Ainda tomada pelo choque e angustia de ver aquela cena tão inesperada, Paulina não pronunciava nenhuma palavra, seu coração estava despedaçado e não havia sentença alguma que fosse capaz de expressar o tamanho de sua dor. A todo instante ela abria e fechava os olhos na esperança de que tudo aquilo não se passasse de um terrível pesadelo, o que estava vendo só poderia ser algo imaginado pela sua mente, não poderia ser possível que o homem que um dia já lhe disse tantas declarações de amor fosse o mesmo sujeito que havia lhe traído com a sua própria irmã. “Não, isso só pode ser um pesadelo meu deus” Esse era o seu mais puro desejo, mas ao que parecia, não era a realidade. Em uma das tentativas fracassadas da nossa eterna usurpadora em tentar convencer a si mesma que de aquela imagem não se passava de uma simples ilusão, ela acabou por pensar alto demais, acordando assim Carlos Daniel e Noelia.

Carlos Daniel acordou atordoado, não sabia onde estava e nem com quem estava. Ao visualizar Paulina na entrada do quarto chorando compulsivamente, seu coração estremeceu, a dor de sua esposa corroia toda a sua alma, ele daria tudo o que tinha para não vê-la sofrer. Ainda não sabendo o motivo do choro, Carlos Daniel automaticamente tentou levantar-se da cama com o objetivo de abraçar sua mulher e fazer com que assim, seu sofrimento acabasse. Mas ao fazer isso, percebeu que algo o prendia na cama, seus braços estavam embaixo de outro corpo, atordoado, ele virou a cabeça para ver quem estaria ao seu lado, e ao fazer isso pode entender a razão da tristeza de Paulina. Ele olhou para Noelia que também havia acordado da mesma forma que ele, atordoada, e a encarou com um olhar questionador.

CD: Mas o que...

Paulina: Carlos Daniel, como você pode? – Falava em meio ao choro.

CD: Paulina, eu não sei o que aconteceu. Eu não fiz nada.

Noelia: Paulina, me desculpa, não foi intencional.

Paulina: NÃO FOI INTENCIONAL??? VOCÊS DOIS NA MINHA CAMA, JURA QUE FOI SEM QUERER? – Paulina falava ironicamente, sua decepção havia se transformado em raiva, sua voz estava alterada e havia ódio em seu olhar.

CD: Meu amor - Carlos Daniel se levantou da cama e aproximou-se de Paulina

Paulina: NÃO ME TOQUE CARLOS DANIEL.

CD: Paulina, eu juro, eu não sei o que está acontecendo, eu não me lembro de nada.

Paulina: Ah então quer dizer que agora ficou com amnésia? VOCÊ NÃO ACHA QUE A CENA QUE EU ESTOU PRESENCIANDO NÃO PRECISA DE NENHUMA DESCULPA???

Carlos Daniel já estava desesperado com aquela situação, não estava entendendo nada o que estava acontecendo, em sua mente as lembranças não eram fortes, como se elas vagassem sem saberem para onde ir. Ao perceber o quanto Paulina estava magoada, o seu sangue ferveu e o ódio antes adormecido por Noelia, chegou ao seu extremo.

CD: NOELIA, O QUE VOCÊ FEZ? – Disse segurando fortemente a cunhada, a balançando na tentativa de encontrar uma resposta para aquilo tudo.

Noelia: Me solta Carlos Daniel!! E não venha colocar a culpa só em mim não, você também quis não ta lembrado?

CD: Eu já te falei que não lembro de nada.

Paulina: Quando o casalzinho decidir acabar com a discussão de relacionamento e me dá uma explicação para o que eu acabei de ver, eu agradeceria. – Disse ironizando

Noelia: Paulina, deixa eu te explicar – Disse se aproximando e tentando pegar no braço da nossa eterna usurpadora.

Paulina: NÃO ME TOQUE.

Noelia: Esta bem, mas me deixa explicar. Ontem, eu e o Paulo brigamos, e o Carlos Daniel foi me consolar, só que acabamos nos beijando e aconteceu, mas não foi intencional...

A raiva que Paulina estava sentindo somado a incredulidade de estar ouvindo aquelas palavras de confirmação da traição estarem sendo pronunciadas pela própria irmã, a fez estremecer. Sem pensar duas vezes, deu um tapa na cara de Noelia, a força e violência do ato fez a mulher perder o equilíbrio e cair no chão, sua face estava vermelha e a marca da mão de Paulina estava evidente em seu rosto.

