You Belong With Me escrita por FreddieMcCurdy


Capítulo 49
Capítulo 49


Notas iniciais do capítulo

YAY, O SITE VOLTOU! O capítulo está um pouco menor, já que o anterior ficou mesmo cansativo de ler, mas esse é super importante. Eu vou esclarecer TUDO o que está acontecendo na história no próximo, ok? Não se preocupem. Sem mais, boa leitura.
E, pelo amor de Deus, se vocês forem fanáticos por gramática como eu, anotem os erros de português que eu arrumo depois. Ajudem essa autora ): OBS.: Eu sei que o Harry não tem mais aquele cabelo cacheado, mas eu gosto muuito daquele cabelo, então aqui na história ele tem.



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Aqueles dois pares de mãos, já familiares, pressionaram meu braço e me tiraram do chão antes mesmo de eu abrir os olhos. Os brutamontes, apesar de não estarem tão violentos assim, me levaram até a porta.

–O... que está acontecendo? – pergunto, tentando coçar os olhos. Nossa, minhas mãos estão livres! – O que está acontecendo? – repito, dessa vez mais alto. Eles não dizem nada.

Pelo visto, já era de manhã. Os quadradinhos de vidro deixavam a claridade entrar e iluminar parcialmente a sala vazia e de cor depressiva. Freddie e eu paramos de conversar no mesmo momento que eu tinha percebido que Harry estava acordado e ouvindo a tudo aquilo. Quer dizer, não é que eu tenha vergonha de Harry, mas o fato é que eu não acho que ele mereça mesmo escutar “o amor de sua vida” se declarando para um cara que ele odeia. Harry já deve ter sofrido muito na vida dele para aguentar isso. Foi difícil desviar o olhar de Freddie e tentar me arrumar para dormir sentada no chão. Ele fazia aquela coisa de erguer uma sobrancelha e sorrir, quase como uma cara de “eu tenho orgulho de te chamar de minha namorada”. Quase, não, essa era a cara que ele fez, já que disse a frase dois segundos depois de eu fechar os olhos para cair no sono. Parecia até que ele sabia que Harry estava acordado e ouvindo a tudo.

Os dois homens estavam prestes a sair da sala, cada um segurando em um braço meu, quando vi Claire aparecer e dar seu sorriso malicioso. Ela vinha se aproximando lentamente, até finalmente apertar minhas bochechas e rosnar em minha cara.

–Eu disse que ia ter volta. Levem-na.

–Não! Você não pode levá-la! – e, de repente, Harry gritou, inutilmente puxando seu corpo para frente. Seu sono era leve mesmo.

–Fica na tua, ô playboyzinho – Claire respondeu.

–É melhor não tocar um dedo nela, ou eu juro que...

–Jura que o quê, hein? – ela o interrompeu, fazendo Harry se calar. – É bom mesmo ficar na tua, ou será que você quer acabar como a mamãe?

Harry arregalou os olhos, chocado com a palavra. Mamãe. Ela estava falando de sua mãe. Ele ainda estava pasmo no canto quando os cachos caíram sobre sua testa. Fechou a cara durante a gargalhada de Claire.

–Uau, enfiei o dedo na ferida, não é mesmo? Você sabe o que aconteceu com a mamãe, pequeno Harry? Sabe? – ela esperou três segundos para vê-lo chacoalhar a cabeça, falando que não. – Ahn. Que pena. Mas, olha aqui, eu tenho quase certeza de que essa loirinha aqui sabe. Não sabe, loirinha?

Ele ergueu a cabeça, automaticamente olhando pra mim, agora de boca aberta e o coração à mil. Harry me encarava com uma careta confusa enquanto eu estava estática ali nos braços dos dois homens. Claire soltou um gemido triste, passando a mão em meus cabelos fingindo estar reconfortando-me.

–Ah, não quer contar a ele, loirinha? Não quer contar a ele que a mãe dele foi morta por causa da estupidez do pai dele? Você não quer contar a ele – sua voz foi tomando raiva aos poucos – que a doce mamãe foi morta pelas mãos dos comparsas de Marconny e que a culpa é toda de Goran?

–Por que você está fazendo isso? – sem perceber, eu já estava chorando. Não era desse jeito que queria contar a Harry a verdade. – Por que você quer que ele sofra?! Ele nunca fez nada pra você!

–Você... sabia?

