My Heart Is Bleeding escrita por Mimia R


Capítulo 14
Pesadelo


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo! Esse aqui está bem tenso! Eu gostei muito de escrever e espero que agrade todos vocês. Boa leitura! :DD



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/335400/chapter/14

Acho que senti meu coração parar de bater.

Abri meus olhos. E uau! Eu não vou ficar aqui descrevendo tudo o que eu vi. Na verdade a primeira visão que eu tive foi do teto azul do quarto. Mas foi como se eu nunca tivesse enxergado de verdade. Parecia que eu estava vendo tudo em HD pela primeira vez na minha vida.

E ao pensar nisso, senti o medo se apoderar de mim.

Eu olhei ao meu redor e vi que estava sozinha no quarto. Eu estava deitada na cama, me levantei e sentei. Olhei para minhas mãos, minha pele estava diferente. Eu parecia mais pálida, e minha temperatura definitivamente não estava normal.

Eu pensei que meu coração fosse pular para fora, mas só que percebi que ele não batia. O meu medo foi aumentando. Minha respiração teria ficado ofegante, mas percebi que eu não estava respirando. Não sentia necessidade.

Cada vez mais certa do que estava acontecendo, lentamente fui levando minha mão até minha boca. Toquei meus lábios e fui abrindo a boca devagar. Toquei meus dentes com cautela. Eu não sabia como aquele negócio funcionava, então só foquei naquele local e um segundo depois senti as pontas afiadas de duas presas furarem meu dedo.

Eu puxei a mão rapidamente e vi dois pontinhos de sangue no dedo. Fiquei paralisada em choque. Bastaram só alguns milésimos para a pequena ferida se curar sozinha.

Aquilo não podia estar acontecendo comigo. Logo comigo! Tinha que ser uma pegadinha, um pesadelo! Eu belisquei meu braço e levei um susto ao sentir minha pele fria. Fiquei com nojo de mim mesma.

Eu queria gritar. Eu queria chorar. Não, eu queria espernear como uma criança quando tem medo do bicho papão no armário. Mas no caso, eu mesma era o meu bicho papão.

Eu tinha medo de me mexer, não queria nem me olhar. Para aumentar minha agonia, as presas continuavam expostas, eu não conseguia recolhê-las. Eu não estava mais conseguindo me concentrar em nada.

De repente eu ouvi um barulho. Ele vinha de longe, pareciam passos de alguém subindo escadas. E os passos continuaram e continuaram. Eu sabia dizer até quando viravam à esquerda ou à direita, quando aceleravam e desaceleravam. Coloquei as mãos nos ouvidos e fechei meus olhos. Esqueci os dentes e mordi o lábio. Soltei um gritinho quando senti aquelas coisas pontudas furarem minha boca. Eu estava em completo desespero, mas meu corpo não demonstrava isso de nenhuma forma física. Isso estava me deixando sufocada, metaforicamente. Eu precisava extravasar, só não sabia como.

Senti uma mão tocar meu braço. Me assustei e me afastei. Vi o Marcus parado na minha frente. E minha nossa! Quando ele tocou minha pele eu senti esse toque tão profundamente, parecia que ele estava tocando até minha alma, supondo que eu ainda tinha uma. Acho que foi a sensação mais real que eu já tinha sentido.

Eu olhei para o Marcus e fiquei impressionada. Ele era lindo! Minha visão humana nunca me deixou perceber isso de verdade. Ele não tinha um defeito visual se quer. Eu fiquei olhando para ele feito uma lesada.

E de repente toda aquela agonia interna voltou. Eu tentei respirar só para ver se me sentia um pouco aliviada, mas não fez diferença. Eu nem se quer sentia o ar passar pelos meus pulmões. Respirar agora era uma coisa banal, realmente desnecessária.

O Marcus me observava, e eu podia sentir o olhar dele penetrando profundamente em mim.

– Você fez isso... – Eu falei. Minha voz ao menos demonstrava como eu estava abalada.

Ele só ficou me olhando sem nada dizer.