Espantados com os gritos vindos do andar superior, Vovó Piedade, Rodrigo, Stephanie, Lizete e Carlinhos subiram para tentar descobrir o que estava acontecendo. Ao chegarem lá encontraram Carlos Daniel usando apenas uma cueca, Noelia no chão envolvida em um lençol branco e Paulina perto da porta chorando compulsivamente. Chocada com a cena que estava presenciando e imaginando o que teria ocorrido, Vovó Piedade pediu para que Patricia levasse Carlinhos e Lizete daquele lugar.

VP: O que esta acontecendo aqui?

CD: Eu sou inocente vovó, eu juro.

O nervosismo de Paulina aumentava a cada minuto que ela passava naquele quarto, seus sentimentos mesclavam entre a dor da traição e o ódio. Suas mãos tremiam, seu rosto estava pálido e as lágrimas caiam continuamente de seus olhos. Ouvir a tentativa de Carlos Daniel de alegar inocência quando ela mesma viu os dois na cama, a revoltava ainda mais.

Paulina: NÃO ME VENHA FALAR EM INOCENCIA CARLOS DANIEL! EU MESMA VI, VOCÊS DOIS NA CAMA. VAI NEGAR? VAI DIZER QUE TUDO NÃO PASSOU DE UM SONHO MEU? COMO VOCÊ PODE FAZER ISSO COMIGO? COMO?

CD: Paulina.... – Disse Carlos Daniel com lágrimas nos olhos aproximando-se

Paulina: EU JÁ DISSE PRA VOCÊ NÃO ME TOCAR. NUNCA MAIS.

CD: Paulina me deixa explicar.

Paulina: EXPLICAR O QUE?? QUER ME DAR UM MOTIVO PRA TER ME TRAIDO?? CARLOS DANIEL, EU CONFIAVA EM VOCÊ, EU TE AMAVA.

CD: Não me ama mais?

Paulina ainda tomada pela raiva, angustia e decepção, aproximou-se de Carlos Daniel, olhou em seus olhos e disse firmemente. “ Não Carlos Daniel, eu não te amo mais. Você matou todo o amor que eu sentia você quando me traiu. Eu nunca mais quero te ver nem saber nada de você.”

Depois de pronunciar todas essas palavras de ressentimento, Paulina saiu rapidamente do lugar, andava ligeiramente em direção a porta da casa. Ela simplesmente queria sair daquele local o quanto antes, não estava mais conseguindo respirar pensando no que seu marido havia feito. Em uma mesma noite, as duas pessoas que mais ela amava no mundo, depois de seus filhos, a traíram. E aquilo havia feito uma ferida em seu coração, um machucado que não poderia ser cicatrizado.

Paulina desceu as escadas correndo e chorando, seus passos foram acompanhados pelos olhares curiosos dos convidados que se perguntavam o que havia acontecido. Apesar de perceber tais olhares, nossa eterna usurpadora não estava se importando com nada, queria apenas sair o quanto antes da mansão da família Bracho. Enquanto nossa eterna usurpadora ia em direção ao jardim buscar seu carro, Carlos Daniel corria atrás dela gritando por seu nome. Paulina tomada pelo sofrimento, ignorou o chamado do marido, entrou em seu carro e saiu da propriedade velozmente.

Após sair da mansão, Paulina começou a chorar mais ainda, a angustia que sentia estava a sufocando, como se aquela ferida que havia sido aberta cada vez aumentasse a puxasse para um abismo de tristeza. Ela dirigia sem rumo, não sabia onde estava e nem para onde estava indo, apenas queria fugir de tudo e todos. Sua vista estava embaçada pelas lágrimas que não paravam de cair. Sem perceber, acabou ultrapassando um cruzamento e batendo em um carro que vinha da direção oposta. Diferente do acidente onde conheceu Noelia, a irmã que havia feito a pior das traições, a batida daquela noite não provocou mais que alguns arranhões e amassos no veiculo.

Ouvindo o barulho do choque entre os dois veículos, Paulina não pode acreditar que todas aquelas coisas estavam acontecendo com ela na mesma noite. “Era só o que me faltava” Pensou alto ao ver que o condutor do outro carro havia descido do mesmo para verificar o tamanho do dano. Nossa eterna usurpadora tirou o cinto de segurança e também desceu de seu carro, direcionando-se do homem para tentar se desculpar pelo que teria acontecido. Ao ficar frente a frente com o tal homem, Paulina não pode acreditar no que estava vendo, ambos estavam sem reação ao verem um ao outro depois de tanto tempo.

Homem: Paulina??

Paulina: Douglas Maldonado??