Coração Vago escrita por KatherineKissMe


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Desculpa não ter postado ontem, fiquei boa parte do dia sem internet.



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"Si ella te habla así, con tantos rodeos, es para seducirte
y verte buscando el sentido de aquello que vos oirías displicentemente.
Si ella fuera directa, vos la rechazarías."

Los Hermanos - Sentimental


–Oi, eu vim buscar o resultado de um exame que eu fiz há alguns dias. –disse Fatinha para a atendente.

–E qual o seu nome?

–Maria de Fátima dos Prazeres.

–Aguarde um instante.

Depois de muito conversar com Marcela, Fatinha tomou algumas decisões. Para ela ficou claro que ela precisaria de alguma coisa pra mostrar para o Bruno quando fosse dar a noticia. Então, ela marcou um exame em um laboratório, e hoje, um dia depois estava pegando o resultado.

–Aqui. Maria de Fátima dos Prazeres, exame de Beta hCG. Espero que o resultado seja o que você espera. –Disse a atendente com um sorriso no rosto.

A garota pegou o envelope, agradeceu e saiu do laboratório. Apesar de já imaginar o que estava escrito no papel, ela decidiu lê-lo quando estivesse em casa.

Será que há alguma chance desse exame ter dado negativo? Já ouvi dizer que esses testes de farmácia não são confiáveis. –Ela pensava.

Fatinha andava distraída, pensando se hoje seria o dia certo para contar a novidade para Bruno. Ela também teria que contar aos pais, já que não dá pra manter em segredo esse tipo de coisa.

–Ligar ou não ligar, eis a questão. –Fatinha Lispector disse olhando para o celular.

A piriguete/poetisa estava tão perdida em pensamentos que acabou trombando em alguém que passava.

–Desculpa, eu estava distraída e nem... Bruno? –Ela estava surpresa.

–Oi Fatinha. Não tem problema, eu estava distraído também. –Ele respondeu com um sorriso de tirar o fôlego.

–Hn, é... E aí, tudo bem? –Ela perguntou sem graça.

Eu conto ou não conto? Ah, vou ter que tomar essa decisão agora?! –Ela pensava em pânico.

–É, tá tudo bem sim e com você? Faz tempo que eu não te vejo.

AAAAAAAAAAH! ELE ESTAVA COM SAUDADE DE MIM! –Fatinha pensou extasiada.

–Sentiu saudades gato? –Ela provocou.

–Não é isso. Você sumiu do C.R.A.U.

–Ah, depois do último esculacho que você me deu achei que estava banida das reuniões.

–Nada a ver. Eu estava de cabeça quente quando te disse todas aquelas coisas. Nós podíamos ser amigos.

–É... amigos. –Ela estava decepcionada. –É só me avisar quando tiver uma reunião que eu apareço.

–Eu te aviso.

–Tá. Eu tenho que ir pro Hostel agora. Tchau Brunito! –Ela disse mandando um beijo enquanto saia rebolando.

–Fatinha, espera! –Ele gritou.

–O que foi moreno?

–Esse envelope é seu? –Ele segurava o papel.

A garota quase surtou. Correu e tomou o envelope da mão dele.

–É meu sim. Obrigada.

Merda! Por um instante eu esqueci até mesmo da gravidez. –Ela pensou. –E agora, eu aproveito a oportunidade ou vou empurrando com a barriga. Barriga que vai ficar cada vez maior. Ah!!!

Bruno, será que eu poderia ir a sua casa mais tarde? Preciso falar sobre algumas coisas com você. –Fatinha disse no impulso.

–É, pode ser. Passa lá quando você acabar o seu turno no Hostel.

–Combinado então. Até mais tarde.

–Até.

Ela foi para o Hostel nervosa, pensando em como seria a conversa. E ele foi para o estagio com a certeza de que a noite seria boa.

Assim que chegou no seu quarto ela abriu o envelope.

–Maria de Fátima dos Prazeres, blá blá blá... Resultado: Positivo. –Ela leu em voz alta.

Naquele momento ela estava decepcionada. Ela sentiu o baque pela segunda vez. Apesar de tudo o que ela tinha conversado com a Marcela, ela ainda não se sentia grávida. E ela se preocupava com a possibilidade de vir a ser uma péssima mãe, afinal ela sequer reconhecia a existência daquela criança.

–Oi bebê, -ela começou a falar insegura, com a mão sobre a barriga. –eu ainda estou meio perdida com toda essa situação. A sua mãe é bem confusa, mas eu te prometo que ela nunca vai te abandonar. E o seu pai... bem, vamos descobrir hoje a noite.

