Aizen estava sentado sobre sua poltrona em um de seus aposentos, assistia a cena que se passava na tela a sua frente atentamente.

-Ulquiorra é impressionante, sua capacidade de se adaptar a qualquer ambiente e ao caráter psicológico de seu inimigo é fascinante, entretanto, quais atitudes ele tomará a partir de agora? Sabendo finalmente, que o cajado do comandante Yamamoto é a forma asauchi de sua zanpakutou? – indagou senhor de Las Noches, como se esperasse resposta de seu próprio raciocínio.Expressava um sorriso no rosto e apoiava seu queixo sobre o punho fechado como de costume, quando aguardava qualquer resposta ou depoimento de alguém.

Na tela era possível enxergar a imagem de Ulquiorra, se distanciando velozmente do departamento de tecnologia. O sorriso de Aizen se extinguiu quando assumiu uma expressão de pena sobre seu subordinado, refletiu sobre a ordem que havia dado a ele. – Sinto pena do Ulquiorra, talvez eu tenha exagerado em meus planos, talvez tivesse sido melhor ter lançado um desafio mais fácil. – disse Aizen, apertando seu queixo, em seguida assumindo uma postura de reflexão. – Não, talvez não, pois realmente deveria ter proposto um desafio extremamente difícil, o grau de dificuldade da missão é perfeito para descobrir a verdade.O jogo de azar já se iniciou, conto com algo que não tenho controle infelizmente, o destino. De qualquer forma, esta é a melhor maneira para descobrir as reais intenções de meu suposto subordinado, para que eu não sofra uma traição futura. O meu maior plano em breve será colocado em prática. Como envolverá a Soul Society,e conseqüentemente os 13 esquadrões, não poderá haver falhas. – acrescentou, retirando sua mão direita que estava apoiada sobre seu queixo, apoiando-a sobre o braço da poltrona e simultaneamente recostando-se na mesma.

Ouviu o som de um sonido, e subitamente sentiu uma reiatsu familiar.Sem se virar para a porta do aposento, dirigiu a palavra ao visitante:

-Foi bom você ter aparecido, neste exato momento eu iria mandar alguém chamá-lo.Você tem permissão para entrar, portanto apresse-se, Szayel Aporro Grantz. – disse Aizen, virando-se para a porta sem se levantar de sua poltrona.

A porta começou a se abrir lentamente, e Aporro entrou no aposento, se dirigindo para o mestre.

-Com licença, Aizen-sama. – disse Aporro, ajeitando seus óculos e logo em seguida ajoelhou-se, para reverenciá-lo.

-Levante-se, Aporro. Diga-me, primeiramente, o que o trás aqui. – indagou o mestre, apoiando seu queixo novamente sobre seu punho.

-Eu sinto muito pelo meu atrevimento, mas estou muito curioso para entender melhor este desafio, que o senhor propôs a Ulquiorra. Sendo assim, me atrevi a vir até aqui, para pedi-lo humildemente alguma explicação. – disse Aporro, olhando Aizen com uma expressão de ansiedade, não sabia se o mestre iria repreendê-lo por tamanha ousadia.

Aizen fez um silêncio de alguns segundos, deixando Aporro apreensivo, e para surpresa do mesmo, deu um sorriso e pronunciou as seguintes palavras:

-Você me ajudou bastante com suas experiências, estou muito agradecido pela sua eficiência em desenvolver um aparelho que me fizesse observar Ulquiorra nesta missão. Contudo, não posso lhe fornecer informações além das já fornecidas, quando lhe chamei até aqui para discutir o caso de Ulquiorra.

-Compreendo, eu estou muito satisfeito por ter sido útil ao senhor. Deu-me muito trabalho configurar o cristal azul de tal forma, que quando Ulquiorra o acionasse, não só transformasse as partículas espirituais dele fazendo-o ficar invisível, mascarando também sua reiatsu, mas também alterando-as de tal forma permitindo que suas vibrações fossem captadas pela nossa rede, fazendo as imagens ao redor dele serem projetadas aqui em Las Noches. Eu tive um curto tempo, para inventar um dispositivo tão complexo, antes que Ulquiorra me procura-se como o senhor já havia me orientado. – disse o cientista, ajeitando seus óculos novamente.

-Sim, como ele havia entrado em estado de choque quando lhe passei a missão, deduzi que ele provavelmente caminharia pelos corredores de Las Noches tentando arquitetar algum plano, por isso não lhe dei um prazo. Percebi de imediato, que a única alternativa de Ulquiorra para não chamar atenção de forma exagerada, facilitando sua identificação, seria recorrer a sua tecnologia, Aporro. – explicou o mestre, olhando o cientista com uma expressão indiferente.

