei nessa situação, digamos que também vim impedir consequências futuras.

_ Prova de Química! – Tiago passou a mão pela cabeça um pouco aflito. Mas isso até eu ficava. Pelo que ele falou, quase não fez nada na prova e isso dava um zero valente, na área de qualificação. – Com certeza ele já sabe!

_ Eu só vim mesmo pra isso, por isso adeus pombinhos. – Lucas falou aquilo de forma engraçada e gozador e levou com um valente travesseiro logo depois.

Tiago beijou meu ombro e depois me olhou.

_ Hey, sem ideias. Já basta a nota da prova. Não faça seu pai descobrir que você tá aqui e depois já passa ouvindo sermão por duas razões. E cê sabe bem como seu pai é quando o assunto é casaizinhos de colegial.

_ Não quer que eu fique?

_ Não é isso! Mas eu não quero prejudicar você, nem tão pouco quero me prejudicar.

_ È, talvez você tenha razão. – me sentei na cama e peguei minha blusa de novo, ajeitando minha roupa.

_ Talvez? – perguntei sínica. – Eu tenho razão!

Ele vestiu sua camiseta, deixou um leve beijinho na minha testa e depois saiu. Nem queria imaginar como seria lá na diretoria. O senhor diretor, meu sogro não oficial não era muito de falinhas mansas. Ele pegava pesado quando o assunto tocava a Tiago e a seu desempenho escolar.

…

Estava preocupada, Tiago não atendia minhas chamadas, não respondia pra minhas mensagens, não estava em lugar nenhum, nem mesmo na diretoria.

Não estava no quarto, será que tinha ido pra casa?

Fui até ao quarto de Lucas.

_ OI!

_ OI! – ele estava deitado na cama com os fones no ouvido e logo se levantou quando me viu.

_ Desculpa mas eu bati na porta e ninguém falou, por isso decidi espreitar e entrar.

_ Numa boa. Mas precisa de alguma coisa?

_ Cê por acaso sabe de Tiago? Tou farta de procurar por sua existência, e ele não tá em lugar nenhum.

_ Porque não liga pra ele?

_ Quantas mais vezes? Chama, Chama mas ninguém atende! Estou ficando preocupada.

_ Pois eu não sei, mas se quiser eu te ajudo a procurar!

_ Não vale a pena. Se eu já andei procurando em tudo o quanto é canto e não tem sinais dele, acho que não vale a pena procurarmos a milésima vez. Mas se vir ele por aí me avisa tá bom?

_ Tá! - ele sorriu. E depois eu saí.

Lucas era um cara legal. Apesar de ser um pouco machista e pegador, num é que Tiago num fosse, mas digamos que Lucas exagerava um pouco mais no que toca a isso, ele era legal. Sempre estava lá e não era muito daqueles amigos marrentos ou chatos. Não era muito intrometido e tal como Tiago nunca via problemas em nada.

Tinha vezes que até gostava de ficar pensando como eles mas nunca conseguia! Por que será? Isso não sei ao certo.

Peguei de novo no celular e quando vi o visor e li, “Nova mensagem” acho que tudo em mim se iluminou.

“ Desculpa não responder antes. Mas só agora peguei no celular. Estou bem, mas estaria melhor se você estivesse a meu lado agora! Estou na cabana! =(”

Tudo estava ensopado. Tinha chovido pra caramba e o caminho do colégio até á cabana, parecia as margens do Amazonas em dia de temporal. Cada vez que pousava o pé parecia que enterrava a perna toda na bosta de lama.

Abri a porta com cuidado e lá estava ele deitado no sofá, rodeado de cigarros apagados. Levantou o olhar quando me viu e sorriu fraco. Sua cara me dava pena. Entrei devagar e pousei minha bolsa, junto com meu blusão na mesa.

Não sabia bem o que falar por isso caminhando fui até junto do sofá. Ele retirou as pernas, pra dar espaço pra eu me sentar e apoiou os ombros nos joelhos, deitando pra fora a fumaça que segurava.

Levei minha mão até seu cabelo e o afaguei. O certo era que não sabia bem o que fazer e sempre vivi ouvindo falar que ações valem mais que mil palavras.

Me cheguei um pouquinho mais pra ele e encostei minha cabeça em seu ombro. Logo ele tratou de apagar o cigarro que segurava e acabando por deitar sua cabeça sobre minhas pernas.

_ A coisa tá feia! – ele sussurrou.

_ Hey. Calma, tudo se resolve.

_ Então faça minha cabeça aprender mais. Faça minhas provas serem positivas. – ele falava grosso comigo. Mas numa ocasião dessas era compreensível.

_ Hey, tanto barulho pra quê, Tiago? Não estou reconhecendo aquele garoto que sempre tem soluções, que sempre vê tudo positivamente! CÊ apenas precisa de ajuda. E isso não é problema. Se tá precisando de umas lições bónus de matemática, português, química, biologia, ou seja de que disciplina for eu te posso ajudar. Deixa de tanto dramatismo.

_ Tá difícil!

_ Pra Tiago Vasconcelos nada é difícil! Cê vale seu peso em ouro! – falei aquilo e ele riu, enquanto já se levantava.

_ Em ouro?

O brindei com um sorriso tentando assim acarinha-lo.

Ele pegou no isqueiro e em mais um cigarro, desconfiava seriamente que a quantidade que estava caída no chão ele já tivesse devorado um maço.

_ Deixa eu experimentar…- falei. Vendo ele fumando naquela hora, despertou em mim uma sensação de curiosidade.

_ Que falou?

_ Deixa eu experimentar! – falei de novo estendendo a mão.

_Não! – Tiago esticou a mão pra trás e falou convictamente.

_ Porque não! Já me ofereceu uma vez. Se esqueceu?

_ Mas foi diferente!

_ Foi? Não vejo aonde. Mesmo sofá, mesmos problemas, mesmo menino, mesma menina, mesma cabana mesma chuvada! Onde tem diferenças?

_ Você antes não era minha namorada! Eu não quero que apanhe vícios!

_ E quem disse que eu vou acabar viciada?

_ E quem disse que não?

_ Quero apenas experimentar! – ele fazia de tudo pra eu não botar a boca no cigarro.

_ Não, Madalena, não! – ele voltou insistindo.

_ Hey, você é meu único vício…