(...)

Algumas horas mais tarde ela encarava o guarda roupa em desespero.

–Que tipo de roupa alguém usa pra contar para um cara que não é o seu namorado, que ele vai ser papai? Ah foda-se! Depois que eu der a notícia, a última coisa que ele vai falar é da roupa que eu estou usando.

Ela pegou um short jeans e uma blusa rosa estampada que mostrava a barriga.

–Linda como sempre né?! –Ela disse mandando um beijo para o seu reflexo no espelho.

Fatinha pegou o telefone, o resultado do exame e foi para o prédio ao lado. Ela parou na porta e pensou se entrava ou não.

–Oi Fatinha, vai ver alguém aqui no prédio hoje? –Severino perguntou sorridente. –Não queria fazer fofoca não, mas já faz um tempo que aquela namorada azeda do Bruno não vem aqui. Pelo visto eles terminaram pra valer.

–É Severino, ainda bem que o Bruno terminou com aquela sonsa. E eu vou entrar logo antes que eu desista.

–Fatinha, espera! –Gritou Marcela do outro lado da rua.

–Ai Marcela, ainda bem que você tá aqui. Diz ai alguma coisa pra me dar coragem. –disse a garota abraçando a professora.

–Você vai contar pra ele agora? –Marcela perguntou.

–Bom, é o que eu pretendo fazer.

–Vai dar tudo certo Fatinha. E se não der, eu vou estar te esperando aqui em baixo ok?

–Tá certo. Obrigada Marcela, você está sendo quase uma mãe pra mim, de verdade. Agora me desejem boa sorte. –A garota pediu.

–Boa sorte Fatinha. –Marcela e Severino disseram.

–Obrigada. –Disse ela entrando no elevador.

Quando a porta do elevador fechou, o porteiro perguntou:

–Boa sorte para quê?

–Ah Severino, o melhor que nós fazemos é ficar aqui na torcida. –A professora respondeu.

–Se você diz.

(...)

Dentro do apartamento Bruno esperava inquieto. A irmã tinha entendido a indireta e decidiu dormir na casa da melhor amiga, Lia.

Ele estava confuso. Mesmo depois de tudo o que a Fatinha já tinha aprontado, ele não conseguia resistir a ela. A última vez que eles brigaram foi tão feia que ele imaginou que finalmente estaria livre da influência dela, mas bastou vê-la na rua para que tudo fosse esquecido. Ele adorava os momentos que tinha com ela, porém nunca a namoraria. É tudo tão confuso, e Bruno é tão orgulhoso e machista que não conseguia ver o porquê dessa necessidade de estar com ela.

Bateram na porta e ele foi atender.

–Oi Fatinha, entra aí.

–E aí gato, demorei? –Ela perguntou entrando no apartamento.

–Um pouco, mas valeu a pena esperar. –Dizendo isso, Bruno a pegou pela cintura e beijou.

Fatinha se surpreendeu com o beijo mas logo retribuiu, enlaçando aquele moreno pelo pescoço.

–Hn, -ela interrompeu o beijo. –pelo visto você estava morrendo de saudades de mim.

Ele não respondeu, simplesmente voltou a beijá-la levando-a para o sofá.

–Adoro quando você vem aqui em casa pra gente conversar. –Bruno disse deitando em cima dela.

–Conversar? –Ela perguntou confusa entre beijos.

–Pelo menos era isso que você disse que vinha fazer. Vamos pro meu quarto pra gente ficar mais a vontade. –Ele puxou Fatinha pela mão, levantando-a do sofá.

–Ai, calma aí Bruno. Eu realmente queria conversar com você. –Ela disse tentando se lembrar do que queria falar.

–Hn, sei. Vamos pro meu quarto, vem. –Ele a abraçou pelas costas e começou a beijar o pescoço dela.

–É sério Bruno! Eu quero falar com você. –Fatinha disse emburrada.

–Então você quer falar sobre o quê? –Ele perguntou mordiscando o lóbulo dela.

–É, eu quero falar sobre... –Ela não conseguia lembrar o que queria dizer.

–Sobre...? –Bruno riu contra a pele dela. –Para de palhaçada e vamos logo pro meu quarto Fatinha.

Ela saiu do abraço dele revoltada.

–Não é palhaçada Bruno, você fica me desconcentrando e eu até esqueço o que eu quero dizer.

–Ai Fatinha, para de doce. Nós dois sabemos muito bem o que você veio fazer aqui. –Ele disse impaciente.

–Quanta presunção Bruno.