Voltei a olhar para Harry, que também chorava, mas parecia ter mais raiva que tristeza. Freddie assistia à tudo em silêncio, observando a dor que transpareciam nos olhos de Harry. Eu não tinha ideia do que falar, só soluçava sem parar, desesperada para abraçá-lo e dizer que tudo vai ficar bem, que ele vai ficar bem. Mas acho que ele não gostaria de me abraçar agora.

–Você sabia, Sam? Responde! – ele gritou. As pernas, quase fora do chão, tremiam mais que a minha voz falhada. – Fala na minha cara que você sabia esse tempo todo que minha mãe era um cadáver! – o choro dele começava a aparecer em sua voz. – Confessa que você sabia que, quando eu fosse para Manhattan procurar pela minha mãe, eu não ia achar porra nenhuma! Confessa, Sam!

–Harry, por favor...

–Pelo jeito, mentir é seu hobby. – e olhou para Freddie, depois voltando a me encarar. Agora Claire não dizia nada. – Uma mentirinha aqui, uma omissão ali... Tanto faz pra você. Tanto faz.

–Harry, eu q-queria con...tar, m-mas... – os soluços não me deixaram continuar a frase quando vi Harry se encostando na parede e chorando desesperadamente. Eu nunca tinha o visto chorar, muito menos desse jeito. – Por f-favor, me per...doa...

–Tá, chega dessa palhaçada. Vamos, vamos, levem-na para ele.

Os brutamontes puxaram com força meu corpo de lá, em silêncio. Eles carregavam meu corpo como se carregassem uma mala leve mesmo, sem dar importância para mim. E, mesmo que eu quisesse me concentrar no caminho que eles faziam, nada conseguiria tirar da minha cabeça a imagem de Harry me olhando pela primeira vez como se eu fosse um pedaço de comida podre. Ele me olhava como se eu fosse desprezível. Como se eu fosse lixo. Ele nunca ia me perdoar por eu ter escondido a verdade sobre sua mãe.

–Acorde – um dos homens falou, chacoalhando minha cabeça. As lágrimas cessaram.

–Eu estou acordada – respondo.

–Sei que está. – e finaliza a conversa, voltando ao silêncio.

Um deles tinha os cabelos bem loiros, e era meio japonês, com três metros de músculos e força. Eu ergui a cabeça, buscando ter uma pista de onde nós estávamos, ou uma janela, ou uma tubulação de ar para eu me esgueirar por ela. Nada. Nós passávamos por um corredor escuro, de paredes azuis. O outro homem que me carregava era bonito, e eu sabia que o conhecia. Deve ter sido companheiro de cela de Claire no passado, também daquela prisão para menores. Cabelos pretos, um topete, camiseta preta. As linhas do rosto eram grosseiras, as sobrancelhas eram grossas, a pele mal cuidada, e a barba preenchia grande parte da face, com a boca exageradamente grande. Mas o que realmente me chamou a atenção foi a íris de seus olhos. Azuis, tão claros que chegavam até a parecer cinza. Ele me repreendeu por olhar em seu rosto com um apertão no braço, e eu voltei a olhar para frente.

Os dois me carregaram por um hall chique e elegante, bem diferente da sala feia e escura que nós estávamos, e entraram na porta de vidro à direita, onde eu vi algumas pessoas entrando e saindo com bandejas e panos, provavelmente os empregados da mansão. Uma mulher, doce e baixnha, me mandou um sorriso como se estivesse se desculpando por algo que ela não fez, e saiu de lá como um ratinho, andando com suas pernas curtas e sumindo de minha vista. Haviam quadros na parede, cortinas e vasos com flores. No meio da sala, uma cadeira que deveria representar um trono, com tecido vermelho revestindo o assento.

E, surpreendentemente, Smith estava lá em pé ao lado da cadeira vazia, roendo as unhas. Sua abriu em um perfeito ‘o’ quando me viu, exatamente a mesma coisa que eu fiz quando o vi.

Você?! – Smith perguntou, sem acreditar naquilo que via.

Não deu tempo de eu falar absolutamente nada. Foi como se todos os barulhos tivessem cessado para a entrada dele. Um homem, na média dos seus quarenta anos, andou calmamente até a cadeira, colocando um gato gordo, branco e com lacinho rosa em cima dela. Usava um chapéu preto, e terno da mesma cor. Na mão direita, carregava uma bengala de serpente, que a apoiou na parede depois de fazer um cafuné no gato, que ronronou e começou a dormir. E aí notou a nossa presença. Ele sorriu.

–Minha convidada chegou! – disse ele, o sotaque britânico aparente na voz grossa e lenta. – Bem-vinda, bem-vinda!

