Jogo de Espiões escrita por Angel_Nessa
Não fomos a Praça Vermelha. Fomos a Leningrado.
Leningrado, cidade que recebeu esse nome em homenagem ao pai do comunismo, Lennin; entretanto em 1991 com o fim da União Soviética a cidade passou a ser chamada de São Petersburgo. Acho que vocês conhecem mais essa maravilhosa cidade russa por esse nome.
Construída as margens do rio Neva, a cidade era fabulosa; e eu rapidamente me rendi aos seus encantos. Eu sabia que não estava na União Soviética para fazer turismo, mas não pude deixar de me sentir fascinada e atraída por sua beleza imperial. E não podia deixar de ser bela, uma vez que Leningrado foi construída por Pedro I para ser a capital do Império em 1703. Pedro I, também conhecido como Pedro, o Grande quis mostrar a abertura de seu país ao mundo por isso havia tanta beleza espalhada pela cidade.
Naruto percorreu com o carro grande parte da extensão da cidade que a primeira vista me lembrou umas fotos de Veneza, na Itália, que eu havia visto certa vez numa revista.
- A cidade é linda – comentei para Naruto.
- Muito bonita mesmo – disse ele olhando para mim e sorrindo.
Para tudo ele tinha que sorrir.
A capota do carro estava aberta, e o vento em meus cabelos trazia-me uma sensação de liberdade como eu nunca havia experimentado antes. Por um momento esqueci que eu estava naquele país para uma missão.
Naruto estacionou o carro, e eu desci. Logo subi em uma ponte de pedras que cruzava o Rio Neva. Não havia muito movimento nas ruas naquela tarde, e a cidade pareceu-me bem tranqüila; o tempo estava agradável, um tímido sol havia surgido entre as nuvens de frio.
Naruto se acercou a mim e ambos ficamos debruçados na mureta da ponte olhando as calmas águas do Rio Neva.
- Você já conhecia esse lugar? – perguntei de repente, acho que eu estava tentando iniciar uma conversa.
Naruto ficou em silêncio por um breve momento antes de responder; seus olhos oceânicos fixos em mim.
- Eu estive aqui há 2 anos atrás.
Fiquei decepcionada em escutar isso, fixei meu olhar nas águas do rio.
- Ah, agora eu entendo porque te escalaram para a missão. Você já conhecia a União Soviética.
- Um pouco... – a voz de Naruto saiu baixa.
Virei meu rosto para ele; uma dúvida em minha mente não se aquietou.
- Espera um pouco, se você já esteve aqui como não sabe falar russo?
Naruto arregalou os olhos numa clara expressão de surpresa.
- Bem, eu...
Fiquei séria. Se ele já esteve na União Soviética antes como ele não sabia falar russo? Ou será que ele sabia falar russo e estava me enganando? Decidi instiga-lo a me contar a verdade.
- Naruto, você não sabe falar russo, mas já esteve aqui antes. Como fez para ficar no país?
Não havia como Naruto tentar ocultar nada mais. Ele seria obrigado a falar.
Naruto voltou seu olhar para as águas do rio.
- Da última vez que eu estive aqui, uma amiga veio comigo...
- Ah... – havia novamente um tom de decepção em minha voz. Eu me virei, e recostei minhas costas na mureta.
- A sua... amiga... ela sabe falar russo?
- O pai dela a ensinou, por causa da Segunda Guerra...
Uma sensação estranha invadiu meu peito, de repente fiquei irritada com Naruto.
- Essa sua amiga deve ser bem inteligente, a deveriam ter contratado para essa missão, e não a mim.
Naruto se afastou da mureta, e se pôs a minha frente. Menos de dois passos separavam nossos corpos.
- Você também é bem inteligente.
Eu cruzei os braços e fechei a cara. Eu não estava chateada, eu apenas estava... com ciúmes, mas nem morta eu confessava tal coisa, nem mesmo para mim mesma. Além do mais, por que eu teria ciúmes dele?
- Eu sei que sou inteligente. Só que eu não sei falar russo.
Naruto riu.
Quem diria que um dia eu precisar saber falar esse idioma? Nunca procurei aprendê-lo, pois não pensava realizar uma missão na União Soviética.
- Você sabe fazer outras coisas.
Ele tentava me animar. E a primeira vista, parecia que ele estava conseguindo colocar um ar de alegria em meu rosto sério.
- Como o que? – perguntei fazendo bico.
Eu não sei por que eu estava agindo dessa forma tão infantil? Acho que Naruto estava me contagiando com seu ar bobo.
- Você sabe... – Naruto ficou pensando algum tempo antes de responder – você sabe atirar muito bem!
Eu bufei.
- Apenas sorte... eu não sou tão boa assim com armas.
O único especialista em armas na minha família era meu pai, e ele estava morto.
Pelas costas de Naruto eu vi dois guardas do exercito vermelho subindo a ponte; nessa hora Naruto aumentou seu tom de voz e continuou me elogiando sem perceber a presença dos guardas.
- Você foi muito boa! Se você...
Antes que Naruto pudesse terminar de falar eu o beijei. Os guardas passaram por nós e comentaram alguma coisa que eu não entendi. Assim que eles se afastaram um pouco, eu empurrei Naruto para se afastar.
- Eu não acredito que tenha me feito fazer isso! – disse com revolta enquanto tocava meus lábios com a ponta dos dedos.
- Sakura... – Naruto estava abobalhado e com o rosto corado.
- Não podemos ficar falando em inglês em voz alta... – eu apontei para os guardas que desciam da ponte naquele momento – eles podiam ter desconfiado de nós!
Eu ficara com tanto medo de que os guardas percebessem que falávamos inglês que minha primeira reação para calar Naruto, fora beijá-lo; de outra forma os guardas poderia ter suspeitado de algo.
Eu saí andando pela ponte. Não podia mais ficar perto de Naruto, eu começava a ver de maneira mais ampla a bobagem que fizera ao beijá-lo. Minha atitude impensada poderia levá-lo a acreditar que eu o estivesse correspondendo em seus sentimentos, mas a dúvida em minha mente era: quais eram esses sentimentos que havia entre nós? Não deveríamos sentir nada um pelo outro, éramos parceiros; apesar do falso casamento, não havia como fazer brotar qualquer laço afetivo entre nós. Isso seria um erro, um erro que eu não estava disposta a cometer.
Naruto rapidamente se aproximou de mim, e começou a caminhar a meu lado.
- Sakura, você está bem?
Um pouco perturbada, nada demais.
- Estou. Olha Naruto, esse beijo não significou nada, entendeu. Assim como aquele beijo de ontem... não deveria ter acontecido.
Naruto pareceu-me um pouco surpreso, porém eu sentia minhas emoções tão fora de controle que eu nem sequer dei muita atenção a sua expressão facial. Não importava se ele gostava mesmo de mim ou não, era errado criarmos laços afetivos. Nada poderia nos unir, exceto nossa missão.
- Você quer ir embora?
Eu olhei para Naruto.
- Sim, é melhor voltarmos para Moscou.
No caminho de volta não conversamos. O silêncio se fez presente entre nós. Era melhor assim, sem envolvimento sentimental.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
nota da autora: Sakura beija Naruto para salvar a “identidade secreta” (?) deles. Passado o momento, ela se arrepende e fica com medo de estar se envolvendo sentimentalmente com o parceiro.