Ajuda-me a Viver escrita por Vitoria Bastos


Capítulo 28
Renascendo


Notas iniciais do capítulo

Olá meninas! Espero que gostem...Boa leitura!!



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Minha semana com Edward foi maravilhosa. Passamos praticamente todos os dias juntos. Ele vinha a noite, depois do trabalho, às vezes saímos, outras ficávamos em casa mesmo. Ele cozinhando e eu escolhendo um filme para nós assistirmos juntos. Eu não posso reclamar dele. Edward é agradável, divertido e super bem-humorado.

Às vezes eu me perguntava o que ele tinha visto em mim. Não sou bem-humorada, tenho problemas em me relacionar com pessoas, não acordo sorrindo e nem com o melhor humor do mundo. Eu não era uma pessoa difícil de lidar, porque, afinal, eu era filha da Reneé, não é? E então, logo depois eu lembro: ele me ama. Sim! O homem que se tornou o meu melhor amigo, que me apoiou no momento mais difícil da minha vida, que cuidou de mim, até mesmo no momento que eu não queria ser cuidada por ninguém, que estava lá em todos os momentos… é apaixonado por mim. Ele acreditou e confiou em mim, no momento que eu não acreditava em mim mesma. E porque eu não poderia acreditar em mim mesma? O amor realmente muda as pessoas, transforma. Isso é tão clichê… Mas não me importo. Edward fez os meus valores nascerem — ou talvez renascerem? Aprendi a me importar com os outros, a dar importância a detalhes que deixava passar na vida… Aprendi a me amar, a dar valor a pessoas que sempre estiveram comigo, e — porque não? — a perdoar. Meu coração está limpo, sem mágoas. Edward me mostrou que eu não era nem a primeira e nem a última a passar por momentos difíceis. E porque não tentar? Eu estava viva não estava? E aqueles que nem tiveram uma segunda chance? Eu tive. Eu tenho. E eu aprendi muito bem a não desperdiçá-la. Eu estava praticando diariamente, usufruindo todo o amor que Edward me dava todos os dias, e cedendo ainda mais amor a ele.

Existia coisa melhor que isso?

Quinta, infelizmente, não tive ninguém para fornecer o meu amor. Edward teve que viajar para um congresso de fisioterapeutas em Manchester e só voltaria no domingo de manhã. Ok, não era tanto tempo assim, mas fiquei com um dorzinha no coração. Assumo, não uma dorzinha e sim uma dor enorme, como se uma cratera estivesse aberta no meu peito. Tudo bem, um pouco exagerado, mas eu estava com saudade dele. Com muita saudade, para ser mais precisa.

Alice estava em lua de mel em Nova York, provavelmente fazendo muitas compras e se entupindo de hambúrguer e cachorro quente. E eu, sem a minha melhor amiga e meu namorado. Sem ninguém. Abandonada. Largada sem a menor opção de fuga. E o que restava para mim? Dormir tarde e assistir milhares de filmes românticos enquanto me esbaldo na pipoca e chorando bastante. Porque agora eu faço parte da turminha das manteigas derretidas e choro assistindo filmes românticos e extremamente melosos, durmo com um moletom velho, com o cabelo com duas marias chiquinhas e pantufas roxas no pé, peço comida pronta todos os dias, porque eu não queria nem tentar algo no fogão. Ta bom, assumo, isso era porque eu estava com saudade da comida de Edward também.

No Sábado, coloquei o pé para fora de casa e fui na casa de Alice para abastecer a dispensa para ela. Ela tinha me pedido isso antes de viajar, e, graças a Deus, hoje ela chegaria da lua de mel.

Acordei no domingo estranhamente alegre. Me olhei no espelho e vi que eu estava com olheiras resultantes das noites que passei assistindo filme até tarde. Edward me chamou para almoçar na casa da sua família e eu estava ansiosa para esse encontro. Não sei se isso era porque eu estava morrendo de saudade dele, ou porque eu estava indo me encontrar com a calorosa e animadíssima família Cullen.

