Dama Da Noite escrita por HanyouNee


Capítulo 22
A Casa de Drake


Notas iniciais do capítulo

Hoje estou surpresa comigo mesma. Escrevi mais um capítulo grande (para mim) em menos tempo que o de sexta passada. Deve ser o efeito da Coca... Mais personagens novos e algumas explicações ao acaso sobre como funciona a relação entre o Outro Mundo e o Velho Mundo.



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O castelo dos Cinco era feito com grandes blocos de pedra negra. Naquele primeiro salão não havia nenhuma janela, sendo todo iluminado por archotes.

Pensei que, mesmo para os seres mais poderosos daquele mundo, um tempo deve ter sido gasto para se construir aquilo. Pensar nos atalhos, cada cômodo, escadas e torres, aquilo certamente teria demorado.

Se alguém, qualquer um, entrasse ali, poderia levar dias para sair, talvez fosse mais provável morrer de fome á conseguir sair. O castelo dos Cinco estava mais para o castelo-da-morte-certa.

-Hei, Drake. –Um cara cumprimentou.

-Olá, Robb.

Foi por muito pouco que não estaquei no lugar. O salão não estava vazio, havia mulheres, homens e crianças. Me surpreendi com aquilo tudo. E ainda assim, tudo parecia normal.

-Essa garota é para Gabe? –O cara pergunta.

-Sim, veremos se ele não a mata tão rápido. –Drake sorriu e continuamos andando.

Depois de uma certa distância, sussurrei para ele:

-Quem é Gabe?

-Meu filho.

“Ok, agora estou bem perdida. O que foi que ele disse?! Será que foi isso mesmo que eu pensei ter ouvido?”

-O quê?! –A incredulidade era quase palpável no meu tom de voz.

-Irmão mais novo de Sebastian. Antes de morrer, minha esposa me deu três filhos. Tenho uma garota, a Val, mais velha dos três. Mas pelo costume, o primeiro homem fica com o reino e não pode saber dos irmãos. –Me explicou.

-E o negócio de eu não morrer?

-É meio que... –Ele pareceu quase sem graça. –comum trazer humanos para cá.

-Isso é quase como, sei lá, tráfico de pessoas! Estão nos escravizando?

-Não, não. –O antes controlado Drake agora era pressionado por mim. –Bem, mais ou menos. Mas não é para trabalharem para nós.

-Então é para que? –Pressionei mais.

-Aquele que vimos, Robb, é humano e é meu genro. E tenho netos, sabia? Marguery, Katie e Rick...

-Mas que negócio é esse?! –Quase gritei no escuro corredor de pedra, só que disse algo bem pior que “negócio”. –Quer dizer que servimos para satisfazer seus desejos?! De onde eu venho, chamamos isso de escravos sexuais. –Parei de andar e bufei de raiva. –Inacreditável. Quando eu sair daqui, depois de pegar o que quero, vou matar todos vocês.

-E o que você quer aqui?

-O Sopro Divino. –Deixei escapar, então xinguei.

Drake riu de súbito e minha mão deslizou para a espada. Eu estava pronta para mata-lo ali, abrir um portal para casa e que se danasse meu futuro idiota.

-Venha, só estamos perdendo tempo aqui.

-Ir? Ir para onde?!

-Minha casa. –Ele deu de ombros. –Acredite, isso vai levar tempo, muito tempo, Avery.

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A casa estava mais para uma mansão diminuta, mas era bom estar ali ao invés de dormindo na névoa. Tinha uma decoração incrível e era aconchegante. Um pequeno progresso.

Mas eu passei todo o caminho, enquanto ele se dignava a dar uma de anfitrião e mostrar tudo, como uma criança curiosa, perguntando o que era cada coisa. Uma regressão.

Ficamos na sala e ele me contava como arranjara todos aqueles artefatos pelos quais passamos, então, numa repentina explosão de risos, três crianças surgem, as duas menores correndo atrás da maior, brincando de pegar.

Por alguns segundos o silêncio paira na sala e as crianças me fitam. A garota maior, séria. A outra, indagadora. E o menorzinho, feliz.

O garotinho se aproxima de mim e me cutuca na perna, para chamar atenção, olha para cima e me diz algo que eu não gostaria de ter ouvido:

-Você é minha avó?

Eu não soube se ria, caia da cadeira ou olhava para ele como se ele tivesse enlouquecido. Mas antes que eu decidisse fazer qualquer uma dessas coisas, Drake e as garotas gritaram:

-Rick, não!! –Antecipando algo.