Eu abaixei a cabeça, tremendo. O jeito que ele se vestia, a cordialidade em sua fala, o sotaque, os olhos reconfortantes. Atrás daquele disfarce havia um home miserável, vingativo, baixo, canalha, indigno, sujo. Existia um monstro. A mínima coisa que eu falasse sem pensar podia causar um dano irreparável.

–Ah, mas que modos são esses, cavalheiros? – pergunta, e eu senti seu olhar parar nos gigantes. – Deixem-na respirar um pouco! Vamos, larguem-na!

Os dois obedeceram, colocando-me ao chão. Abracei meus cotovelos, fitando o segundo homem como se fosse uma última súplica para que ele apenas me jogasse em suas costas e atravessasse os muros, tirando-me daquele lugar horrível. Não ia custar nada a ele. Sem razão, eu achei aquela sala bela e convidativa mais assustadora que a nossa pequena sala dos prisioneiros. A presença dele fazia eu me sentir assim.

Mas o gigante nada fez. Só me olhou uma última vez e seguiu seu amigo, saindo da sala. Eu ouvi a risada do monstro, uma risada singela e melodiosa. Tudo para esconder a perversidade por baixo daquela carcaça de barata.

–Perdoe-me, doce moça. Acho que nós não nos conhecemos ainda, não é mesmo? – aguardou até que eu fizesse que não com a cabeça, tremendo de medo. Sorriu com isso. – Certo. Meu nome é Albert Marconny. Já deve ter ouvido falar de mim.

Claro que ouvi. As coisas mais cruéis que um ser humano poderia fazer. Assenti, ainda parada. Marconny andou pela sala, observando os quadros, e enfim parou para me encarar. Desse ponto de vista, não parecia tão monstro assim.

–Se não ouviu, vai ouvir. Você tem sorte de estar finalmente me conhecendo, muitos temem apenas o meu nome! Estranho, né? Sabia que poucas pessoas já tiveram a oportunidade de saber, afinal, quem é esse tal de Marconny?

Sim, eu também sabia disso. Goran havia me contado que nem ele o conhecia. Poucos viram seu rosto. Ao que parece, só os que trabalham para Marconny mesmo. Quem morria por sua causa, não. Quando suas mãos, subitamente, tocaram as minhas e me obrigaram a estender os braços, eu senti a tristeza e as trevas percorrerem minha espinha. Suas mãos eram geladas, sem vida. Marconny beijou-as, uma de cada vez.

–Você é forte, querida. É inteligente. Quando Claire me falou que conseguia se desvencilhar de minhas algemas favoritas, as que cortam a pele cada vez que há um movimento, eu juro que não acreditei. E olha que eu já vi muita coisa nessa vida. Você, uma simples... garotinha, conseguiu fazer isso. Impressionante. Acho que poderá ser muito útil para mim.

Marconny passou as mãos nos cortes leves que haviam no meu braço, depois soltou-me e voltou a acariciar o gato preguiçoso. Eu senti que aquela era a minha deixa de finalmente trazer a verdade à tona. Abracei novamente meus cotovelos e, olhando para baixo, escolhi a dedo as palavras que eu ia usar para conseguir tirar a verdade dele.

–Por que eu estou aqui?

Ele paralisou com a minha pergunta, olhando em meus olhos, e sorriu. Não estava assustado, ou alegre, ou surpreso, nem mesmo feliz. Ele não estava... nada. Simplesmente nada. Não consegui decifrar nada de sua expressão facial. Ele suspirou.

–Digamos que, às vezes, na vida, nós seguimos caminhos errados. Você, por exemplo, acabou se metendo numa briga de anos entre mim e seu chefe. Mark... Mark me desafio há muito tempo, e eu estou apenas cobrando. – Marconny usou um tom suave, calmo. E seus dedos correram por minha bochecha, me fazendo fechar os olhos rapidamente como se tivesse levado um choque. – E agora, você está sendo a conseqüência de tudo. Um efeito colateral.

–Como assim “efeito colateral”? – perguntei.

–Há coisas que nós simplesmente não conseguimos impedir ou fazer nada para que elas não aconteçam.

–Como a morte da Anne? – ironizei, vendo seu sorriso voltar ao rosto. Ele gargalhou de novo.

–Isso mesmo. Eu não consegui o que queria, então Anne foi uma conseqüência disso. Mas que garota esperta, não? – Marconny acariciou meus cabelos. – E, olha, você se parece muito com ela. Esse rostinho angelical, esses olhos claros... – e ficou quieto por segundos. – A boca, tão perfeitamente desenhada.