O dia não estava tão frio assim, então vesti uma saia rodada azul e um corpete preto. Eu estava realmente fanática por azul. Calcei uma sapatilha preta, coloquei umas pulseiras e deixei meu cabelo solto com bastante cachos. Quando desci, Edward estava lindamente encostado no capô do carro – ele não subiu porque estávamos com um pouco de pressa. Era incrível como ele poderia está cada dia mais lindo.

É claro que o meu namorado não era só um rostinho bonito; eu amava Edward pelo que ele era. Acho que de primeira eu nem reparei na beleza dele. Ele chegou aos poucos, me ganhou sem querer e me conquistou com o tempo.

Respirei fundo e fui em sua direção. Edward deu um sorriso de arrancar calcinhas e eu tentei me segurar para não agarrá-lo como uma louca no meio da rua. É tão difícil descrever o que eu sinto por esse homem sem parecer uma adolescente com o seu primeiro amor, mas era assim que eu me sentia.

— Como foi esses dias sem mim? — ele perguntou enquanto me abraçava. A sensação de estar nos seus braços, sentindo o seu cheiro, era tão boa…

— Horrível. — assumi.

— O meu também. E extremamente entediante. — ele levantou o meu cabelo, deixando meu pescoço livre, depositando um beijo ali. — Que saudade do seu cheiro. Eu até comprei um hidratante de morango para matar a saudade.

— Você… comprou um hidratante de morango? — o encarei perplexa.

— Sim, mas não é como na sua pele. — ele fez cara de decepcionado. — Da próxima vez eu levo uma roupa sua.

— Ai, meu Deus, Edward… — me inclinei para frente e colei meus lábios no seu, e no mesmo instante Edward me puxou para mais perto, fazendo a sua boa se fundir na minha com delicadeza. — Eu senti muita falta disso… — disse enquanto ele depositava beijos na ponta do meu nariz, e depois descendo pelo meu pescoço.

Puxei um pouco o seu cabelo, e Edward continuou com o beijo. De delicado, virou algo ágil, intenso, forte. Um segundo depois, sua mãos já estavam passando pelas minhas costas e, como se fosse possível, as minhas mãos estavam puxando a sua camisa, o trazendo para mais perto. Sua boca ia para o meu pescoço dando tempo para eu respirar, e depois voltava para encontrar os meus lábios. Foi então que lembrei que estávamos na rua, na frente do meu apartamento, quase fazendo uma simulação de sexo.

— Edward… — disse no seu ouvido.

— Temos que ir mesmo? — reclamou, suspirando enquanto escondia o rosto no meu pescoço. — Podemos subir e ficar o domingo inteiro trancado no quarto… E eu posso fazer macarronada. O que acha? — ele olhou para mim, com um sorriso tão lindo que eu fiquei até com uma dor enorme de negar seu pedido.

— Meu amor, nós temos que ir. — coloquei a mão no seu rosto e acariciei a sua bochecha. — Seus pais, sua irmã… todos estão nos esperando.

— Verdade. Minha mama já me ligou animadíssima. — ele ajeitou uma mecha do meu cabelo, colocando-a atrás da orelha. Me encarou por um momento e, como se algo tivesse o despertado, ele segurou a minha mão e com a outra abriu a porta do carro. — Ah, Isabella… então vamos.

— Coragem, meu amor. — apertei seu nariz e depois entrei no Volvo.

(…)

Chegamos na casa dos pais do Edward um pouquinho antes da hora do almoço. A casa deles ficava em um lado mais afastado de Londres, que mais parecia um paraíso particular só deles. Depois de passamos pela portaria, que tinha a parede decorada por pedras e vários canteiros com flores, avistei uma grande varanda com um balanço branco feito de ferro, e imediatamente imaginei Edward e Rosalie brincando ali quando crianças. O jardim era enorme e cercado por várias esculturas de bastante bom gosto. Fomos em direção a uma mesa enorme, no qual tinha todos ao redor conversando. A primeira que eu vi foi Esme, que veio logo ao nosso encontro de braços abertos.

— Bella! — ela me abraçou. Eu tinha me esquecido no quanto ela era acolhedora. — Como está, principessa?

— Bem, Esme, que bom revê-la! — respondi enquanto ela me largava do abraço caloroso.

