Pov. da Nessie

-E porque não?- Perguntou com uma cara desconfiada, assustada e principalmente preocupada. - Nessie querida... Eu posso te chamar de Nessie?

-Pode!-Falei alegre. - Eu nunca tive um apelido, professora.

-Sendo assim pode me chamar só de Tia Rose- disse sorrindo- Mas voltando ao assunto principal, porque você não quer que eu conte?

 -Você jura guardar segredo?- Eu disse e ela apenas suspirou. E então falou:

-Não, eu não posso fazer uma promessa que eu não vou cumprir. Mais você tem que entender, que dependendo do que você me contar eu não vou poder guardar segredo.  - Ela disse e eu me virei ficando de costas pra ela e falei:

- Então esquece!

-Tudo bem, mais se quiser falar alguma coisa, qualquer coisa, venha conversar comigo.

Não respondi. Eu não consegui prestar atenção na aula então fiquei pensando no que ela falou. Mas eu tenho certeza, aquela professora tão frágil nunca vai ser mais forte que meu pai e vai acabar se machucando. Como eu não quis ir pra casa, fui pro meu esconderijo fazer o dever de casa, até lembrar-me que minha avó, Lorenna, iria fazer uma visita e meu pai tinha exigido que eu estivesse lá com ele para recebê-la. Fui correndo para casa.

Assim que cheguei à minha casa, vi a senhora Lorenna e meu pai conversando, assim que me viram meu pai me lançou um olhar de raiva e a senhora Lorenna de desprezo.

-Charlie querido, ainda está criando essa bastardinha, essa menina é horrível, o cabelo dela não é bom, ela parece uma selvagem, mal educada e não tem metade da inteligência de minha adorável neta Celina. Se eu fosse você, já teria deixado isso no lixo há muito tempo.

Eu pensei um pouco e os olhei com duvida

-Quer perguntar alguma coisa?-Disse com a cara irônica e ao mesmo com nojo

-O que é bastardo?- Ouvindo minha pergunta ela gargalhou e falou:

-Eu não disse que era burra. Bom, criança. Um bastardo é um filho fora do casamento.

-Entendi. A senhora é bastarda?-Perguntei e ela me olhou com raiva e gritou:

-CHARLIE, TIRE ESSA CRIANÇA IMUNDA DAQUI E DÊ A ELA UMA BOA SURRA PRA APRENDER A ME RESPEITAR!

Meu pai segurou meu braço com força me arrastando para o meu quarto, chegando lá ele tirou o cinto e me deu diversas cintadas nas costas e nas pernas, depois me soltou no chão e disse:

-Você só vai sair desse quarto amanhã pra se desculpar com a minha mãe- E saiu trancando a porta

E eu passei a noite no chão, chorando de dor, chorando de fome e também chorando por ninguém gostar de mim. Meu estomago estava totalmente vazio, eu só tinha comido pela manhã e agora já era de madrugada. Por sorte meu pai me coloca com frequência em castigos desse tipo, então eu já aprendi a sempre deixar um biscoito escondido. Eu tenho até um esconderijo, que fica embaixo do assoalho, que fica embaixo da minha cama. Fui até lá, tirei o assoalho, e vi que tinha um biscoito de chocolate, peguei e levantei pra comer.

Fui passeando pelo quarto, até que parei na frente do espelho e me olhei e foi só então que percebi que, desde que eu caí na rua até agora eu ainda não havia tomado banho sendo assim eu estava toda suja de lama, da cabeça aos pés. E me avaliando bem percebi várias marcas avermelhas por todo o meu corpo principalmente no meu braço esquerdo que estava doendo muito. Acabei cansando de chorar e fui dormir.