No segundo depois disso, o garotinho se atira nos meus braços dizendo:

-Vovó! Vovó! –Eu o segurei, afagando o cabelo loiro dele e rio alto. –Onde estava?

-Marguery, leve seus irmãos lá para fora, por favor. –Drake se manifestou antes que eu pudesse pensar em uma resposta.

A garota mais velha tirou os olhos, de um incrível tom lilás, de mim e virou-se, os cabelos loiros como os do irmão e do avô.

-Rick, venha.

-Mas... mas...

Foram tão rápido quanto chegaram. Logo que saíram e pudemos ouvir a brincadeira recomeçar, perguntei:

-A outra é Katie?

-É, a única que saiu parecida com o Robb. Olhos e cabelos castanhos e mais morena que os outros dois. Eles tem 11, 9 e 6 anos.

-E a coisa do avô? –Eu ri.

-Os humanos morrem rápido e fácil. –Respondeu, meio sombrio. –Nunca conheceram a avó e você se parece com ela. –Outra certeza sombria dele, como se estivesse tentando entender a semelhança. –Tambem deve ser porque pareço ser jovem, ao passo que você é. Quantos anos tem?

-Tenho 22.

-Parei de envelhecer com uns 25, é por isso. Mas... –Ele parecia cansado e triste ao falar daquilo, e de repente volta com seu ar forte, saudável e feliz. –do que estávamos falando mesmo?

-Daquela máscara de faraó egípcia.

-Ah, claro.

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Dormi sem ter ideia de que hora poderia ser, já que não contavam o tempo direito, e acordei em um quarto de madeira escuro e vazio. Drake havia me dito para ocupa-lo com minhas coisas, mas eu não tinha nada que demandasse espaço.

-Rick! Volte já aqui! –Ouvi uma voz masculina do lado de fora.

Sorrio quando o pequeno de cabelos claros e olhos azuis inocentes irrompe pela porta, feliz, banhando o quarto com luz.

-Vovó, não queriam me dizer onde você estava. Procurei por toda parte.

-Que bom que me encontrou.

-Levanta. Não está com fome? Mamãe faz o que quiser. –Ele pegou minha mão e o segui, entre sorrisos e tropeços.

A “mamãe” estava sentada em um banquinho na cozinha e se parecia muito com Drake. Quando me viu, ficou obviamente surpresa.

-Já sei, pareço com a sua mãe, não é? Sou Avery.

-É, e muito. Sou Val.

-Eu sei. –Uma pergunta me ocorreu. –O quanto pareço com ela?

-O bastante para eu pensar que tinha ressuscitado ou reencarnado em você.

Ri. Até aquele momento, Rick presenciado tudo com uma cara confusa, então disse:

-Mamãe, faça panquecas! Panquecas para mim e para minha avó.

-Com que calda? –Val perguntou ao filho, se levantando com um sorriso.

-De chocolate!

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O que eu passaria a chamar de “manhã” correu rápido. Conheci Robb e depois, quando a “manhã” terminou, chamei Drake.

-Então, vamos pegar o Sopro para eu dar o fora daqui logo?

-Disse que ia levar tempo, não disse?- Ele riu. –Porque a pressa, Avery?

-Bem, não sei se percebeu, mas estou envelhecendo aqui. –Rebati com uma piada.

-Havia me esquecido desse detalhe. Você vai praticar com a espada hoje.

-Vamos duelar? –Perguntei, interessada.

-Não. Primeiro, você vai treinar golpes em bonecos de palha. Depois pode tentar duelar com Katie, Marguery, Robb, Val e, se conseguir passar por eles, eu.

-Está de brincadeira? Não tenho tempo para isso. –Duelar com garotinhas de 9 e 11 anos, o que era aquilo? –Eu matei monstros, matei um durante seu voo, e quer que dispute com suas netas?

-Não se superestime. E não subestime elas. –Ele alertou, divertido. –Agora que falou em “matar”, tente antes fazer uma espada que não as mate. Eu lhe disse como.


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Notas finais do capítulo

Sebastian tem sobrinhos e não sabe. Enquanto isso Avery é trollada sendo chamada de avó, isso deve ser meio deprimente para alguém que só tem 22 anos. Só pra constar, ao primeiro que comentar esse capítulo ou qualquer outro, parabéns seu sortudo do caralho, você é o número 100! Já que estou feliz (e meio doida), te darei o direito de pedir alguma coisa para mim.



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