— Fico feliz que meu bambino lhe trouxe aqui — disse ela enquanto pegava minha mão. — Sinta-se em casa, está bem? — Assenti sorrindo.

A mãe do Edward era tão amável, tão simpática que era impossível não se apaixonar por ela. Ela transmitia compaixão enquanto falava. O seu jeito de falar movimentando as mãos, típico de pessoas italianas, a sua forma acolhedora de abraçar, o carinho, era algo contagiante.

Mio figlio, como foi a viagem? Você se alimentou direito? E esse olhar cansado? — ela começou a pegar em Edward para checar se ele estava inteiro.

— Ele está ótimo, querida. — Carlisle se juntou a nós com um sorriso educado.

Era a primeira vez que eu o via fora do hospital. Às vezes eu nem me lembrava mais das semanas horríveis que eu passei lá. Não que fosse algo fácil de esquecer, mas ficar remoendo momentos ruins não levam a nada. Naquelas primeiras semanas após o acidente, não só a dor física permanecia em mim, que com o tempo foi diminuindo, mas também o abismo emocional que era enorme e bastante frustrante. Foi Carlisle que me operou, e me deu as duas piores notícias que eu ouvi na vida. Acho que só perde para a morte do meu pai, mas, como eu só tinha cinco anos, a dor não foi tão dilacerante assim. Por mais que eu não merecesse, Carlisle cuidou de mim, e me apoiou até aonde a minha ignorância permitia. Era impossível vê-lo e não sentir gratidão.

— Olá, Bella! — ele sorriu para mim, o mesmo sorriso de Edward. — Que bom que chegaram, Emmett já estava achando que vocês tinham se perdido.

— Eu disse que achava que eles tinham encontrado coisa melhor para fazer em casa. — Emmett gritou se aproximando de nós, fazendo que me sentisse extremamente envergonhada. Senti Edward segurar o riso ao meu lado, e discretamente dei um beliscão na costela dele, recebendo um olhar de “Eu não fiz nada!”.

Stronzo— Esme disse para Emmett, e eu agradeci por não entender italiano.

— Concunhada, que prazer em revê-la. — ele se aproximou de mim, me deixando mais consciente que as minhas bochechas não tinha ainda voltado para a cor normal.

— Emmett. — sorri, fazendo o nome dele soar mais como um xingamento.

Aproveitei a proximidade entre nós dois, e reparei no quanto ele era grande. Será que ele sofre de algum surto de crescimento em adultos? Ele pareceu notar a minha inspeção e, sem eu ter muito tempo para agir, me agarrou me dando um abraço de urso. Depois de alguns segundos torturantes, ele me deixo voltar a respirar. Emmett era tudo que eu idealizei para um irmão mais velho. Eu me lembrava perfeitamente que eu perguntava muito para meus pais, porque eu não tinha um irmão. Acho que para uma criança era um pouco complicado entender isso. Pedi tanto um irmão que acabei ganhando um.... De uma forma torta, mas eu ganhei. Apesar de eu sentir que ele me deixaria, não só dessa vez, mas muitas vezes, sem graça, eu gostava dele mesmo assim. E eu tinha certeza que Emmett pensava da mesma maneira.

Depois de Edward cumprimentar ele com aquele abraço estranho que os homens fazem, batendo um nas costas do outro, meu namorado me puxou onde Rosalie estava sentada confortavelmente em uma poltrona, com as mãos pousadas na barriga.

— Olá, Henri. — Edward cumprimentou, beijando e depois alisando a barriga de nove meses de Rose.

Enquanto ele fazia isso, eu vi um olhar que eu nunca tinha visto em Edward. Era um misto de amor com admiração e encantamento. Por um segundo, eu desejei que fosse eu ali sentada…

— Olá? Eu ainda existo! — Rosalie pediu fazendo um bico e fazendo todos cair na risada. — Porque todo mundo fala primeiro com o bebê e depois comigo? Isso quando lembram de falar comigo…. — ela deu um olhar acusador para Edward.

— Calma, você nem deixou eu terminar. — Edward sorriu. — Oi, grávida linda. — ele depositou um beijo na testa dela.

— Ok, agora também não me chamam mais pelo nome.

— Oi, Rose. — A cumprimentei fazendo ela sorrir.

