Coração Vago escrita por KatherineKissMe


Capítulo 44
Capítulo 43




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"E até quem me vê lendo o jornal
Na fila do pão, sabe que eu te encontrei
E ninguém dirá que é tarde demais
Que é tão diferente assim
Do nosso amor a gente é que sabe, pequena"

Último Romance - Los Hermanos

Fatinha acordou ainda cansada. Ela tinha dormido pouco mais de vinte minutos.

–Acho que eu vou precisar de um ano para me recuperar. –Ela murmurou para Bruno, que estava sentado na poltrona com a filha no colo.

–Tá vendo Bia, sua mãe já acorda reclamando. –Ele disse para a filha.

–Ih, nem estou reclamando. Comentando a realidade me parece mais adequado. –Ela disse se sentando.

–Então, já que nós estamos falando de realidade, tenho uma pra você. –O moreno disse. –A sua filha está com um cheiro desagradável.

A loira riu da maneira como o rapaz falou, com uma cara de nojo, e com os braços estendidos para entregar Beatriz à mãe.

–Nossa filha, Brunito. –Ela corrigiu ainda rindo. –E nem vem querer fugir das fraldas, porque eu não vou deixar.

–Já imaginava. –Ele suspirou. –O que nós fazemos agora? Chamamos alguém, ou nos viramos?

–Boa pergunta. –Ela comentou. –Na dúvida, não custa perguntar.

–Concordo. Vou atrás de alguém, e você fica com a fedorenta. –Ele brincou passando a filha para Fat.

–Você está ouvindo isso Bia? Seu pai está te chamando de fedorenta! –A loira disse para a filha, que só observava.

–É fedorenta sim, mas a minha fedorenta! –Disse Bruno dando um beijinho na cabeça da filha.

–Para de enrolar Bruno. –Fat empurrou o rapaz.

O moreno saiu do quarto rindo, para voltar alguns minutos depois com uma enfermeira.

–Olá, estou sabendo que temos uma pequena aqui precisando de uma troca. –A mulher disse.

–É, a dona Beatriz já encheu a fralda. –Fatinha comentou.

–Pois se acostumem com isso, papais. Vocês vão perder a conta de quantas fraldas vão trocar em um único dia. –Ela disse. –Alguém aqui já tem experiência no assunto?

–Zero. –Bruno disse rapidamente.

–Hn, teoricamente eu sei uma coisinha ou outra, mas nunca pratiquei. –A loira falou.

–E sobre banhos? –A enfermeira perguntou.

–Nada. –Os dois disseram juntos.

–Tudo bem, então agora é hora de aprender. –Ela disse estendendo os braços para pegar a Bia. –Primeiro eu vou dar as instruções sobre o preparo da água do banho, e esse tipo de coisa, ok?!

Bruno ajudou a namorada a se levantar da cama. A enfermeira foi explicando passo a passo o que os pais deveriam fazer. Eles trabalharam em conjunto, e logo o banho já estava preparado.

–Vocês se saíram bem na primeira parte, agora quem vai trocar a fralda da Bia? –Ela disse.

–Hn, pode ser eu. –Fatinha disse, vendo o assombro de Bruno.

Os dois esperavam que a mulher fizesse a primeira troca de fraldas dando instruções a eles, e se surpreenderam ao ver que ela apenas auxiliaria.

–Primeiro detalhe: o recém-nascido não pode ficar muito tempo exposto à friagem, nem antes e nem depois do banho. O ideal é que vocês tenham ao seu alcance tudo o que vão precisar. –Disse a mulher. –Mamãe, mãos à obra?

–Mãos à obra. –Ela concordou nervosa.

Bia foi colocada no trocador. A enfermeira se posicionou de um lado, e Bruno do outro, de modo que ambos pudessem ver o que a loira fizesse.

Seguindo as instruções da mulher, a loira despiu a filha e começou a troca da fralda. A mãe sabia um pouco do que fazia o que facilitou o seu aprendizado.

–Agora é a hora do banho. –Anunciou a mulher.

Bom, essa parte foi a mais complicada.

