Fora Da Realidade escrita por Dreamer


Capítulo 1
"Sweeney Todd": Como uma música.


Notas iniciais do capítulo

Nota de localização temporal das séries: Dr. Who, qualquer momento antes do final da 2ª temporada; Sweeney Todd, após a Casa de Tortas da Misses Lovet dar certo.
As músicas são todas referentes à trilha sonora do filme Sweeney Todd.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/337547/chapter/1

Dentro da TARDIS, ano: ?

—Entããão, para onde quer ir agora? Podemos ir para a antiga Roma, ou Pérsia, uh! —dizia o Doutor enquanto girava algum controle da nave — Talvez algo mais à frente. Você quer ir para antes ou para depois? —e observou Rose, que ria, esperando uma resposta.

—Depois! —respondeu. —Antes? Não, uns cinquenta mil anos depois daqui! Como é lá?

—Vamos descobrir!

E, numa manobra rápida do Dr., a TARDIS começou a balançar. Rose, habituada, agarrou-se a qualquer coisa para manter-se em pé.

Numa explosão, o Dr. foi jogado para o outro lado da sala circular. Toda a parte interna da TARDIS assumiu uma tonalidade avermelhada e uma quantidade grande de fumaça ofuscou a visão de ambos. Sentiram a nave chocar-se contra algo e capotar mais de uma vez, por fim, ficando em pé novamente.

—ROSE?

—Estou bem! —respondeu entre tossidas.

Ambos se levantaram e se aproximaram do centro. A fumaça começou a abaixar. A cor azulada retornava.

—Dr. o que aconteceu?

—Eu não sei! Parece que a TARDIS foi puxada para cá por uma força muito forte. Estourou algumas peças, vou precisar trocar antes de tentarmos sair daqui.

—E aonde nós viemos parar?

Ele olhou para ela e para a porta, com o sorriso contagiante que só um grande mistério poderia causar. Ela sabia muito bem que só poderia encontrar a resposta saindo por ali. Ambos correram empolgados e saíram da TARDIS. Era noite e garoava.

Rose cantou (parear letra com "The Worst Pies in London" – trecho do dueto):

—Mas que coisa, meu Dr., isso não parece lugar algum para mim!

—Mas que estranho, querida Rose, isso é Londres. Londres muito antes de você conhecer.

—Qual o ano? Por que canto?

—Faz um tempo. E eu não seeeeei!

Ambos pararam e se encararam.

—É a TARDIS, só pode ser! —exclamou Rose, ainda cantando. —Problema com a tradução!

—Mas que incrível! Nunca antes!

Juntos:

—Nunca antes aconteceeeeeu!

—Allons-y! —gritou o Dr. saindo daquele transe musical— Cof Cof Cof.

Rose respirou fundo e perguntou, não mais cantando:

—Acabou? —e sentiu-se um pouco zonza. —O que eu dizia mesmo?

—Você está bem?

—Sim, só não me lembro muito bem.

Ele pegou seu screwdriver e apontou para os olhos dela. Parecia não haver nada de errado com a garota.

—Você disse que deve ser uma pane no sistema de tradução da TARDIS. Brilhante! Mas, seja lá o que for, parece que passou—respondeu enquanto guardava o screwdriver. Puxando-a pela mão, continuou: — Vamos ver o que tem por aí!

E correram em baixo da garoa fina das ruas noturnas e desertas Londres. Logo chegaram à Rua Fleet.

—Como sabia que teria gente aqui? —perguntou Rose.

—Esse lugar tem cheiro de problema.

Misses Lovett abre a porta enquanto um garotinho expulsa uma mendiga loira:

—Oh! Não linguem para esses! Vamos entrando! O Sr. e a Sra. Rockbell acabaram de sair. Há um lugar para um casal ali. Está bem para vocês? Se acomodem, por favor!

O lugar estava lotado, pessoas comendo tortas, bebendo e festejando. A fartura daquele lugar descondizia com toda a faminta Londres daquele período.

