Reveille escrita por MayaAbud


Capítulo 25
Perto Demais


Notas iniciais do capítulo

"Não posso continuar vivendo dessa maneira
Mas não posso voltar pelo caminho que vim
Acorrentada a este medo
Que nunca encontrarei uma maneira
De curar minha alma
E vagarei até o fim dos tempos
Meio viva e sem você"
My Heart Is Broken- evanescence



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Ponto de vista de Renesmee

O telefone acima da bancada tocou, hesitei pensando que se fosse alguém de minha família que estaria ligando para o celular e eu não tivesse atendido... Ainda esfregava o prato, absorta com Willian, e deixei que a pia se enchesse de bolhas.

_Pode atender, por favor?_olhei sugestivamente para a espuma, enquanto tirava a tampa do ralo e deixava a água escorrer.

_Casa dos Cullen_ disse ele ao telefone, sorrindo, achando engraçada a função de secretário. Will franziu e cenho e se encolheu. A pessoa do outro lado grunhiu algo curto que não distingui_ É-é o Willian_ falou ele confuso enquanto eu lavava as mãos o mais rápido que pude na frente do humano. Peguei o fone com pressa.

_Alô?_ falei.

_Desculpe atrapalhar_ era um murmúrio, um chiado rouco que um humano não ouviria. Repassei lembrança do som difuso três vezes em um segundo.

_Jake!_minha voz saiu como um suspiro. Eu reconheci tarde demais, a linha estava muda.

 Ignorei o olhar ansioso de Will e movendo-me mais rápido do que devia na sua frente chamei o último numero de chamadas recebidas do identificador, era da casa de Billy. Não dava em nada, sequer chamava. Meus olhos estavam incomodamente úmidos.

 Comecei a tremer, meus joelhos falharam e me apoiei na bancada, ondas de um medo imensurável me chacoalhavam.

_Renesmee?_ disse Will alarmado.

 Não pude dizer nada, o ar parecia escasso, meu tremor parecia drenar minha força. As coisas a minha volta perdiam o foco, mas acho que vi o chão girar até meu rosto. Um corpo pétreo me alcançou e tombou comigo.

_Ela está bem?_ o garoto estava nervoso, sua voz parecia distante.

_Melhor ir embora_ A voz de Rose soou mais perto e era ameaçadora. Ela me tinha em seus braços, as duas no chão, numa posição estranha enquanto eu tremia, um som agudo ameaçando romper por minha garganta apertada. Rosalie estava irritada: com o humano ali ela não poderia me carregar no colo_ meu cérebro inconvenientemente espaçoso registrou.

_ O acompanho até a porta_ essa era Bella falando.

_Renesmee, está me ouvindo?_ Rose indagou, mas meus dentes batiam muito para que eu respondesse.

_Ela está ouvindo_ a voz de Edward soou muito clara para mim, era ele me tirando do chão. Abri os olhos e estava no sofá, aninhada no colo de minha mãe.

 Porque Will tinha que ter vindo aqui hoje? Porque eu não atendi ao telefone? Jacob estivera tão perto... O pensamento fez-me sentir como se água gelada tivesse sendo injetada em minhas veias, novamente eu estava sufocando. Meu pai, ajoelhado diante de mim, parecia se afastar, meus olhos se transformaram em túneis escuros e úmidos. Os sons a minha volta eram ecos incompreensíveis. A escuridão pesou ao se fechar sobre mim, mas eu não lutei, sabendo que assim não haveria medo, dor ou ausência.

Ponto de vista de Jacob

 Havia bastante tempo em que eu não voltava à forma humana, desde que ordenei ao bando que não me pedissem para voltar e os proibi de me falar em Renesmee. Já era bastante que eu nunca fosse capaz de me livrar dela, era mais do que minha tênue sanidade podia suportar que nem mesmo meus instintos mais primitivos fossem o suficiente para impedir que seu rosto me atormentasse. As lembranças e a dor que trazia com elas eram como lâminas subindo e descendo em meu corpo, e mesmo assim não era verdadeiro o meu desejo de arrancá-la de mim. E, afinal, eu só estava dando a ela o que queria. Eu ficaria ao seu lado mesmo que ela nunca me quisesse de outra forma, no entanto, fora ela quem nos impora à distância... Era mais fácil pensar agora... Não que eu quisesse pensar como homem, ser animal era muito mais fácil e mais aconchegante: correr, sentir fome e comer, sentir sede e beber, no entanto, o fogo tende a apagar com o tempo, o desespero não apaga, mas consome mais devagar... Os primeiros momentos, dias ou meses, não sei, foram ruins, realmente ruins.

