Não Há Quem Possa Ocupar Seu Lugar escrita por Amanda Catarina


Capítulo 6
Capítulo 6




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Este capítulo contém spoilers, fica o aviso. 

Capítulo 6

O medo devido àquela reaitsu tão agressiva de Ichigo, manteve Orihime no mesmo lugar uns instantes, mas ao sentir que a cada segundo o amigo estava mais longe, ela só pensou em seguí-lo.

Urahara olhou para Tessai, que, com um assentir de olhos, agiu. A menina nem chegou a passar da porta. Foi detida por uma técnica de imobilização.

Confusa, a jovem tentou usar seus escudos, mas uma segunda técnica a fez perder os sentidos. Ela teria caído no chão, se Ishida, que tinha retornado ao local ao sentir a reaitsu de Kurosaki elevar-se repentinamente, não tivesse se movido depressa para ampará-la.

– Inoue-san! - exclamou preocupado, e no instante seguinte, o gigante Tessai surgiu à sua frente. Acuado, ele apertou mais a garota junto a si.

– Ishida-dono, deixe-a comigo, vou levá-la para um quarto.

– Mas...

– Não é sensato ela seguir Kurosaki-dono agora.

Ponderando por alguns instantes, Uryuu concordou, mas hesitou um pouco em entregar a desfalecida à ele.

Sado estava na entrada do cômodo, com uma expressão de assombro.

– Ururu? - chamou Urahara e rapidamente a pequena apareceu. – Por favor, vá o mais rápido possível à casa de Kurosaki-kun e traga Kon até aqui. É melhor que o corpo de Kurosaki esteja lá quando ele voltar.

– Sim, Kisuke-san - assentiu a menina e saiu apressada.

Urahara pegou o corpo caído de Ichigo.

– Me esperem aqui - falou ele a Ishida e Sado, levando o corpo sem alma para outra sala.

Sem alternativa, os dois puderam apenas concordar.

Recostado num canto, com o olhar vidrado no nada, Renji ainda custava a acreditar no que tinha acontecido. Queria com todas as forças odiar Ichigo, mas era impossível. Quando viu a máscara de hollow aparecer, sentiu-se terrivelmente culpado, a ponto de se arrepender por ter agido tão impulsivamente enquanto o garoto apelava à razão, pedindo que conversassem.

Sentia-se péssimo, porque Ichigo era apenas um adolescente e não merecia passar por coisas tão difíceis, ainda mais devido à imaturidade de alguém no mínimo dez vezes mais velho, mas então pensou que não tinha sido apenas ele a agir com imaturidade, Rukia também.

Cerrou os punhos inconformado e novamente, uma revolta indomável começou a tomar conta dele, mas então algo lhe ocorreu. “Mas e se ela o amar de verdade?” ele se indagou, e na mesma hora, sentiu um calafrio lhe percorrer a espinha. Bufou, e logo voltou atrás, dizendo a si mesmo que aquilo não tinha lógica alguma. Contudo, se era tão absurdo, por que Rukia tinha ficado tão abalada? E por que tinha fugido?

O silêncio no recinto, o ajudou a perceber o óbvio. Assim, desesperado, balançou a cabeça nervosamente em negação. Naquele instante, Urahara voltou ao local. Tessai vinha logo atrás dele.

– Abarai-san... - chamou o ex-shinigami – ...é melhor tentar descansar um pouco também.

– Me deixa... - revidou seco.

Dessa vez foi o próprio Urahara quem usou uma técnica atordoante. Num baque surdo, o ruivo tombou para o lado e logo Tessai se encarregou de levá-lo dali. Jinta, que espiava de um cômodo, ficou até um pouco assustado com o estado do shinigami.

– Sado-kun, Ishida-kun... - começou Urahara – Yoruichi-san e a capitã Soi Fong assumiram a missão, por isso podem ir para suas casas.

– Mas e quanto ao Ichigo? - Sado indagou.

– Ele não está tão longe. E por hora, é melhor deixarmos ele sozinho - respondeu calmo.

– Mas...

– Ele está certo, Sado - falou Ishida.

Depois de alguns instantes de reflexão, o grandalhão concordou.

– Fiquem tranqüilos. Quanto a Inoue-san... dependendo de como ela acordar amanhã, irá para escola daqui. Vou ligar para Arisawa-san vir encontrá-la.

Eles assentiram com gestos de cabeça e um pouco depois se retiraram.