— Por isso que eu gosto da Bella… — fez uma careta para Edward e indicou com a mão para eu me sentar ao seu lado. — Tchauzinho; papo de meninas.

— Agora eu que fui traído, isso que dá ser cavalheiro. — ele saiu fazendo o mesmo bico que Rose tinha feito, me fazendo me apaixonar ainda mais.

— E então, ansiosa? — perguntei alisando sua barriga. Porque nós temos sempre que alisar a barrigas das grávidas? (N/B: Também não sei… É estranho e nojento de um jeito esquisito :/)

— Sim, ele não me dá sossego. — ela pousou sua mão encima da minha. — O programado seria para daqui a uma semana, mas o apressadinho quer nascer antes do tempo.

— Imagine se fosse dois querendo nascer antes do tempo? — questionei, imaginando a possibilidade de ser gêmeos, já que, por ela ser uma gêmea, a probabilidade é bem grande.

— Nem quero imaginar uma coisa dessas… — riu. — Quando eu descobri que estava grávida, Emmett disse logo que seriam gêmeos, mas, para infelicidade dele, só é um meninão… Nosso Henri.

— Mas vocês podem continuar tentando. — ofereci, imaginando não só um casal de gêmeos, mais várias miniaturas de Rose e Emmett.

— Se depender do Emmett… Ele quer um time de futebol. — olhou para ele que estava do outro lado batendo papo com Edward. — Mas eu quero relaxar um pouco. Vou deixar a responsabilidade de ter gêmeos para você.

— Vou tentar não imaginar isso… — limpei a garganta e dei uma risada um pouco nervosa. Olhei para Edward, e, como se ele percebesse que eu o estava observando, me olhou e deu sorriso de canto de boca.

— Vocês se comunicam através de olhares… como se fossem escudos, ímãs. — ouvi Rose falar, mas eu não estava prestando atenção. — Bella?

— Sim? — olhei para ela de volta, tendo uma visão rápida de Edward sorrindo.

— Eu sou muito observadora, acho que você já percebeu isso. — ela disse, me fazendo lembrar quando eu a conheci no hospital e ela disse que Edward estava apaixonada por mim. — Ele olha para você como se soubesse o que você estava pensando e você responde ele da mesma forma.

— Eu nunca tinha percebido. Isso é bom?

— Eu não sei explicar, é mais do que uma atração… Com uma simples troca de olhares dá para perceber milhares de emoções passar por vocês dois. — olhei para ela, mas ela estava olhando para Edward, que tinha voltado a ficar de costas para nós. — Você deve está me achando louca, ou uma boba romântica… Talvez sejam só os hormônios.

— Não, eu entendi perfeitamente o que você quis dizer. — me virei para ficar de lado para ela. — Eu já pensei nisso também, mas eu achei só que era coisa de mulher apaixonada… — revirei os olhos. — É meio que…

— … Intenso. — ela completou. Concordei com a cabeça. — É diferente com você do que quando era com Tanya. É claro que seria muita insensibilidade minha comparar…

— Eu sei, e não me importo. Tanya foi muito importante para Edward e eu sei o papel que ela teve na vida dele.

— Mas eu tenho que te agradecer, Bella, por tudo. — ela disse pegando a minha mão. — Meu irmão pode parecer ser forte, sabe? Na verdade ele é muito forte, se não fosse, ele não estaria aqui. Esse jeito brincalhão, totalmente seguro… Ele é maravilhoso, né? — ela deu risada — Mas só ele sabe o quanto foi difícil tudo. Eu nunca o vi tão leve, com uma alma tão tranquila… Sem contar com esse brilho nos olhos. Nem antes de acontecer tudo, ele não era assim.

— Eu não fiz nada com o Edward, Rose. Foi ele que fez em mim… Edward é tudo de mais precioso que eu tenho. — baixei a cabeça e olhei as minhas mãos. Eu nunca fui muito boa de falar de sentimentos, e confessar algo assim, tão íntimo, também não era algo que eu costumava fazer.

— Eu gosto de você, Bella, gosto muito. Desde o primeiro dia que a vi no hospital. Parece estranho, mas eu já senti que teríamos alguma conexão.

