Com a Bola Toda escrita por Machene


Capítulo 6
Ajuda Muito Bem-vinda




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Cap. 5

Ajuda Muito Bem-vinda

{Gabriele Pov’s/Brasil, sexta-feira}

Gabriele – Queria me ver técnico Philippe?

Philippe – Sim senhorita Monterrey. Entre, por favor.

Como ele pede, eu entro na sala. Não sei o que ele quer falar comigo, mas as chances desse assunto não ser coisa boa são grandes. A certeza é que não pode ser pelo futebol, porque eu sou a melhor jogadora que já entrou no time desde a sua formação, como ele mesmo já diz!... Chego perto e sento na cadeira em frente à dele. Terno preto, papéis sobre a mesa e copo d’água. O que quer dizer? Na tradução: eu sei o que você fez e vou tomar uma atitude sem ressecar a garganta.

Philippe – Senhorita Monterrey, chegou aos meus ouvidos a informação de que você está treinando mais do que deveria. O nosso treinador físico, o senhor Ariga, está preocupado com o seu esforço, embora eu ache a sua determinação interessante. – acho que eu me enganei – Ainda assim – ele pega os papéis sobre a mesa, analisando -, ele disse que o lado esquerdo do seu corpo, que tem os músculos mais fracos, está ficando balanceado mais depressa e acha isso bom. Mas, como de praxe, eu deveria perguntar se alguma coisa a incomoda. Tem algo de errado ocorrendo?

Gabriele – Não senhor. – apresso-me em responder, mas ele desconfia.

Philippe – Tem certeza? Você chuta a bola e mira o gol como se estivesse vendo o rosto de alguém. Por que está tão desesperada para ganhar massa muscular? – suspiro, revirando meus olhos e cruzando os braços.

Gabriele – Olha senhor Philippe, isso é problema meu. – ele suspira também e se debruça sobre a mesa devagar, ainda com as mãos juntas e fazendo a cadeira ranger.

Philippe – Eu não vou insistir; você tem direito de não querer contar, mas se ficar afetada, todo o seu esforço não valerá a pena no final! Eu gostei de você, quero vê-la vencendo o próximo campeonato! Seja o que estiver te incomodando, não deixe que isso suba a sua cabeça! – suspiro e sorrio com o canto dos lábios, fazendo-o sorrir também e desfazer o laço nas mãos.

Gabriele – Obrigada. – descruzo os braços – Mas o meu problema não é algo que eu possa simplesmente deixar pra lá. Não dá...

Philippe – É algo muito grave? – olho para os lados até encará-lo de novo.

Gabriele – Não é que seja grave. Mas eu dei a minha palavra a um cara que vou vencer o próximo campeonato. É realmente o que mais quero! Mas, pra conseguir isso, eu tenho que me esforçar para entrar naquela lista do senhor Katagiri, a de pré-escalação. Não precisa entender, mas se o senhor quer ver o meu pé chutando a bunda de todos aqueles babacas dos outros times, e mais especificamente a do Kojiro Hyuga, eu peço o seu apoio. – droga; acabei de me entregar – Sim, antes que diga alguma coisa, foi com aquele idiota que eu fiz a disputa de vencer o jogo, e por diversas razões eu estou com uma vontade louca de esganá-lo!

Philippe – Oh, é mesmo?! – ele ri – Bem, eu poderia dizer que isso não é muito saudável, mas se a sua força de vontade e este espírito de luta nos levar à vitória, eu não vou falar nada.

Gabriele – Ótimo. – se depender de mim, a conversa está encerrada – É só isso?

Philippe – Não. Eu também gostaria que você liderasse o nosso time Gabriele.

Gabriele – O que? – ai meu Deus – É sério? – o meu sorriso está evidente.

Philippe – Sim. Você está claramente mostrando liderança, eu gosto disso! Se a ciência já não tivesse diagnosticado os homens como fisicamente mais atléticos, apostaria que...

