O Deus Sem Nome e o Narciso De Prata escrita por Luiza


Capítulo 12
A 2ª tarefa: Uma corça muito, muito valiosa


Notas iniciais do capítulo

Leitores queridos do meu coração! Como vão? Bom como sempre, alguns recados...
1) A semana dedicada aos personagens que vocês escolheram foi bem legal, saíram algumas curiosidades que valem a pena dar uma olhada. é só ir lá no http://melrosing.tumblr.com/ para conferir. Ainda tenho algumas perguntas para responder, mas isso é detalhe...
2) Vários de vocês, quando eu tenho esses lapsos de criatividade e invento alguma loucura, dizem para eu postar uma história original, e é exatamente o que eu vou fazer! O nome da história é Monsieur, e deve ser postada em duas semanas. Já para avisar, nas notas dessa história, eu vou deixar bem claro que O Deus Sem Nome é minha prioridade, então aquela pode ficar desatualizada por um tempo. Não se preocupem que eu não vou abandonar vocês.
3) Esse capítulo ficou bem legal, eu acho. Resolvi fazer uma coisa meio diferente, por que percebi que tinha um tempão que eu não fazia uma revelação, então resolvi dar um jeito nisso. Se ele passar muito rápido, me desculpem, mas é que eu escrevi tudo hoje, então...
4) Vocês deram uma olhada na capa nova do Galho de Álamo? É uma versão nova, com a Rose, o Will e o Tanner, no dream cast oficial, feita pelo Sweet Madness Design. Ficou linda!
Boa leitura, desculpem o incomodo e, como sempre, comentem!
~Lu



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O sol acordou-me no dia seguinte, infiltrando-se em meus olhos e aquecendo meu saco de dormir a uma temperatura insuportável. Arrastei-me para fora do forno que aquilo havia se tornado e, ainda com os olhos cansados, acordei os outros, um por um.

Uma vez com todos de pé, resolvemos decidir o que fazer naquele dia. Eu retirei de meu bolso a lista com as dez tarefas que ainda nos restavam.

–Certo, escolham- falei entre um bocejo.

–Talvez fosse melhor fazermos todas as mais simples primeiro- sugeriu Dylan.

–E essas seriam...?- perguntou Jake. Era uma boa pergunta, na verdade. Nenhuma das tarefas me parecia simples.

–Que tal essa?- murmurou Tanner, apontando algo no papel- Capturar a Corça Cerinita. Não me parece tão difícil.

–Essa não é a Corça sagrada de Ártemis?- perguntei, e ele assentiu- Certo, Joonie e eu vamos encontrar a ela e às Caçadoras.

–Só vocês duas?- indagaram todos em uníssono.

–Sim, acho que não deixariam quatro homens se aproximarem para levar seu animal sagrado embora.

–Sabe, Rose- disse Daniel, tentando me enrolar- Pode ser perigoso, talvez um de nós devesse ir com vocês.

Ergui uma das sobrancelhas e soltei uma gargalhada.

–Machistas! Não acham que podemos fazer sozinhas, não é?

–Isso não é verdade!- era incrível como eles conseguiam falar ao mesmo tempo tantas vezes.

–Diga que ela está sento ridícula, Joonie- pediu Dan.

Ela apenas sorriu para mim e cruzou os braços.

–Me desculpe, mas ela está certa. Se forem junto só irão complicar as coisas.

–Estaremos de volta em três horas, no máximo- falei, já tirando a vassoura de dentro da mochila e montando-a, com Joonie logo atrás- Até logo, meninos. Não sintam muito a nossa falta!

E decolamos, deixando-os para trás.

A euforia de voar, e o nervosismo por mais uma tarefa me fizeram esquecer uma coisa: Meu medo de altura. Assim que percebi que estávamos sobrevoando o Illinois (N/A: Esse é o Estado onde eles estão, okay?), e que não teria uma montanha de areia lá em baixo nem uma enfermaria para onde ir caso eu caísse, minhas mãos tremeram um pouco ao redor do cabo de minha Nimbus 3.006.

Joonie, por outro lado, parecia estar nas nuvens (Não me diga, Rose! Que comentário estúpido). Ela sorria e olhava para baixo como se fosse a coisa mais divertida do mundo, o que para ela deveria ser, mesmo. Tentei não demonstrar minha frustração, e pousei em um beco deserto na Cidade de Chicago.

–Santo Éolo!- exclamou a menina enquanto tentava domar os enormes cabelos cacheados- Essa cidade... ele está aqui, Rose. Meu pai.

Seus sentidos pareciam cem vezes mais aguçados em meio à ventania, e eu me surpreendi com seu comentário.

