Não Há Quem Possa Ocupar Seu Lugar escrita por Amanda Catarina


Capítulo 8
Capítulo 8




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Capítulo 8

– Rukia! - exclamou Renji ao despertar de um pesadelo, depois do qual não conseguiu mais dormir.

Pouco mais de uma semana se passara desde a discussão na casa de Urahara.

Caminhando pensativo pelas ruas de Sereitei, o vice-capitão esboçou uma certa surpresa ao perceber-se diante do alojamento do décimo terceiro esquadrão. Ele quis se certificar de que Rukia estava bem para conseguir apagar de uma vez a horrível imagem do sonho ruim.

Não era muito tarde, contudo, caso fosse visto ali não teria qualquer justificativa plausível. Sem se importar ele continuou. Podia sentir a reiatsu de Rukia e seguiu guiado por ela, ocultando ao máximo a própria reiatsu para não chamar a atenção de outras pessoas. Imaginava que Rukia estivesse dormindo, mas, quando se aproximou do quarto, se surpreendeu ao encontrá-la de olhos abertos.

Deitada num futon com os dedos entrelaçados sobre a barriga, Rukia tinha uma expressão pensativa.

Ele permaneceu ali, só olhando para a querida amiga, até que viu uma lágrima escorrer pelo canto do olho dela e, ainda que não tenha conseguido ouvir daquela distância, leu nos lábios dela o nome de Ichigo. Em seguida, ela enxugou o olho e inspirou fundo, o sofrimento que seu semblante demonstrava, de repente, pareceu palpável a ele.

Abarai Renji já tinha passado por momentos muito difíceis em sua vida (ou morte), contudo, não se recordava de outro tão pesaroso como aquele. Muito chateado, deixou o lugar, achando a realidade ainda pior que o pesadelo de quase uma hora atrás.

ooo ooo ooo ooo

Retornando ao sexto esquadrão, cabisbaixo, Renji foi abordado por alguém.

– Por onde andou? - indagou Byakuya com certa severidade.

– Capitão! - exclamou, corando de vergonha na mesma hora. – Perdoe minha imprudência... - rogou com o corpo curvado.

Kuchiki o encarou por alguns instantes, então deu passo adiante e ficou de lado para ele.

– Renji... - começou num tom mais ameno. – Acredite, eu até preferia que as coisas fossem diferentes, mas... as coisas são como são.

Desconcertado, o vice-capitão ergueu o rosto, tentando apreender o significado daquelas palavras.

– Eu apenas... - retrucou ainda sem jeito – ...apenas me importo muito com Rukia, o senhor sabe disso...

– É, eu sei.

O ruivo ficou terrivelmente abatido. Foi horrível tomar consciência de que seu capitão já sabia de toda a história entre Kurosaki, Rukia e ele. E mesmo que ele mantivesse aquele ar frio e distante, aquilo só tornava a situação ainda mais constrangedora. Contudo, não podia ser de outra forma se o assunto tinha a ver com Rukia, a superprotegida irmã de criação dele, princesinha do nobre clã Kuchiki.

– Renji, se você gosta realmente daquela pessoa, não deveria querer que ela não sofresse? Custe o que custar?

Abarai piscou mais perplexo ainda, no entanto, refletindo naquelas indagações, se viu obrigado a concordar, sobretudo, depois do que tinha acabado de presenciar na área do décimo terceiro esquadrão.

– Acho que entendo o que o capitão quer dizer...

ooo ooo ooo ooo

Ainda que Ichigo estivesse ansioso por ir à Soul Society, não conseguiu ser indiferente à semana de provas em sua escola, mas, enfim, lá estava ele no subsolo da loja Urahara, diante do portal Seikaimon.

– Eu cheguei a enviar uma mensagem ao Ukitake-san, mas devem estar ocupados por lá, porque ele não deu qualquer resposta... - comentou o ex-shinigami.