Gabriele – Eu não acredito nisso. O único motivo de terem começado com esse “boato” é porque na época as mulheres ainda não tinham tido o bom senso de entrar no Guinness dentro da categoria de Levantamento de Peso. – ele ri – Se quer me colocar como líder, eu aceito com o maior prazer, mas como fica o meu time em Jyrdan? Elas precisam de alguém na liderança e eu estou aqui apenas em período de experiência. Como a mídia vai lidar com isso?

Philippe – Neste caso, você poderia fazer como Kojiro Hyuga e deixar outra jogadora do time de sua confiança em seu lugar. – levanto da cadeira como se tivesse recebido um choque.

Gabriele – Largar meu time? – e de fato levei um choque – Isso não! Nunca!

Philippe – Fique calma, você não me entendeu! – ele direciona a mão para a cadeira – Por favor, sente-se. – resmungo e sento de novo, cruzando a perna direita e os braços – Nesse caso, senhorita Gabriele, eu acho que você não tem outra escolha. Você quer ser a melhor do mundo, não é?! – o sorriso dele é irritante, mas tem razão – Eu garanto que não vai encontrar um time onde se sinta tão bem acolhida e tenha tantas oportunidades quanto aqui. Se jogar pelo Brasil, o seu nível de experiência se ampliará, isso eu posso garantir! Além disso, não estou pedindo que largue o seu time. Eu imagino o quanto vocês devem ter se esforçado para conseguir, ao menos, reconhecimento dos outros times... O que estou sugerindo, senhorita Gabriele, é que deixe suas amigas se virarem sem você por um tempo. Um time não pode depender somente de um ou dois jogadores. Elas vão precisar aprender a se esforçar por conta própria, e se tiverem a consciência disso, todas concordarão com seu ingresso no time brasileiro. – acho que não posso argumentar contra isso – Vamos fazer um acordo... Se não se sentir bem no time, você pode voltar quando quiser para o Hotter. Quanto à mídia, pode deixar, disso cuido eu. Você não sairá prejudicada.

Gabriele – Ah é?! – pauso séria – Mas uma coisa eu te garanto senhor Philippe, eu nunca me sentirei tão feliz quanto no meu próprio time. Elas são a minha família.

Mas espera um pouco!... Será que foi isso que aconteceu com Kojiro? Se o convite que ele recebeu foi dado desta forma, também deve ter pensado que estava na hora dos garotos correrem sem ele, com as próprias pernas. Nesse caso, por que ele não me disse isso quando foi embora? E aquele sorriso? O sorriso dele quando foi embora... Aquilo acabou muito estranho. E se ele disse que o time não ia se importar quando descobrisse que ia para Braja... Eles também deviam estar sabendo de tudo e o apoiaram...

Então, se eu optar pelo mesmo caminho que o dele, serei tratada assim?

Gabriele – Olha... Sobre a proposta... Eu vou pensar um pouquinho. Quando estiver tudo ok na minha vida, eu digo pro senhor. Tá bom assim? – levanto da cadeira.

Philippe – Como queira. – ele também levanta e me estende a mão, sorrindo – Mas não vá pensar demais, senhorita Gabriele. Esta é uma oportunidade única.

Gabriele – Sim, eu sei... – aperto a mão dele e saio, fechando a porta devagar – O que devo fazer? – suspiro, me arrastando pelo corredor de volta ao campo – Se era tudo isso que estava passando pela cabeça do Kojiro quando partiu e aceitou ser capitão do Filiam, por que nenhum dos rapazes me contou? Será que as garotas também sabem dos reais motivos dele? E... AH, eu tenho que parar de falar sozinha! – eu passo as mãos no cabelo e paro de andar, olhando para o lado – Ah, é a sala do senhor Ariga... Pensando bem, talvez seja bom falar com ele sobre o meu rendimento físico. – bato na porta e escuto a permissão necessária pra entrar – Oi senhor Ariga.