-Impressionante mestre, porém perdoe minha ingenuidade.Eu não entendi muito bem quando o senhor me chamou até aqui e me explicou fragmentos de seu propósito de enviar Ulquiorra para... Perdoe a minha expressão, para uma missão suicida. – disse Aporro, assumindo uma expressão de preocupação, pois poderia jurar que dessa vez o mestre iria repreendê-lo.

-hahaha... Concordo, realmente é uma missão suicida.Contudo, o que eu havia lhe explicado naquela hora, era que esta missão se tratava de um teste de fidelidade, e para Ulquiorra se tratava de um desafio, estou simplesmente tentando testar a fidelidade de um de meus subordinados. Você entenderá tudo, quando esta missão chegar ao fim, e acontecer o que eu estou esperando que aconteça.

Aporro pareceu estar mais confuso ainda, com o repasse do mestre, procurou entender os significados das palavras que Aizen sempre repetia quando tocava neste assunto, observou que algumas frases eram repetidas constantemente. ‘Teste de fidelidade... testando a fidelidade de um de seus subordinados...para Ulquiorra isto é um desafio...então será que para ele isso não é um teste de fidelidade?Um de seus subordinados?Não é Ulquiorra?Realmente o teste de fidelidade não é para Ulquiorra.’ – Aporro estava imóvel enquanto refletia, preso em seus pensamentos até que ouviu a voz de Aizen:

-Aporro, eu acho que já lhe dei informações suficientes, se você não possui outros assuntos para tratar comigo, pode se retirar. – disse Aizen, virando-se para a tela novamente.

-Mestre, por favor, deixe eu lhe fazer uma pergunta, o teste na verdade é... 

-Basta! – exclamou Aizen, em um tom agressivo, assustando o espada cientista.

-Desculpe, eu já vou me retirar. – disse Aporro, ajoelhando-se novamente para reverenciar seu mestre. 

Levantou-se e caminhou em direção á porta, porém Aizen lhe dirigiu a palavra novamente:

-Este dispositivo que Ulquiorra utilizou para ameaçar Mayuri, eu não tinha conhecimento sobre ele, portanto, deduzo que fora inventado recentemente, e pelo estado dele que pude observar nas mãos de Ulquiorra, estava inacabado. Você inventou este dispositivo também ás pressas, e provavelmente arrumou um meio para que ele levasse tal dispositivo também. – disse Aizen, com uma entonação acusadora.

Aporro estremeceu, assumiu uma expressão de espanto e não teve coragem de se virar para confrontar-se com o mestre, mesmo este estando de costas sentado em sua poltrona.

-Você na verdade compreendeu o meu plano, e o que acabei de assistir aqui foi uma mera encenação. Não se esqueça Aporro, que eu sou mestre em ilusões, e que a sua encenação barata não foi suficiente para me fazer acreditar que você era tão ingênuo assim. Entretanto, não estou nervoso contigo, o assunto que iria tratar com você antes de você aparecer aqui era este, eu gostaria de lhe agradecer por ter ajudado Ulquiorra do seu modo. Como você compreendeu o meu plano, deve ter percebido que não estou entregando um dos espadas mais fortes para a morte simplesmente por diversão, estou ciente das conseqüências de meus atos,e tudo ocorrerá bem a não ser que minha teoria não seja confirmada até o último momento. – disse Aizen, em tom repreensivo, fazendo Aporro sentir um calafrio que também fora por conseqüência da alteração da reiatsu do mestre.  

-Mil perdões, eu simplesmente procurei uma confirmação, então era o que eu realmente imaginava.Na minha humilde opinião mestre, eu acho toda esta situação extremamente arriscada, e se a teoria do senhor não se confirmar, o mestre perderá dois subordinados muito poderosos. – disse Aporro, colocando as mãos em seus bolsos e logo em seguida levantando seu rosto para olhar o teto do aposento, em uma atitude de preocupação com tudo o que estava acontecendo. 

-É arriscado, mas meu plano principal sobre a guerra que está por vir não pode haver falhas, se minha teoria não se confirmar, realmente acontecerá o que você acabou de dizer, porém terei tempo suficiente para compensar os erros do passado. – disse Aizen, assumindo um tom melancólico.

O ambiente ficou silencioso por alguns segundos, até que foi possível ouvir os passos de Aporro em direção á porta, saiu do aposento finalmente, fechando a porta em seguida e deixando Aizen sozinho para assistir a missão impossível de Ulquiorra.