— Obrigada, Rose, você também é muito… especial para mim. — sorri em resposta.

— A comida está pronta, miei amori. — Esme gritou com a voz bem moldurada com energia, fazendo todos soltarem pequenos sorrisos e risadas.

— Seja bem-vinda a família Cullen, Bella. — saudou Rose enquanto se apoiava no meu braço para se levantar. — Somos um pouco barulhentos, porém temos um coração enorme.

(…)

Depois de almoçarmos uma deliciosa massa italiana, Esme preparou um pudim, chamado Panna cotta, que também era italiano. Se eu ficasse uma semana na ali, provavelmente as minhas calças não entraria mais.

A tarde foi chegando e Esme e Carlisle começaram a contar fatos da infância de Edward, me deixando extremamente interessada. E enquanto eu estava me deliciando com a linda paisagem que o jardim da família Cullen me proporcionava, o clima mudou de bom para extremamente insuportável. Frio e bastante chuvoso. Estávamos em Londres, não é mesmo? Eu não poderia me surpreender tanto.

Saímos do jardim e nos refugiamos dentro de casa. Ela conseguia ser ainda mais linda por dentro. Com as paredes e moveis em tons neutros, alguns objetos coloridos e plantas nativas, imprimia delicadeza e personalidade ao local - sem contar com as esculturas e os quadros que parecia estar em todos os lugares. Nada muito exagerado, simples, mas, ao mesmo tempo, muito elegante.

Estávamos aconchegados na sala dos pais do Edward enquanto Esme estava na cozinha – provavelmente fazendo algo para nós comemos, de novo –, Carlisle estava acendendo a lareira (sim, lareira. Eu sempre achei lindas as casas com lareira. A lareira faz com que tudo se torne mais aconchegante, mais família.), Rosalie estava deitada em um sofá, com Emmett acariciando a sua barriga (eu tinha a impressão que ela ia dar a luz a qualquer momento, jugando pelo tamanho que a barriga dela estava), e Edward estava ao meu lado, me aquecendo do frio. Estávamos sentados no outro sofá, eu com a cabeça encostada no seu ombro, e ele com o braço em volta da minha cintura. Ele estava brincando com os meus dedos, tentando estalá-los.

Amori miei, fiz chocolate quente para nos aquecer um pouco. — Esme apareceu com uma bandeja com várias canecas, entregando uma para cada um.

— Sua mãe vai me deixar mau acostumada. — disse baixinho no ouvido de Edward.

— Ela é sempre assim... — ele riu, pegando duas canecas e me entregando uma. — E você não pode nunca, em hipótese alguma, dizer que não quer, sem uma boa justificativa.

— Ok, já vi que eu não tenho escolha. — Tomei o primeiro gole do chocolate, e estava excelente.

Esme se sentou em uma poltrona a frente, fazendo sinal para Carlisle se juntar a nós também.

— Bella, amore mio, e seu pais? — sorri com a forma doce dela me chamar de amore mio. — Meu bambino me falou quase nada sobre eles.

— Meu pai faleceu quando eu tinha cinco anos.

— Oh, querida, pardono. — ela se desculpou, com o rosto cheio de sentimento.

— Tudo bem, faz bastante tempo. — sorri para ela, mostrando-lhe que estava tudo bem. — E minha mãe... — limpei a garganta e continuei. — Ela está morando na Itália. — tentei ser o mais breve possível, e senti Edward segurando a minha mão.

— Oh, Itália? — ela abriu um sorriso. — Vejo que já temos algo in comune. Não vejo a hora di incontrarla. — Sorri em resposta, esperando que ela se contentasse só com isso.

Eu não sei se minha mãe e e Esme se dariam bem. Elas são tão diferentes, duas pessoas totalmente opostas, e eu não sei muito bem no que esse encontro iria resultar.

— Vocês todos irão dormir aqui, não é? — perguntou Carlisle. Eu agradeci internamente por ele ter mudado o rumo da conversa.

— Claro! Come non pensare nisso?! Eu quero todos aqui perto de mim. Esse tempo está muito traiçoeiro.

— Voltando aos velhos tempo e dormindo na casa da sogrinha. — Emmett falou pela primeira vez, fazendo todos rirem como sempre.