—Não, viemos por outro motivo—e, mostrando rapidamente o papel psíquico, continuou. —Fiscalização. Podemos ver a sua cozinha?

Misses Lovett pareceu desconcertada:

—Mas, há essa hora! Tenho muito trabalho, vocês não poderiam voltar amanhã? Vocês não trabalham só de dia, inclusive?

—Temos que aparecer em horários improváveis—retrucou Rose.

Ela riu, retomando a compostura, quando Mister Todd apareceu:

—Senhores! Ora, não se incomodem tanto! Vamos, uma barbeada de graça para o cavalheiro! Enquanto isso, Misses Lovett servirá algumas das mais deliciosas tortas para esta linda mulher. Depois os levaremos para a cozinha!

—Barbeiro de graça? Brilhante! —exclamou o Dr. acompanhando Mister Todd. Lançou um olhar para Rose que ela só poderia interpretar como "não coma nada desse lugar e não saia daqui".

Ela sentou na única mesa vazia e, quando Misses Lovett deu as costas para apanhar algumas tortas para ela, percebeu pela janela que a mendiga olhava para dentro. Levantou-se e saiu sem ser vista. Começou a perseguir a mulher.

—Mas que linda é a sua esposa! —começou a cantar Mister Todd (parear com "Ladies in Their Sensitives").

—Você se engana, ela é minha amiga! —seguindo seu canto, com uma expressão nada contente por aquilo estar acontecendo novamente. Olhou pela janela, a mesa em que Rose deveria estar estava vazia.

—Mas, venha, senhor, para eu o barbear!

Como se não tivesse controle sobre a sua vontade de sair daquela barbearia e encontrar Rose, sentou-se enquanto Todd colocava o avental sobre ele. (parear com "Pretty Women") Todd continuou, passando espuma em seu queixo:

—Linda mulher. Fascinante! Linda mulher. Dançando!

O Dr. relembrou da sensação de dançar com Rose , quando ainda era Ninth.

—Linda mulher. É uma maravilha—continuou Todd, apanhando sua navalha. —Linda mulher, sentada na janela.

—Linda mulher... Correndo comigo...

—Linda mulher! Algo nela perfuma o ar! Linda mulher! Fica na gente...

—O seu olhar!

A navalha ascendeu, o Dr. levantou de supetão.

—Oh! Esqueci-me que não posso ficar mais! —disse, já não mais cantando.

Todd, com a navalha ainda suspensa, o olhou espantado:

—Mas, o senhor está inteiro ensaboado.

—Maneira interessante de barbear. Continue assim! Outro dia, quem sabe terminamos—tagarelava enquanto tirava o avental e se dirigia à porta.

Correu para o meio da rua, deixando para trás um Todd completamente desconsertado.

—Não é a tradução da TARDIS, é esse mundo todo que está errado. ROSE! —berrou. Sua voz ecoou na rua de Londres, mas não teve resposta. Percebeu um movimento em uma esquina: correu até a mendiga loira.

A mulher se encolheu de medo quando percebeu que alguém vinha atrás dela. Mas ainda teve coragem de pedir:

—Uma esmola, senhor? Uma esmola por caridade?

—Desculpe, não tenho dinheiro. Escute, eu te vi saindo daquele lugar. Você viu a minha amiga que entrou junto comigo?

A mulher se encolheu mais:

—Eu não posso! É o demônio! Pega as loiras! Leva as loiras!

Ele percebeu o quanto aquela mulher estava perturbada:

—Calma, eu posso te ajudar. Fique calma—disse ele aproximando as mãos das suas têmporas. Fechando os olhos, viu: Rose perseguindo aquela mulher até chegar a um casarão. Uma garota loira era sequestrada e colocada dentro de uma carroça, Rose tentou impedir, mas acabou sendo presa junto. Descobriu também a história do envenenamento: a mendiga era a esposa de Todd.

A mulher sorriu para ele, como se tivesse recebido uma grande sensação de bem estar e continuou a caminhar sem rumo.