Cabisbaixo, Ishida seguia ao lado de Sado, muito chateado com o drama vivido por Orihime. Compreendia que todos os quatro estivessem sofrendo, mas era o sofrimento dela que mais o incomodava.

“Ela sempre amou tanto o Kurosaki, deve estar arrasada. Mas no que eu puder, irei ajudá-la. E estarei do seu lado...”

ooo ooo ooo ooo

Depois de andar por horas, Ichigo, em sua forma shinigami, parou num beco. Sentou-se no chão, recostado numa parede e apoiou a cabeça nos joelhos. Ali, longe dos amigos e da amada, ele... chorou, mas durou um instante apenas. Num ímpeto, ergueu o rosto e enxugou a umidade nele.

– Pense, pense, pense... pense em alguma coisa!

Contudo, por mais que tentasse pensar numa solução, ouvia em sua mente as palavras de Rukia: “prefiro não trair meus amigos...”. Diante daquela decisão, não havia muito o que fazer.

Amanheceu, e ainda um bom tempo depois, movido mais por um senso de responsabilidade, do que por vontade, Ichigo voltou à sua casa, imaginando acertadamente, que Urahara já devia ter despachado seu corpo para lá.

Como a janela de seu quarto estava aberta, ele deu um salto para dentro, mas então levou um grande susto ao deparar-se com seu pai em pé ao lado de sua cama, onde seu corpo estava estirado, aparentemente vazio, pois Kon não parecia estar nele.

De braços cruzados, Isshin tinha o olhar fixo em sua direção, mas apesar disso, Ichigo não achou que ele estivesse o enxergando.

Okaerinasai, shinigami daiko.

Se Ichigo não fosse um shinigami talvez tivesse morrido de ataque cardíaco.

Otousan... - balbuciou com os olhos vidrados.

– Sim, eu posso vê-lo... se é isso que está pensando - Isshin falou. – Você achou mesmo que um pai normal deixaria o filho passar dias, semanas, um mês, fora de casa sem tentar descobrir o que acontece?

– Mas... você sempre dizia que... - gaguejava o rapaz, até que Isshin fez um gesto para que ele parasse.

– Eu sei de tudo, Ichigo... - declarou sério.

O jovem piscou estarrecido, sua mente não dava conta de processar a informação, por isso permaneceu estático, encarando o pai.

– Kuchiki não está mais aqui... - continuou ele – ...por que ela voltou à Soul Society?

Mas como ele sabia da Soul Society? Seria aquilo um pesadelo maluco? Fosse o que fosse, por qualquer razão que nem ele soube, achou que devia responder.

– Ela... - começou, mas quando a imagem de Rukia indo embora tomou-lhe a mente, ele levou a mão ao rosto e uma vertigem forte o fez curvar o corpo. Enfim o cansaço por ter perambulado a noite inteira, acabou por vencê-lo.

Isshin amparou a forma shinigami de seu filho antes que essa tombasse sem sentidos no chão.

– Só mesmo algo assim pra te derrubar tão fácil...

ooo ooo ooo ooo

Horas atrás, na Soul Society.

Rukia caminhava feito um zumbi por entre as árvores da área verde, nas imediações de seu esquadrão. Desorientada, seguia num ritmo acelerado, balbuciando frases desconexas.

Com a mente tumultuada de lembranças, nas quais as cenas de um passado próximo, quando conheceu Ichigo, misturavam-se às daquela noite, ela acabou tombando de cara no chão.

– Fraca... egoísta... nojenta... - xingou-se duramente, odiando-se.

Afogueada num rio de lágrimas, trêmula e ofegante, fechou os olhos, tentando aquietar o espírito.

Um tanto depois, jurava a si mesma que ainda que tivesse que esmagar o próprio coração, suportaria a dor de estar longe de Ichigo a qualquer custo. Visto que, para ela, aquele era um outro amor impossível de ser correspondido, assim como foi seu sentimento por Shiba Kaien.

Verdade ou não, depois da conturbada discussão de horas atrás, foi nisso que Rukia passou a acreditar. E como se pudesse ser indiferente ao fato de Ichigo amá-la, tomou para si a responsabilidade de colocar fim àquela história.

Com isso em mente, Rukia inspirou fundo, conseguindo enfim parar o choro. Não podia se entregar à tristeza. Então, acreditando que tinha recobrado o auto-controle, se colocou de pé e ergueu o rosto ao céu.