E os dedos percorreram meu lábio inferior, com o olhar perdido. Eu sentia cada vez mais medo, até mover delicadamente a cabeça para o lado, fazendo Marconny acordar de seu transe temporário e segurar minha mão direita, beijando-a.

–Agora, eu também me sinto honrado em te conhecer, senhorita... Samantha Puckett. Espero que meus empregados não a tratem tão mal assim. – falou, soltando-a e andando para longe de mim. – Claire, pelo visto, não foi amigável. Pode deixar, eu peço mais hospitalidade a ela.

Temendo que ele encerre a conversa e eu não conesguisse absolutamente nenhuma informação sobre onde nós estávamos ou o motivo, eu me apressei em perguntar mais coisas.

–Por que eu estou aqui? É por causa do roubo? Você me raptou só porque eu participei do roubo? E quanto a Freddie e Harry, meus amigos? Eles não tem nada a ver com isso! Por favor, nos deixe ir emb...

Um grito agudo corta totalmente minha frase, me fazendo dar um pulo e colar as mãos no peito. Alguém havia gritado como se estivesse machucado, ou até mesmo... Sendo torturado. E aquele grito não me parecia estranho. Não, não era de Freddie ou de Harry, mas eu tinha certeza que conhecia o som.

–Quem... Quem mais você...?

–Tirem-na daqui! Eu já fui incomodado o bastante por hoje! – ele gritou, mirando a porta e massageando a área entre os olhos, acima do nariz. E, em poucos segundos, os brutamontes voltaram à sala e me ergueram do chão, enquanto eu tentava a todo custo me soltar, mas suas mãos eram apertadas demais.

–Espere! Espere, Sir Marconny! – gritei, me chacoalhando. – Por favor! Por favor, eu te imploro! Eu preciso tirá-los daqui! Eles não podem...

–Certifiquem-se de que ela fique em uma das celas individuais, e cuidem bem dessa garota. – ordenou, me encarando. Ele sorriu. – Não se preocupe, docinho, eu não vou deixar que eles te machuquem mais. Tenho planos pra você.

–Mas e Freddie? E Harry? – Marconny ergueu as duas sobrancelhas, fazendo um gesto para que eles me levassem dali. – Não! Não! Por favor!

Eu me chacoalhava, berrava, e mesmo assim aqueles idiotas nem sequer tinham dificuldade em me levar de lá. Smith apenas ficou lá, parado, no canto da sala. Eu simplesmente não acredito que aquele panaca está aqui! Será que foi ele que contou a Marconny sobre a localização de Goran? Mas, se fosse ele, por que Smith não contou antes do roubo, então? Tem algo estranho nessa história.

Os dois, agora, seguiam um caminho diferente. Depois que saíram da sala enorme comigo, me rebatendo, voltaram ao corredor e enraram em uma porta aberta, com tudo escuro lá dentro. Essa mansão era incrivelmente enorme.

–Esperem! Esperem! – gritei, mas nenhum dos dois pararam.

–Quieta – o homem de barba e olhos cinzentos falou, chacoalhando meu braço. Do outro lado, o japonês loiro arregalou os olhos.

–O chefe disse que nós não podemos falar com prisioneiros, cara! Você pirou? – sussurrou, como se eu simplesmente não estivesse lá. O outro revirou os olhos.

–Essa garota já me irritou! Ela não para de se mexer! – e lançou um olhar de repreensão a mim, que não parei de jeito nenhum. – Eu não quero te machucar, garota.

–Eu não ligo! Eu...

Um vento fez com que meus cabelos voassem bem no meio de meu rosto, com o estranho de olhos azuis os tirando no segundo seguinte. Eu me perguntava o porquê de ele ter feito isso até olhar em seu rosto novamente, e ele subitamente desviou de meu olhar, encarando o corredor. Mas, onde tem vento, tem janela!

Meus olhos correram atrás de qualquer abertura de, no mínimo, vinte centímetros para eu me esgueirar pelo buraco e sair correndo para chamar a polícia, mas a esperança acabou quando vi o ventilador sujo em cima de uma cadeira. Aquele corredor se estreitava cada vez mais, até ficar tão pequeno que só uma pessoa poderia passar por vez. O japonês fez sinal para que seu amigo me soltasse, mas o outro respondeu um baixo “deixa comigo”. Ele deu de ombros, voltando pelo caminho que nós tínhamos seguido.

