Imprinting escrita por Nessie Black Halloway
Renesmee Cullen's POV
Minha mãe tratou de acomodar Jacob em um quarto ao lado do meu. Ele arrumou as poucas bagagens no closet enorme, o que deixou evidente que não ficaria por muito tempo.
Depois de um dia inteiro sem me afastar dele, ele me colocou para dormir como fazia quando eu era pequena, dando-me um beijo na testa.
Os sonhos daquela noite foram tranquilos, uma mistura de cores, sons e risos, todos voltados à certeza de que ele estava dormindo no quarto ao lado.
Não me importei mais com o tempo – curto ou longo – que eu teria com ele. Tudo o que eu queria era aproveitar ao máximo enquanto ele estava por perto, e fazer o possível para que ficasse um pouco mais.
Na manhã seguinte, quando estava indo até a cozinha para tomar café da manhã, encontrei minha mãe e tia Alice sentadas à mesa, conversando em voz baixa. Eu recuei e escondi-me atrás da parede perto da bancada, me esforçando para escutar.
– Tente um pouco mais, Alice – mamãe falou em um tom encorajador.
– Ela está mudando as decisões muito rápido, Bella – ela disse. – Parece estar em dúvida ou coisa assim.
– Dúvida? Uma Volturi em dúvida?
– Ela não está mais com os Volturi, lembra? Eles são fortes e decididos apenas quando estão juntos.
Ouvi mamãe suspirar.
– E os outros? – perguntou – Aro, Caius, Marcus... Eles sabem o que ela está fazendo?
– Não... não fazem ideia de onde ela está ou o que está fazendo. Quando quase a encontram, ela foge. É oficialmente uma Volturi rebelde.
Houve um momento de silêncio.
– Alice... – disse minha mãe – Eu sou o problema de Jane, então se houvesse um jeito de deixar Renesmee fora disso... se eu pudesse...
Eu quase me apresentei para protestar, mas resisti e fiquei quieta.
– Não se trata apenas de você, Bella. Trata-se de todos nós, e...
Tia Alice interrompeu-se e arquejou, provocando outra vez um silêncio.
– O que foi? – perguntou mamãe – Mais alguma coisa?
– Acho que sim... Que estranho! Ela parece estar de alguma forma... avaliando os sentimentos de Nessie.
– Os sentimentos?
– Sim. Como se procurasse saber o que ela mais ama.
– Mas como? – agora a voz de minha mãe estava urgente – Como ela pode descobrir?
– Eu não sei... Mas, Bella, ela sabe que posso ver o futuro e está me confundindo. Pode ser uma armadilha para nos atrapalhar.
Estiquei o pescoço e espiei as duas sem que elas percebessem. Mamãe estava com a testa franzida, concentrando-se.
– Espere – disse ela. – Pode ser verdade. Aquela vampira, Susan, observou Nessie por alguns dias. Ela pode ser a fonte.
– Sim, claro! Mas, o que ela viu exatamente?
– Bom, ela a viu na reserva, então... – de repente a voz de mamãe ficou tensa – Jacob...
Um arrepio percorreu ao longo de minha coluna. Então era esse o plano de Jane? Tentar me atingir por meio de Jacob?
Não... não, não! Meu Jacob, não!
Se ele voltasse para Forks, ela poderia machucá-lo ou fazer algo pior... Quase entrei na cozinha para falar com elas, mas algo me puxou de volta.
– Ouvindo atrás das portas? – disse Jacob em meu ouvido, me abraçando pela cintura – Bella não vai gostar disso, sabia?
Eu girei para olhá-lo, meu coração saltando no peito com força.
– Jacob, por favor... Por favor não vá embora!
Ele uniu as sobrancelhas e pegou minhas mãos entre as suas.
– O que está acontecendo? Você está tremendo!
– Fique mais um pouco, por favor... – atirei-me nos braços dele e pude sentir o tremor frenético em meu corpo – por favor...
– Tudo bem, Nessie – ele afagou meus cabelos. – Eu posso adiar a viagem, mas o que houve? Por que está tão nervosa?
– Nessie? – ouvi a voz de minha mãe logo atrás de mim – Jake, o que aconteceu?
– Mamãe – eu disse com a voz trêmula, virando para olhá-la -, não deixe Jacob voltar para Forks. Jane pode encontrá-lo e... – minha voz falhou quando imaginei do que ela seria capaz.
– Mas o quê... – Jacob parecia confuso, mas logo assentiu – Ah, uma visão, Alice?