Antes de poder se virar, alguém trombou no Dr. Ele percebeu quem era: o rapaz que se apaixonara por Joana, a filha de Todd. Percebendo o estado de agitação do rapaz, o ajudou a se levantar e disse logo:

—Eu sei o que aconteceu, me leve até o sanatório. Vamos tirá-las de lá.

O rapaz afirmou com a cabeça.

.o.

Sanatório

—Lord John Smith, vim para comprar cabelos loiros—disse o Dr. na frente de dois seguranças do sanatório. Os homens abriram a passagem e logo se apresentou um vendedor. —Mas eu quero cabelos frescos, não o mofo de senhoras que vivem aqui há anos. Quero as últimas que chegaram!

—Ah, vejo que o senhor é um comprador experiente. Hoje mesmo chegaram algumas moças—disse, levando-os pelos corredores de pedra do sanatório. Ele abriu uma das portas e várias garotas loiras se encolheram e gritaram. Rose estava entre elas.

O rapaz puxou a pistola e apontou para o vendedor. Joana se aproximou dele e Rose pulou para o lado do Dr. Ele a apanhou pela mão e correu:

—Ei! Espere! Não podemos deixá-las lá!

—Vamos deixar!

—E aquele rapaz estava com uma pistola. Dr! Você nunca deixa ninguém usar uma pistola! —reclamou ela, assustada.

—Confia em mim, Rose!

E eles conseguiram passar tão rápido pelos seguranças que, espantados, não conseguiram apanhá-los.

Correram ainda por várias ruas, até ter certeza que ninguém os seguira:

—Nada disso é real—começou a explicar o Dr. —Temos que voltar para a TARDIS, esse lugar é perigoso para a sua mente. E... —num momento de perda de controle, uma estranha melodia se iniciou na sua mente, e ele não pôde interromper (parear com "My Friends"): —Esta é a minha amiga. Veja como ela brilha! Minha amiga! Minha fiel amiga! Você brilha na luz. Ficamos separados, mas agora eu te encontrei. Minha amiga! Eu te encontrei, e juntos, faremos maravilhas.

—Eu sou sua amiga, Dr. Apenas se você soubesse, Dr...

—Minha amiga! Minha fiel amiga!

Juntos:

—Minha mão arde ao te tocar!

—Minha amiga! Minha esperta amiga!

—Ao menos se você soubesse... Eu sempre gostei de você.

—Nunca parece certo te contar. Você brilha na luz!

Nenhuma força sobrenatural os uniu. Da aproximação do abraço, veio o encontro dos seus lábios e uma genuína explosão de felicidade em seus corações. O Dr. nunca entenderia como os humanos, de apenas um coração, conseguiam sobreviver àquilo. Ele próprio sentia que os seus dois corações não eram o suficiente para bater naquele momento.

—Eu sempre te amei—melodiou ela, parecendo um pouco sonolenta. Nos braços dele, ela começou a fraquejar, e ele entendeu o que acontecera: a mente de um Time Lord pode aguentar muitas intervenções, mas não uma mente humana. Tocou sua têmpora esquerda reconstruindo a sua mente. Os olhos dela se abriram abobalhados, sem lembranças dos instantes que se passaram: — O que aconteceu?

—Eu dizia que nada disso é real. Precisamos ir para a TARDIS—disse, reiniciando a corrida. —Não viemos parar em lugar histórico nenhum. Isso é um musical. É ficção! A TARDIS nos levou para dentro de uma história que não existe de verdade!

—Ela pode fazer isso? —espantou-se.

—Não. Não pode—respondeu, abrindo logo a porta azul. Ambos entraram e ele se sentiu mais calmo. Ali dentro, estavam seguros. O Dr. passou os olhos rapidamente nas peças que teria de reparar para saírem de lá. Mas, tudo estava reparado.

—O que aconteceu?

—Ela se consertou sozinha... Mas, ela não poderia ter feito isso!

O interior da TARDIS adquiriu novamente uma tonalidade avermelhada. Os dois correram para fora do centro para fugir da nova explosão que aconteceu. Girando de maneira anormal, a nave os levava para o próximo destino.

 

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Fora Da Realidade" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.