Ariga – Olá Gabriele! – ele sorri – Está servida de um café? Eu mesmo fiz.

Gabriele – Valeu. – pego a xícara e assopro para diminuir o calor, sentando na cadeira ao lado dele – Eu soube que já andou me dedurando para o técnico. – ainda de pé, ele ri.

Ariga – Só estou um pouco preocupado. – confessa, bebendo o café – Confesso que todo o seu rendimento está satisfatório, mas eu fiquei imaginando o porquê de estar tão “empolgada”.

Gabriele – A curiosidade matou o gato e o treinador... – eu suspiro e ele ri de novo, então bebo mais um gole do meu café – Devia ter perguntando pra mim diretamente.

Ariga – E você me responderia? – fecho os olhos e faço um bico, abaixando a cabeça, e ele ri outra vez – Você é reprimida emocionalmente, não é?!

Gabriele – E você ri demais!... – Ariga senta ao meu lado em outra cadeira – Se eu fizesse uma pergunta hipotética, poderia me responder sinceramente e deixaria a conversa entre nós?

Ariga – O que quer saber? – ele não respondeu, mas eu acho que dá pra confiar nele.

Gabriele – Vamos supor que eu conheça um cara... – começo, ainda com a cabeça baixa e alisando a xícara – Ele tem uma namorada horrível, mas que não tem medo de ser ela mesma. E vamos imaginar também que eu tenho um ex e, ao contrário dela, ele nunca se mostrou na real, como é. Digamos que ele, o meu ex, queira voltar comigo depois de ter perdido tudo aquilo pelo qual lutou e omitiu o seu verdadeiro eu. Mas agora eu não posso, porque estava saindo com um cara, que antes era capitão de um time e virou técnico há pouco, e esse cara tem uma inimizade com o primeiro, o que tem uma namorada horrível. Então eles se pegam o tempo todo...

Ariga – Resumo: Kojiro Hyuga está namorando Natasha Petrovity e Willem Arminius é o seu maior rival. Você está indecisa se deve ou não voltar com Justin Treitor depois de começar a sair com Willem, porque agora que Natasha lhe mostrou como as pessoas podem esconder sua verdadeira personalidade, percebeu o quanto Justin gostava de você? – AI MEU DEUS!

Gabriele – O que? – levanto a cabeça de uma vez e balanço para os lados – Claro que não! Aquilo foi só uma suposição! Você... – é... Pelo sorrisinho dele não dá pra enganar, mas ele está muito calmo enquanto bebe seu café – Ok, ok, me pegou! É verdade!... – suspiro, pondo a xícara sobre a mesa atrás de mim – É isso mesmo. Normalmente eu não contaria isso para ninguém, e menos ainda a um homem, mas estou entrando em curto por causa do Kojiro... – suspiro outra vez – Mas como soube de tudo isso?

Ariga – Ficaria surpresa com o número de informações que os repórteres conseguem.

Gabriele – Sei... – ele bebe mais um gole de café e deposita sua xícara ao lado da minha.

Ariga – Você quer saber o que deve fazer agora? – eu o olho de relance e ele nega com sua cabeça, sorrindo e arrastando a cadeira mais para perto de mim – Gabriele, você não está dando devida atenção ao que realmente importa. – pausa – Escute... Eu apenas explico aos jogadores o que há de errado com eles no seu físico. Ninguém nunca veio me pedir conselhos amorosos, com ou sem desespero, mas me parece que o seu problema é simples de resolver e você só não sabe a maneira certa. – ele junta as mãos – Está pensando no que é realmente certo. Se voltar com seu ex, Willem pode ficar chateado, mas se não der uma segunda chance a Justin nunca saberá se a mudança dele é verdadeira. E quanto a você? Quais as suas vontades? O que você quer? Quem você ama? – não sei se posso responder a nenhuma dessas perguntas com clareza agora.