Estava nublado, ameaçando chover, exatamente o oposto do dia anterior, durante o qual ela tinha se divertido tanto ao lado do rapaz. A lembrança fez seus olhos se encherem de lágrimas novamente, e quando deu por si um apelo desesperado deixou seus lábios:

– Ichigo... - chamou alto, e escorregando de joelhos ao chão, onde apoiou as mãos, voltou a chorar, desalentada por perceber o tanto que queria estar com ele.

ooo ooo ooo ooo

Como se tivesse ouvido alguém chamar seu nome, Ichigo acordou. Confuso, estranhou ao perceber-se na forma humana e devidamente acomodado em sua cama. Foi então que seu pai entrou no quarto, trazendo um lanche numa bandeja.

– Finalmente acordou... - falou Isshin, deixando a bandeja sobre a escrivaninha. – Sabe que horas são? Já passa das três da tarde...

O jovem se espantou, ao mesmo tempo em que as lembranças da conversa pela manhã ficaram vívidas em sua memória. Mas, certo de que aquilo só podia ter sido um sonho, ele virou o rosto para o lado da parede, sem querer conversar.

Indiferente, Isshin puxou a cadeira para perto da cama.

– Ichigo... - chamou, num tom tão sério que fez o rapaz se voltar na mesma hora. – Não é o fim. Não pense que as coisas acabaram e acabaram ruins. Essa é só uma etapa, talvez mais difícil, mais pesada, mas não é o fim...

Perplexo, ele encarou o pai por alguns instantes.

– Não sei do que está falando... - retrucou seco, e passou a mirar o teto.

Hunf... não se faça de desentendido. Estou falando da Kuchiki e você.

O jovem enrubesceu de vergonha, mas mesmo assim se sentou na cama, encarando o pai, com os olhos vidrados.

– Não é hora de ficar deprimido, Urahara me contou que a discussão foi feia - a cada palavra dele, Ichigo vidrava mais os olhos. – Se vai à Soul Society, precisa se preparar...

– Como... sabe da Soul Society? - balbuciou, desconcertado.

Isshin hesitou uns instantes antes de responder.

– Sei porque... já fui um shinigami.

– Você!? Um shinigami!? - exclamou alto. – Mas como?!

– É uma história comprida, de uns vinte anos atrás... posso te contar qualquer hora, mas agora, você devia comer um pouco.

– Que comer o que! - gritou exaltado. – Como assim você era um shinigami e agora não é mais?

– Isso não faz tanta diferença agora... e o que passou, passou.

– Sem essa, pode ir se...

– Que irônico... - Isshin o cortou – ...eu era um shinigami e me apaixonei por uma humana, você é um humano e se apaixonou por uma shinigami.

Ichigo ficou mais vermelho ainda. Céus, ele sabia de tudo mesmo! Milhares de perguntas lhe vieram à mente, mas ao ser lembrado de sua questão amorosa com Rukia, nada mais lhe pareceu realmente importante, por isso ficou quieto.

– Precisa se fortalecer para encarar o que está por vir - incentivou o pai.

– E o que eu posso fazer agora, se ela mesma... - dizia mas se calou, abaixando a cabeça.

– Não morrer de inanição é um passo...

Otousan!

– Acho que você não entendeu ainda... - Isshin levantou-se e veio até a janela, abriu a cortina e deixou a luz do sol, ainda forte, entrar.

Ichigo botou a mão na frente dos olhos, e Isshin continuou:

– Lutamos para proteger as pessoas. Tanto aquelas que são preciosas para nós, como as que não podem se defender sozinhas. Mas existe um outro tipo de luta, Ichigo.

– Outro tipo?

– É... e esse tipo de luta, normalmente não se apresenta na forma de combate, mas pode ferir tanto quanto ou até mais...

Isshin fez uma pausa, o rapaz permaneceu quieto e atento.

– Você não se intimidou com os inimigos, nem consigo mesmo quando o hollow dentro de você quase o dominou - disse e olhou para o filho sem se surpreender com a cara de espanto dele. – Tem se saído bem nessas lutas, então não pode fazer feio nessa outra...

– ...mas essa luta não é só minha... e quem precisava estar do meu lado preferiu ficar contra... - contou, meio magoado.

– Nada disso... essa luta é sua. É o homem quem luta pelo amor da mulher e não o contrário.

A expressão do adolescente ficou ao mesmo tempo surpresa e confusa. Ele nunca imaginou que quando fosse conversar com o pai sobre seu primeiro amor, fosse ser daquele jeito. Ainda refletia quando Isshin voltou a falar.

