Nossa Eterna Usurpadora escrita por moonteirs


Capítulo 57
Você tem alguém por quem lutar?


Notas iniciais do capítulo

Oi meus amores, voltei!
Desculpem pela demora é que aconteceram algumas coisas que me impediram de escrever a fic. Em todo caso, agradeço a todos pelos comentários e por sempre estarem aqui lendo os capitulos dessa escritora lerda.
Também queria agradecer a Mari Carter por ter recomendado a fic, muito obrigada linda. Seu texto me inspirou a continuar, muito obrigada.
Bom, mas chega de tanto falatorio não é verdade?
Boa leitura



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Durante os amargos dias que fiquei no hospital refleti sobre minha vida ou pelo menos o que um dia foi minha vida. Os dias passaram lentamente e apesar da melhora que os médicos enxergavam no meu corpo, minha alma estava enfrentendo o mais profundo desespero. Naqueles dias que eu não sei precisar quantos foram, eu instintivamente criei uma barreira de proteção que me impedia de sofrer, não poderia mais ser fraca, não poderia me render a aquelas forças que estavam me destruindo lentamente, não! Eu tinha que reagir, tinha que reunir todas as forças que existiam e as que também não se passavam de uma simples ilusão.

“Você tem alguém por quem lutar?”

No tempo em que fiquei hospitalizada, o Doutor Alejandro ou Alejandro como ele preferia que eu lhe chamasse tornou-se meu amigo, alguém que sempre me ouvia ou que mesmo apenas entendia o meu silêncio. Em um dia ao tentar conversar comigo e receber em troca apenas um olhar perdido e sem rumo, ele lançou-me aquela frase que verdadeiramente eu não esperava escutar. Por meses eu apenas estive vivendo aquele martirio pelo Carlos Daniel, pelo falso amor que ele me entregava. Mas aquelas palavras me fizeram recordar da única coisa bonita que ele havia me dado, meus filhos. Lizete, Carlinhos, Paulinha, Gustavo e Gabriela eram e são a única razão para que eu queira viver. Foi a lembrança dos meus filhos que me fez reagir, eles me fizeram acordar para a realidade, por eles eu não permiti que aquela dor me matasse por dentro.

Lutei contra todas as possibilidades negativas, contra todas as sequelas daquele coma, contra todas as dores do meu corpo e da minha alma, lutei contra tudo para que minha saúde fosse restaurada. Não podia mais ficar presa a uma cama de hospital quando meus filhos precisavam de mim, de mim, da mãe deles, da mãe que a Paola nunca foi e nunca seria capaz de ser. Por muito tempo eu tentei entender a Paola, perdoar seus erros e pecados e ajuda-la. Ela cresceu sem a presença da nossa mãe e cercada pela ambição do dinheiro, mas sempre pensei que havia um lado bom escondido naquele seu interior. Sempre busquei em seu olhar a bondade que estava camuflada pela frieza e egoismo de sua alma. Mas novamente percebo o quanto estava enganada. Fui ingenua ao pensar que a minha irmã podria ter salvação ou que ela pudesse sentir remorso e se arrepender de seus atos. Paola tem a maldade em sua alma, é algo que esta intrinseco em sua natureza.

“Bom dia Paula”

Sim, Paula. O doutor Alejandro havia acabado de me tirar de meus devaneios me chamando pelo meu nome falso. A minha vida estava tão complicada e confusa que não tive opção a não ser dar o nome de minha mãe para a burocracia do hospital. Não podia revelar que o meu verdadeiro nome era Paulina Bracho e que a minha irmã estava usurpando a minha identidade. Não. Não poderia agir impulsivamente, meus passos futuros teriam que ser bem articulados e planejados. Sendo assim, Alejandro apenas me conhecia por Paula Martins, uma mulher com um passado misterioso e recorrente tristesa no olhar.

“Como você amanheceu hoje?” Disse pegando meu prontuario e analisando o seu conteúdo.