Gabriele – Estou entendo... – que conversa filosófica – No momento e na minha vida toda, eu só me concentro no futebol. É a minha vida! E eu devo isso à minha mãe, Emília. – suspiro e sorrio – Talvez, porque ela vá se casar agora, em um casamento duplo com meu tio Mark, essa confusão toda tá acontecendo na minha cabeça... É difícil saber que ela terá uma vida paralela a minha, que isso não vai me incluir sempre. Ela vai ter um marido, filhos com seu sangue... Eu e todas as outras garotas sempre sonhamos com isso, especialmente porque muitas de nós somos órfãs, e agora que tenho oportunidade, com dois homens interessados em mim, não sei qual dos dois escolher! É um mato sem cachorro! – ponho as mãos na cabeça e rosno irada, então Ariga e sua pose de quem não quer nada pigarreiam.

Ariga – Eu posso estar sendo um pouco enxerido agora, mas... – pausa – E Kojiro Hyuga?

Gabriele – O que tem? – engrosso a voz e ele claramente percebe o quanto o assunto irrita.

Ariga – Ele estava incluindo no seu... Relato pessoal... Ele não era seu parceiro?

Gabriele – Disse bem, ERA! – Ariga segura uma risada e eu reduzo a cara feia – Passei a me questionar todos os dias o motivo dele ter nos abandonado, mas eu começo a pensar que tem coisa podre no meio disso... – encaro-o – O senhor Philippe quer que eu lidere o time feminino.

Ariga – Para o campeonato? – ele sorri e eu confirmo – Parabéns! Que oportunidade!

Gabriele – É, mas eu ainda não sei se vou aceitar. O senhor Philippe disse que eu devo me concentrar no meu futuro, e que se as minhas amigas forem amigas de verdade vão entender as minhas decisões. Eu comecei a pensar no Kojiro e na razão dele ter abandonado o Fuji. De fato, ele talvez não tenha abandonado... Ouvindo a proposta do senhor Philippe, e uma amiga minha, eu imaginei as opções do Kojiro quando aceitou ser o capitão permanente do Filiam. Ele é quase o pai da sua família. Todo o luxo que eles têm hoje veio do esforço dele. E o Kojiro, quando se foi, disse que queria melhorar o seu estilo como jogador. O treinador dele, aquele técnico Kira, foi o único apoio que ele teve quando estava se tornando um talento, então Kojiro já está acostumado. Além das suas ambições, sonhos, e a preocupação familiar... Eu também pensei “caso eu aceite a proposta de treinar o time feminino da Sonore, não é como se eu estivesse deixando o meu time permanentemente”... E tudo é para o programa de intercâmbio... Quando o prazo acabar, quem sabe como vão ficar as coisas. Nós podemos voltar ao nosso lugar no antigo time, se quisermos! Então... Kojiro pode voltar se quiser, dentro de um ano. – pauso; já estou observando meus pés com muito interesse faz tempo – Mas ele volta se quiser. E aí eu comecei a pensar também “e se o que oferecerem pra ele lá for mais tentador?”, “e se ele escolher ser do Filiam”, “e se preferir a Natasha”... – opa, falei merda – Ai!... Esquece a última parte!

Ariga – Você gosta do Kojiro Hyuga, não é?! – rápido, pega a faca antes que ele conte pra alguém – Não precisa se preocupar. Eu não vou contar nada a ninguém.

Gabriele – Não que a essa altura do campeonato as pessoas não achem que temos alguma coisa... Natasha me fez de sua inimiga pessoal publicamente quando nos conhecemos! Se eu não tivesse declarado o namoro deles, oficialmente, para a imprensa durante o baile de debutantes, a guerra ainda estaria ocorrendo! – suspiro, irritada – Mas pra quê mais negar? Sim, gosto dele!

Ariga – E você sabe dizer qual é o nível desse seu gostar?

Gabriele – Acho que não é da sua conta! – Ariga ri da minha cara emburrada.