– Se você foi homem pra começar com isso, vai ter que ser também para agir como se deve. Para que as coisas aconteçam, é você quem precisa lutar. Você sabe exatamente onde ela foi e como chegar lá. E agora tem a vantagem de não ser mais considerado um inimigo da Soul Society.

Por essa Ichigo não esperava! Aquela era a primeira vez que eles conversavam sério sobre um assunto que não fosse a morte de sua mãe.

Isshin voltou para perto da cama e encarou o filho.

– Na minha opinião, você devia comer o delicioso lanche que preparei, aproveitar esse dia de folga da escola, e depois... ir atrás da sua princesinha. Ou vai ser louco de deixar uma Kuchiki escapar... - provocou com um risinho e uma cara de bobo.

Ichigo cerrou o punho. Ah, aquele sim era seu velho, pelo visto o momento pai normal tinha acabado. Pensava em dar um socão nele, mas Isshin encerrou o assunto.

– ...só que independente do que for fazer, amanhã não vai ter essa mamata... - disse e depois deixou o quarto.

Indignado, Ichigo ficou olhando na direção da porta, até que o cheirinho de café fresco o fez voltar o olhar para a bandeja ao lado.

ooo ooo ooo ooo

Uma luz forte em seu rosto fez Rukia levar à mão aos olhos, e logo erguer-se num ímpeto. Olhou ao redor e não reconheceu onde estava, e pelo jeito, já era bem tarde.

– Droga! - praguejou e saiu correndo.

Demorou até ela chegar, esbaforida, ao quartel do décimo terceiro esquadrão, onde se deparou com sua ‘provisória’ vice-capitã.

– Kuchiki! - exclamou Kione. – O que aconteceu com você?! - indagou abismada, diante de uma Rukia num estado deplorável, com os cabelos desalinhados e o rosto sujo de terra.

A nobre olhou para si mesma, e então corou de vergonha. Preocupara-se tanto em chegar o mais rápido possível ali que nem se atentara àquilo.

– ...tive uns contratempos no... - justificava-se, mas emudeceu ao ver seu capitão adentrar o salão, então se curvou ao chão diante dele. – Capitão Ukitake, perdoe a minha incompetência! ...precisei voltar antes do término da missão.

– Mas o que aconteceu com você?! - perguntou preocupado e se aproximando, fez com que ela se erguesse. – Está ferida?

– Não, foi apenas...

– Kione, leve-a até o quarto esquadrão - cortou ele.

– Sim senhor!

– Isso não é necessário, capitão. Não estou ferida...

– É uma ordem, Kuchiki - interrompeu rígido, ainda que sua expressão fosse gentil. – Não ouvirei nada do que tem a dizer antes disso.

Acuada, Rukia abaixou a cabeça.

– Sim senhor.

– Venha comigo, Kuchiki-san... - chamou Kione, fazendo a outra se apoiar nela.

ooo ooo ooo ooo

Algum tempo depois, no Mundo Real, mais precisamente na casa de Urahara.

– Até que enfim você acordou...

– Tatsuki-chan! - exclamou Orihime, e quando percebeu onde estava ficou ainda mais chocada com a presença da amiga ali. – Por que está aqui?!

A colegial, sentada ao lado do futon onde estava a amiga, sorriu meiga.

– Foi o Urahara-san quem me chamou. Eu vim cedo, mas como você não voltava a si, achamos melhor deixá-la descansar.

Orihime se ergueu.

– Você conhece o Urahara-san? - indagou confusa.

– Eu sei de tudo, Orihime... sobre você, o Ichigo, a Kuchiki, a Soul Society... Não só eu, o Keigo e o Mizuiro também.

– Mas como?!

– É normal por sermos amigos do Ichigo... além disso, aos poucos fui me lembrando de tudo que realmente aconteceu naquele dia... quando a alma do seu irmão se transformou naquele monstro de máscara.

A jovem arregalou ainda mais os olhos.

– Calma... - Tatsuki tocou de leve no ombro dela. – Diferente de você, do Sado e do Ishida... eu não tenho poder algum... por isso, posso apenas rezar para que não se machuquem. Se bem que o problema dessa vez é outro, não é?

Recordando-se da noite passada, Orihime sentiu os olhos marejarem de lágrimas novamente e então abraçou-se a amiga.

– Tatsuki-chan, o Kurosaki-kun... eu o perdi... o perdi completamente... - gaguejou chorando.

