O Deus Sem Nome e o Narciso De Prata escrita por Luiza


Capítulo 2
Meu mergulho na escuridão


Notas iniciais do capítulo

Hey, leitores! Bom, postando o segundo capítulo aqui, e trazendo a infeliz notícia de que minhas aulas começaram hoje D:
Pois é, uma droga mesmo, ainda mais porque eu tenho que ficar no colégio até as cinco duas vezes por semana...
Mas vocês não estão nem aí para isso, certo? Certo!
BOM, EU QUERIA PEDIR UMA PERMISSÃO DE VOCÊS: Eu estou cortando boa parte do lenga-lenga, e passando direto para a parte onde as coisas acontecem, mas eu queria saber: Vocês preferem que eu coloque um pouco de romance para movimentar as coisas, ou preferem que eu vá logo para a aventura e ação?
É claro que não vai ser nada exagerado, até porque eu não curto melação. Seria uma coisa mais light, só para dar um toque fofo à história.
ENTÃO, O QUE VOCÊS ACHAM? POR FAVOR ME DIGAM PARA QUE EU POSSA POSTAR O PRÓXIMO!
Espero que gostem desse capítulo. Comentem!



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Eu estava sentada à mesa do Salão principal, respondendo às cartas do Acampamento e mordiscando algumas torradas antes das aulas da manhã. Ninguém gostava muito quando os alunos se sentavam nas mesas de outras casas que não as suas, mas Constance vivia fazendo isso, e naquele dia não seria diferente.

–O que está fazendo, Miss Embaralhada?- disse ela, sentando-se ao meu lado na mesa da Grifinória. Miss Embaralhada era o apelido que ela havia me dado por ficar reclamando que as letras estavam embaralhadas enquanto estávamos estudando, mas ela sabia que eu só dizia isso para não ter que estudar (na maioria das vezes). Não que eu não gostasse de estudar, algumas matérias eram bem legais, mas Constance estudava excessivamente, mesmo sendo “naturalmente inteligente”.

–O que parece que estou fazendo? Lento o futuro da Professora Trelawney, é óbvio!- falei sem tirar os olhos do papel. Sarah Trelawney era a professora maluca de adivinhação que previa minha morte em todas as aulas. Até eu via o futuro melhor do que aquela mulher (literalmente).

Constance esticou um pouco o pescoço para ver o que eu escrevia. Eu estava respondendo a carta de meus irmãos, dizendo apenas ”O que o Daniel está fazendo? Parem de me deixar curiosa! Também estou com saudades. Nos vemos em uma semana.”.

–Não é possível que a Lauren tenha tido todos esses filhos!- murmurou ela, examinando os nomes na carta.

Eu ri.

–Eles não são filhos da minha mãe! São do meu pai.

–Seu pai esteve meio ocupado nos últimos anos.

–É, eu sei. Mas ele está largando disso, vai se concentrar no trabalho. Sem mais meio irmãos para mim. Pelo menos não por parte dele.

–Por falar nisso, para quando é o bebê?

–Ela nasce em dois meses, eu acho- respondi pegando a carta de Tanner- Foi isso que a minha mãe disse em sua última carta.

Pois é, parece que minha mãe e Richard iam ter uma filha, o que eu acho ótimo para eles, agora que não têm que ficar se preocupando tanto comigo quanto antes. A não ser, é claro, o fato de que eu posso não voltar para casa no fim de cada verão.

A filha deles se chamaria Serena, já que eu achava que eles realmente precisam de um pouco de serenidade depois de treze anos tentando me esconder de monstros. Minha mãe queria por o nome da minha irmãzinha de Daphne, mas eu vetei a ideia, pelo simples motivo de ser o mesmo nome de uma das antigas amantes de meu pai, que virou um loureiro para fugir dele. Não acho que ele ficaria bem com o fato de que a mulher que ele ama e que está prestes a ter um filho com outro dê o nome da criança de acordo com outra mulher que ele amou e que se transformou em uma árvore apenas para não ter que ficar com ele.

Em um movimento rápido, em que eu nem tive tempo de perceber o que ela estava fazendo, Constance pegou a carta de Tanner de cima da mesa e começou a lê-la em voz alta.

Rose, eu sinto sua falta. Não nos vemos desde o natal! Já está todo mundo aqui, e é tudo extremamente sem graça sem você... Interessante. Quem é esse?

Ela tinha um sorriso de cinquenta dentes perfeitos no rosto.