“Estou bem, apesar de tudo, bem”

Alejandro deixou de analisar aqueles papeis e voltou seus olhos até mim. O seu sorriso sempre presente parecia maior e podia ver pelo seu olhar um sinal de felicidade.

“Sua melhora é impressionante Paula. Pelos resultados dos seus exames logo logo você receberá alta e o melhor de tudo, não vai ter sequela alguma do coma”

Sei que todas aquelas boas noticias deveriam estar me alegrando, e estavam por parte, mas a minha outra parte ainda sofria com um vazio. Eu estava feliz por estar vencendo aquele estado enfermo e assim estar mais perto de ficar com os meus filhos, mas também, minha alma ainda sofria com os vestigios dos machucados provocados por Carlos Daniel. Carlos Daniel, Carlos Daniel. Eu daria tudo para te tirar da minha cabeça, daria qualquer coisa para esquecer a sua existencia e parar de sofrer, daria tudo para voltar naquele momento em que te conheci e tive por você o coração roubado.

Aquele foi um dia que ficará para sempre em minha memoria. Eu estava chegando na Cidade do México com o coração a mil por hora, com medo e incertezas rodeando minha mente, não sabia o que esperar daquele 1 ano que teria que ocupar o lugar da Paola. Estava atonita procurando as pessoas que ela havia me mostrado nas fotos, quando ouvi a voz doce de uma criança chamando pela mãe. Meu olhar foi direto ao encontro de uma menina de cabelos dourados e depois disso não tive mais tempo para pensar em nada. Logo senti seus pequenos braçinhos envolvendo minhas pernas como se suplicasse pelo amor da mãe, a carreguei no colo e instaneamente senti desabrochar dentro de mim um enorme carinho por aquelas crianças que deveriam ser meus filhos. Meu sorriso timido desapareceu de minha face quando ele tirou Lizete de meus braços e rapidamente acabou com a distancia de nossas bocas. Congelei no mesmo instante. Os lábios de Carlos Daniel me proporcionaram algo que me assustou, eu nunca havia sentido aquilo por ninguém, nem mesmo por Osvaldo que eu pensava ser o homem da minha vida. Naquele momento minha mente ficou conturbada tentando entender o que o meu coração estava querendo dizer. Tive que fingir ter saido daquele estado de choque que ele me levou com aquele rápido beijo quando ele me lançou algumas frases que demoraram um pouco para serem processadas por meu corpo. Meus lábios ainda estavam com o sabor de seu beijo, minha mente estava confusa e para piorar tudo ainda havia aquela misera distancia entre nós que me obrigava a olhar em sua mirada e inspirar o seu perfume. Céus, o que estava acontecendo comigo?

“Paula? Você está bem?”

“Sim estou bem, apenas me recordando de uma historia”

“Uma historia da sua vida?”

“Talvez”

Alejandro ficou me olhando atentamente como se esperasse que eu continuasse a frase. A aquele adverbio de dúvida estava apenas abrindo passagem para a curiosidade, curiosidade sobre uma historia que eu preferiria esquecer.

“Digamos que se tratasse apenas de um conto de fadas que não acabou com o felizes para sempre”

“Não entendo”

“Esqueça. São coisas da minha cabeça. Mas me diga, quando poderei ter alta?”

“Vendo sua melhora impressionante e o fato de que seu corpo não apresentará sequelas nem do acidente muito menos do estado de coma, acredito que sua alta deve ocorrer em uma semana. Uma pena que eu não vou poder estar aqui para me despedir de você. Sabe Paula, nesse tempo você foi para mim mais que uma paciente, você se tornou uma verdadeira amiga”

“Para mim também Alejandro. Você foi meu ombro amigo quando eu mais precisei de ajuda, e te agradeço muito por isso. Mas porque você não poderá se despedir de mim?”

“Terei que comparecer a um almoço na cidade organizado pela fábrica Bracho para seus clientes e fornecedores...”

Meu então sorriso se desmanchou na mesma hora. Como era possivel? Era como se o destino estivesse sempre disposto a brincar com a minha vida. Em minha mente se formaram perguntas sem respostas, conjunturas sem possibilidades e indagações sem justificativas.

