Al:

Cheguei em casa, troquei de roupa e fui para a cozinha, meu irmão apareceu logo depois, ele subiu direto para o quarto dele enquanto eu fazia o almoço, cortei algumas batatas para fazer batata frita, arroz, ovo mexido e suco de caixinha, coloquei os fones de ouvido e comecei a cozinhar, logo senti alguém me observando, achei que era o meu irmão, mas me surpreendi quando senti braços musculosos e morenos me abraçarem por trás, mas me assustei mesmo quando reconheci o cheiro do perfume, era o inconfundível cheiro do perfume do Lucas, virei para ficar de frente para ele e coloquei a mão no peito dele, o empurrei de leve e isso só o fez apertar mais ainda a minha cintura.

– O que esse idiota ta fazendo aqui?- Meu irmão perguntou escorado na porta, ele mantinha os braços cruzados, mas o seu olhar não era nada amigável.

– Vim visitar a Al.- Ele disse em um tom normal, como se tivesse sido convidado a entrar na casa.

– E como você entrou?- Eu perguntei temerosa.

– Eu lembro onde a chave reserva fica escondida.- Ele respondeu e sorriu.

– Então foi invasão? Isso pode te mandar pra cadeia, você não sabe?- Meu irmão disse cínico.

Antes que eu pudesse prever, Carlos correu e tentou acertar um soco no rosto de Lucas, mas ele desviou e quando Lucas foi bater no meu irmão, corri para ficar entre eles.

– O que você veio fazer aqui, Lucas?- Perguntei notando que ele estava vermelho de raiva.

– Conversar com você, pedir desculpas.- Ele disse com uma carinha de cachorro abandonado que me fez ter nojo dele.

– Carlos, tudo bem se você sair rapidinho?- Eu disse olhando para o meu irmão.

– Eu não vo te deixa sozinha com ele.- Ele disse ainda muito bravo.

– São só alguns minutinhos, por favor.- Pedi fazendo beicinho, algo que o faria rir se o Lucas não estivesse ali.

– Se você insiste, só não esquece o que ele te fez passar e se acontecer dele te ofender, eu não vo fica do seu lado, porque você ta deixando ele continuar na sua vida.- Ele disse agora irritado comigo e saiu, depois teria que falar com ele, mas agora a minha conversa é com o meu ex.

– Ele me odeia.- Lucas disse.

– Poderia ser pior, ele se controlou até demais.- Fui até o fogão, desliguei o fogo e comecei a me servir.

Lucas chegou perto de mim, virou a minha cadeira para ficar de frente para ele e chegou bem perto, sentia a sua respiração no meu rosto, mas meus olhos estavam fechados, lembrei da sua mãe apontando para mim e me chamando de vadia, então me afastei e senti raiva de mim mesma por deixar ele se aproximar, pensei no Niel e vi que agora, mais que nunca, tinha que afastar o Lucas, ele tinha sido um bom passa tempo, mas agora o garoto que eu realmente gosto estava perto e nada poderia me atrapalhar, eu já não tinha muitas chances e não poderia minar o pouco que tenho, deixando ele saber que estava namorando até essa sexta.

– Qual é o problema?- Ele disse se aproximando.

– Primeiro, a sua família me tratou como lixo e segundo, você lembra daquele garoto de quem eu te falei antes de começarmos o namoro? Ele é meu amigo agora e eu tenho uma chance mínima, não posso perder isso e ter você por perto não me ajudaria em nada.

– Ele não quer nada com você, EU quero ter você. -Ele disse e agarrou o meu pulso, começou a apertar com força e me olhar com raiva, senti o medo surgindo e logo depois o alívio quando ouvi a campainha tocar. Soltei o meu pulso e fui atender a porta, gritei que já ia e quase corri até a porta, abri e vi Niel parado ali, fiquei surpresa, mas também quase o abracei de felicidade.

– Oi.

– Oi, vim perguntar se você tem alguma coisa pra fazer.- Ele falou, mas antes que eu pudesse falar qualquer coisa ouvi Lucas caminhar até ali.

– Quem é?- Ele perguntou quando já estava perto e ficou atrás de mim, olhando para o Niel.

– Um amigo,aliás, Niel, esse é o Lucas, o meu ex namorado e Lucas, esse é o Niel, um amigo meu.- Vi a raiva dele depois que eu disse isso, não sei se pela parte do ex namorado ou porque reconheceu quem Niel é.

Eles se olharam e Lucas apertou a mão que o Niel estendia, mas logo a recolheu.

– Danny, a gente vai demorar?- Uma voz mais infantil perguntou atrás do Niel e eu notei um garoto ali parado.

– Oi, quem é você?- Perguntei para o garotinho.

– Infelizmente, o irmão dele.- Disse e apontou para o Niel, o que me fez rir.

– Eu sou a Al, amiga do seu irmão, você gosta de videogame?- Perguntei para ele e vi os seus olhos brilharem.

– Amo.- Ele respondeu animado.

– Eu tenho alguns, quer ver?- Convidei já achando uma desculpa para os dois ficarem e sorri.

– Claro.- Peguei a mão do garoto, apesar dele não ser mais tão novo e entrei, fui até a sala e notei que os dois não nos seguiram, então chamei o Lucas, sentei no chão e o garoto sentou do meu lado, espalhei os cds com os jogos e ele olhava todos muito curioso.

– Posso jogar esse?- Ele perguntou segurando um jogo de fases.

– Pode.- Respondi e coloquei o jogo.

Levantei e passei pelos garotos, fiz um sinal para que eles me seguissem e fui para a cozinha com eles logo atrás de mim.