–Um amigo- respondi simplesmente- Por quê?

–Não sei. Porque ele sente sua falta, e porque tudo é tão sem graça quando você está longe!- ela falava com uma voz afetada, só porque sabia que me irritaria- Fala logo, Rose! É seu namorado?

Revirei os olhos e bufei.

–Até você?

–Como assim, “até eu”?

–Porque todos cismam com isso? Nós somos amigos.

–Como assim “todos cismam com isso”? Será que dá para explicar direito?

Suspirei.

–No Acampamento todos ficam nos empurrando um para o outro, pelo simples fato de passarmos muito tempo juntos. Mas acontece que eu também passo muito tempo com o Will, e nem por isso ficam nos casando!

Ela franziu o cenho e suspirou, como se dissesse “eu te entendo”, mas eu sabia que não entendia. Quer dizer, até os garotos do último ano a chamavam para sair, mas ela passava mais tempo comigo e os outros, ou com a cara enfiada em seus livros do que se preocupando com isso.

Constance pareceu pensar por um momento e depois sorriu.

–Você tem uma foto?-perguntou.

–Uma foto? Tipo, do Tanner?

–É, eu estou tentando imaginar vocês dois, mas não sei como é o rosto dele.

Eu ri. Essa menina era completamente louca! Eu já havia contado que Will e eu passávamos os verões num acampamento, mas é claro que não tinha contado os fatos mais importantes: Que todos éramos semideuses e que combatíamos monstros quase diariamente.

Tirei de dentro da mochila o livro que estava lendo e o abri. Entre as páginas eu guardava uma foto tirada no último natal, que passamos junto com Tanner, sua mãe e Will, na lanchonete Roxie’s. Era uma tradição de família. A foto mostrava nós três, sorrindo e acenando em nossos suéteres natalinos enquanto jogávamos conversa fora. Coloquei a imagem sobre a mesa e bati nela com a unha para indicar Tanner, o que era desnecessário, já que era a única pessoa na foto que Constance desconhecia.

–Ai. Meu. Deus- disse ela pausadamente, olhando para a imagem- Você já olhou para ele? Tipo, de verdade?

–Sim, é claro que já.

–Ele é muito lindo!-exclamou, o que fez algumas pessoas que passavam pela mesa erguerem as sobrancelhas.

–Eu sei- falei.

Eu sabia mesmo, é claro. Qualquer um que o olhasse saberia. Antigamente eu até me perguntava como ele podia ser tão bonito, levando em conta que seus irmãos eram todos altos, fortes e carrancudos, que faziam qualquer um sair gritando. É claro que ele também era alto e forte, mas sua expressão era sempre suave, e seu sorriso era um dos mais bonitos que eu já vira, mesmo que ele tivesse uma pequena fenda entre os dentes (mas eu acho que aquilo o deixava ainda mais bonito). Minha pergunta foi respondida assim que conheci Meredith Adams, a mãe de Tanner. A mulher loira e com os mesmo olhos do filho era tão linda que podia ser facilmente confundida com Afrodite, a Deusa do amor de da beleza. Não me surpreendia que Ares houvesse se apaixonado por ela.

–E você não consegue imaginar vocês dois juntos?-perguntou Constance, acalmando-se um pouco.

–De jeito nenhum- respondi- Quando começaram com a falar que estávamos juntos, eu até pensei em como seria isso, mas é totalmente impossível para mim. Sabe... É como imaginar você e o Will namorando.

Ela estreitou os olhos, mas logo começou a rir.

–Tem razão, não daria nem um pouco certo. Mas vocês implicam um com o outro tanto quanto eu e o Will?

–Acredite, somos muito piores do que vocês!- falei sorrindo.

Um menino de cabelos castanhos e bagunçados que estava parado perto das enormes portas do salão gritou em nossa direção:

–McCormac, você vem?

Constance virou-se para ele, depois para mim novamente, enquanto juntava a mochila do chão.

–Tenho que ir.

Estiquei o pescoço para dar uma olhada no menino. Devia ter uns dezesseis anos, no mínimo.

–Quem é aquele? Aonde vocês vão?

–Aquele é John Fritz, é meu colega de casa. A biblioteca recebeu uns livros novos de feitiço, tipo, duas caixas, e eu tenho que dar uma olhada antes que alguém faça rabiscos neles- disse ela, pegou uma torrada do meu prato e saiu correndo, toda animada.