Inicialmente Fatinha encontrou dificuldades para posicionar a filha nos braços, o que resultou em boa parte da sua blusa molhada. Quando ela finalmente encontrou a posição ideal, a enfermeira começou a explicar sobre os cuidados com o umbigo, o que a deixou mais nervosa ainda. Era um daqueles momentos em que Fatinha percebia o tamanho da responsabilidade que tinha agora.

–Pronto. A Beatriz já está higienizada e cheirosa. Agora é hora do papai fazer a sua parte. –A mulher disse. –Bruno, pegue a toalha, por favor.

O moreno estava assustado por ter que deixar a posição de espectador, mas obedeceu. Fatinha passou a filha para os seus braços, que já estavam com a toalha, de modo que a filha ficasse enrolada no tecido macio.

–Muita calma nessa hora. –Ele pediu ajeitando a filha nos braços.

Felizmente Bia não se incomodou com o óbvio nervosismo dos pais. Ela parecia uma bonequinha.

–Coloque-a no trocador. –A enfermeira instruiu e ele obedeceu.

Bruno estava sem jeito, mas foi secando a filha de acordo como achava certo. A mulher não disse nada, e ele assumiu que estava fazendo as coisas da maneira correta.

–Agora é hora de colocar a fralda. –Disse a mulher. –É extremamente importante que o bebê esteja bem seco, ok?! Os cremes antiassaduras são essenciais, e devem ser usados sempre. O segredo para que o bebê não fique com a pele irritada é trocar a fralda sempre que possível, não o deixando em contato com a umidade por muito tempo.

O moreno passou o creme na filha, seguindo as instruções dadas, e depois colocou a fralda. Fatinha foi a seu auxilio na hora de colocar a roupinha na filha.

–Vocês se saíram muito bem para pais de primeira viagem. –A mulher parabenizou-os. –Voltando às assaduras: elas acontecem. A pele do bebê é muito sensível, então não se assustem se mesmo trocando a fralda com frequência, e usando o creme antiassaduras, a Beatriz aparecer assada. O importante é cuidar para que não vire um problema mais grave.

–Certo.

Fatinha pegou algumas dicas com a mulher sobre marcas e produtos, mas logo foi interrompida pelo choro da filha.

–Acho que temos alguém com fome. –Bruno disse tentando acalmar a pequena.

–Vocês precisam de ajuda? –A enfermeira perguntou.

–Hn, acho que não. –Fatinha respondeu pegando a filha.

A mulher preferiu continuar no quarto para ajudá-los se necessário, mas por fim não foi preciso. Felizmente a Bia não encontrou dificuldades para pegar o bico.

Depois que a menina arrotou, a loira a passou para o colo de Bruno.

–Agora é a hora do meu banho. –Ela disse. –Não demoro.

Na verdade Fatinha demorou um pouco no banho. O fato é que mesmo que a recuperação do parto normal seja rápida, há uma ligeira limitação de movimentos.

Quando ela deixou o banheiro, encontrou a filha sendo ninada pelo namorado.

–Ela já dormiu? –A loira sussurrou chamando atenção.

–Sim. –Ele respondeu também sussurrando, com um sorriso torto nos lábios.

Fatinha se aproximou dos dois, e percebeu que a filha estava com a mãozinha agarrada no dedo mindinho do pai.

Ela sorriu, e se aconchegou ao lado dos dois no sofá.

(...)

Na terça-feira os três deixaram o hospital.

Bia já havia feito todos os exames iniciais, e teria uma consulta com a pediatra dali a quinze dias.

–Finalmente em casa. –Fatinha disse suspirando. –Parece que eu não venho aqui há anos.

–Parece que eu não durmo direito há anos. –Bruno concordou.

–Vamos conhecer o seu quarto, Bia? –Ela convidou a filha que parecia analisar o ambiente ao redor.

O moreno deixou as bolsas na sala e acompanhou a namorada ao quarto da pequena.

–Fizeram um bom trabalho aqui. –Fatinha comentou.

O quarto estava limpo e arejado. As avós haviam organizado os últimos detalhes para receber a neta, já que nesses últimos dias Bruno só havia a passado em casa para tomar banho.