– Eu sou um monstro... Eu sou igual a você... É culpa sua... Você me fez assim...

Eu vi alguma coisa mudar em sua expressão. Mas nem me incomodei em descobrir o que.

– Você ia morrer. – Ele falou com cautela.

– Morrer era melhor do que isso! – Eu gritei.

Eu coloquei a mão na boca, aquelas presas estavam me incomodando muito, tentando de um jeito de me livrar delas.

– É só focar e elas vão se recolher. – Ele disse percebendo minha agonia.

Eu não queria fazer nada do que ele dissesse, mas não aguentava mais aquelas coisas. Foquei somente nos meus dentes e facilmente as presas sumiram. Eu finalmente consegui fechar minha boca sem me machucar. Depois me virei para o Marcus e me lembrei de uma coisa que começou a fazer tudo ter sentido.

– Esse era o seu plano. – Eu disse, as coisas se esclarecendo em minha cabeça. – Desde o começo você já planejava fazer isso...

Nem eu mesma acreditava nas minhas palavras. Não acreditava em como tinha sido burra. Eu nem sabia o porquê de estar tão surpresa por ele ter feito aquilo comigo, afinal, ele era o Marcus! Era um vampiro! Depois que ele me “sequestrou” eu pensei ter conhecido um cara diferente, me iludi. Só isso.

– Eu te odeio. – Eu disse num sussurro.

O Marcus me olhava, agora suas feições completamente duras, sua expressão totalmente indecifrável. Lembrei da Angela e percebi que ele provavelmente estava comparando toda a situação com a do passado.

– Com a sua irmã você não sabia. – Eu falei.

Não sei por que, mas senti necessidade de diminuir um pouco a culpa dele. 

– Mas comigo você sabia perfeitamente o que ia fazer. E eu te odeio por isso. Te odeio mais do que nunca! Te odiei a vida inteira por ter matado vários caçadores, por matar pessoas inocentes. E agora odeio mais ainda por ter feito coisa pior comigo!

Ele continuou em silêncio, mas agora não olhavam mais para mim, encarava a parede ao meu lado. Eu me levantei da cama e fiquei de frente para ele. Senti uma raiva real se inflamar em meu peito.

– Eu te odeio, Marcus! – Eu gritei, minhas presas cresceram novamente e eu bati no peito dele.

Para minha surpresa, ele foi parar do outro lado do quarto e eu ouvi o barulho da parede sendo quebrada. Eu arregalei os olhos e pensei em ir lá ver se ele estava bem. Mas não o fiz, mesmo algo dizendo que o que eu tinha feito era errado.

Eu me dei conta de mais um detalhe da situação: eu era forte agora. Super forte. E o Marcus também tinha ficado um pouco surpreso com aquilo, mas ele se levantou e ficou parado.

Eu vi a parede totalmente quebrada onde eu o tinha jogado. E o odiei mais ainda por que aquilo também era culpa dele. Eu queria bater nele, queria acabar com ele. Mas algo dentro de mim ficava dizendo que eu não podia, que era errado. Eu não sabia o que era aquilo, e nem ligava. Eu precisava fazer alguma coisa. Era como se eu esperasse que fosse aparecer um antídoto para acabar logo com aquela situação.

– Você tem beber sangue para fazer essas sensações passarem. – O Marcus falou.

Eu o encarei e imediatamente balancei a cabeça. Aquilo nunca! Eu não ia tomar sangue de jeito nenhum. Eu não ia matar uma pessoa. Eu não podia fazer isso...

Mas eu estava sendo hipócrita, enganando a mim mesma. Só de ouvir a palavra ‘sangue’ eu senti um frenesi e minhas presas, que tinham se recolhido, cresceram mais uma vez. Não podia acreditar ainda que aquilo estava acontecendo comigo.

– Eu não vou matar ninguém. – Eu disse. Na verdade eu queria dizer que não ia beber sangue de jeito nenhum, mas aquela frase não se formou.

