Aizen ordenou que Ulquiorra se retirasse, pois não havia mais explicações. O espada confuso ainda com todo o ocorrido pareceu projetar todas as dúvidas de sua mente em seu rosto. Após alguns segundos de silêncio, fitando a expressão séria de seu mestre, finalmente pode deduzir que não haveria mais qualquer comentário sobre a missão naquele momento. Mesmo a esperança de uma dica, uma pequena ajuda para a obtenção do sucesso não surgiu. E com esta conclusão pesando-lhe sobre os ombros, se retirou meio cabisbaixo do grande aposento que ecoou friamente os sons das batidas dos solados de seus sapatos sobre aquele alicerce gélido.

Enquanto se retirava, observou sua imagem em um dos pilares próximo a porta. O reflexo de seu rosto abatido reluzia naquele mármore polido e em uma última tentativa de reanimação psicológica ergueu seu rosto. Quando finalmente chegou a porta, já estava mergulhado em um turbilhão de hipóteses que originariam diversos planos para a missão.

- Espere, Ulquiorra. - disse Aizen, virando-se para o espada.

O quarto espada parou e virando-se devagar indagou ao seu mestre:

- Sim?

- Se aproxime um pouco mais. - dizendo tais palavras, Aizen sentou em sua poltrona.

- Está bem. - disse Ulquiorra, obedecendo a ordem.

- Você poderá se valer de qualquer recurso para concluir a missão. - disse o ex-capitão, colocando o queixo sobre o seu punho direito erguido e fechado que estava apoiado sobre o braço da poltrona.

- Haverá algum prazo, Aizen -sama?

- Devido ao grau de dificuldade não terá prazo. - respondeu. - Mesmo que você não tenha me perguntado como chegar a Soul Society, vou lhe explicar como se infiltrar. - acrescentou o senhor de Las Noches.

- Muito obrigado, Aizen-sama.

- A garganta para chegar a Soul Society só poderá ser aberta com uma ajuda mínima de três Gillians, ou seja, três Menos Grandes. Você não conseguirá abrir a garganta sozinho, uma vez que possui um nível que difere muito com o de um simples hollow. - explicou Aizen, enquanto se acomodava na poltrona retirando o queixo de seu punho, abaixando o braço em seguida. - Ultimamente estão ocorrendo relatos de invasões de Menos Grandes ao mundo real, fazendo assim a atenção dos 13 esquadrões ser direcionada principalmente a Karakura. A distorção causada pelos Gillians no mundo real de certa forma afeta o equilíbrio entre os dois mundos, facilitando a entrada de Hollows fracos e, graças a esse desequilíbrio, até mesmo a entrada dos Menos na Soul Society. - acrescentou.

- Entendo. Mas como eu poderia me infiltrar sem ser notado? Se eu conseguisse entrar sozinho eu poderia suprimir a minha reiatsu e me infiltrar sem ser notado, mas se são necessários os Gillians como farei para que os mesmos não chamem tanta atenção? Como o senhor sabe, os Menos são seres irracionais e não possuem habilidades de alto nível como o de supressão de reiatsu. - indagou Ulquiorra, procurando buscar a tal ajuda por conta própria.

- Você tem razão. Eu mesmo não pude domar os Gillians para impedí-los de expandir suas reiatsus quando os utilizei para a fuga após o incidente com a Kuchiki Rukia no monte de Soukyoku. Porém, eles são necessários para que se possa abrir uma garganta na Soul Society. Não há outro meio.

- Sim senhor. Mas...

- Caberá a você Ulquiorra. - interrompeu Aizen. - Descobrir um meio de não chamar atenção. Utilize qualquer coisa para não ser percebido.

- Está bem. - disse Ulquiorra, sentindo-se desanimado.

- Se compreendeu tudo que foi dito, pode se retirar.

O espada parou e pensou por alguns instantes, logo depois decidiu tomar a palavra mais uma vez.

- Eu prometo Aizen-sama. Eu trarei o cajado. - disse com uma voz calma e logo depois utilizou o sonido para se retirar da sala imediatamente.

"Isto deve ter abalado seus princípios", pensou Aizen enquanto formava um sorriso discreto em seu rosto.

Depois de cessar sua movimentação pelo sonido, começou a caminhar pelo vasto corredor. Sentiu uma pequena oscilação de reiatsu logo após alguns passos e teve a ligeira impressão de ter visto um vulto. Mas sua mente estava tão entretida com a nova missão que decidiu ignorar.