— Você se importa de dormir aqui? — Edward perguntou no meu ouvido.

— Claro que não. — afirmei, sorrindo enquanto dava um beijo na sua bochecha.

A chuva continuava, e, depois de Esme me contar milhares de manias de Edward, fazendo ele ficar sem graça às vezes, e mostrar inúmeras fotos dele quando criança - inclusive as milhares que ele tem pelado - achamos que era melhor deitarmos. Rosalie já estava dormindo e Carlisle já tinha se encostado em algum lugar também.

— Chega, já estou ficando depressivo com essas fotos. — Emmett resmungou, se levantando. — Tomara que meu filho nasça a cara do pai gato, porque se parecer algo com esse tio quando era pequeno, eu entro em depressão.

— Oh, Emmett, para com isso. Olha que gracinha. — mostrei a foto de Edward com mais ou menos cinco anos brincando de bicicleta. Olhinhos verdes, cabelo alto e liso, com o queixinho quadrado e um sorriso apaixonante.

— Essa ele está até apresentável... Porém, o tempo faz bem a todos.

— Eu sempre fui gato, Emmett, pare de se fazer de difícil e assuma. — Edward disse, fazendo eu e Esme rir ao mesmo tempo.

— Haha, muito engraçado. Vou dormir, prefiro cuidar da minha mulher e meu filho. Vamos, querida. — ele se levantou e levou Rose junto com ele.

— Acho que está na hora mesmo. — Edward se levantou e eu fui junto com ele. — Mama, já vai se deitar?

— Sim, amore mio já estou andando.

— Então, vamos. — Edward falou, segurando a minha mão. — Já estamos indo, mama, boa noite!

— Boa noite, Esme. — desejei para ela.

Buona notte! — ela respondeu e seguimos para o andar de cima.

Bem parecido com a decoração da sala, o andar de cima consistia em um corredor estampado de quadros, com várias portas e uma escultura linda no final.

Edward parou na terceira porta e abriu. O quarto não muito grande, tinha cores claras, uma cama de casal e uma outra porta onde devia ter um banheiro. Uma escrivaninha e uma pratilheira cheia de carrinhos e brinquedos de meninos completava o quarto. Edward reparou que eu estava olhando os brinquedos e disse:

— Eu tentei mudar algumas coisas depois da adolescência, mas minha mama disse que eu não poderia tirar tudo. Então eu deixei os carrinhos, que me dão lembranças boas toda vez que eu venho aqui.

Continuei a minha inspeção pelo quarto. Na parede da frente tinha uma janela enorme com uma cortina de persiana, uma abertura que parecia a entrada de um closet e do outro lado uma estante repleta de livros. Acima da cama, tinha um painel com várias fotos. Cheguei perto, e olhei cada uma. Tinha algumas de Edward com amigos, com o Jasper, fotos dele mais novo - bem mais novo -, umas com Rosalie e Emmett e muitas outras que eu não consegui identificar ninguém.

O quarto dele estava repleto de lembranças. A cada canto tinha algo da sua infância. Percebi que eu não tinha mais nada da minha infância. Só restou lembranças gravadas na memória. Reneé tinha vendido a casa, levando toda a minha vida junto.

— Posso saber o que a senhorita está pensando? — ele perguntou me abraçando por atrás.

— Nada demais, só estou vendo as suas fotos mesmo.

— Você é uma péssima mentirosa. — me virei para olhá-lo.

— Você me conhece muito bem.

— Seria impossível não conhecê-la. — ele colou seus lábios ais meus. — O que foi?

— Nada demais, como eu tinha dito... Eu só que eu senti falta da minha casa. Casa essa que não existe mais... — completei. — Essas lembranças, fotografias... não tenho mais nada.

— A casa não foi demolida, você poderia comprá-la, seja da mão de quem for.

— Não importa; por mais que eu tenha saudade, hoje não faz mais sentido assim... Olhar para frente, lembra?