– Sem problema. Já tem feito muito por mim, Urahara-san. Obrigado.

– Não por isso... Mas diga-me, o que tem em mente?

– Claro que minha intenção não é trazer Rukia comigo... tenho que arrumar um jeito de resolvermos nossa situação enquanto eu estiver lá.

– Entendo. Bem, o importante é não perder a determinação. Agora, você já pode atravessar.

– Certo. Até mais...

Urahara se despediu com um aceno.

Chegando em Sereitei, Ichigo seguiu apressado em direção à área do décimo terceiro esquadrão. Os guardas o deixavam passar sem objeções quando ele exibia o distintivo de shinigami substituto, eram cerca de três da tarde.

Kuchiki Byakuya voltava a seu esquadrão, depois de uma reunião de capitães, quando sentiu a inconfundível reiatsu de Kurosaki Ichigo. Ficou intrigado, e um pouco à frente ele avistou o capitão Ukitake Juushirou.

Oe, Byakuya... algum problema? - adiantou-se o mais velho.

– Capitão Ukitake, estaria sabendo se Kurosaki Ichigo foi convocado a vir até aqui?

– Não que eu saiba. Ao menos ninguém me falou nada até agora...

– Foi o que pensei... - disse e deixou o local.

– Por que será que ele me perguntou isso? - indagou consigo e suspirou, o jovem nobre era sempre tão restrito nas conversas.

Ichigo aperfeiçoara bem a técnica de ocultar a reiatsu. Byakuya só chegou a percebê-lo porque no momento em que ele caminhava de volta ao sexto esquadrão, precisou liberar um pouco de reaitsu para despistar um membro do esquadrão do capitão Zaraki, o qual tentou arranjar briga com ele.

Depois de uma veloz corrida, finalmente Ichigo se aproximava do décimo terceiro esquadrão.

Rukia estava numa sala de trabalho, revisando alguns documentos, na mais comum das rotinas por ali, sem sequer perceber qualquer anormalidade.

Empolgado com a ideia de ver Rukia, o jovem Kurosaki estava a poucos metros do portão de acesso, quando, subitamente, alguém surgiu a sua frente.

– Byakuya! - exclamou Ichigo, assombrado.

– Kurosaki Ichigo... quando perderá este mau hábito de me chamar desse jeito? - indagou na típica calma e em seu tom chiado.

O adolescente não esperava por aquilo, por isso permaneceu quieto, encarando o capitão a sua frente.

– O que faz aqui, Kurosaki Ichigo?

– Eu... vim...

– Não há razão para estar aqui - Kuchiki o cortou. – Volte por onde veio.

Apesar do timbre autoritário, Ichigo não se sentia intimidado, apenas não estava encontrando as palavras certas, pois um certo constrangimento tomou conta dele.

– Eu... tenho... preciso... falar...

– Isso é uma ordem. Você, como um mero shinigami substituto, deve acatar as ordens de qualquer capitão.

– Lá vem você... eu preciso falar com Rukia! - revidou de pronto então, atrevido.

– Se não o fizer, irei retirá-lo à força - completou indiferente.

– Deixa disso... é um assunto importante, prometo que vou embora depois que falar com ela.

– Você não está em posição de fazer exigências.

– Mas que saco...

O jovem ponderou, tinha que dominar o ímpeto de sacar Zangetsu e descer a lâmina naquele arrogante, porque isso com certeza deixaria Rukia ainda mais brava com ele e as coisas já estavam suficientemente complicadas para o seu lado.

– Vá embora - mandou o irmão de Rukia.

– Entenda, Byakuya... eu tenho que falar com...

– Ichigo!

O rapaz arregalou os olhos ao reconhecer a voz, era Rukia.

Nii-sama?! - gaguejou atônita, certamente não percebera a presença do irmão antes de chegar ali. – O que se passa?

– Rukia! - exclamou Ichigo, com uma expressão radiante.

