Jogo de Espiões escrita por Angel_Nessa


Capítulo 16
CAPITULO 13 – SAUDADES DE CASA




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A luz do dia atravessou a janela e iluminou meu rosto, virei-me para o outro lado, não estava disposta a levantar-me da cama. Eu passara a maior parte da noite acordada pensando em minha vida desde que decidira prender o assassino de meus pais.


 


Recordo bem quando fiz essa promessa, foi no dia que fui levada para o orfanato. Aos nove anos meus pais foram mortos em uma missão e sem condições e família de cuidar de mim, eu fui para um orfanato. As palavras frias e sentimento do homem que me anunciou a fatalidade seguem gravadas em minha mente, apesar de já terem se passado doze anos, eu não consigo apagá-las.


 


“Garotinha seus pais estão mortos. Nós cuidar para que você possa morar em um bom orfanato”.


 


Na primeira noite no orfanato eu prometi a mim mesma que não importava o que custaria e nem até que eu ponto eu teria que ir, mas eu prenderia o responsável pela morte de meus amados pais.


 


Batidas na porta me trouxeram a realidade novamente.


 


- Sakura, você está atrasada! – gritou Naruto do outro lado da porta.


 


Eu sentei-me na cama.


 


- Me deixe em paz! – gritei em resposta.


 


- Sakura, você está bem? – a voz de Naruto pareceu-me preocupado.


 


- Eu estou muito bem, apenas... Eu já vou me levantar.


 


Levantei da cama rapidamente e vesti qualquer coisa que encontrei no guarda-roupa. Saí do quarto.


 


- Naruto...


 


A sala estava vazia, também não havia ninguém na cozinha. Naruto havia ido trabalhar. Em cima da mesa da cozinha havia um pequeno prato com ovos fritos e um copo de leite quente ao lado; não pude deixar de sorrir.


 


- Pelo menos ele me deixou o café da manhã pronto.


 


Ainda que o café da manhã fosse seu tradicional leite quente com ovo frito.


 


Eu cheguei um pouco mais tarde do que de costume na fábrica. Todas as secretárias já trabalhavam a todo vapor, exceto Karin que não estava na recepção.


 


Eu coloquei meu casaco na cadeira e sentei-me, nessa hora Karin saiu da sala de Sasuke e me olhou altiva; ela apenas apontou para a sala de Sasuke e se dirigiu ao seu posto.


 


Não era preciso palavras para que eu entendesse que Sasuke me aguardava. Levantei-me da cadeira e bati na porta, a ordem de Sasuke para que eu entrasse veio logo em seguida.


 


- Bom dia.


 


Sasuke estava escondido atrás de uma pilha de papéis escrevendo sem parar numa folha em branco.


 


Ao ver-me entrar, ele levantou rapidamente a cabeça para me cumprimentar.


 


- Bom dia Sakura.


 


Em seguida voltou a abaixar a cabeça e continuou escrevendo.


 


- Você queria falar comigo?


 


Sasuke ficou em silêncio um longo tempo antes de responder.


 


- Sim – respondeu sem olhar para mim e tampouco parar de escrever.


 


- Posso ajudá-lo em alguma coisa? – ofereci-me solicita.


 


- Não – respondeu Sasuke ainda escrevendo.


 


- Então o que deseja? – eu já começava a ficar impaciente.


Sasuke colocou a caneta de volta ao tinteiro, e dobrando o papel o deixou de lado.


 


- Eu quero conversar com você – Sasuke apontou-me a cadeira a sua frente.


 


Eu sentei-me.


 


- Sakura, você é americana, não é mesmo?


 


Eu fiquei um pouco receosa em confirmar a resposta. Eu tinha documentos de admissão que diziam que eu era alemã.


 


- Sim.


 


Decidi confirmar a minha nacionalidade americana. Sasuke não era burro, ele já deveria ter notado meu sotaque americano e, além disso, assim como o russo, eu não entendia uma palavra sequer em alemão.


 


- Onde você mora? – perguntou-me apoiando os cotovelos na mesa.


 


- Em Nova Iorque.


 


Sasuke me encarou por um tempo.


 


- Eu morava lá antes de me mudar para a União Soviética.


 


Bati as mãos na mesa e me levantei.


 


- Você é americano! – exclamei espantada.


 


Sasuke abriu um discreto sorriso.


 


Estranhamente saber que Sasuke era americano me surpreendeu, mas eu já devia ter previsto que ele havia morado nos Estados Unidos, pois seu inglês era perfeito e seu sotaque não negava ser americano. Eu voltei a sentar-me.


 


- Por que você veio morar nesse lugar? – perguntei curiosa.


 


- Meu pai se mudou para a União Soviética quando eu tinha 12 anos. Ele era o gerente de vendas dessa fábrica.


 


- E você assumiu o cargo dele


 


Era mais do que óbvio que isso havia acontecido, afinal ele era o atual gerente de vendas.


 


- Quando ele morreu o cargo passou para as minhas mãos.


 


- Você nunca mais voltou para os Estados Unidos?


 


- Não.


 


- Esses não são tempos bons para americanos ficarem nesse país.


 


- Por que? Acha que os soviéticos maus vão me prender? – debochou Sasuke.


 


- Não duvido que eles sejam capazes de tais atrocidades. Você sabe como eles mantêm a Polônia ligada à união.