— Claro, minha linda e pequena sábia. — ele sorriu e me levou para a entrada que era realmente um closet. — Eu não tenho muita coisa minha aqui, mas eu acho que consigo uma camisa minha para você vestir. Pronto, achei. — ele me entregou uma camisa de botões branca. — Eu vou lá embaixo, ver se minha mama trancou tudo. — ele deu um beijo na minha testa e saiu.

Ele não tinha me falado se eu podia usar o banheiro, mas, mesmo assim, eu sai do closet e fui em direção a outra porta, no intuito de tomar um banho. Apesar do tempo estar bastante frio, um banho não cairia mal. Tirei a roupa, torcendo para água do chuveiro ser quente... Ah, sim, era quente. Muito melhor. Prendi meu cabelo em um coque, com medo de molhá-lo. Terminei de tomar banho, me enxuguei e vesti a camisa do Edward. Como eu esperava, estava com seu cheiro. Eu não sabia onde deixar a roupa suja, já que na minha bolsa não cabia. Então, dobrei e deixe elas devidamente arrumada em um canto do banheiro.

Quando sai de lá, Edward ainda não tinha voltado, então fui em direção a janela e comecei a olhar a vista. O tempo tinha melhorado. Chovia um pouco, mas ainda estava bastante frio. Fechei a janela, e, quando olhei, Edward estava na porta me encarando.

— Apreciando a vista? — perguntei, e ele veio na minha ao meu encontro.

— Com certeza. Eu estava vendo como essa camisa ficou bem e você.

— Ah, é? Eu também concordo. — eu disse, jogando os braços em volta de seu pescoço.

— Está com frio?

— Um pouco. — admiti.

— Eu já liguei o aquecedor, apesar que eu não iria deixar você passar frio a noite, se é que você me entende. — ele insinuou, apertando os seus braços ao meu redor.

— É claro que você não deixaria eu passar frio. — sorri. O calor do seu corpo junto o meu, já tinha me deixado aquecida.

— Eu vou tomar banho; fique a vontade, está bem?

— Uhum. — respondi.

Ele me soltou devagar e foi em direção ao banheiro.

Fui a procura da minha bolsa. Onde ela estava? Eu não tinha a levado para o quarto, então devia estar lá embaixo. Mas não precisei ir para o primeiro andar; encontrei-a em cima da escrivaninha. Edward a tinha trago.

Abri e procurei meu celular. Como eu imaginava, tinha várias ligações perdidas. Estava no silencioso, por isso que eu não ouvi. Dez ligações de Alice - é, ela já devia ter chegado -, três ligações de Jacob e uma mensagem que dizia:

Estou chegando amanhã em Londres. Não sei o horário ao certo. Aguardo a minha resposta. Espero receber um sim... Estou vibrando só de imaginar no sucesso que pode ser. Até breve!

Jacob

Jacob... Eu tinha me esquecido completamente dele. Uma semana tinha se passado desde que ele me fez a proposta de dançar com ele e eu nem tinha pensado nisso. Não falei com Edward, não conversei com Alice e nem com Gianne. O que eu iria dizer a ele? E o que Edward acharia disso, sendo que ele e Jacob não se dão bem?

Coloquei o celular de volta na bolsa, puxei o edredom acima da cama e me enfiei debaixo dele. Droga! Eu devia ter pensado nisso com calma... Eu tive tanto tempo para pensar nisso e simplesmente me esqueci completamente. Eu deveria já ter uma resposta, mas, passando a proposta na minha cabeça novamente, eu não conseguia tomar uma decisão.

A porta do banheiro se abriu e Edward saiu enxugando o cabelo com uma toalha e vestindo somente uma calça de moletom cinza. Estava fazendo frio, porque ele não vestia uma camisa? Na verdade, era melhor não pôr... Ele ficava bem melhor assim.

Ele deitou na cama e eu me aconcheguei em seu peito. Como eu iria falar isso com ele? Já tinha passado alguns minutos, e eu permanecia calada ao seu lado.

— Eu não gosto quando você fica assim... tão calada. — ele disse, passando a mão por meu cabelo.

— Bom... é que... — comecei a dizer, mas Edward me interrompeu colando sua boca na minha.

Seus lábios encontraram o meu com urgência e ele já estava por cima de mim. Antes que eu não tivesse escapatória, forcei o seu corpo para baixo e troquei de posição ficando por cima dele. Dei um beijo leve nos seus lábios e sentei no seu colo.