 Lembro de correr até estar exaurido demais e desabar no chão, já longe demais (eu tinha certeza, apesar de não saber onde estava, sabia que havia corrido dias sem parar, apesar de não saber quantos). E de chorar, na forma humana, nu e sem me importar de estar sendo soterrado vivo pela nevasca que caía do céu, sem querer, imaginando que estava no Alaska. A próxima coisa foi a fome ensandecida que contribuía em minha tormenta, me fazendo levantar e apresar um alce sem sorte que por acaso cruzou meu caminho.

 Só há pouco tempo me permiti voltar a consciência humana, desejando tê-la perdido, esperando que tivesse me restado a selvageria: eu estava errado. Humano ou animal, ela corria em meu sangue, precisando de mim ou não, tudo no corpo e no espírito daquele lobo era ela.

 A única pessoa que me deixou em paz foi Leah, mas parece que não aquele dia...

Jake, seu pai não está legal”, despejou ela assim que entrou em minha mente, me fazendo parar a corrida, derrapando na lama e deixando minha presa escapar. Seth havia dito o mesmo algum tempo atrás. “O que houve?”. “Billy tem tentado ser durão... Rachel chamou minha mãe noite passada”. “Ele está bem?”, perguntei nervoso. “Sua pressão arterial está alterada, ele anda ansioso, Jake, preocupado com você”. Suspirei mentalmente e grunhi preocupado, vendo as lembranças que ela adquiriu de Embry, meu pai parecia pálido por baixo da pele avermelhada. Leah me assistia quieta, eu sabia que apesar de não falar sobre isso ela também não aprovava minha decisão. Mas não era minha decisão, Nessie dissera para que eu ficasse fora de sua vida, e minha casa, todo aquele lugar era muito dela, a lembrava, a exalava... Eu queria voltar, mas... “Então volte!”, pediu Leah, assistindo meu conflito. “Eu entendo e você sabe, mas...”, senti o que ela queria dizer, entretanto não poderia me desobedecer. “Não, eu não posso”, retrucou ela amargamente. Eu odiava vê-la presa daquela forma a uma ordem minha, mas eu era covarde demais. “Sim, você, é! Jacob, você não é o único que sofre...”, pensando ela reforçava as imagens de meu pai, acrescentando a de Rachel. Então começou a correr de volta a aldeia “Pensando melhor, continue sendo egoísta. Não precisa se PREOCUPAR com seu velho pai”, Leah falou severamente, eu rosnei para a floresta como se ela estivesse aqui e logo sua consciência sumiu. Eu sabia que ela só queria que eu reagisse, era a forma dela de dizer que sentia minha falta e que eu precisava voltar, tanto quanto eu sabia que aquilo era um bela chantagem emocional, mas o pior é que deu certo... Eu comecei a voltar.

 Eu já estava bem perto dos arredores de Tacoma, a floresta já era bem familiar, quando senti outra mente na minha. “Cara! Você voltou!”, disse Embry aliviado. “Vim ver Billy”, respondi. “Não achei que Leah fosse conseguir... Nosso velho vai ficar feliz, mas não conta que ela falou com você”, em sua mente meu pai dizia a todos que me deixassem em paz.

 Quando encontrei Embry passamos a correr, ele me disse onde, na floresta, havia uma bermuda escondida para caso de alguém precisar. Logo parti para casa. Foi estranho, era quase vertiginoso estar novamente sobre duas pernas. Chovia fraco quando cheguei ao quintal e avistei a pequena casa vermelha - desbotada, dali senti o cheiro de comida quente, fazendo-me perceber o tamanho do buraco em meu estômago. Caminhei hesitante pela rampa para a cadeira de Billy e espiei para dentro da porta, antes de abri-la completamente.

_Ah!_ arfou Rachel, na cozinha. Nunca a tinha visto ser tão rápida: estava em meus braços antes que eu chegasse ao meio da sala. _ Jake! Eu devia te dar uma surra!_ disse ela eufórica agarrada a mim.