Eu achei que ele queria me levar para me dar uma lição, como me surrar e me jogar no canto, mas não aconteceu nada. O corredor escuro e cinza, com goteiras por todo lado e chão molhado, me permitiu ver uma grade escura logo à frente. O homem abriu o pequeno portão e me jogou lá dentro, trancando-o enquanto eu gemia e caía de quatro no chão.

–Espera. – falei, enquanto me levantava rapidamente. – Espera! Não.. Não pode me deixar aqui!

Empurrei, com todas as minhas forças, aquela grade, entrlaçando os dedos no vão em formato de losango. Ele deu um passo para trás enquanto eu batia naquilo desesperadamente, apavorada só de pensar que vou ter que ficar ali naquele lugar assustador até Deus sabe quando.

–Não! Por favor! Eu não quero ficar nessa... jaula de macacos! Não sou um animal! Eu preciso ficar perto do Freddie! Ele precisa de mim! – choquei bruscamente meu ombro no portãozinho fechado, mas não o movi nem um centímetro. Fiz de novo, sem sucesso. – Não me deixe aqui sozinha!

Ele me olhou uma última vez antes de sair apressado, me deixando lá gritando para ninguém. Mas não desisti. Bati três vezes na grade, forçando a garganta.

–Pelo amor de Deus! Alguém me ajuda! Socorro! – berrei, sentindo as lágrimas começarem a ser formadas. – Me tirem daqui! Me tirem daqui! Freddie, por favor!

Eu nunca ia me cansar de bater naquela grade cinza até alguém aparecer, mas não havia sequer nenhum resquício de presença humana. Ninguém ia me tirar de lá. As mãos até estavam vermelhas e ardendo depois de uns dez incessantes minutos que eu batia e ouvia o agoniante silêncio em resposta.

Quando um suspiro me fez virar para a direita e ver uma jaula de macacos igualzinha a minha, mas com alguém com as mãos na barriga.

–V-Você está bem? – eu perguntei, me afastamdo da grade do portão e indo até a grade que dividia as duas celas. A sombra se moveu com o som da minha voz mais suave. – Quer ajuda?

Ela se arrastou até cair da cama que havia no canto, o qual também tinha na minha cela, e se aproximava de mim com a mão na barriga e as pernas moles. A sombra ergueu a cabeça e mostrou uma enorme cicatriz em sua bochecha. Uma facada, bem perto de sua boca. A garganta secou e os olhos arregalaram quando o reconheci.

Eu simplesmente não conseguia parar de gaguejar ao tentar falar seu nome. Goran tossiu várias vezes até sair sangue de sua boca, olhando pro chão.

–P-pelo amor d-de Deus... O... O qu.. O que fiz-zeram com o senhor? – a voz saiu falhada juntamente commo choro que já estava preso na garganta há séculos. Goran gemeu quando eu cheguei mais perto da grade, desejando poder passar pelo pequeno vão e ajudá-lo no mesmo momento. – Mark! Mark, me r-responda!

Ele deu um leve suspiro e se deitou no chão, as mãos tremendo. Eu não podia agüentar aquela cena. Goran apertou a barriga, forçando um vômito.

–O que está fazendo? Não, o senhor vai se machucar! – gritei. Ele não parou. – Me escute, Mark!

–S... Saia daqui. Eles vão... Eles vão... – tossiu mais uma vez. – Eles vão nos...

Sua voz estava ainda pior que a minha, como se algo pudesse tê-la distorcido de uma hora pra outra. Ele estava rouco como se tivesse gritado durante muito tempo, mas eu tenho absoluta certeza de que aquele grito não era dele, na sala de Marconny. Aquele monstro.

–Shhh... Não fale, não fale. Só diga o necessário – pedi. – Há quanto tempo está aqui?

Ele insistiu em apertar sua barriga até tossir de novo e finalmente olhar em meus olhos para conseguir dizer algo. E, mesmo sem praticamente nada nos iluminando, eu sabia que seus olhos clamavam por um abraço reconfortante.

–O dia seguinte ao roubo – sussurrou ele.

Foi como um tiro bem no meio da minha testa. Uma avalanche de culpa me cobiu até o pescoço. Isso era, o quê, mais de uma semana atrás? Depois do roubo, ainda fui à festa da Carly, beijei o Harry, transei com o Freddie (mais de vinte vezes), fui parar no hospital e faltei no trabalho dois dias por pura vontade de ficar em casa sem fazer nada. Se eu tivesse ido, talvez tivesse visto que Goran não estava lá e desconfiado de algo! Mas, simplesmente, engoli toda a culpa e continuei a olhá-lo, séria.

