A verdade é que tudo sempre começa em Bolo Azul. É, isso mesmo que você leu. Desde pequeno, algo sempre acontece quando eu como bolo azul. Seja no meu aniversário, natal, ano novo, páscoa, dia do índio, da árvore... O bolo azul sempre me surpreende.

E, é claro que não seria diferente no meu aniversário de dezessete anos. Enquanto minha mãe, Sally, cortava o bolo, meu pai, Poseidon, e meu padrasto, Paul, conversavam sobre alguma coisa relacionada a férias em uma Ilha Privada e me mandarem para longe de más companhias (lê-se: meu amigo Luke). Tá que o Luke não é lá a melhor companhia do mundo, mas pô, ele é o meu melhor amigo e onde ele for eu vou. Nem que a gente tenha que parar na cadeia como da última vez.

– Perseu Jackson. – Meu pai disse. Chamou pelo nome inteiro... Aí vem bomba. – Sua mãe, eu e Paul queremos fazer uma proposta.

Olhei para o meu pai, esperando que ele continuasse. Serio, a velhice deve estar o afetando cada vez mais... Só de olhar para ele por cinco segundos, percebi tufos de cabelo branco. Anos atrás, ele era o grande e gostosão Poseidon, empresário de sucesso que conseguia todas as gatinhas com seus olhos verdes e cabelos negros. Agora ele é só o velho Poseidon, empresário de sucesso, velho e rabugento, casado com a velha e rabugenta Anfitrite.

Dou graças aos deuses por morar com a minha mãe. Pelo menos ela e o Paul pintam o cabelo e se arrumam. Minha mãe é linda, sempre fora. Não posso dar o mesmo elogio ao Paul porque eu sou hétero, mas, digamos que minha mãe tem bom gosto.

– O que acha de passar duas semanas na minha Ilha Privada? – É serio que meu pai ofereceu isso? Porra! A Ilha Privada da Empresa dele é o paraíso. – Mas você não levará nenhum amigo. São férias da Empresa e todas as doze casas estão ocupadas pelos meus colegas e seus parentescos.

Ok, isso foi rude. Eu ia dizer alguma coisa do tipo: “Por favor, paizinho, me deixa levar o Luke”, mas bem na hora minha mãe veio com o bolo, e ao ver o bolo eu me lembrei da última semana em que fui a sua Ilha Privada... Eu vou estar bem acompanhado. Coloquei uma garfada de glacê na boca, e me atrevi a perguntar:

– Quem vai estar lá?

Meu pai, que não parecia estar interessado no bolo, respondeu:

– Eu preciso listar? Você sabe, Perseu. Todos os doze grandes empresários, incluindo seus tios e primos, e seus filhos. E você sabe que alguns deles têm muitos filhos...

Repentinamente, lembrei-me de muitos rostos da Ilha Privada: meus primos Jason, Thalia, Nico e Hazel. Meus amigos Grover, Clarisse, Chris, Frank, Piper, Reyna, gêmeos Stoll, Katie, Will, aquele esquisitão do Octavian... E, é claro, a minha “paixão de infância” Annabeth Chase. Tive vontade de rir ao lembrar-me dela.

– A Annabeth vai estar lá. – minha mãe disse, por fim, sentando-se à mesa. – Lembra dela, filho? Você costumava brincar de boneca só pra fingir que vocês namoravam.

É possível ficar mais vermelho que um tomate maduro? Porque eu fiquei. Paul e meu pai começaram a rir da minha cara, enquanto a minha mãe parecia estar feliz com aquele comentário constrangedor.

– Mãe.

– Então, Percy... – Paul tentou continuar a sentença, mas ele ria tanto que uma hiena teria inveja da sua risada. Uma hiena não, uma cadela. Porque ele e o meu pai pareciam duas cadelas parindo. – Você vai deixar eu e sua mãe termos duas semanas sozinhos ou...

Eu revirei os olhos. O que eles planejavam com duas semanas sozinhos? Eu hein.

– Tá. – eu disse. – E quando partimos?

Poseidon – que já tinha parado com o seu momento cadela no cio – lançou uma piscadela para Paul, e depois os dois olharam para mim. Posso admitir que já muito desconfiei que meu pai é gay? Pois é.

– Arrume as suas malas. Nós vamos hoje.