_Pode começar, eu deixo_ murmurei contra seu cabelo.

_Jake, Jake, papai vai ficar tão contente!

_É, eu sei_ eu disse, e ela me soltou, estava agitada.

_Ele está com o velho Quil. Estou terminando o jantar. Ah!_ ela correu apagando o fogo das panelas_ Porque não se limpa, sabão... Escova de dente... Não que esteja fedendo_ ela riu e eu ri com ela, mas sem humor.

_Claro-claro, sabão... Escova de dente_ eu concordei. Encaminhei-me para o banheiro sentindo o caos se arrastando até mim. Não havia mais os instintos animais para atenuar meus sentimentos humanos. Tudo o que o lobo tornou ameno ainda que doloroso foi demais para o homem administrar, fui esmagado pelo turbilhão de sentimentos que se disfarçava em fome e sede.

_Jake, eu falei com Billy_ disse minha irmã do outro lado da porta_ Ele está vindo.

 Quando finalmente fui homem o bastante para sair do chuveiro sem chorar, Billy já havia chegado.

_Bom ver você, garoto_ trovejou Billy com um sorriso que fazia seus olhos sumirem entre as rugas.

_Também é bom ver você pai_ afaguei seu ombro e empurrei sua cadeira até a mesa, onde Rachel, sorridente, me esperava com um prato grande, cheio e fumegante. Billy me fitou um longo momento, os olhos aliviados enquanto eu começava a comer, minha irmã nos olhava, claramente contente, por um curto período de silêncio. Então, logo meu pai começou a tagarelar sobre tudo e todos. Charlie e Sue, o desenvolvimento de Ray, Sam, meu avô Quil, Claire, Embry (fiquei surpreso e aliviado ao saber que ele sofrera imprinting) e Jade, sua avó... Eu ouvia enquanto comia.

_Boa menina, aquele ali, se dá bem com todo mundo. Embry está feliz, os dois ainda não são um casal, ela ficou meio assustada com tudo no começo, mas os dois não desgrudam. A mãe dele a adora. Dona Margareth me faz companhia às vezes_ ele suspirou_ Você parece cansado_ observou.

_Não muito_ tomei um gole de água.

_Jacob!_ disse Paul entrando_ Cara, que bom que voltou_ ele me abraçou rapidamente antes de correr para minha irmã que saía do quarto de Billy. Desviei os olhos deles, voltando-me para meu segundo prato.

_ Bem vindo ao lar, cara_ disse Paul antes de ir para casa com Rachel, que beijou a mim a ao meu pai. Eu não respondi, sem saber se esse seria meu lar, quero dizer sempre seria, no entanto não suportaria ficar ali muito tempo.

_Você não vai ficar, não é?_Billy perguntou em voz baixa, eu fitava as linhas na madeira da mesa.

_Não acho que eu possa... _ tentei dizer, a voz falhando miseravelmente.

_Jake, filho, foram sete meses_ Me pareceu uma eternidade. Seu rosto se enrugou ainda mais_ Vá descansar Jake.

_Você está bem, precisa de algo?

_Está tudo bem, boa noite. Eu te amo, garoto_ disse ele.

_Eu também, velho. Até amanhã.

 Estava sem prática com essa coisa de humanidade. Roupas, uma cama, dormir uma noite inteira... Estava um trapo também, toda a pressa do lobo nesses sete meses, segundo Billy, parecia demais mesmo para meu corpo forte humano. O sono amenizou a falta de minha parte mais importante, mas não a extinguiu... Eu sonhava com ela, um bebê me sorrindo com seus minúsculos dentinhos de leite, seu rosto mudando tanto em tão pouco tempo...

 Pela manhã assustei-me em estar numa cama, entre quatro paredes. Senti cheiro de bacon e o segui.

_Pressenti que iria acordar_ disse Rachel.

_Onde está Billy?

_Na casa de Charlie, deixar uns peixes...

_Tão cedo?_ estranhei.

_São mais de três da tarde_ ela riu. Olhei pela janela: chovia, o céu carregado tornava difícil ter idéia das horas... Quando terminei de comer a chuva já havia diminuído, e foi quando ouvi um carro parar em frente a casa. Embry, Quil e Seth estavam com Billy.

_Hey, irmão_ saudaram-me Quil e Seth.

_Oi_ respondi sendo abraçado e socado por eles.