Não sei como eu consegui tomar coragem para continuar, já apertando os lábios umedecidos por conta das lágrimas que saíam sem som algum.

[como se fosse normal a lágrima sair com som. Eu quis dizer que ela não fazia som enquanto chorava. Voltando...]

–O que eles fizeram com você?

Goran, com seus quarenta e muitos anos e cabelos brancos, tentou se levantar do chão. Como suas mãos falharam, ele continuou ali, deitado, fraco.

–Samantha... – começou, tossindo. Mas, dessa vez, não cheguei a ver os pingos no chão. – Ele.. Ele me odeia. Ele não vai parar. Ele... vai torturar todos nós – e pousou a cabeça no concreto de novo.

–Por quê? Goran, por quê? – aperto meus dedos nos vãos da grade, ajoelhando ao seu lado.

–O roubo. O dinheiro. Ele pegou tudo, mas... – tossiu, apontando para um canto escuro. Eu não me interessei em procurar o que ele indicava, só continuei lá a ouvir. – Ele sabe. Ele sabe de tudo. Todos... – Goran começava a tossir desesperadamente, gemendo de dor. – Ele pegou todos.

–É o pior jeito que ele achou de nos torturar – concluí, o olhar perdido. Goran assentiu. – Foi o que ele fez com você. Ele vai tirar da gente tudo que mais amamos.

–Como Paul e sua irmã, Katherine. Como Lilian, e sua filha Emily. Todos... Todos que participaram. Ele nos pegou. O Harry está ligado a mim, e o...

Freddie.

–ABRAM ESSA MERDA! VOCÊS VÃO ABRIR ISSO AGORA!

Não bastou cinco segundos para que eu estivesse me jogando da parede até a grade onde ficava o portão, sem me importar com a dor ou com meu ombro sendo cruelmente amassado. Eu ia e voltava, ia e voltava, mais enfurecida que um furacão.

–EU QUERO SAIR DAQUI! – estava completamente louca.

Goran até tentou me impedir com alguns sussurros de que isso ia apenas piorar, não ia adiantar nada, aceite e tudo melhorará, mas a vontade de sair dali e encontrar Marconny e arrebentar a cara dele até ele implorar para eu parar era grande demais para ser contida. Eu arrumava ar para correr e gritar o mais fino que eu conseguia, sem parar.

O barulho inicial não me assustou. Sabia que, alguma hora, alguém teria que aparecer. O brutamonte de olhos cinzentos entrou na minha vista, e a partir dessa hora, decidi que ele seria o alvo de minha fúria. Seus passos e seus olhos grudados nos meus se aproximaram, com minhas unhas prontas para arrancar metade da pele de sua cara, mostrando-me que ele estava com raiva. O homem passou reto por minha cela, abrindo a de Goran.

–O que está fazendo?! – perguntei, inconformada. Ele não respondeu.

Seus dedos foram rápidos em sacar uma seringa e colocá-la no braço de Goran, que não resistiu em nenhum segundo. Não adiantou eu gritar que não, que ele não podia fazer isso, e me ajoelhar na grande ao lado do meu chefe desacordado, o homem me ignorou.

Quando abriu a grade da minha cela, meu foco já tinha se perdido. Até tentei me rebater, empurrá-lo para longe, mas foi impossível. Uma picada em meu braço me fez cair no chão, como meu vizinho. A mesma coisa que ocorreu quando eu levei aquela flechada, há dias. A visão turva, os leves tremores por todo o corpo, o ardor no lado direito do corpo.

Eu consegui enxergar os tênis do gigante numa visão lateral, já que eu tinha caído no chão, e ele ficou lá parado por algum tempo. Minha bochecha desgrudou do chão quando ele gentilmente me colocou na cama. – Me perdoe. Ordens do Sir Marconny – pensei ouvi-lo dizer. Mas, à essa altura, já não poderia diferenciar a verdade da paranoia.

Podia muito bem tudo ser apenas uma ilusão, já que vi Freddie chegar correndo e me abraçar, dizendo que tudo ia ficar bem e que ele não sairia nunca mais do meu lado.


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Notas finais do capítulo

Meu personagem favorito, o mauzão UHASUHSAU


HAPPY BIRTHDAY NATHAN KRESS EFJKHEJFSYDGHKDEUIHDIDUHIGDH



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