 


- Eu estou bem aqui. O governo soviético me protege – me replicou com pouco interesse – Agora me conte como está Nova Iorque.


 


Eu abri um sorriso e comecei a contar-lhe da agitação que tomava conta das ruas de Nova Iorque principalmente no Natal. Contei-lhe sobre Wall Street e o Central Park; contei-lhe sobre os enormes edifícios que pouco a pouco preenchiam a paisagem nova-iorquina. E tanto falar de meu lar, eu fiquei com saudades de casa, da minha verdadeira casa.


 


- Realmente eu perdi muita coisa nesses tempos.


 


- Nova Iorque é um lugar maravilhoso para se viver.


 


Pelo menos naquela época era.


 


- Quando você terminar o que veio fazer aqui, eu voltarei com você para Nova Iorque.


 


Eu perdi a fala. Naruto queria que eu ficasse na Europa, e Sasuke queria voltar comigo para os Estados Unidos.


 


- Será ótimo. Nós poderemos tomar café no boulevard, e depois caminharemos no Central Park.


 


Enquanto tagarelava sem parar, eu me perguntava se realmente estava disposta a tudo a fazer essas atividades com Sasuke.


 


- Muito bem – Sasuke levantou-se da mesa – eu vou a uma reunião. Fique aqui dentro do meu escritório hoje, se alguém entrar não diga nada apenas balance a cabeça e tente fazer uma expressão de dúvida.


 


- O que está acontecendo?


 


- Teremos uma visita especial essa tarde, por isso não convém que você fique circulando por aí. Afinal, segundo sua própria concepção, os americanos não são bem-vindos por aqui.


 


Eu levantei-me num sobressalto.


 


- Sasuke...


 


Eu quis lhe falar de Naruto, queria lhe pedir para que ele avisasse Naruto para ficar atento; mesmo não sabendo quem era essa visita especial.


 


- O que foi Sakura?


 


- Nada. Eu farei o que me pediu.


 


Eu não pude pedir tal coisa para Sasuke.


 


- Até amanhã – despediu-se Sasuke ao sair.


 


Eu sentei-me novamente na cadeira. Tentei respirar fundo para me acalmar.


 


- Naruto, por favor, não faça nenhuma besteira! – sussurrei para o vazio.


 


A tarde passou tranqüila na fábrica, ninguém veio me procurar na sala vazia de Sasuke.


 


Para me distrair eu fiquei pensando no tema da minha conversa com Sasuke: Nova Iorque. Eu tanto desejei sair daquela cidade, e agora que estava longe dela queria voltar; queria ver a Estátua da Liberdade da janela do meu quarto.


 


Ao regressar a minha casa soviética naquele fim de tarde, encontrei Naruto esperando por mim sentado no sofá. Ele pronto se pôs de pé ao ver entrar.


 


- Sakura, como foi o seu dia? – me perguntou todo animado.


 


Fiquei aliviada em ver que ele estava bem.


 


- Naruto... eu quero voltar para a minha casa.


 


Como uma criança, eu pedi para voltar a meu lar.


 


- Sakura, está tudo bem? – a alegria de Naruto se transformou em preocupação.


 


Eu balancei a cabeça e sorri.


 


- É que hoje eu me lembrei de Nova Iorque. Estou começando a ter saudades de lá.


 


Naruto me olhou com ternura.


 


- Naruto, será que você podia me falar de São Francisco?


 


Pensei que falar sobre os Estados Unidos faria com que as saudades diminuíssem. Eu sentei-me no sofá e Naruto sentou-se a meu lado.


 


- O que quer eu conte? – me perguntou Naruto


 


Eu dobrei meus joelhos, coloquei meus pés deitados em cima do sofá, apoiei meus cotovelos no encosto do sofá e com a mão direita amparei meu queixo.


 


- Não sei. Conte-me da Golden Gate Bridge.


 


Naruto sorriu. A famosa ponte era a única coisa que eu conhecia de São Francisco.


 


- A ponte é enorme e liga São Francisco a Sausalito. No começo só as pessoas passavam por lá, depois de um ano os carros também.


 


A Golden Gate Bridge foi primeiramente aberta para as pessoas em 1936 e só em 1937 é que os carros puderam passar por ela; isso faz parte de uma pesquisa posterior acerca do assunto.


 


- Eu queria conhecer essa ponte um dia – disse rindo.


 


- Eu vou te levar lá. E nós vamos comer frutos do mar e passear de bonde – Naruto começou a se empolgar com a minha possível visita a São Francisco - depois vamos passear na montanha russa.


 


- Montanha russa! – eu fiquei surpresa com a inesperada programação.


 


- É, nós vamos passear na Montanha Russa!


 


- Sem chance. Isso é muito perigoso.


 


Como se a minha missão na União Soviética fosse algo muito seguro.


 


Eu e Naruto seguimos por um bom tempo falando de nossos lares americanos. Eu contei a Naruto sobre Nova Iorque, ele disse que uma vez estivera lá, mas que pouco se lembrava da cidade. Quando fomos dormir a lua estava alta no céu.


 


Eu queria ter perguntando a Naruto se ele sabia quem era a visita especial que Sasuke mencionara, porém esse assunto foi esquecido em meio a nossa conversa sobre nossas cidades natais.


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