_Cara, a Leah tá deixando a gente louco_ queixou-se Quil.

_Ela está indo muito bem_ falei.

_E então quais são os planos?_ indagou Seth.

_Você vai ficar, não vai?_ Embry traduziu. Suspirei.

_Não dá_ murmurei.

_Ah_ Seth gemeu enquanto Rachel reclamava dizendo meu nome em tom suplicante_ Qual é, Jake?!

_Isto não está certo, Jacob_ disse Billy.

_Ela me pediu, o que mais eu poderia fazer?_ demandei desesperado.

_Ela está tão infeliz quanto você_ murmurou Embry.

_É!_ concordou Seth.

_Ela pediu que eu saísse de sua vida_ lembrei a eles.

_Charlie e eu estivemos lá logo que você foi, e você não vai gostar de ver o que vimos. Nessie ficou muito mal.

 O que eles queriam que eu fizesse? Não viam que eu estava preso a isso? Que eu não tinha opção, que não cabia a mim decidir? Queria poder acreditar neles e fazer algo, não poderia me dar ao luxo de ter esperanças, mas era tarde demais. Já acreditava que ela me pediria para voltar...

_Fale com ela, ela vai dizer que se arrepende e que não há mais nenhum namorado nem nada que separe vocês_ disse Quil estendendo-me o telefone.

 Hesitante, dei dois passos até onde o aparelho cinza estava no canto da parede. Minhas mãos tremiam. Disquei para a casa dos Cullen, minha respiração se acelerando com a ansiedade de ouvir sua voz.

_Casa dos Cullen_ disse uma voz risonha, humana, que eu reconheci ao mesmo tempo em que desejei não ter feito aquele telefonema.

_Quem é?_ rugi, com uma esperança forçada de que não fosse quem pensei.

_É-é o Willian_ disse assustado. Ele ainda estava lá.

_Alô?_ a nova voz no fone me provocou uma onda de paz e melancolia súbitas em meu corpo.

_Desculpe atrapalhar_ minha voz era um murmúrio sufocado e então o telefone se desintegrou em minha mão. Um espasmo percorreu meu corpo e eu dei três passos até a porta. De relance vi Rachel arfar ao ver os fragmentos do telefone e Billy baixar a cabeça com pesar.

 Um uivo furioso rasgou o ar chuvoso da tarde enquanto eu corria para o abrigo das árvores.

“Jake, o que houve?”, eu estava tão perturbado que não conseguia me concentrar em quem falava comigo, mas sabia que eram apenas duas mentes além da minha. Em minha cabeça repetia-se o fatídico segundo em que ouvira a voz do humano, quando ele falou quem era e chamou Renesmee. O som luxuriante da voz dela. Senti o choque e a confusão muda de meus irmãos. “C-como ela...?!”, disse um irmão. “Não faz sentido”, disse outro.

 As vozes em meus pensamentos eram um eco com o vento. Meus irmãos hesitavam, correndo atrás de mim, sabendo que nada que fizessem me faria voltar, pois eles viam a dor. Era insuportável me ver pelos olhos deles, Embry e Quil.

 Eu não iria para o norte, iria para mais longe, onde não houvesse consciência alguma além da minha insana, onde não houvesse nada além de um lobo selvagem.

 Talvez um dia eu suportasse, encontrasse um jeito de viver perto, porém, fora de sua vida, e então voltasse. Agora, só o que consegui ver era que eu fora tudo por ela e sem ela eu desaparecia pouco a pouco, me perdia de mim...

“Volte quando puder, mano”.

“Estamos esperando”

 As duas consciências sumiram em minha tormenta enquanto eu acelerava a ponto do esforço muscular ser desconfortável... Talvez assim essa dor me distraísse das outras. E Jacob Black a cada passo ficava para trás, em algum lugar entre Renesmee Cullen e um lobo castanho ferrugem objetando o lugar mais distante.

Ponto de vista de Renesmee

_Carlisle, já são quase dez minutos_ o zumbido em meu ouvido ficou claro e reconheci a voz de meu pai.

 Voltei a sentir minhas pernas, meus braços. Alguém afagava meu rosto e havia mãos frias nas minhas.

_Tudo bem_ meu pai disse novamente. Suspirou.

_Carlisle tem razão. Acalme-se, Edward_ dizia tia Alice.