Assim que os olhos dela se encontraram com os dele, foi impossível conter a alegria que a invadiu. A presença dele ali até parecia uma materialização daquilo que vinha sonhando. O sorriso contente e o olhar gentil fizeram o coração dela bater mais rápido.

– Kurosaki, você deve partir imediatamente - insistiu irritantemente o capitão Kuchiki, tirando os dois do transe que tinham entrado.

O jovem reagiu como quem é lembrado de algo por fazer, enquanto Rukia caiu em si, voltando à realidade.

– Ichigo, o que... - dizia ela num tom bravo, mas foi interrompida por ele.

– Preciso falar com você, Rukia!

– Não ouviu o nii-sama?! Você... tem que dar o fora daqui agora mesmo! - devolveu desconcertada, e isso não passou despercebido por Byakuya.

– Dá um tempo! - exaltou-se Ichigo. – Na outra vez, você saiu sem nem me ouvir. As coisas não podem ficar assim não!

– Cala a boca! - mandou ela. – Olhe o absurdo dessa situação! Você não passa de um shinigami substituto!

Pro inferno essas hierarquias! Pára de me tratar como um qualquer e de usar isso como desculpa pra me enxotar! Não saio daqui sem conversar direito com você! Seja na frente de quem for!

Rukia enrubesceu de vergonha.

– Ichigo... - murmurou, trêmula de raiva.

O capitão do sexto esquadrão pensava em tomar uma atitude mais severa quando, de repente, uma outra pessoa apareceu no local.

– Kurosaki! - gritou Renji, ao mesmo tempo em que girava sua katana num golpe transversal, visando as costas do garoto shinigami.

Valendo-se de seus ótimos reflexos, Ichigo interceptou o inesperado ataque com exatidão.

– Renji! O que é isso?! - indagou ele, furioso e bastante chocado também. – Me atacar pelas costas... vai me tomar por inimigo agora!?

– Seu moleque... - esbravejou em resposta, tentando novamente golpeá-lo.

– Pára com isso, Renji! - mandou Rukia, sem acreditar no que acontecia.

Byakuya manteve sua expressão impassível diante da algazarra que aquilo estava virando.

– Some daqui, seu pirralho!

– Renji, pára! - dizia Ichigo, se esquivando dos golpes.

– Insensatos... - murmurou Byakuya, usando em seguida um kidou paralisante nos três.

Rukia ficou aparvalhada por também ter sido atingida pela técnica.

– Mas que balbúrdia... Dois oficiais deixando seus postos por causa do atrevimento de um shinigami substituto.

Renji e Rukia coraram de vergonha até as raízes dos cabelos, mas Ichigo, inconformado, tentava ferozmente se livrar. Foi então que, muito calmamente o capitão Ukitake chegou ao local.

– Ah, Kurosaki-kun! Puxa... você veio até aqui encontrar a Kuchiki para a missão em Karakura? Que cavalheirismo de sua parte! - disse ele, ganhando a atenção de todos.

E pelo visto sua chegada não tinha nada a ver com o que acontecia ali. Com exceção de Byakuya, que se mantinha impassível, os mais jovens ficaram absolutamente desconcertados.

– Missão?! - indagaram Renji e Ichigo ao mesmo tempo.

– Ora, não é por causa disso que você está aqui? Você já estava sabendo né, Byakuya!? - Ukitake falou e deu um tapinha no ombro do mais jovem, recebendo em troca um olhar nada amistoso.

– Como assim, capitão?! - perguntou Rukia, aflita.

– É uma missão no Mundo Real, Rukia. Querem mais dados sobre aqueles hollows que te atacaram e, além disso, você pode ajudar o Kurosaki-kun com o patrulhamento em Karakura.

– Que?! - exclamou incrédula.

– É coisa de um ou dois meses... - Juushirou continuou totalmente indiferente aos rostos apalermados deles três.