— Eu preciso te contar uma coisa. — comecei. Ele levantou, fazendo que os nossos rostos ficassem na mesma altura.

— Me conte, então. Pela sua cara, não deve ser nada bom.

— Não, na verdade é bom. É só que eu não sei como começar.

— É muito simples, do inicio sempre. — ele sorriu.

— Ah, claro, como eu não pensei nisso antes?! — disse, soltando uma risada nervosa. Suspirei e comecei: — O Jacob me ofereceu uma proposta de dançar com ele o seu mais novo balé, na companhia que ele está dirigindo em Nova York.

— Sério? — ele perguntou, inclinando a cabeça levemente para o lado.

— Sim, ele me implorou na verdade, e eu fiquei de dar a resposta para ele depois. Mas acabei não pensando muito nisso. — puxei meu cabelo, desmanchando o coque frouxo bagunçado, e tentando arrumá-lo novamente.

— E então, você vai?

— Eu não sei... O que você acha sobre isso?

— Não importa o que eu acho, Bella... Você quer ir? — ele questionou, puxando uma mecha do meu cabelo que tinha saído do coque, colocando atrás da orelha.

— Eu acho que sim. Mas, é que...

— É que, o que, Bella? — ele me interrompeu, me deixando mais nervosa ainda.

— Por mais que eu queria, eu não sei se quero que tudo volte novamente. A pressão, a cobrança... Não deu certo antes, nunca deu certo.

— É esse o seu medo, Bella? Sério mesmo, porque eu não estou acreditando que eu estou ouvindo isso de você.

— Eu tenho medo, Edward! — berrei e coloquei a mão na cabeça. — Eu tenho medo de jogar tudo fora, de acabar com tudo que eu consegui até agora.

— Meu amor... — ele me abraçou. — Esse seu medo vai te atormentar a vida toda se você não tentar. A vida é cheia de riscos, e às vezes sair da zona de conforto é necessário. Porém, você quer voltar... Você quer dançar novamente? Porque, se você realmente não quer, essa nossa conversa é realmente em vão.

— Sim. Apesar de tudo, eu sinto saudades. Eu já tinha me acostumado a dar aulas, mas depois que o Jacob veio, eu percebi que eu quero... tentar novamente.

— Eu acredito em você, e se é isso que você quer, eu te apoio integralmente. — ele afirmou, acariciando o meu rosto.

— Você não se importa, por ser o Jacob? E Nova York não é tão perto assim...

— O Jacob? — ele riu. — Ah, não, apesar dele ser bonitão, eu não ligo para isso, Bella. — ele sorriu torto, de uma forma encantadora. — Ah, e quem se importa com a distância de Nova York e Londres? Isso não vai ser empecilho algum para nós dois, vamos dar um jeitinho.

— Você não devia dizer isso... eu esperava que você gritasse, me chamasse de egoísta e ordenasse que eu não deveria ir.

— Eu nunca, em hipótese alguma, faria isso. Eu posso te orientar, te dar conselhos, mas a escolha é sua, Bella. E, se é isso que você quer, o minimo que eu devo fazer é te apoiar.

— Você não existe, Edward... — empurrei-o, o deitando na cama, e colei meus lábios aos seus. — Você é a melhor coisa que já me aconteceu.

— Eu te amo, minha bailarina... — ele passou os braços a minha volta. — E você sabe que no dia da sua apresentação eu vou está lá, aplaudindo de pé, na primeira fila, com um buque imenso de rosas vermelhas, né?

— Não poderia ser melhor. — afirmei.

Permaneci ali, aconchegada nos braços de Edward, porque ali, sim, era um lugar que eu amava estar e no qual eu me sentia mais segura.


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Notas finais do capítulo

Roupa da Bella: http://www.polyvore.com/cap.28_almo%C3%A7o/set?id=114000160

E então, gostaram? Fantasminhas, quero conhecer vocês lindonas.
Vejo vocês nos reviews gatinhas.
Boa Pascoa a todas, e cuidado para não exagerarem no chocolate hahahahahhahaha
Um beijo e até logo :)



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