“Paula? Paula você está bem?”

Acredito que meu semblante atordoado assustou Alejandro. Tentei lhe falar algo o mais naturalmente possivel mas não obtive sucesso algum. Minha voz tremula e intercortada denunciaram o meu nervosismo.

“F-Fábrica Bracho??? Você é cliente de lá? Tem negócios com eles?”

“Não, imagina. Minha vocação é para a medicina e não para os negócios. O problema é que o meu tio é um dos clientes deles, e como ele está na viajando na Europa, pode-se dizer que ele me obrigou a ir.”

Aquilo só poderia ser uma peça do destino. Como era possível que tudo resolvesse ter um laço de ligação? Era como se os pesadelos de minha vida passada insistissem em me perturbar.

Apesar das angustias que o sobrenome Bracho me trazia, havia algo que me alegrava também. Pensando de outra forma, talvez não seja objetivo do destino de me infernizar, mas sim, uma oportunidade para esperança. Aquela era a chance que eu ansiava para ver meus filhos, e de modo algum poderia perde-la.

"Alejandro... Eu queria te pedir algo. Um favor muito especial que parece loucura mas é muito importante para mim"

"Claro Paula, pode pedir! Você sabe que eu faço tudo por você... Ehh.. Digo.. Pela nossa amizade"

"Obrigada. Não sei como te pedir isso, mas tentarei ser direta."

Tomei folego, olhei em seus olhos e disse rapidamente sem pestanejar.

"Você me levaria com você para o almoço da familia Bracho?"

Alejandro ficou um tempo me olhando, parecia não acreditar no que tivesse ouvido. Porém logo a apreensão do momento se desfez e um sorriso brotou em seus lábios. Mais um daqueles sorrisos dele que me deixava fascinada. Não que eu estivesse me apaixonando por ele ou algo do tipo, meu coração já foi devastado demais para sentir algo, mas definitivamente aquele sorriso me transmitia paz. Alejandro tinha sua alegria própria, sorria por que isso era algo de sua natureza.

"Claro que posso te levar comigo Paula. Sabe que sua companhia me alegra, e além do mais, seria uma perfeita maneira de comemorar sua reabilitação"

“Muito obrigada meu querido”

Os dias foram se passando vagarosamente, cada segundo parecia eternidades e a espera acabou se tornando uma tortura para esse coração de mãe com saudades. Poder ver e abraçar meus filhos foi o que sempre me impulsionou a melhorar, e agora eu tinha essa esperança em o fazer. Nada mais me importava, nem a Paola, nem o Carlos Daniel, nem toda essa confusão da usurpação reversa. Eu só queria sentir novamente o calor dos corpinhos dos meus bebes junto a mim.

Foi sonhando acordada que o Alejandro me encontrou naquela ensolarada manhã de sábado. O dia da minha alta, o dia do almoço da familia Bracho, mas principalmente o dia que eu reencontraria Carlinhos, Lizete, Paulinha, Gustavo e Gabriela.

“Bom Dia Paula! Como você esta?”

“Muito bem Alejandro, melhor impossivel”

“Isso é muito bom. Há tempos não via esse sorriso no seu rosto, você não sabe o quanto é bom ver você feliz”

“Obrigada Alejandro, muito obrigada por tudo que você esta fazendo por mim”

“Não precisa agradecer Paula, você sabe que eu faço de coração. Mas e ai? Esta preparada para ter alta?”

“Claro, não vejo a hora de sair daqui”

“Então vamos! Temos que sair agora para chegar a tempo no almoço”

Do momento da minha alta até o centro da cidade foi uma hora de conversa no carro. Era impressionante como confabular com ele era natural para mim. Durante aqueles minutos eu pude me esquecer de tudo que me angustiava e me atormentava, o sorriso marcante de Alejandro iluminava tudo que estava ao seu redor, era a luz que eu precisava para sair das trevas que eu estava vivendo.

