A Gotinha De Amor Que Faltava escrita por Sill Carvalho, Sill


Capítulo 29
Capítulo 29 – O Poder do Amor


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoinhas. Capítulo chegando o/
Agradecimentos especiais:
A london gray, KayallaCullen, laura144lacerda. Essas lindas que recomendaram a fic, me deixando feliz. Valeu meninas, amei!!
A Ká, essa pessoinha tão querida, que está escrevendo uma nova fic, “Refém do Medo”, e dedicou a mim, juro que não esperava, me emocionou.
A mamita por ser tão generosa, e ter sempre uma palavra de segurança a compartilhar.
Muito obrigada, de coração. Espero que gostem do capítulo.
A todos boa leitura :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/328735/chapter/29

Longe da filha, Emmett correu contra o relógio para retornar a Detroit, mas com tantas coisas a resolver, conseguiu apenas retornar por vota das 18h42.

A reunião com o cliente foi melhor do que ele esperava, contrato bem amarrado e lucrativo. Certamente Carlisle adoraria ouvir o resultado.

Assim que o avião aterrissou em Detroit, ele pegou um taxi e seguiu direto para o hospital a fim de encontrar com a esposa e a filha.

Caminhou apressado pelos corredores rumo ao quarto onde Julia estava hospitalizada, levando a bagagem de mão junto.

Tão ansioso, abriu a porta desejando que estivessem a sua espera. Porém, ao fazer isso, percebeu que Julia dormia novamente aninhada aos braços de Rosalie, recebendo afagos e beijos a todo instante. Concentrado na cena que via, concluiu que fizera a coisa certa quando a deixou aos cuidados de Rosalie.

Mais do que nunca estava certo de que sua gotinha de amor estava coberta de razão quando a escolheu para ser sua mamãe. Nenhuma outra se assemelharia a ela.

Embora não estivesse dormindo, Rosalie estava de olhos fechados, sua mente vagando nos últimos momentos, desde que se tornou mãe.

Emmett se aproximou da cama devagar, curvou-se até alcançar os lábios da esposa selando-os em um beijo singelo. Rosalie surpreendeu-se com o gesto e ao abrir os olhos rapidamente se fixaram aos dele, que a encarava cheio de saudade.

Sua mente levou alguns segundos para registrar o que estava acontecendo, somente então, depois de alguns segundos, sorriu para o marido retribuindo o sentimento de felicidade em vê-lo ali.

Emmett desviou o olhar apenas para ver a filha dormindo, e murmurou decepcionado.

– Oh, não. Corri tanto para vê-la acordada... Não acredito que não consegui.

– Ei, não fique assim. Ela não deve demorar a acordar. Coitadinha, estava lutando contra o sono depois do jantar, então a convenci tirar um cochilo até que você chegasse. Passou os últimos cinquenta minutos perguntando quando você chegava, de segundo em segundo. Além de ter pedido por você várias vezes durante todo o dia. O remédio para enjoo faz com que fique sonolenta, mas se levanto ela torna acordar.

– Dengosa – murmurou ele, beijando a testa da filha.

– Como foi? – ela perguntou enquanto observava encantada, o modo como ele acarinhava a filha.

Ainda acarinhando Julia, ele lhe respondeu.

– Fechamos o contrato – afastou-se da criança e olhou para a esposa novamente. – Se afaste do travesseiro, por favor.

Rosalie não entendeu muito bem o que ele pretendia fazer, mas, mesmo assim, fez o que pedira. Com maestria Emmett substituiu o corpo de Rosalie ao lado de Julia pelo travesseiro em que estava recostada antes. Alheia a presença do pai, Julia abraçou o travesseiro em busca do calor e do cheiro da mãe.

Ainda sem entender, Rosalie o olhava.

– Assim ela dorme mais um pouco – ele explicou ao notar a confusão no rosto da esposa. – Tática para meu banho poder ser mais rápido. Uma das coisas que aprendi com a responsabilidade de ser pai – ele olhou brevemente em volta. – Onde estão minha mãe e Grace? Achei que elas estivessem aqui ainda.

– Elas foram lanchar na cantina, não devem demorar.

Assim que Rosalie fechou à boca a sogra pôs a cabeça para dentro do quarto. Com ela estavam Carlisle e Grace.

– Oi filho. Como foi lá? – perguntou Esme, abraçando-o.

– Bem.

– Conseguiu fechar o contrato? – pediu Carlisle, dando alguns passos à frente.

– Sim. Daqui a pouco conto tudo como ocorreu – disse ele, discretamente olhando para a esposa. Carlisle concordou, tocando de leve o ombro do filho. – Podem ficar com ela para Rose e eu irmos até cantina comer alguma coisa.

Sem esconder o sorriso, Grace foi quem respondeu.

– Claro, vamos mimar muito nossa netinha. Podem ir despreocupados.

Emmett olhou para Rosalie esperando que ela se mexesse. Ela olhava a filha com olhos compridos, sem querer deixá-la, mas o acompanhou quando ele tocou de leve em seu braço.

Não falaram muito até chegar à cantina. Ambos tinham tanta coisa a ser dita, mas não tinham ideia de por onde começar.

Rosalie se encarregou de escolher uma mesa enquanto ele foi fazer os pedidos. Sentada, permitiu-se observar de longe o homem com quem se casou. Confirmando o que já tinha notado anteriormente; ele tinha um ar mais maduro. Talvez a imagem do homem que sempre desejou que ele se tornasse.