_Sim, Nessie tem suportado muito nos últimos meses. Tem sido muito corajosa_ Disse Bella, muito próxima a mim.

_Me admira que não tenha acontecido antes_ falou Rosalie, imaginei que ela era quem segurava minhas mãos.

_Carlisle pensa que foi um ataque de pânico_ disse Edward esclarecendo algo que eu perdi.

_Ela está sobrecarregada_ comentou Alice_ Sua mente tenta protegê-la.

 Não era exatamente verdade, eu sabia o que estava havendo... Minhas pálpebras tremeram enquanto me situava em meu corpo e então abri os olhos.

_Renesmee_ meus pais suspiraram em alívio.

_Como se sente?_ Edward ajoelhou-se ao lado de Rose na minha frente. Pensei rapidamente...

_Preciso ligar para Billy _falei afoita, tentado sentar, Bella, Edward e Rose me dando espaço. Alice estava parada atrás do sofá.

_Seth ligou depois que você desmaiou_ disse Bella_ Jake voltou a correr, Embry e Quil foram falar com ele, estamos esperando_ o telefone tocou quando ela se calou. Rose correu, atendeu e sem dizer nada passou para Bella.

_Sim?_ ela ouviu por um instante, o rosto inexpressivo. A pessoa do outro lado falava rápido e baixo de forma que não pude distinguir as palavras, mas Rose sibilou com o que quer que tenha ouvido_ Tudo bem, Seth. Foi um mal entendido... _ Bella pausou novamente_ É claro que não_ ouviu novamente_ Entendo, você sabe por onde talvez pudéssemos... Sim, eu sei. Obrigado de qualquer forma. _ Bella entregou o telefone para Rose que esperava para por no gancho.

_ Tudo o que Seth soube dizer é que Jake foi para o sul_ minha mãe suspirou_ Ele e o bando achou que Nessie ainda estava com o namorado.

 Abracei minhas pernas, tentando me manter inteira. Com a visão periférica vi meu pai assentindo, mas seus olhos fitavam o chão então não pude saber com quem ele concordava e em quê.

_Por onde ele está indo? Poderíamos interceptá-lo_ sugeriu Alice.

_Seria impossível, não sabemos que caminho tomou, e você não o vê_ disse Bella.

_Isto está ficando ridículo_ falou Rosalie com cara de poucos amigos.

_Rosalie_ advertiu meu pai.

_É verdade_ falei_ Isso não faz sentido! E daí que ele odeia Will?! Pensei que fôssemos uma família.

_Ele só está atendendo seu pedido. Jake sempre foi um cabeça dura, você sabe_ Bella o defendeu.

_Não filha, ela não o está defendendo_ interveio Edward_ Apenas conhecemos Jacob um pouco melhor que você. Não gostamos que isso te faça sofrer, na verdade eu gostaria de arrancar pêlo por pelo daquele cachorro! Mas sabemos que ele também sofre com a distância _ dizendo isso ele sentou ao  meu lado e me aninhou em seu peito.

 Eu queria simplesmente nunca mais pensar nisso, mas não conseguia. Jacob era o primeiro e o último pensamento de meu dia. Eu estava perdendo a razão, tentando entender como é que caminhamos para aquilo. Tudo seguiu assim: a solidão, os olhos selvagens, o uivo dilacerado, meu grito, meus pais, lágrimas.

 Em um mês os Cullen (exceto eu) se formariam no colegial pela milionésima vez. Rose e Emmett planejavam uma viajem a África, embora os demais não tivessem planos ainda.

_Renesmee, você poderia ser transferida_ disse meu pai uma noite na primeira semana de maio, de repente. O encarei confusa, deixando de lado a tigela de cereais.

_Você não tem estado muito animada em estar sozinha na escola_ explicou ele.

_Ou pode se matricular e se formar o ano que vem normalmente_ disse Bella desviando-se de seu livro por um instante.

_Renesmee sabe mais que qualquer professor, poderia cursar tranquilamente uma faculdade e tem dez anos à frente em que pode se formar tradicionalmente no colegial_ discursou Edward com o sorriso de quem tenta convencer.

 Pensei um instante: o que eu faria se não tivesse de ir ao colégio todos os dias?