– É – respondeu ela. – Jane pode usá-lo como um... instrumento de tortura.
Eu ainda estava ofegante, meus dedos agarravam-se na camiseta de Jacob. Ele me apertou ao seu lado, afagando meu braço.
– Está tudo bem, Nessie.
Passei o restante do dia tensa, meus pensamentos davam voltas nas atividades do dia e voltavam a cair no mesmo lugar, fazendo as batidas do meu coração irregularizarem-se a todo momento.
Depois e horas dedicadas ao piano com meu pai - uma tentativa de me distrair -, subi as escadas e fui para meu quarto. Mesmo sem sono, eu queria organizar meus pensamentos, parar de pensar em uma decisão que Jane ainda não havia tomado, graças à sua insegurança quando não estava com os demais Volturi.
Jacob chegou minutos depois, sentou-se ao meu lado na cama e me observou por um momento.
– Está mais tranquila agora? – perguntou.
– Sim, eu acho.
Ele suspirou e pegou minha mão esquerda.
– Nessie, não se preocupe comigo. Eu sei me cuidar.
Eu sentei e o puxei pelo pescoço.
– Fique aqui hoje – pedi.
– Não é uma boa ideia – ele franziu os lábios. – Bella está aqui.
– Ela sabe que não temos segundas intenções – insisti.
Jacob empurrou-me delicadamente para os travesseiros.
– Estarei aqui do lado se você precisar. Durma bem e sonhe comigo.
– Eu prometo.
Pela primeira vez desde que cheguei na ilha, tive um pesadelo.
Eu estava caminhando pela floresta de Forks, o vento farfalhava as folhas das árvores e era tão frio que eu cruzava os braços apertando-os contra o peito.
Ao longe, haviam flocos de gelo caindo, e uma manta grossa de neve cobria um espaço enorme a poucos metros, onde logo percebi que era a clareira. Era estranho, pois o bosque à minha volta estava apenas frio e úmido, sem nenhum indício de neve.
Aproximei-me e estremeci ao pisar na manta fria. Avistei um vulto negro flutuar em minha direção em uma velocidade sobrenatural, fazendo-me recuar para a margem da floresta.
Meu corpo todo imobilizou-se quando vi o topo do vulto. Eram cabelos loiros, presos atrás da pequena cabeça, que agora se inclinava para mim e no rosto surgia um sorriso malicioso.
Meu queixo caiu, e a única coisa que pude dizer foi o nome da vampira à minha frente.
– Jane.
Ela reagiu quando pronunciei seu nome. Flutuou sobre a neve e veio até mim, os olhos me fitando, mas sem usar o poder de tortura.
– A pequena híbrida – disse ela em uma voz aguda, calma como notas musicais, mas que me apavorava como a própria morte – Renesmee Cullen, não é?
Meus joelhos começaram a tremer, mas obriguei-os a se firmarem para que eu ficasse de pé.
– Renesmee... – repetiu ela, erguendo a mão e tocando meu rosto com as pontas dos dedos. Arrepios eram arrancados da minha pele.
– O que quer comigo? – perguntei, como se a resposta não fosse óbvia.
– Diga-me – ela estava quase sussurrando, aproximando a boca em minha orelha. – Como se chama o transfigurador com quem você se preocupa tanto?
Eu trinquei os dentes, o pavor tomando conta de todos os membros do meu corpo. O frio da neve não era nada comparado à terrível sensação da voz e do toque dos dedos gélidos de Jane.
– O nome – insistiu ela compassadamente, em um tom mais severo.
Sacudi a cabeça e dei um passo para trás, me preparando para correr, mas ela segurou meu braço e me empurrou para o chão, ficando em cima de mim. Ela prendeu meus braços contra o chão gelado, provocando dores agudas em meus músculos.
– Diga-me o nome dele! – agora ela gritava, e começava a esmagar meus braços com as mãos.
– Não! – gritei, sufocada.
– Será pior para você, pequena híbrida. Preciso saber o nome do lobo. Fale agora!
– Mate-me, então! – eu disse, cerrando os dentes.
– Como quiser – ela picou uma vez, como se preparasse os olhos para o ataque mortal.
– Jacob. Meu nome é Jacob Black – disse a voz de Jacob em algum lugar à minha direita.
Meu coração gelou até chegar à temperatura da neve. Jane me libertou e moveu-se na direção de Jacob, pronta para atacá-lo.
Meu pesadelo foi menos cruel comigo a partir daí, porque acordei antes que o pior acontecesse.
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