Conte-me tudo o que sabes

Conte-me tudo de uma vez

Conte-me antes que seja tarde

Antes que morra também.

-Não precisa ficar me olhando pelo canto do olho, Ma chérie, eu sei que não está à vontade com minha presença. – Nathaniel deu um leve sorriso de lado.

A jovem o ignorou e terminou de ajeitar sua roupa de festa. Chloe havia planejado e organizado uma festa de última hora. Comunicou a todos os comerciantes mais ricos da região, provavelmente por causa do negócio que seu marido fechara que fora um sucesso.

Finalizou seu cabelo observando Nathaniel pelo espelho, confirmando de que ele ainda estava no mesmo lugar, mas ser observada por um homem enquanto se arrumava realmente a incomodava.

-Já podemos ir. – virou-se séria para ele.

-Não precisa ser fria assim comigo – disse mais perto do que ela gostaria.

Ela desviou-se dele e foi para a carruagem sem esperá-lo.

“Preciso me livrar dele” – já pensava em uma forma de sumir da visão dele durante a festa.

-Como está linda. – comentou Eric como se falasse para si mesmo e deu um leve sorriso ao ver que ela havia ouvido. –Sempre teve uma audição muito boa, senhorita Caroline.

“Como se não soubesse o por que ...”

Nathaniel chegou junto com o cocheiro e foram todos para a mansão de Chloe, onde toda a região mais rica se encontrava no momento.

-Comporte-se como se fosse alguém normal. – foram as últimas palavras de seu tutor antes de deixá-la sobre a guarda de sua nova “babá”.

-Vamos cariño mio? – sorriu estendendo-lhe a mão.

-O que eu já falei sobre apelidos estrangeiros? – ela desceu da carruagem recusando a ajuda.

Rapidamente Caroline se misturou em meio a vestidos volumosos, comerciantes e o forte cheiro de perfume francês.

Olhou em volta para ver se Nathaniel estava por perto, acabou não o achando e uma leve sensação de liberdade tomou conta de si. Procurou um canto afastado dos sons de violino do salão principal onde ocorria evento e pegou o livro que achara no quarto secreto.

Abriu-o na página do desenho que vira da última vez. Embaixo dele havia apenas uma palavra.

“Pesadelo”

Aquela palavra a fez ficar com rugas entre as sobrancelhas, virou as páginas até achar outro desenho. Nesse havia uma garota ajoelhada no chão com uma flor azul na mão e atrás dela a horrível cena de várias pessoas sendo assassinadas por um gigantesco lobo negro.

 Abaixo da página em que estava apenas à parte com o desenho da garota, havia outra palavra, dessa vez escrita em francês.

“Fleur”

“Flor” – traduziu mentalmente estranhando a palavra naquela língua. Virou a página e percebeu que o resto do livro estava escrito agora somente em francês.

-Provavelmente esse livro ainda não estava terminado quando chegou aqui. - murmurou

Tremeu de leve ao ver as palavras que estava embaixo da parte do desenho em que se encontrava o lobo, apesar de ter conseguido traduzir apenas as duas primeiras palavras.

“Lune Rouge. Lui toujours visites lors du lune rouge.”

-Lua vermelha... – em um reflexo imperceptível agarrou o pulso de Isabele que estava prestes a tocá-la.

-Pode me soltar, por favor? – sua cara já estava retorcendo em uma expressão de dor com a força de Caroline.

Aos poucos a jovem soltou-a e a expressão sem emoção de Isabele retornou ao seu rosto.

-Tenho um lugar melhor para você ler isso. – indicou para o livro – Os humanos não podem saber da existência deles. – falou como se não fosse uma humana.

Sem saber como reagir acabou seguindo Caroline por uma entrada que havia abaixo da escada.

-Isabele... – chamou-a.

-Sim?

-Quero que me conte tudo o que sabe... Principalmente sobre o que tem nesse livro.

-Sabia que uma hora você iria pedir. – um sorriso se alargou em seu rosto.