Cartas Do Passado escrita por Jane Timothy Freeman


Capítulo 25
Fra(n)queza


Notas iniciais do capítulo

Peço desculpas por tantos capítulos da outra vez, mas estava ansiosíssima para chegar no grande confronto! *0*'



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Darcy estava sofrendo (e muito!), mas aprendera a controlar os sentimentos há muito tempo. Como não conseguia dormir, decidiu ler um livro. Escolheu Um Estudo em Vermelho, de Sir Arthur Conan Doyle.

– Precisamos conversar.

Uma Elizabeth desgastada aparecera na porta do quarto.

– Elementar, meu caro Watson – respondeu o rapaz, retirou os óculos de leitura (um resquício da época “hipster”) e fechou o livro. Um sorriso compreensivo lhe tomou os lábios, embora se sentisse destruído por dentro.

A moça retribuiu timidamente, entendendo o pedido de paz. Sentou-se e, sem rodeios, começou a falar:

– A situação chegou a um ponto crítico, Fitzwilliam.

Darcy suspirou.

– Eu sei.

– Antes que eu possa falar tudo o que necessito, você deve me fazer uma promessa.

– Promessa?

– Sim. Entenda: há coisas que confessarei, mas há outras que, bem, não posso revelar. Precisa prometer que não se intrometerá em nenhuma delas.

Ele pensou no telefonema para Brandon e todo o esquema. Analisou e achou que o que tivesse ocorrido antes não precisava entrar no acordo.

– Eu aceito.

– Muito bem. – Elizabeth respirou fundo. – Não me casei com Wickham por amor.

O rapaz arfou, mas ela o calou com um gesto:

– Deixe-me terminar. Estou com George porque sua aparência e modos me proporcionam muitos clientes. Em troca, eu o remunero e ele pode fazer o que quiser da vida, até mesmo me trair (não que seja incomum em outros casais). Isso não significa que vou me separar. Não significa também que sei o que sinto por você, porque, Darcy, não faço a menor ideia. – Silêncio. – Nossos encontros sempre foram muito turbulentos. Todos. A maneira como o vejo mudou muito (e sempre de maneira drástica) desde o momento em que coloquei meus olhos em você.

Darcy assentiu.

O coração de Elizabeth estava pesadíssimo pelo que estava prestes a dizer, mas não poderia evitar. Odiava a mentira – Deus, como aquilo era mentira! – porém o futuro de outra pessoa estava em suas mãos.

– O fato é que certamente não o amo, Darcy. Talvez uma pequena química causada pelo momento. Sabe como é: as lembranças, o chalé, o isolamento... Tudo isto dá uma falsa impressão.

Desta vez, o assentimento de Darcy foi um pouco mais lento.

– Se algum dia vier a me sentir de forma diferente por você, eu irei procurá-lo. Não venha mais atrás de mim. Terminaremos a revisão dos fatos para que possamos seguir em frente, obviamente, mas estou cansada, sinceramente, de ter de rejeitá-lo. É a terceira vez! – Suspirou. – Não quero sentir pena de você. Por favor, não force a situação.

Darcy estava lívido, mas seu semblante se mantinha impassível.

– Promete que não me procurará mais?

– Prometo. – Fitzwilliam disse em um tom tão baixo, tão entredentes e com uma certeza impactante. Elizabeth sentiu seu coração se partir, mas não poderia voltar atrás agora.

– Só tenho que lhe agradecer por compreender. – Olhou fundo nos olhos dele: - Obrigada pelo que fez por Jane.

– Só reparei um erro, Elizabeth. Não precisa me agradecer, é meu dever.

O olhar dele era tão frio, tão vazio. Lizzie sentiu-se triste, mas se permaneceu firme.

– Acho que falei tudo o que precisava, Darcy. – Apertou-lhe as mãos. – Boa noite.


No outro dia, Elizabeth acordou com o cheiro de comida fresca, de café da manhã. Não pôde deixar de sorrir:


“Ah, Darcy, se os tempos fossem outros...”



Ao chegar à cozinha, porém, não o encontrou. Procurou pelos quartos, pela sala e até mesmo lá fora, mas nem sinal de Fitzwilliam.


Ao retornar à cozinha, percebeu um bilhete ao lado da comida:

“A Elizabeth.

Estou acatando seu pedido. Não há porque continuarmos com isto, com estas “revisões”, sua opinião está muito bem formada. Posso assegurar, além, que a minha também está consolidada.

Não a incomodarei mais. E peço-lhe também: não me procure, não me visite, não me ligue.

Não se lembre de mim, Elizabeth, pois eu não me lembrarei de você. Mudei muito nestes últimos anos, mas algo se manteve: minha boa opinião.

Você a perdeu consideravelmente ontem à noite. Sinto nojo de mim mesmo por ter sentido algo por um ser tão deprimente como você.

Adeus.

Fitzwilliam Darcy.”


As palavras a machucaram tanto que Elizabeth só pôde se sentar. O choque lhe deixou sem reação, o ar lhe faltava nos pulmões.

Quando finalmente assimilou que ele havia ido embora, as primeiras lágrimas começaram a cair lentas, doloridas.

Queria que ele se afastasse para que os dois não sofressem, só não esperava que o plano desse tão certo.

Cambaleando, foi ao cofre. Lá dentro, restava apenas um envelope.

Ao abri-lo, encontrou um álbum de fotos com os seguintes dizeres na capa:

“Fevereiro/2003 – Pemberley.”

Abraçou-o, deitou-se e chorou todo seu coração.


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Notas finais do capítulo

Muito triste. :(