–Podemos tentar achá-lo, se quiser- falei- Antes de procurar Ártemis.

Por um momento, ela pareceu tentada a aceitar a oferta, mas então sorriu e negou com a cabeça.

–Não, vamos acabar com isso de uma vez.

Quando saímos de nosso acampamento, eu não havia pensado direito em como acharia a Deusa e suas Caçadoras, o que foi um tanto quanto estúpido da minha parte. Falei isso para Joonie, e ela disse que não tinha problema, apenas precisaríamos achar algum lugar para sentar. Avistei um starbucks coffee do outro lado da rua, e nós entramos e tomamos um lugar. Veja, fazia um dia que eu estava comendo granola e já havia entrado em abstinência de comida de verdade. Pedimos cafés e cupcakes e, assim que apanhamos nosso pedido, resolvemos focar na tarefa.

–Certo, Rose- disse-me minha amiga- Você vai ter que rezar. Para Ártemis, quero dizer. Fale com ela, e diga que estamos em Chicago.

Assenti, enquanto bebia um gole de meu café, e depois fechei os olhos.

Humm, Ártemis?, pensei, Olha, nós não conversamos muito quando fui ao Olimpo, mas meu pai me disse que você teve uma boa impressão de mim. Sabe, meu pai... Ele é seu, Humm, irmão, o que faz de você minha tia. Se a senhora pudesse me encontrar em algum lugar perto de Chicago, eu agradeceria eternamente.

Demorou alguns minutos, em que eu mantive os olhos fechados, antes que uma voz, que não a minha, falasse dentro de minha cabeça.

Certo. Encontre-me na floresta do quilômetro três entre Chicago e Cicero. Sentido Leste-Oeste.

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Cicero não ficava longe de Chicago, então chegamos lá bem depressa. A floresta era repleta de galhos secos, e quase nenhuma vegetação verde, mas acho que as Caçadoras eram treinadas para se camuflar em qualquer lugar. Assim que alcançamos seu acampamento (mais parecia uma central de exército, na verdade), uma menina loira, que aparentava ter uns quinze anos, segurando uma prancheta e que usava uma espécie de coroa prateada na cabeça apareceu diante de nós.

–Em que posso ajuda-las, meninas?- perguntou ela.

–Nós viemos ver Ártemis- respondi, examinando todas as tendas da base que elas haviam construído.

A garota nos olhou por alguns segundos, então abriu um sorriso de cinquenta dentes.

–Por Zeus!- exclamou- Vocês são as Heroínas de Perséfone!

–Somos o quê?- Joonie e eu indagamos juntas, mas a garota não respondeu antes de sacudir nossas mãos entusiasticamente.

–Eu sou Ellis, a chefe da Caçada, é um prazer enorme conhe—

–Ellis- repreendeu suavemente uma voz vinda da tenda principal- Vai acabar assustando nossas convidadas.

A voz pertencia a uma menina que não devia ser mais velha do que eu, mas ela me parecia tão sábia que era difícil encará-la nos olhos. Tinha cabelos avermelhados que caíam sobre os ombros, e se enroscavam levemente em seu arco de prata. Ellis acalmou-se, e disse:

–Sinto muito, Lady Ártemis, mas fiquei empolgada.

A menina que, acho, era a Deusa, sorriu para a garota, e então para nós.

–Está tudo bem, Ellis. Porque não prepara um chá para nossas convidadas enquanto conversamos?

–Hum, eu não quero ser intrometida, Senhora, mas será que podemos mostrar a elas as entrevistas?

–Veremos- respondeu entre uma risada, e então nos chamou para dentro da barraca.

_________________

A garota, Ellis, apareceu minutos depois com uma bandeja com três xícaras e um bule da mais fina porcelana chinesa, cheia de um fumegante líquido cor-de-rosa. A Deusa bebeu um pouco, então nos encarou.

–O que as trás aqui, se me permitem a pergunta?- indagou ela, calmamente.

Eu pigarreei. O jeito que falava era tão correto que fiquei com medo de dizer algo que a ofendesse.

–Nós, humm... Eu sei que pode parecer de mais para a senhora, mas precisamos que nos empreste Cerinita.

–É apenas por alguns minutos, até contarem nossos pontos- acrescentou Joonie.

–Ah, sim, eu já imaginava. Claro. Minha Cerinita é toda vossa.