A loira deu uma checada na fralda da filha, que felizmente estava seca.

–Moreno, vou tomar um banho para tirar esse cheiro de hospital do corpo. –Ela disse. –Daqui a pouco a Bia estará reclamando de fome, e eu preciso aproveitar o momento.

O rapaz concordou, pegando a filha de bom grado e Fatinha se apressou para o banho.

Bruno voltou para a sala onde encontrou um bilhete da mãe. Nele ela avisava ter deixado o almoço na geladeira, e prometia passar no apartamento mais tarde.

Dez minutos depois, Bia começou a resmungar. O moreno a levou para o quarto, onde descobriu a fralda molhada. Fatinha deixou o banheiro apressando-se para vestir a roupa, mas quando chegou ao quarto, a pequena não mais resmungava.

–Era a fralda. –Bruno explicou.

–Ai moreno, não sei o que eu faria sem você. –Ela suspirou. –Me pergunto como mais solteiras fazem nessas horas.

–É uma boa pergunta. Mães solteiras são quase que heroínas. –Ele comentou.

–Quantos dias duram a licença paternidade? –Ela perguntou.

–Cinco. –Respondeu ele. –Mas, felizmente, eu tenho uma patroa muito compreensiva que permitiu que eu emendasse as minhas férias com a licença.

–Graças a Deus! –Ela comemorou. –A Débora acaba de ganhar uma fã.

–Vou dizer isso a ela na próxima vez que a vir. –Bruno comentou rindo.

–Falando em patrões, o Michel foi informado que a Bia nasceu? –Fatinha perguntou de repente.

–Foi sim. Esqueci de comentar com você, mas os seus pais estão hospedados no Hostel, e já conversaram com ele. –O moreno contou. –Ele prometeu uma visita até o final da semana.

–Bom mesmo. –Ela disse.

Bia começou a resmungar novamente, interrompendo a conversa.

–Dessa vez é fome, com certeza. –A loira suspirou estendendo os braços para pegar a filha. –Vamos mamar, mocinha?

–Então agora é a minha vez de tomar banho.

O rapaz deixou o quarto, depois de alguns minutos observando a filha mamar.

Vinte minutos depois, Bruno estava esquentando o almoço, enquanto Bia quase dormia no peito da mãe.

Antes que Bia adormecesse de vez, Fatinha a colocou para arrotar. Poucos minutos depois, ela já dormia no berço.

–Hmm, que cheiro bom. –A loira comentou entrando na cozinha.

–Dona Vilma e dona Marta deixaram frango assado, arroz, feijão, salada, e até uma torta de maça para a sobremesa. –Ele contou.

–Nossa, a torta de maçã da minha mãe é um manjar dos deuses! –Disse a garota salivando. –Eu preciso que ela me ensine a receita.

–Por quê? Ela mantém a receita em segredo até de você? –Bruno perguntou rindo.

–De acordo com a dona Vilma, essa é uma receita só para depois do casamento, não me pergunte o porquê. – Ela contou. –Vou ver se ela abre uma exceção pra mim, afinal, eu já sou praticamente casada.

–Se a torta for realmente boa, eu marco o nosso casamento para amanhã. –Ele brincou.

–E quem disse que eu quero me casar com você? –Ela provocou, levando os pratos para a mesa.

–Não precisa fazer doce, minha loira. Um dia eu ainda te peço em casamento. –Ele entrou na brincadeira.

–Um dia, sei... Abre o teu olho moreno, nunca se sabe quando um Ricardão vai mudar para o apartamento ao lado.

–Eu confio no meu taco, valeu?

–Hn, só não confia demais. –Ela disse para depois começar a rir. –Agora eu vou comer, porque eu estou morrendo de fome.

(...)

–Você devia ser mais organizada. –A vassoura dizia para Fatinha.

–Olha quanta falta de higiene! –Acusava a pia cheia de louça suja.

A loira olhava desesperada para todos os lados. O apartamento estava um caos.

Lixo espalhado pelo chão, fraldas cheias no sofá da sala, pizza velha em cima da mesa, as camas desarrumadas, e o varal cheio de roupas.