Marcus ficou me encarando por um minuto. Depois caminhou até a porta, abriu e saiu. Eu fiquei olhando feito uma abestalhada sem acreditar que ele tinha saído daquele jeito, me deixando sozinha com minha raiva. E eu senti mágoa por aquilo. Oh, meus sentimentos estavam uma confusão só. E eu queria tanto jogar tudo para fora, mas não sabia como.

Alguns minutos depois ouvi os passos dele novamente. Ele estava voltando. Quando ele foi chegando mais perto, eu fiquei alerta. Todo o meu corpo mostrou alguma reação finalmente. Mas foi pelo cheiro que eu senti.

Quando era humana eu nunca conseguiria sentir um cheiro tão profundamente e principalmente de tão longe. Mas eu não era mais humana.

Eu senti uma dor aguda nas presas, malditas coisinhas afiadas. Eu sabia que o Marcus estava chegando com sangue.

A porta abriu e ele entrou no quarto. A primeira coisa que eu vi foi o saco de sangue na mão dele. O meu primeiro instinto foi de atacar e tomar aquele saco dele. Mas por um milagre eu consegui me controlar. Mas ele sabia que eu estava frenética, ele podia ver. Ele era vampiro a mais tempo que eu, óbvio, e ele reconhecia a sensação.

– Toma. – Ele disse e jogou o saco para mim. Eu quase me joguei pra agarrar, mas me afastei.

Eu não podia beber aquilo. Eu não ia fazer de jeito nenhum. Eu não precisava...

E eu estava enganando a mim mesma.

Eu queria. Eu desejava. E eu certamente precisava. Fechei meus olhos e tentei me concentrar em alguma outra coisa. Mas só ouvi silêncio.

– Beba. É uma ordem. – Ele falou, mas sua voz não mostrava ordem alguma.

– E desde quando eu obedeço a ordens suas? – Eu perguntei, mas algo em minha cabeça disse que eu não podia discutir com ele. Só devia fazer o que ele mandasse. Balancei a cabeça tentando ignorar.

– Eu não sou sua serva.

– Não, você não é. – Ele falou. – Agora você é muito mais. Você é cria minha. Por isso você sente que deve me obedecer. Você tem que me obedecer quando eu ordenar.

Eu fiquei sem reação. Eu realmente tinha sido morta por ele. E era por isso que essa coisa na minha cabeça ficava me mando agradá-lo. Eu era uma... cria. Dele!

Quando eu pensava que nada poderia ficar pior, vinham mais detalhes sórdidos. E ainda aquele sangue ali perto de mim, tudo estava me deixando mais confusa.

– Bebe o sangue. Agora. – Ele ordenou e dessa vez eu não consegui resistir. Nem quis.

Eu peguei aquela bolsa de sangue, enfiei meus dentes nela e bebi feito uma... 

Uma vampira.

Eu aproveitei cada gotinha daquele sangue. Nenhuma comida humana era tão gostosa quanto sangue. Claro, para os vampiros. E beber aquele pareceu tão certo. E eu fui sentindo um alívio percorrer meu corpo enquanto bebia. Isso só me deixou com vontade de mais. Eu suguei até o último respingo de dentro daquele saquinho.

Quando terminei, olhei para o Marcus. Ele me observava, sua expressão vazia. Ele se aproximou de mim lentamente e tocou o polegar em meus lábios sujos. Depois levou o dedo até a própria boca e lambeu o sangue.

– Me odiando ou não, você é oficialmente uma vampira agora. Minha vampira. – Ele disse.

Eu soltei o saco e caí de joelhos no chão. As palavras dele me bateram com força. Tudo veio à tona, todas as verdades. Eu estava realmente morta. Eu era uma vampira. Eu era cria do Marcus. Eu ia matar pessoas só para me alimentar. Meus amigos iriam me odiar e me caçar...

Meu pior pesadelo tinha se tornado realidade


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ai minha nossa! E aí, o que acharam? Até eu ainda estou um pouco confusa com a situação da Joy. Me digam tudo! REVIEWS! REVIEWS! :DD