Contos De Gaveta escrita por Mamy Fortes


Capítulo 27
Faz dois meses que ele se foi.


Notas iniciais do capítulo

Oi todo mundo. Eu finalmente sai de férias, e achei bem justo vir atualizar a fic. Infelizmente, não vou me enganar, nem enganá-los. Ando num desleixo inaceitável por aqui, que não é nem um pouco justo. Eu quero melhorar, mas não é uma promessa. Tudo o que prometo é que serei honesta, e vou pensar com carinho na Contos, como sempre. Vou pensar com carinho em vocês, e voltar aqui sempre que me sentir disposta. Agora, deixo vocês com o capítulo. Nos vemos lá embaixo.



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Sentou e pediu. Deu o primeiro gole e sorriu, arrependendo-se. Era doce, e ela estava especialmente disposta a sentir-se mal. Pediu novamente, e dessa vez sentiu a bebia descer agarrando-se a garganta. Tentou se convencer de que precisava se obrigar a gostar daquilo. Era como obrigar-se a gostar de café, ou de Cícero. Era exatamente como se obrigar a ir a escola. Exaustivo, mas, se conseguisse, tudo o mais seria fácil.

Mais um gole, sentiu-se esquentar. Agarrou-se com firmeza a borda do balcão, e girou o banco levemente em torno de si mesma, para ter certeza de que o mundo ainda não a acompanhava. Podia arriscar mais uma dose. Testava a resistência, mas tudo o que queria era embebedar-se. Jurava o contrário para si mesma toda vez que levava o copo aos lábios. Não se incomodava com os homens que, percebendo-a meio alta, aproximavam-se. Ela estava se esforçando demais em enganar a si mesma para importar-se com os outros tentando ludibria-la.

Sorriu, já aérea. Cada gole agora era uma verdade admitida para si mesma. Uma aposta. Queria saber quem teria mais verdades: ela ou a garrafa? A garrafa acabou primeiro. As pálpebras ficaram pesadas, e se deixou adormecer ali mesmo, no banquinho pequeno. Só acordou quando foi cutucada pelos funcionários do local. O bar já ia fechar. Levantou. Trôpega, caminhou para a porta. A cabeça latejava. Sentia frio. Vomitou no meio fio, e jurou que aquela seria a primeira e a última noite de porre.

No táxi, com esforço, deu o endereço, e, ao descer, pagou mais do que a corrida valia. Não importava. Subiu as escadas apoiando o peso nas mãos, destrancou a porta e jogou-se na cama sem trancá-la novamente. Nem sequer cobriu-se. Estava deitada por cima dos lençóis. O peso do mundo estava sobre ela. Mas, no dia seguinte, quando o alarme irritante soou, ela apenas levantou-se, e prometeu a si mesma não voltar a beber. Hoje, deitada novamente sobre a colcha, ela dorme com um balde ao lado da cama. Faz dois meses que ele se foi.


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Notas finais do capítulo

Pronto. Agora já leram o meu curto capítulo, precedido pelo meu curto desabafo. E eu peço para que deixem um review, mesmo que curto, pra combinar. Té mais galera.



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