– De jeito nenhum! - manifestou-se Renji. – Rukia não vai mais fazer qualquer missão em Karakura!

– Como assim, Abarai-kun? - indagou com estranheza Ukitake.

Byakuya lançou um olhar dilacerante a seu vice-capitão.

– Digo... isso não pode ser discutido melhor... - emendou-se o ruivo.

– Você fica quieto! O capitão aqui é ele! - falou o adolescente.

– Por que vocês estão assim... com as mãos para trás? - perguntou Ukitake, só então percebendo que as coisas não pareciam lá muito normais ali.

A situação deixava de ser tensa para tornar-se cômica. Foi Rukia, com seu tom sério, que chamou todos de volta à razão.

– Por favor solte-nos, nii-sama... - disse ela, referindo-se ao kidou.

Byakuya libertou os três prontamente, e Ichigo ficou tão contente que nem deu mais importância ao fato de que Renji, há poucos instantes, estava tentando cortá-lo ao meio.

– Capitão, como assim uma missão em Karakura?! Por que eu?! - indagou afoita.

– Ordens não devem ser questionadas, Rukia - pontuou incisivo Byakuya.

– É, Rukia! - concordou Ichigo, na maior cara-de-pau.

A shinigami ficou estática, sem saber como lidar com aquilo.

– Capitão! - exclamou Renji, se aproximando. – Deixe-me cuidar dessa missão!

Ukitake coçou a cabeça.

– Não é coisa tão séria assim para um vice-capitão, Abarai-kun. Além do mais, Kuchiki já está habituada a ficar na casa do Kurosaki-kun e ela deve sentir saudades dele, não é mesmo?

Rukia não achava que pudesse ficar ainda mais vermelha do que já tinha estado até então. Que espécie de insinuação era aquela?!

Ichigo corou um pouco também, mas a expressão dela lhe pareceu tão engraçada, que chegou a levar uma das mãos à boca para conter o riso e, bastante esperto, tratou logo de se aproveitar da situação. Não podia desperdiçar aquela inacreditável oportunidade!

– Ukitake-san - falou todo polido –, darei o meu melhor e, ajudarei Rukia a cumprir essa missão satisfatoriamente. Conte comigo!

Renji estremeceu de raiva enquanto Ukitake sorriu ao rapaz.

– Muito bem, Kurosaki. E, Rukia, vai precisar de uma gigai especial... dê um pulo até o décimo segundo esquadrão. Eles já estão avisados.

– Mas, capitão, é isso mesmo? - questionou ela, e quase se arrependeu quando seu irmão lançou um olhar dilacerante a ela também.

– Claro que é! - adiantou-se Ichigo.

– Se essas são as ordens, só resta cumpri-las - Byakuya encerrou. – Vamos, Renji. Você sequer devia estar aqui.

A expressão do vice-capitão era de completo inconformismo, mas não ousou desobedecer.

– Não precisa ser tão severo assim, capitão Kuchiki - apaziguou Ukitake. – Abarai-kun, deixarei avisada sua prontidão para missões em Karakura... Havendo qualquer emergência, você será designado. Tudo bem assim?

Um pouco mais alentado, o ruivo assentiu.

– Ichigo, gostaria de tomar um chá, enquanto Kuchiki vai ver a gigai? - convidou Ukitake, em sua cativante docilidade.

– Eu aceito sim, Ukitake-san! - não conseguia esconder a euforia.

Byakuya começou a andar e logo Renji o seguiu, mas antes de deixar o perímetro, o ruivo lançou um olhar desolado à Rukia.

– Não é real... - balbuciou ela consigo.

– Estamos te esperando, Kuchiki! - falou Ukitake, conduzindo Ichigo portão adentro.

ooo ooo ooo oooo

No trajeto de volta ao sexto esquadrão.

– Renji, eu espero que não volte a deixar seu posto por razões tão banais.