Ariga – Só é interessante que você se lembre de uma coisa Gabriele. O amor é avassalador. Ele te pega quando menos se espera! Seria quase como uma rasteira no campo. Se você for forte o bastante para vencer os seus adversários em campo, pode marcar o gol da vitória. – acho que o irmão do treinador Mendes também é amigo da minha filosófica mãe – Talvez agora você não se ache boa o bastante, mas para provar a todos que é não pode ter medo de pisar na jaca de vez em quando. Se precisar gritar, grite! Se tiver que ferir alguém dizendo a verdade, diga! Você, pelo que sei, nunca teve problemas para expressar as suas opiniões. – nós rimos – Continue assim e você vai descobrir de quem gosta e quem realmente gosta de você. Basta lembrar que os amigos são para sempre... Encontre uma pessoa que te faça se sentir tão especial e confortável quanto o seu time, as suas amigas. – ele pausa – Qual deles seria?

Gabriele – Nenhum. – respondo rapidamente, e enquanto ele estranha eu sorrio – Mas eu sinto que pude ser eu mesma com todos. Em parte, porque eu sou respondona mesmo, como diz a mamãe. – nós rimos de novo – Mas também, entre os três, o Kojiro foi o meu maior cúmplice. – suspiro, fazendo pausa longa – Posso fazer uma ligação aqui? – Ariga estranha essa mudança de assunto, mas direciona a mão ao seu telefone – Não se preocupe. Eu uso meu celular mesmo. – tiro-o do bolso e Ariga se levanta, indo mexer em qualquer coisa no computador – Selena?

Selena – “Ah, Gabriele?! Como você tá? Eu vou pôr o viva-vos. As meninas estão loucas pra falar contigo!” – escuto uma tecla sendo apertada e em seguida um barulho enorme.

Deise – “Gabi! Faz tempo que você não nos liga, traíra!” – agora eu estremeci pelo título.

Camila – “Gabi! Tô sentindo sua falta!”. – acho que elas nem iam escutar se respondesse.

Yayoi – “Como está tudo com você e a Sanae?”.

Natália – “Soubemos que você arrancou a blusa no primeiro dia de treino.”.

Flora – “É a cara dela!” – a safada ri – “Queria ter visto!”.

Gabriele – Foi uma ideia de última hora. – nós rimos – Sabiam que, se tudo der certo, tio Mark e a Talita vão ser escolhidos como membros oficiais da Comissão de Carnaval? Parece que Roberto e tio Mark estão se ocupando com umas despesas extras e a técnica e Talita já estavam ajudando os outros carnavalescos com a música-tema da escola de samba, a Virgem de Ipanema. O samba-enredo ficou legal, eu já escutei. E adivinhem quem será o Intérprete?! – rufem os tambores ou os grilos – Roberto!

Gisela – “Verdade? O Roberto?” – todos exclamam surpresos.

Gabriele – Verdade verdadeira! Os Dirigentes da escola estão satisfeitos com o sucesso da gente no campeonato. Estão aproveitando que a nossa vitória está fresca pra nos colocar bem na linha de frente da Virgem de Ipanema, justamente a mais nova escola batizada do evento.

Shingo – “Eu sou o único que não está entendendo nada?”.

Gabriele – Os brasileiros aí explicam pra vocês depois. – todos concordam.

Lupita – “Vem cá, que história é essa de nos convidar para sambar no Carnaval?”.

Anastásia – “Ah é! Oliver acabou de nos contar o que a Sanae disse. Que papo é esse?”.

Elaine – “Garanto que não vão ter a minha participação.”.

Gabriele – Calem a boca! – eu grito e senhor Ariga segura uma risada – Eu estou ligando justamente pra falar sobre isso. O tio Mark avisou que algumas dançarinas quebraram a perna, engravidaram, ou sei lá o que... Ele soube disso logo no avião a caminho daqui, no primeiro dia, e até tentou dar um jeitinho no problema, mas como parte desse desfile exige que as dançarinas também façam embaixadinhas, não deu pra achar ninguém com as duas exigências. As garotas daqui ou sambam ou jogam, mas todo mundo sabe como é difícil ter corpo pra fazer todos dois!... Ah, e hoje de manhã chegou o aviso que uns rapazes da escola também se acidentaram!