–Não sei como o Bruno consegue conviver com uma mulher tão desleixada como você. –Dizia o pano de prato.

No seu subconsciente, Fatinha sabia que tudo isso não passava de um pesadelo. Era óbvio que vassouras, pias e panos de prato não falavam.

–Eu vou arrumar tudo. –Ela dizia desesperada. –Eu consigo!

–Fatinha, onde está a minha gravata vermelha? Tenho uma reunião importante hoje. –Bruno perguntou.

E de repente a peça apareceu em cima da mesa, toda suja de cocô.

–Você me usou como lenço para limpar a Bia. –A gravata dizia acusadoramente.

Fatinha acordou assustada. O sonho era o mais surreal possível, mas a loira se sentiu aliviada ao olhar em volta e ver o apartamento limpo.

Mesmo tendo recebido algumas visitas durante o dia, tudo estava no devido lugar.

–Eu vou ficar louca desse jeito. –Ela suspirou.

A loira se levantou surpresa por estar no seu quarto. Até onde ela se lembrava, tinha adormecido no sofá, assistindo um filme com Bruno.

–Meu Deus! –Ela se assustou ao ver que o relógio indicava ser meia-noite.

A última mamada da Bia havia sido há quase duas horas.

Desesperada ela foi ao quarto da filha, que também estava vazio. E foi então que ela ouviu a voz de Bruno na sala.

–Então filhota, você tem se comportado direitinho nessa meia hora que nós passamos aqui. –Ele dizia para a menina, que estava no seu colo. –Nós vamos ao quarto acordar a mamãe, mas lembre-se do que nós conversamos, ok?!

Ele fez uma pausa como se esperasse a confirmação da menina.

–Você vai mamar direitinho, para dormir bem. A mamãe está precisando descansar, e nós precisamos ajudar. Porque é como o papai te explicou, as pessoas não acordam durante a noite para comer, ok?!

Fatinha não resistiu à cena, e de repente se viu rindo e chorando ao mesmo tempo. Ela deve ter feito algum barulho, porque Bruno imediatamente olhou na sua direção.

–Algum problema, minha loira? –Ele perguntou preocupado.

–É só que... Os hormônios. O pano de prato me disse... Ah Bruno, eu te amo tanto. –Ela tentou explicar, confusa entre os soluços.

–Eu também te amo, minha loira. –Ele disse a abraçando, tomando cuidado com a filha que ainda estava no seu colo.

A loira deixou o abraço, respirando fundo e limpando as lágrimas.

–Eu tive um sonho estranho. –Ela contou. –E eu preciso te dizer o quanto eu estou feliz por te ter em minha vida. Você e a Bia deixam tudo perfeito.

Bruno riu, ainda sem entender o que se passava na cabeça da garota.

–Ei, eu é que agradeço todos os dias pela bendita festa que a Ju deu no apartamento dos meus pais. –Ele disse.

–A festa? –Ela perguntou confusa.

–É, porque foi naquela bendita festa que eu conheci uma certa loira que me trouxe para a vida. –Ele explicou com um sorriso torto.

–Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo. –Ela disse pontuando a frase com selinhos.

Bruno, com a mão livre, enlaçou os dedos no cabelo dela, aprofundando o beijo.

–E eu te amo mais ainda. –Ele disse assim que o ar se fez necessário.

Foi então que Beatriz começou a chorar, quebrando o clima.

–E lá vamos nós novamente. –Fatinha disse rindo.

FIM?


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Notas finais do capítulo

Obrigada por acompanharem Coração Vago até aqui. Agradeço pela paciência, por relevarem os meus erros e por comentarem.
Como eu tinha dito anteriormente, vou fazer uma "continuação", que são anexos, cada um contando um episódio marcante.
Caso você esteja satisfeita com o que leu, Coração Vago termina por aqui. Bruno, Fatinha e Bia viveram felizes para sempre, assim como os outros personagens.
Pra quem tiver interesse no futuro deles, vou deixar o link de Pra Sonhar: http://fanfiction.com.br/historia/418169/Pra_Sonhar/

Novamente agradeço, beijos!