A verdade é que Constance era um gênio de feitiços, e tinha todos os que ela considerava úteis anotados em cadernos enormes.

Terminei o café e subi até a torre de astronomia para a aula. Apenas mais alguns dias e eu estaria de volta ao Acampamento.

____________

–Eu odeio História da Magia!- exclamei enquanto me jogava em uma das poltronas do salão comunal.

–Eu sei- disse Will, sentando-se ao meu lado- Mas você precisa estudar de qualquer forma, e mais importante: Passar nessa matéria.

Soltei um ruído do fundo da garganta.

–Ah, claro, como se fosse possível. Vou ver o que a Professora McGonagall pode fazer amanhã.

Ficamos um minuto em silêncio antes que ele voltasse a falar.

–Você devia ir se arrumar, temos que descer para o jantar.

Concordei com a cabeça e me dirigi ao meu dormitório, onde minhas colegas de quarto, Lisbeth, Joan, Chastity e Lena colocavam as vestes completas da escola.

–É melhor você se apressar, Rose, o vencedor da taça vai ser anunciado logo antes da janta- disse Joan enquanto vestia a comprida capa preta que fazia parte do uniforme.

–Eu sei, só vou tomar um banho- respondi e peguei minhas coisas.

Era o último dia letivo, e receberíamos as notas durante o jantar, onde também anunciariam o vencedor da Taça Das Casas. É claro que sabíamos que ia ganhar, mas todos tinham um pouco de esperança. Se você está curioso, a resposta é não, a Grifinória não vai ganhar. Conseguimos ultrapassar a Sonserina depois que ganhamos o campeonato de Quadribol, mas a Corvinal ainda estava na frente. Embarcaríamos para Londres amanhã bem cedo, e meus pais nos buscariam no aeroporto de Nova York.

Pensar naquilo me fez ter arrepios. Eu tinha trauma de aeroportos desde que tivemos que enfrentar um Minodusa no Heathrow Airport no feriado de Pascoa. É exatamente isso: Um Minodusa. Um monstro que tem as pernas humanas e o tronco de touro, com cabelos de cobras e seu olhar o transforma em pedra. Mais um presentinho do nosso amigo Dárion.

Terminei o banho e vesti o uniforme: Uma camisa social branca por baixo do suéter cinza, que combinava com a saia até um pouco acima do joelho e as meias ¾, a gravata vermelha e amarela, as cores da Grifinória e os sapatos pretos. Por cima de tudo ia a “capa” preta, que mais parecia um robe. Quem disse que só por que a escola é de magia as roupas têm de ser bonitas?

Quando deixamos a sala comunal pela passagem atrás da pintura da mulher gorda, Constance, Nick e Irelia estavam à nossa espera, e fomos andando juntos até o Salão Principal.

–Você pode esfregar na nossa cara, Cons- disse Nick- Não vamos ficar chateados. Vamos, cante a canção da vitória e dance loucamente.

Eu sabia que ele não estava sendo sarcástico, nenhum de nós se importaria se ela fizesse aquilo, e, por um momento, eu até achei que ela fosse mesmo, mas respirou fundo e negou com a cabeça.

–Não, eu prometi a mim mesma que vou ser madura, e não falar uma palavra.

–Mas nós não vamos nos importar se você comemorar- complementei- Vocês ganharam, e nós estamos bem com isso.

–Eu sei que sim, mas eu não preciso cantar a canção da vitória para me sentir bem.

Isso era outra coisa que eu gostava nela. Constance não era apenas uma boa perdedora, era uma boa vencedora também.

O Salão estava todo decorado em tons de azul e bronze, e os alunos da Corvinal mal podiam conter os sorrisos. Quando todos se acomodaram , Professora McGonagall levantou-se.

–Mais um ano concluído na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts- anunciou, e todos aplaudiram- Acho que vou direto ao ponto, e anunciar o vencedor da Taça Das Casas desse ano- ela tirou de dentro do vestido de veludo um pedaço de pergaminho e o leu- Em quarto lugar, com 430 pontos, temos a Lufa-Lufa.

Os Lufanos aplaudiram sem muita animação, dentre eles Irelia e Nick e McGonagall continuou:

–Em terceiro lugar, com 485 pontos, está a Sonserina- os Sonserinos foram quase silenciosos. Odiavam perder, todos sabiam disso- E, em segundo lugar, com 70 pontos a menos que os vencedores e 510 pontos, está a Grifinória.