– Não fale, apenas chore... - disse abraçando-a carinhosamente. – Chore tudo que tem pra chorar hoje, mas terá que sorrir amanhã... do contrário, fará ele sofrer...

– Eu não vou conseguir! Não vou! Nunca mais!

– Não fale assim... - afastando-a, segurou em seus ombros. – Orihime, amar alguém não é viver em função desse alguém a ponto de desistir da própria vida... não confunda as coisas.

A moça ficou espantada com aquelas palavras.

– Eu sei como se sente - disse com certa melancolia –, mas a vida continua... Você não pode afundar na fossa só porque ele ama outra pessoa. Se ele não sente o mesmo por você, é porque ele não é a pessoa certa pra você, mas não ache que essa pessoa não existe.

– Ninguém pode ocupar o lugar dele! - esbravejou inconformada.

– Você fala isso agora, mas tudo bem... eu sei que, mais cedo ou mais tarde, você vai entender... eu entendi, e você é bem mais esperta que eu... - dizendo isso, Tatsuki fez a outra se deitar de novo.

– Mas, Tatsuki-chan, por que justo a Kuchiki-san? Eu não consigo odiá-la, mas... é horrível - choramingou, escondendo o rosto entre as mãos.

– Eu sei, Orihime... você é uma boa garota. Por favor, tente se animar. Logo isso vai passar...

Pelo resto daquela tarde Arisawa ficou consolando Inoue, e só ao cair da noite elas foram embora.

ooo ooo ooo ooo

Rukia caminhava calada, ao lado de Kione, de volta à área do décimo terceiro esquadrão, quando alguém surgiu em seu caminho.

Nii-sama! - exclamou surpresa.

– Capitão Kuchiki! - espantou-se Kione e respeitosamente se curvou.

– Ukitake me disse que retornou sem completar sua missão - disse Byakuya, num tom gélido. – O que aconteceu?

– ...foi um... distúrbio de saúde... - explicou Rukia, sem encará-lo.

O nobre apenas olhou para a vice-capitã e ela se retirou.

– Entendo... não quer me contar a verdade.

– É verdade, nii-sama... - retrucou Rukia, erguendo o rosto. – Venho agora mesmo do quarto esquadrão...

– Como se eles pudessem curar esse tipo de coisa...

A pequena ficou desconcertada, mas era óbvio que seu irmão já devia estar sabendo de tudo. Constrangida, abaixou a cabeça, e se assustou ao sentir o irmão se aproximar e tocar-lhe o ombro.

– Por muitos anos tenho sido rígido com você, buscando que se aperfeiçoe. Sei que diferente de Ukitake, não me preocupei em ser mais presente... mais irmão.

– Não! O nii-sama sempre foi muito bom comigo! - retrucou aflita.

– Sei o quanto deixei a desejar, mas isso é outra história... o que quero lhe dizer agora é que sei pelo que está passando... e digo que é provável que as coisas fiquem mais complicadas.

Ela piscou, atônita. Como ele poderia saber?

– Você deve refletir muito e seja qual for sua decisão, terá que perseverar nela com total empenho. Alguns podem ficar contra e será bem difícil lidar consigo mesma.

Rukia compreendeu então. Ele sabia porque tinha enfrentado sua rica família ao decidir casar-se com a humilde Hisana. Dominada pela emoção, simplesmente não conseguiu se conter e se abraçou fortemente ao irmão.

Apesar de ter ficado meio surpreso, Byakuya logo correspondeu o abraço, enlaçando ternamente o corpo pequenino dela.

Nii-sama... por que isso foi acontecer? - murmurou contra o corpo dele.

Byakuya se angustiou por ela. Nunca antes vira Rukia tão abalada emocionalmente daquele jeito, por isso resolveu usar um golpe atordoante que a fez perder os sentidos e desfalecer em seus braços. Então ele a levou para a mansão Kuchiki.

Depois de ter cuidado pessoalmente de acomodar Rukia no quarto reservado a ela, Byakuya se ocupou em escrever uma carta destinada ao capitão Ukitake, desculpando-se pela ausência da irmã em seu posto por pelo menos mais um dia.

CONTINUA...


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Notas finais do capítulo

Vocabulário:
Okaerinasai, shinigami daiko: Bem-vindo de volta, shinigami substituto
Otousan: Pai

No próximo capítulo: Dedido, Ichigo quer ir à Soul Society, mas antes, ele precisa resolver um assunto. As coisas não vão bem para Renji. Orihime está muito abatida, mas um certo rapaz irá ajudá-la.