Esse moreno, alto, bonito e sensual tira toda a minha concentração. O que eu queria falar com ele mesmo? Talvez se ele parasse de me olhar com essa cara safada eu me lembrasse. E se a minha barriga não estivesse parecendo um borboletário quem sabe... Ah, lembrei. –Fatinha pensava toda confusa.

–Presunção nada. Não estou entendo é você com essa desculpinha besta.

–Não é desculpinha. Preciso falar com você e é assunto sério, então senta no sofá e me deixa organizar os meus pensamentos!

–E o que seria esse assunto sério? Não vem falar de namoro porque eu já te disse que isso nunca daria certo.

–E eu falei de namoro? Você já está me irritando com essa chatice.

–Então diz logo o que você tem pra dizer ou assume pra que você veio aqui!

–Idiota. Você já foi mais legal, sabia?! –Fatinha disse irritada. –Então, é porque há mais ou menos um mês eu descobri uma coisa...

–Que coisa? –Perguntou Bruno duvidoso.

–Para de me interromper! Então, ai desde que eu descobri essa coisa eu estava pensando se eu deveria ou não te contar. Ai hoje quando eu te vi mais cedo, decidi que já era hora de você saber da novidade.

–Que novidade? Vai fazer outro clipe de funk, é isso?

–Mas que porra! Cala a boca e me deixa falar!

–Eu calo a boca se você parar de enrolar! –O garoto disse levantando do sofá.

–Mas você é um babaca mesmo. Desisto. Você não precisa saber de nada. Eu estou indo embora. –Ela disse indo em direção à porta.

Bruno a segurou pelo braço.

–Pra que esse show Fatinha?! Desnecessário isso. Vamos para o meu quarto terminar o que a gente começou, vai?

–Eu não vim aqui pra transar com você! EU TO GRÁVIDA! –Ela gritou irritada.

–O que? –Ele perguntou rindo.

–Isso mesmo que você ouviu Bruno. Eu, Maria de Fátima dos Prazeres, estou grávida. –Ela disse brava, só depois percebendo o que havia falado. –Mas que droga, não era pra eu te contar assim! O problema é que você ficou falando esse tanto de bobagem, eu fiquei irritada e falei de supetão. Deve ser por conta dos hormônios da gravidez, eu vou ficar louca desse jeito.

O garoto olhava para ela sem reação. O riso havia morrido no momento em que ele percebeu que ela falava sério. Fatinha continuava falando sem parar sequer para respirar, ela estava nervosa por ele não esboçar nenhuma reação.

–Ai Bruno, fala alguma coisa!

–Falar o quê garota? Só falta você querer dizer que esse filho é meu! –Ele disse bravo.

–E de quem mais seria? É óbvio que esse filho é seu! Eu posso já ter ficado com vários caras, mas o único idiota com quem eu dormi foi você! –A futura mamãe estava irritada.

–Você realmente espera que eu acredite nisso? Depois da última vez que eu dormi com você, eu já vi aquele motoqueiro saindo do seu quarto várias vezes. Sem falar naquele Dinho que você dizia que era seu amigo, mas na primeira oportunidade que teve veio atrás de mim pra tirar satisfações. Talvez um deles seja o irresponsável que você procura.

–Idiota. Ambos são meus amigos. Para de tentar jogar a culpa pra outro! Eu fiz a minha parte, tomei os anticoncepcionais todos os dias sem falta, agora no dia do casamento do Leandro e na creche por exemplo, você não usou camisinha.

–Foi só duas vezes!

–E desde quando é preciso mais para engravidar? Olha Bruno, cansei de discutir com você sobre isso. Aqui está o exame, -ela entregou o envelope a ele. –quando virar homem me procura.

Ela saiu do apartamento furiosa, apertou o botão do elevador pelo menos cinco vezes.

–Canalha, babaca, idiota! –Ela xingava em voz alta.

–Fatinha! –Bruno saiu do apartamento indo em direção a ela.

–Cansei de te escutar Bruno, me deixa em paz. –Fatinha desistiu de esperar o elevador e decidiu ir pela escada.

–Espera! –Ele descia a escada atrás dela.

–Me erra! –Ela gritou apressando o passo e desviando de uma placa que dizia “piso molhado”

Tudo aconteceu tão de repente, que o Bruno não pode fazer nada. Fatinha ao escorregar tentou se apoiar no corrimão, mas foi em vão. A última coisa que ela ouviu foi o Bruno gritar antes que ela batesse a cabeça contra o degrau molhado.


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Notas finais do capítulo

Talvez eu tenha exagerado um pouco no lado canalha do Bruno, mas não resisti.

Se gostar, comente!



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