Hoje eu acordei me sentindo muito bem. Foi a primeira noite, depois de muitas, que eu não tive nem sequer um pesadelo, além disso eu estava sentindo um cheiro muito bom vindo da cozinha. Só podia ser a minha mãe, porque pra mim ela é, sem dúvidas, a melhor cozinheira do mundo.
 

Levantei e fui me preparar para descer. Quando cheguei lá em baixo, vi a minha mãe vestida muito bem, pra quem estava em casa.
 

–Ué mãe, você vai em algum lugar- perguntei a ela, que me olhou com uma cara feia - ah- eu disse- bom dia.
 

–Bom dia, Ed. E por acaso você se esqueceu? Sua tia está vindo hoje para trazer seu primo e sua prima para cá. Eles vão passar as férias aqui com você e seu irmão.
 

–O que?- minha mãe me encarou- Ah, que bom.- disse com o sorriso mais forçado que eu consegui.
 

–Bem, o avião deles chega daqui meia hora. Vou buscá-los no aeroporto. Vê se acorda seu irmão antes de eu voltar.
 

Bem, como já deu pra perceber, eu não me dou muito bem com meus primos. Eu nem sei porque, mas família é quase sempre assim. Só que já tem muito tempo que a gente não se vê e quem sabe agora aquelas nossas implicâncias de criança já passaram.
 

Subi para acordar meu irmão. Nem sei bem se acordar é a palavra certa, porque eu acho que ele não dorme, ele entra em coma.
 

–Pit, acorda- disse em um tom suave, mas ele nem se mexeu-Pit, acorda- e nada.
 

Então resolvi que eu deveria logo exagerar.
 

–ACORDA PETER!!!- gritei em um som ensurdecedor que o fez cair da cama.
 

–O que foi Edward?-ele disse quase me matando com os olhos, que eram extremamente verdes, iguais ao meu.
 

–Levante-se logo e vista uma roupa.
 

–Pra que?-ele perguntou ainda se recuperando do susto e da queda.
 

–A mãe foi no aeroporto buscar a tia Jenny e os nossos queridos primos- disse em um tom sarcástico- Eles vão passar as férias aqui com a gente, se lembra?
 

–Ah não! Pensei que esse dia nunca fosse chegar.
 

–Pois é. Mas infelizmente chegou. Então se vista logo que eles podem chegar a qualquer momento.
 

Saí do quarto e estava indo para a sala quando escutei uma voz em minha cabeça.
 

–Edward...- disse em um tom, que eu tenho quase certeza que já ouvi antes.
 

Porém eu ignorei. Acho que já estou acostumado com essas coisas anormais acontecendo comigo.
 

O tempo passava e eles não chegavam. Eu já estava começando a me preocupar com eles, se bem que não muito com meus primos.
 

Passaram mais 10 minutos, e eu escutei o carro da minha mãe parando na garagem de casa. De repente eles abriram a porta. Corri e dei um abraço na tia Jenny, pois já havia muito tempo que a gente não se via. Mas eu achei uma coisa estranha. Meus primos não estavam com elas, e elas estavam com uma expressão de preocupada.
 

–Ué, tia, cade o Vince e a Vicky?
 

–Eles...er... eles tiveram um imprevisto e tiveram que ir...er... pra casa de um amigo- ela disse, mas me pareceu meio confusa.
 

–Que pena- eu disse, mas soltando fogos de artifício por dentro.
 

–Filho- minha mãe me disse- você e seu irmão terão de arrumar suas malas.
 

–Pra que?- eu não esperava que ela dissesse aquilo.
 

–Vocês terão que ir para...para um acampamento de férias- ela disse relutante- Suba e avise seu irmão.
 

–Tá bom- eu disse, desconfiado.
 

Aquilo não estava me parecendo nada normal. Um acampamento de férias assim do nada? Sem nem avisar com antecedência? Porém ela é minha mãe. Deve saber o que está fazendo.