_Teria outra coisa para fazer_ respondeu Edward. Fechei a cara para ele fechando também minha mente. Mas seu sorriso presunçoso não se abalou, dei um meio sorriso, levantando e deixando-os na mesa. Passei por Emm e Jazz na sala, eles jogavam xadrez com vários tabuleiros pelo chão. Meu avô via o noticiário e o restante das meninas estavam no quarto de Alice, eu podia ouvi-las lá.

 Não sei quantos minutos fiquei olhando o teto, deitada em minha cama... Até que meu pai entrou.

_Quero fazê-la feliz, permita-me isso_ disse ele de pé diante de minha cama. Continuei a encará-lo.

_Adoraria que você, Bella e eu viajássemos. A razão para termos saído de Forks era para que conhecesse o mundo.

 Não sabia o que responder, a idéia de sair dali para um lugar que não fosse Forks me apavorava.

_Se Jake voltar... E não estivermos aqui... _ tentei. Meu pai sentou-se na cama comigo respondendo:

_Então voltaremos_ fitei seus olhos de ouro sentindo-me uma idiota por querer parar minha vida à espera, mas eu realmente queria.

 Nesse momento ouvimos os gritinhos de Alice, os típicos de comemoração, vindos do andar de baixo. Edward sorriu, ouvindo o motivo provavelmente.

_O que há?_ perguntei.

_Garrett e Kate decidiram encerrar o luto oficial por Irina e casarem oficialmente. Parece que Alice se encarregará de tudo. No andar de baixo o telefone tocou e Esme atendeu enquanto meu pai me levava para lá, todos estavam na sala.

_Sim, Alice acaba de ver a novidade. Todos os parabenizamos_ dizia Esme quando desci o último lance de escadas._ Ah, claro!_ vovó estendeu o fone para mim, estranhei, mas atendi.

_Sim, Kate, pode falar_ atendi.

_Gostaria de ser minha dama de honra? É que eu e Garrett nos conhecemos graças ao seu nascimento, ficaríamos muito felizes_ disse ela contente.

_Claro, Kate, agradeço e aceito o convite.

_Certo, agora gostaria de falar com seu pai_ pediu.

_Até mais, Kate_ falei e passei o telefonema para Edward.

 Sonhei com Jake, lembranças... Acordei com a nítida sensação de que ele estava ali, só para perceber o abismo que era a distância entre nós. Fomos para a escola.

_Nessie_ cumprimentou-me Ive quando nos encontramos a caminho da classe.

_Hey. Então já falou com Will?_ ele havia ido falar com ela sobre uma possível relação entre os dois e, insegura sobre os motivos dele, ela não respondeu.

_Ainda não_ disse-me melancólica.

_Ive, ele é humano, não vai esperar para sempre. Acho que ele está sendo sincero, além disso, vocês são amigos antes de tudo.

_Tem razão... Mas você fala de mim e está aí... Quero dizer, não acho que isso seja apenas saudade de seu irmão.

_Do que está falando?

_Acho que você está apaixonada por Jacob. Na sua família é comum, não é?!_ abri a boca, mas ela continuou falando_ Vocês nunca pareceram apenas irmãos.

_Claro que não, ele é meu melhor amigo_ respondi. Não dava para explicar que Jake me vira nascer nem que nossa amizade era o vínculo mais forte que poderia haver. Muito menos podia explicar porque meus “irmãos” se relacionavam entre si.

_Nessie, conheço Will desde sempre. Acha que sempre soube que era apaixonada por ele?!

_Garanto: Não é nada disso_ falei convicta.

_Jacob virá para as férias?_ ela quis saber, mudando de assunto.

_Não sei, de qualquer forma acho que não volto para a escola.

_Como assim?

_Vou ser transferida, depende das admissões de meus irmãos. Minha mãe não quer ficar longe de nenhum de nós_ inventei.

_Vou sentir sua falta_ disse ela.

_Eu também. _ falei sinceramente. Era uma pena que talvez nunca mais pudéssemos nos ver: ela cresceria e eu logo pararia no tempo.

P


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Notas finais do capítulo

Ai, tanto sofrimento!!!

Gente, cadê os comentários?! Quer saber, não comentem, mas acho injusto pra caramba alguém que acompanha e favorita só resolver comentar quando não gosta de algo, viu!! Quem comenta sempre, pode tudo! Quem não, é melhor que seja muito educada quando resolver dizer alguma coisa.
#ProntoFalei