Ártemis tirou do bolso um apito comprido feito de prata e soprou-o, fazendo um ruído suave e quase inaudível. Como que num passe de mágica, a corça de chifres de ouro e cascos de bronze estava diante de nós. Seus pelos brancos possuíam um leve brilho, que lembrava a lua cheia. As palavras foram arrancadas de mim, em um gesto de espanto e surpresa. Nunca pensei que fosse possível um animal ser assim tão lindo.

Queria saber se Joonie encarava Cerinita do mesmo jeito que eu fazia, mas não conseguia desgrudar meus olhos da corça.

–Se quiserem leva-la, já é hora- disse Ártemis, tirando-me de meu transe- Foi inteligente de vocês não trazer nenhum homem para cá. Ela não se sente confortável, e não os deixaria tocá-la. E, acredite-me, vocês não gostariam de ter de correr atrás dela. O próprio Hércules tentou por mais de um ano, vejam bem!

Eu andei devagar até Cerinita e acariciei sua cabeça. Foi tudo o necessário para que ela sumisse.

–Ela deve estar de volta em breve- avisei Ártemis, e tomei um gole do chá. Resisti à tentação de perguntar onde ela o havia conseguido, já que era a melhor coisa que já tomara na vida, depois do Néctar dos Deuses.

–Devíamos ir embora- suspirou Joonie, mas a Deusa acenou com a mão, dizendo-nos para esperar.

–Eu acho que devíamos conversar- disse ela.

–Ahn, sobre o quê?- perguntei.

–Sobre vocês, é claro- ela puxou de dentro da gaveta sob a mesa de chá dois panfletos e entregou-os para nós- Eu tenho assistido às duas, e sei que dariam ótimas caçadoras.

Joonie ajeitou-se incomodada em sua cadeira.

–Lady Ártemis, eu não quero ofendê-la- disse- Mas eu não tenho intenção de me tornar uma caçadora.

Talvez algum outro Deus teria ficado furioso se alguém recusasse sua oferta, mas Ártemis apenas sorriu.

–Sim, eu deveria ter imaginado. Afrodite não para de falar de você um minuto sequer. Veja, Joonipher, para alguns, como para você, o amor é algo mágico, e fico feliz que seja assim. Acontece que, para mim e para essas outras garotas, o amor é... é um desastre. Não espero que se junte a nós, não se preocupe. Mas, caso mude de ideia, estarei aqui.

Uma pergunta se formou em minha cabeça, e antes que eu pudesse contê-la, era tarde de mais.

–É por causa dele, não é? Dárion? É por causa dele que o amor é um desastre?

Ártemis pareceu chocada por um minuto, e eu já ia me desculpar quando ela resolveu me responder.

–Sim, Rose. É por causa dele, sim.

–Eu sinto muito- falei novamente- Não é da minha conta, a senhora não precisa...

–Está tudo bem- ela deu um sorriso seco, e começou:- Eu fiz o voto de castidade pouco antes de Dárion chegar ao Olimpo, e nós, Deuses, nos desenvolvemos muito rápido. Em menos de um mês, parecíamos ter a mesma idade. Eu fui tola de me apaixonar por ele, e ele partiu meu coração.

–Ele foi expulso por copiar os poderes de outros Deuses- murmurei.

–Sim, mas não foi esse o problema. Dárion... Ele parece ser bom, é difícil resistir aos encantos dele, mas ele nunca foi uma pessoa boa. Ele faz parecer uma injustiça ter sido expulso, mas não foi apenas a cópia dos poderes que o expulsou. Essa foi apenas a gota d’água.

–Sinto muito. Deve ter sido horrível, e eu não queria me intrometer.

–Não se desculpe, Rose. Você não tem culpa dos sonhos que tem.

–Lady Ártemis?

–Sim, Joonipher?

–O que são as Heroínas de Perséfone?

A Deusa da Lua gargalhou calorosamente.

–Ora, não é óbvio? Essas são vocês!

____________________

Conversamos um pouco mais com minha tia antes de botar o pé na estrada, ou será que eu deveria dizer botar a vassoura?

O voo foi um pouco mais tranquilo, e parecia que a cada tarefa realizada, um milhão de quilos era retirado de meus ombros. Apenas mais nove. Tudo aquilo já nem parecia mais tão impossível.

Sobrevoamos Cicero e Chicago em menos de duas horas, e tudo estava bem até adentrarmos a clareira.

Onde deveriam haver quatro meninos esperando por nós, haviam cinco deles, e ainda duas meninas. Meu coração quase parou, quando Constance virou para mim, de sobrancelhas erguidas e perguntou, com a voz firme:

–Melrose Leonards, onde, pelas Barbas de Todos os Magos, você estava?


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? O que será que vai acontecer? Comentem e me digam o que acharam!
~Lu