“Bom Paula, chegamos”

Meu coração saltou do meu peito com essas palavras. Foram três unicas palavras que tiveram o poder me mexer com todo o meu emocional. Meu sorriso desapareceu, minhas mãos começaram a suar e minhas pernas foram tomadas por uma tremedeira que eu não conseguia controlar. Mas o meu estado nervoso desapareceu no momento em que eu vi onde estavamos. Ao contrario do que eu pensava, o almoço não seria na fábrica Bracho como de costume. Estavamos na frente de um clube luxuoso localizado no centro da cidade, sofisticação em detalhes de cor vermelha era a caracteristica que denotava todo o evento. Certamente, havia dedo da ‘minha querida irmãzinha’ envolvido naquela festa. E essa certeza me deixou ainda mais furiosa e irritada com aquela situação.

“Vamos?”

Alejandro tirou-me novamente das trevas que eu estava mergulhando. Gentilmente ele ofereceu seu braço e eu cordialmente aceitei. O lugar já estava tomado por senhores de meia idade de terno preto e uma taça de champanhe nas mãos. Fomos guiados pela recepcionista do local até uma area aberta localizada próxima à area da piscina.

Nos sentamos um pouco afastados da mesa central onde a familia Bracho estava reunida. Do lugar onde eu estava eu podia observar todos, e cada um deles, sem que fosse sequer notada. Vi Rodrigo e Patricia lado a lado, vovó piedade no centro da mesa e é claro, vi o casal perfeito abraçados. Paola tinha os braços postos ao redor do pescoço de Carlos Daniel, e vez ou outra sussurrava algo em seu ouvido que fazia ele revelar um de seus sorrisos. As mãos dele não sairam nenhum momento da cintura dela. Não se importavam com a multidão presente para demonstrar seu amor, constantemente se abraçavam e se beijavam como um casal recem- casado.

A raiva de ver aquela deploravel cena me deu coragem para levantar e seguir em direção aos pombinhos. Ignorei qualquer frase dita por Alejandro e caminhei com passos largos até ele. Estava decidida a acabar com aquela situação, não podia ficar sentada observando Paola me roubar meu marido, não, não podia. Passei pelos convidos um pouco bruscamente e quando estava prestes a chegar ao meu destino, fui interrompida por uma criança que corria em direção a eles. Parei bruscamente quando notei que a criança se tratava de uma menina com pouco mais de um ano. Sua pele clara, cabelo castanho claro e meu coração de mãe confirmaram as suspeitas que minha mente pensava. Era ela. Gabriela. Minha Gabriela.

Meu sorriso orgulhoso se desfez quando eu ouvi as primeiras palavras da minha filha, palavras estas que tiveram o poder de me matar por dentro como nenhum arma de fogo poderia fazer.

“Mamãe, mamãe...” Disse ela correndo para os braços de Paola que a pegou no colo e depositou em seu rosto um sutil beijo.

Fiquei sem chão, o ar evaporou de meus pulmões e meus olhos foram sucumbidos por grossas lágrimas que embassavam minha visão.

“Que familia linda não é mesmo?”

Alejandro falou ao meu lado encantando com a cena que estava vendo, minha cabeça estava tão fora de orbita que mal consegui perceber sua chegada. Tudo o que eu não precisava ver e ouvir naquele momento me atingiu bruscamente. Minha cabeça estava um emaranhado confuso com apenas uma voz de eco ‘Mamãe, mamãe...’ ‘Que familia linda não é mesmo?’. Senti minhas forças escorrerem por minha estrutura corporal sem que eu pudesse impedir, e também não queria impedir. Eu não queria mais nada. Tudo o que eu tinha me foi roubado e não tinha mais ninguém por quem lutar. Com o meu emocional abalado e minha mente atordoada, minha vista foi tomada pela escuridão, meus olhos se fecharam e eu roguei a Deus para que nunca mais eles pudessem se abrir novamente.


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Notas finais do capítulo

Se vocês me matarem vão ficar na curiosidade hein!
hsudhduh
O próximo capitulo já esta quase pronto meus amores, em breve eu estou postando ele.
Ah! Mudei o user do meu twitter, agora é @deafmonteiro.
Kisses