Pierre – “Também? Foi um efeito dominó por acaso?”.

Gabriele – Meu amor, o que não falta aqui no Rio é gente pra se acidentar. Ou melhor, o que não falta é acidente para o povo se machucar! – Ariga e eu rimos.

Hikaru – “Gabi, tem mais alguém aí com você?”.

Gabriele – É o senhor Ariga, irmão do treinador Mendes.

Ariga – Olá pessoal! – ele grita e a galera grita de volta.

Karl – “Ah, isso lembra que o senhor Mendes pediu para o treinador Ariga repassar todas as informações que coletou para ele de novo. Parece que o computador dele travou e os últimos dados se perderam.” – Ariga confirma e corre para o computador, repassando o e-mail.

Gabriele – Bom... E então? Quais garotas e rapazes vêm pra cá?

Juan – “Uou! Como assim? Agora nós temos que ir também?”.

Gabriele – Me ouviu dizer que nós estamos com falta de dançarinos?

Alan – “Foi mal Gabi, mas isso parece enrolação!”.

Gabriele – Não é caô! – eles ficam uns segundos quietos – É gíria... Mas não é conversa!

Jun – “Está aí há pouco tempo e já aprendeu gírias?! E nos meteu no meio por quê?”.

Gabriele – Eu me entroso rápido. Sou do povão! E olha... Estava pensando nos shows que já fizemos e também achei que seria uma boa ideia a mídia nos mostrar com outra cara fora do campo ou dos eventos esportivos.

Oliver – “Eu disso isso a elas.” – na sequência, escuto um som esganiçado.

Gabriele – Ei, parem de enforcar o pobre Oliver! – o som pára – Como capitão do Fuji, ele é o trunfo para irmos ao campeonato! – pauso – É bom que vocês se lembrem do método muito bem utilizado do Katagiri pra selecionar os jogadores. Por causa da estratégia publicitária, todo jogador que tiver toda iniciativa de mostrar seus talentos fora do campo será mais bem avaliado. Isso começa com a quermesse no fim do ano e vai ao longo dos meses até o próximo campeonato.

Yoshiko – “Isso é verdade gente. A Camila e o Shingo já ganharam terreno para nós lá na quermesse, mas agora é conosco! Temos que mostrar nossos talentos!”.

Jamile – “Mas daí a desfilar... Eu não sei. É constrangedor.”.

Misaki – “Você tem quadris desenhados pra esse tipo de coisa Mile!” – no plano de fundo a vaia e Ariga e eu começamos a rir.

Gabriele – Isso tudo é inveja, é? – rio – O que vocês andam fazendo quando não estou aí?

Inara – “Não é da sua conta!” – as risadas atrapalham algumas falas e eu rio de novo.

Ken – “É melhor não saber mesmo, pra não se traumatizar!” – o povo grita e eu gargalho.

Brigite – “São quantas dançarinas, pra gente ter uma noção?”. – voltando ao assunto.

Gabriele – Cinco. A Sanae já avisou que não vai aceitar o convite, então...

Hannele – “Tudo bem, eu aceito ir!” – alguns assovios e aplausos vêm do plano de fundo.

Gabriele – Oh povo besta!... – eu sussurro e Ariga ri – Quem mais? – volto a elevar a voz.

Lui – “A Selena já se candidatou!” – é claro que ela não ia negar...

Gino – “Não pode nos dizer quais são os exatos cargos que estão faltando?”.

Gabriele – Sanae pode mandar uma mensagem pra vocês depois. Tenho que voltar para o treino, agora que fui convocada pra ser capitã permanente do time feminino brasileiro, Vita. – O QUÊ?! – com todo mundo gritando pelo telefone vai ser difícil explicar...

Continua...


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