Seu rosto tinha um toque de decepção quando olhou na direção da nossa mesa, mas estávamos ocupados de mais comemorando para perceber.

–O que deixa clara- disse ela, cortando os aplausos e gritos dos Grifinórios- a vitória da Corvinal.

Uma explosão azul se ergueu da mesa do outro lado do salão, enquanto todos pulavam e comemoravam. Todas as outras casas também aplaudiram, mesmo que não estivessem realmente felizes.

Depois que tudo se acalmou e a diretora anunciou o jantar, pedaços de papel apareceram na mesa. Eram os boletins.

Will não tinha que se preocupar muito com as notas, já que não era um bruxo de verdade, e como era meu protetor me seguiria para onde quer que eu fosse, mas tinha estudado muito esse ano, e teve todas as notas bem acima da média.

Respirei fundo e abri o meu.

Boletim de notas............................................ Melrose Leonards - 3º ano

Feitiços ............................................O (ótimo)

Defesa Contra as Artes das Trevas..................................O (ótimo)

Transfiguração............................................O (ótimo)

Poções ............................................ EE (excede expectativas)

Herbologia.............................................EE (excede expectativas)

Astronomia ............................................A (aceitável)

Adivinhação ............................................O (ótimo)

Runas Antigas ............................................ EE (excede expectativas)

Aritmância ............................................ A (aceitável)

História da Magia............................................D (deplorável)

Aviso: Por favor, não usar magia fora da escola se for menor de dezessete anos.

Atenciosamente,

Diretora Minerva McGonagall e Vice-Diretor Neville Longbottom.


Uma onda de alívio percorreu meu corpo. É claro que eu havia tirado uma nota péssima na aula do Binns, mas minhas outras notas foram ótimas! Eu nunca tive um boletim tão bom em toda a minha vida, e as matérias em que fui bem deveriam compensar História da Magia.


Irelia e Nick tiraram notas ótimas também, mas é claro que ninguém bateu Constance. Ela não teve uma aula em que sua nota não fosse um O.

–Ninguém derrota Constance McCormac!- brincou Irelia dando um abraço apertado na amiga.

–E nem Irelia Wilcox- respondeu ela- Acredite, suas notas foram ótimas.

Nos separamos quando fomos para os dormitórios com um “até amanhã”. Eu estava feliz da vida, mas sabia que nem isso me livraria dos pesadelos. Eles vinham piorando mais e mais, e eu não conseguia decifrar nenhum. Já havia perdido a conta de quantos sonhos com Tyler, um amigo que acabei perdendo no último verão, em que ele estava de algum jeito, conosco no Acampamento Meio-Sangue, e que alguma coisa o possuía e o mandava fazer coisas horríveis. Eu acordava sempre com o rosto molhado de lágrimas e ardendo como se meus cortes estivessem lá novamente, e a imagem dos olhos vazios do menino grudados em meu cérebro.

Faziam dias que eu tentava ficar acordada, mas as aulas estavam me matando de cansaço e eu sempre pegava no sono. Naquela noite, depois da festa, não seria diferente. Foi só eu fechar os olhos que as imagens me atingiram.


Havia risadas no meio da escuridão. Risadas femininas. O único brilho vinha de algum objeto prateado ao longe. Eu mal pude assimilar o que se passava ali antes da imagem mudar.


O trono vermelho aparecera novamente. Eu não podia explicar o quanto eu odiava aquela visão, mas tinha alguma coisa errada. Não estava mais no meio de folhas, e sim em uma sala prateada, com o que pareciam fendas na parede, através das quais eu podia ver uma tempestade lá fora.

Eu estava de volta ao Olimpo, no dia em que devolvemos o Galho de Álamo, e Atena tinha o filho deitado em seu colo. Mas ela não chorava. Seus olhos cinzentos haviam desaparecido e sido substituídos por enormes buracos negros. Olhei a minha volta, para os outros deuses, mas eles não estavam mais lá. Voltando meu olhar para a Deusa da sabedoria, percebi que ela também sumira, deixando-me sozinha com o corpo inerte de Tyler.

Quando seus olhos se abriram, os buracos negros me engoliram, jogando-me na escuridão profunda, num abismo sem fim, e tudo à minha volta me deixava mais fraca à medida que eu caía.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? Não se esqueçam de me dizer o que acham da ideia lá de cima, hein??