– Sim, capitão - concordou de pronto. – Mas, capitão... Rukia não é uma oficial qualquer, porque ela ainda fica recebendo esse tipo de missão? Isso é coisa para oficiais de baixa patente!

– Sabendo disso ainda teve a petulância de se oferecer para o trabalho?

O ruivo chegou a estancar no lugar. Que gafe!

– Acaso te esqueces de qual esquadrão faz parte? - indagou Byakuya, sem deter o passo. – Se quer continuar onde está, é melhor parar com isso de ficar questionando as ordens. Fui claro?

– Sim... Eu...peço desculpas, capitão...

Seguiram por mais alguns passos.

– Eu pensei que você tivesse entendido o que eu quis dizer ontem... - comentou Kuchiki, surpreendo o ruivo.

– Entender, acho que até entendi... mas aceitar não está sendo tão fácil.

– Você deve aprender a controlar mais suas emoções - aconselhou e depois não falou mais nada.

ooo ooo ooo ooo

Na sede do décimo terceiro esquadrão.

Ichigo tentava prestar atenção às palavras de Ukitake mas era inútil. A tudo que o capitão perguntava ele dava apenas respostas vagas. Chegara ali cheio de receios, imaginando que enfrentaria muita resistência e adversidade, mas, no fim, tudo foi miraculosamente simples. Até mesmo a presença de Byakuya pareceu providencial, porque do jeito que as coisas iam, era bem capaz de Rukia recusar a missão não fosse a chamada dele.

O adolescente, que já tinha um sorriso de orelha a orelha, demonstrou ainda mais contentamento, ao ver finalmente Rukia adentrando o recinto.

– Já voltou, Kuchiki... - disse Ukitake com um sorriso meigo.

– Sim, capitão. Está tudo acertado... - comunicou, cabisbaixa.

– Que bom. Então acho que vocês podem ir agora mesmo.

– É... - concordou Ichigo, contentíssimo.

– Como quiser capitão - concordou ela também, mas sua expressão era resignada.

ooo ooo ooo ooo

– Rukia-chan! - exclamou Yuzu e logo se agarrou à menina. – Que bom que voltou! Eu estava tão preocupada!

– Oi, Yuzu... É bom estar de volta.

– Êh, Yuzu, calma... Deixa ela respirar.

Karin chegou correndo à entrada.

– Rukia-chan? Ichi-nii?! - exclamou embasbacada.

Yo! - saldou ele e piscou um olho.

Depois dos cumprimentos, Rukia seguiu com Ichigo para a sala.

– Escuta, não é porque eu vou ficar aqui que...

– Escuta você! - cortou ele. – Pára com essa enrolação! A gente se gosta raios! Por que você tem que agir como se isso fosse um crime?!

– Você sabe porquê! Tem a Inoue... e o Renji...

– Eu já resolvi minha situação com a Inoue, você devia ter feito o mesmo em relação ao Renji. Mas não faltará oportunidade.

– Não... - ela balançou a cabeça. – Você não pode estar falando sério...

– É sério sim! O que você esperava? Eu gosto de você! É você que eu quero como minha namorada e não ela!

– Isso não tem cabimento! Você tem quinze anos, Ichigo!

– E daí?!

– Isso não é idade de se iniciar qualquer tipo de relacionamento!

– Não tem nada a ver...

– Você tem é que pensar nos estudos, em se formar, em ser alguém na vida... - o tom dela era muito sério.

– Quinze anos é idade suficiente para se ter uma namorada!

– Hoje em dia, até pode ser, mas quando a pessoa que você pede em namoro é uma shinigami dez vezes mais velha, muda tudo!

Ichigo sentou no sofá próximo e deixou as mãos nos lados da cabeça.

– Chega, por favor, Rukia...

Ela apenas olhou na direção dele.

– É. Temos trabalho a fazer e devemos nos concentrar nisso...

– Pra fazer trabalho de shinigami eu sirvo, mas pra ser seu namorado sou criança demais...

