Enquanto observa o quadro de sua dama sem rosto, Shiro tem em seu rosto uma expressão séria e compenetrada, como se estivesse esperando por algo, uma resposta. Por vários minutos ele permanece assim, sem ao menos se mexer, mas então, ele começa a escutar algo, como se a brisa do vento começasse a trazer com ela um sussurro, e, com isso, ele vira as costas para o quadro, sussurra algumas palavras e, um portal dimensional se abre bem diante de seus olhos.

O homem não perde tempo e adentra o portal, que se fecha em seguida atrás de si.

O portal volta a se abrir em uma floresta, e, Shiro chega ao local, fechando o portal dimensional atrás de si.

Olha para o local, o qual ele sabe pertencer ao mundo dos homens, o seu mundo, mais especificamente ao Japão, e, se pergunta porque seus pressentimentos o mandaram para cá.

Mas então, ele começa a sentir algo, que faz com que a resposta que procura finalmente faça sentido, pois sente uma energia forte de trevas, como se, de alguma forma, demônios dimensionais estivessem por perto.

Mas, ele sabe que isso é impossível, afinal de contas, até onde ele sabe, os demônios dimensionais ainda não conseguiram abrir uma passagem para o seu mundo e, ele vem guiando as jovens reencarnações das Detetives Dimensionais para impedir que isso aconteça.

Porém, ele sabe que seus inimigos são criaturas traiçoeiras e que qualquer coisa é possível, por isso, é seu dever não baixar a guarda de jeito nenhum.

O poder do fogo, o poder que mantém todos os outros unidos vem se enfraquecendo cada vez mais, sente, como se ele estivesse sendo selado, e, teme pelo futuro daquela jovem, pois, ele tem certeza de que, se o poder das chamas for completamente selado, dificilmente será como antes e, se isso vier a acontecer, teme pelo futuro daquela que nasceu sob a estrelas das chamas.

Começa a caminhar pela floresta, e, a cada passo que dá, a presença que vem sentindo vem se tornando mais e mais forte, como se realmente existissem Demônios Dimensionais no mundo humano, e, isso só serve para deixa-lo cada vez mais preocupado.

*****

Na Mansão Tachikawa, o delegado e toda a sua equipe acabam de traçar um círculo em uma área do mapa da cidade, mostrando-o para Kurama e Kaoru, que olham atentamente para o mapa, apenas esperando pelas palavras do delegado, que, não perde tempo em dizer:

― Senhores Tachikawa, como podem ver, delimitamos ainda mais o nosso mapa, levando em consideração a localização da qual veio a ligação feita pela senhorita Tachikawa, e, o local da ligação coincide com os locais em que estávamos fazendo as nossas buscas.

― E o que isso significa? – pergunta Kaoru, sua voz carregada de uma grande tristeza.

― Isso significa que estamos na pista certa. – responde o delegado – Neste momento, tripliquei minhas equipes de buscas nesta área que está delimitada no mapa que vocês estão vendo.

― Mas existe a chance de eles tirarem a Rey de lá, principalmente depois da tentativa de fuga dela, não é mesmo? – questiona Kurama.

― Existe. – continua o delegado – Porém, as chances são mínimas, visto que tem equipes minhas patrulhando todo este perímetro. Se, por ventura eles tentarem tirar sua filha de lá, seriam cercados por meu pessoal. Em resumo, eles estão em uma grande armadilha, como se eu tivesse criado uma ratoeira naquele local e, não importa para onde eles possam tentar ir, serão pegos pelos meus homens.

― O senhor tem certeza disso? – Kaoru volta a perguntar, a voz cada vez mais aflita.

― Certeza absoluta. – responde o delegado – Confiem em mim, tenho certeza de que, muito em breve, a filha de vocês será encontrada.

*****

Ela simplesmente não tem mais forças para resistir.

Aquela presença má e cruel a cercou de todas as formas, e, ela sente que suas forças se esgotaram. Sente, como se todas as suas chamas tivessem se apagado e, por mais que ela tente, simplesmente não consegue mais alcança-las!

Sente-se cada vez mais fraca, como se, a cada segundo que e passa, mais algo fosse sendo tirado de si.

Seu corpo está completamente ensanguentado, suas vestes, rasgadas, pois, depois que tentou fugir, eles lhe bateram, deram-lhe um “corretivo”, como chamara, o que só a deixou ainda mais fraca, e, em seguida, aquela presença ameaçadora e sombria, que só fez com que se sentisse ainda mais fraca, mais debilitada enquanto esta presença apagava as suas chamas.

Pois, é assim que se sente, como se suas chamas tivessem sido apagadas, arrancadas de si.

Seus olhos se enchem de lágrimas, as quais ela simplesmente não consegue deixar de derramar e, quanto mais ela chora, mais sente esta presença das trevas a consumindo por completo, drenando cada vez mais suas chamas e suas energias. Deixando-a cada vez mais fraca e cada vez mais incapaz de lutar contra esta terrível força maligna que só quer lhe fazer mal.

*****

A noite chega e, Darien está em sua casa, deitado em sua cama, apenas olhando para o teto, seus pensamentos todos naquela garota que simplesmente roubou seus pensamentos por completo, afinal, ele já não é mais capaz de tirá-la de sua mente.

Por mais que tente, simplesmente não consegue tirá-la de seus pensamentos, e, saber que ela corre perigo só faz com que seus pensamentos se fixem mais e mais nela, como se, de alguma forma, os dois estivessem ligados por algum fio do destino.

Fecha os seus olhos, ainda pensando nela e, em poucos minutos, é vencido pelo sono e cansaço de um dia exaustivo e preocupante.

Começa a sonhar e, em seus sonhos, vê uma floresta e, a lua iluminando por completo o local. Vê uma clareira e, começa a escutar gritos, como se alguém lhe pedisse por ajuda.

Os gritos são carregados de um grande sofrimento, o que só faz com que ele fique cada vez mais angustiado e, acaba acordando, completamente assustado.

― O que será que este sonho significa? – se vê perguntando.