– Ora...

Ele alcançou a mão dela.

– Me larga, Ichigo.

– Eu não agüento sua teimosia... - disse e afastou as pernas em sentidos opostos, depois, puxou Rukia, de modo que ela ficou em pé no espaço que tinha se formado.

– O que quer que eu faça, Ichigo?

– Que fique comigo...

– Como? Hoje eu estou aqui, amanhã quem sabe?

– Pelo tempo que der... a distância não vai destruir o que sinto por você.

– Mas não é tão simples assim, é pior... - fez uma pausa ­– quanto mais a gente se envolve, mas difícil é lidar com a separação depois.

– Eu suporto o que for desde que você esteja lá na Soul Society pensando em mim, e não tentando me esquecer.

Se você fosse uma menina, teria ficado derretida com essa, não?

Rukia tocou no rosto dele.

– Precisa tirar isso da cabeça... - disse ela, ainda que seu coração estivesse alucinado no peito. Depois, desviou o olhar e tentou escapar, mas Ichigo não deixou.

– É você que tem que parar de achar que eu ainda posso ter uma vida normal.

Ela ia responder, mas não houve tempo. Quando deu por si estava sendo beijada e em poucos instantes, se viu a correspondê-lo. Então fechou os braços em torno do pescoço de Ichigo, estreitando mais o enlace.

Karin tampou os olhos de Yuzu, as duas espiavam do corredor, mas logo seus olhos foram tampados também.

Otousan! - reclamou ela, mas bem baixinho.

Não foi por perceberem os três que o casal se desvencilhou.

– Quero que seja minha namorada, Rukia... é sério...

– Como pode falar isso desse jeito?

– De que outro jeito então? Hoje minha namorada, amanhã minha noiva, depois minha esposa... ué de que outra forma poderia ser?

Ela riu graciosa, deixando-o todo abobado, afinal há tempos não a via sorrir.

– Meu coração é só seu, Rukia. Não há quem possa ocupar seu lugar... não importa que haja um mundo nos separando e nem quantos anos eu terei que esperar para estar sempre ao seu lado... vai ser assim sempre.

Kuchiki Rukia era uma pessoa muito centrada e séria, mas ali estava alguém que mexia com tudo dentro dela. Com os olhos marejados, ela se abraçou ao adolescente.

– Tudo bem! Faço do seu jeito... não dá pra lutar contra você... fico contigo do jeito que der.

Meio surpreso, mas totalmente aliviado, Ichigo apertou a cabeça dela contra seu ombro e suspirou.

– Eu te amo... - falou bem baixo, junto à orelha dela.

– Eu também... - admitiu.

Isshin riu deliciado com a cena, mas então, achou que já podia acabar com a festa dos pombinhos.

– Muito bem, muito bem! Isso é comovente, mas tem um hollow do tamanho de um prédio bem do outro lado da rua... vão ficar aí nesse amasso até quando?! Mexam-se!

– Ele disse... hollow?! - balbuciou ela, abestalhada.

Ichigo riu da expressão dela.

– Ele já sabe de tudo... - contou com toda calma. – Na verdade ele já foi um shinigami...

– Como é que é?! - exaltou-se ela.

– Não é hora pra isso... - falou Isshin. – Vocês vão mexer esses bumbuns shinigamis daqui ou eu vou ter que resolver a pindonga?

– Nem... - falou Ichigo todo herói, e depois de usar seu distintivo, saltou à frente.

A pequena Kuchiki ficou só olhando, de queixo caído.

– Rukia! Vem logo!

CONTINUA...


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Notas finais do capítulo

Nota:
A ideia original era que o capítulo fosse mais dramático, contudo, acabou ficando hilário, não acham?
De quem será que foi a ideia de dar essa missão para nossa querida Kuchiki? Façam suas apostas!
Agradeço muito os comentários até aqui!
Ah é, não deixem de comentar! =^.^=