Pode parecer estranho, maluco, talvez, ainda assim, ela poderia jurar ter se apaixonado pelo mesmo homem duas vezes.

Enquanto estava focada na imagem madura que ele aparentava agora, o viu retornar trazendo um café com leite, o suco de pêssego que ela tanto gosta e dois sanduiches naturais de peito de peru.

Emmett dispensou a bandeja sobre a mesa e puxou a cadeira, sentando-se de frente para ela.

– Obrigado – disse ele, olhando-a intensamente. Havia tanta verdade e sentimento naquela palavra que Rosalie pôde senti-las tocar seu coração.

– Não me agradeça por cuidar de minha filha – ela deslizou a mão sobre a mesa e afagou a mão do marido, que a todo tempo mantinha os olhos fixos nela.

Ele mexeu a mão, de forma que pudesse segurar os dedos dela carinhosamente.

– É muita responsabilidade – argumentou ele. – Tem certeza de que quer fazer isso? Eu vou entender se disser que não.

– Eu vou fingir que não ouvi essa pergunta. Julia é minha filha e não se discute – um sorriso satisfeito curvou os cantos dos lábios de Emmett. – Sinto como se minha vida inteira estivesse à espera dela, como se nos pertencêssemos.

– Tenho certeza de que para Julia é da mesma forma. O mesmo sentimento as une. Há muito tempo minha gotinha de amor tem esperado por você.

Rosalie o olhava, em seus olhos reluzia um brilho sem igual.

– Eu sei que precisamos conversar sobre nosso casamento, Emmett. Mas eu estou envolvida demais com a descoberta da maternidade. De minha maternidade. Como mãe; agora quero conversar com o pai da minha filha.

– Então irei te contar tudo para saber se ainda terei lugar em sua vida – anunciou ele.

Rosalie recolheu a mão, e aprumou-se na cadeira esperando pelo relato.

Após alguns minutos em silêncio ele começou a narrar os fatos sobre sua negação como pai. Sem interrupção contou como conheceu a filha. Seu comportamento bruto e insensível nos primeiros dias. O fato e achar que Julia iria pôr fim em seu casamento. À noite em que a deixou sozinha no quarto de hospedes, e o como ela havia chorado.

Ressaltara também que sua ignorância e rabugice eram tamanhas que não notara que a filha sofria com terrores noturnos causados pelos traumas que Savannah lhe causou. Contou-lhe sobre o primeiro banho, o quão desastroso havia sido por culpa de usa insensatez. Cotou-lhe também o quanto havia se irritado por ela ter feito xixi na cama. Que a deixou cair no elevador e bater com cabeça.

Seu processo de aceitação e imensa culpa. O quanto Julia ficara encantada e surpresa ao ganhar o primeiro brinquedo. A busca pelo grupo de apoio e o primeiro dia de aula de sua filha na escolinha. Sobre as consultas com a psicóloga e a pediatra.

Novamente ficou em silêncio, bebericou o café com leite, imaginando que nunca teria seu perdão. E quando parecia não ter mais nada a dizer, admitiu.

– Todo sofrimento de minha filha é culpa minha. Cada vez que dou banho nela e vejo todas aquelas marcas de violência, me acho um monstro... Aceito com resignação se nunca tiver o perdão de Deus – confessou com lágrimas no rosto, surpreendendo Rosalie, secando-as com o dorso da mão. – Viverei para me redimir com minha filha, e, se me permitir, com a mulher que amo também.

Novamente o silêncio se instalou. Depois de muito refletir, Rosalie, por fim, falou.

– Odeio esse homem. O que é capaz de financiar um aborto por causa de um novo relacionamento, abandonar a filha e gritar com uma criança assustada, deixá-la sozinha. Contribuindo para que tenha ainda mais traumas. Eu realmente o odeio.

O semblante no rosto de Emmett se entristeceu. Sem coragem para encará-la, abaixou o olhar e ficou a encarar a aliança de casamento.

Ela então prosseguiu.

– Mas Julia fala de um pai que a ama. Sua malinha me fala de um homem que arregaçou as mangas e cuida realmente da filha, a consulta com o médico ontem me mostra um homem preocupado e atencioso. E esse homem eu amo. Só preciso saber qual dos dois vai ser o pai de minha filha.

– O segundo – apressou-se ele em dizer.

– Posso conviver com ele. Na verdade, adoraria cuidar de minha filha com ele. Mas, nesse momento, antes de qualquer coisa relacionada a nós dois, preciso que me conte tudo o que sabe sobre ela. Cada detalhe, por menor que seja.

Emmett tornou a bebericar seu café com leite antes de recomeçar falar. Viu, de canto de olho, Rosalie bebericar o suco a espera de suas palavras.

– Ela começou a terapia há duas semanas. Não fala muito sobre Savannah, apenas que ela é má. Quase tudo o que sabemos são conclusões. Pelo quadro clínico parece que ela não alimentava direito a menina, dava apenas comidas pré-prontas e enlatados, isso quando dava. No primeiro dia Julia me perguntou se eu “deixava” ela comer um pãozinho. Não liguei muito e disse que sim, ainda estava em choque com o fato de ter uma criança pra cuidar. Acho que Savannah tinha comida em casa, na verdade, tenho quase certeza de que tinha boas condições pra isso, mas nem sempre alimentava minha filha. Sabemos que a queimava pelas cicatrizes que carrega em seu corpo, algumas delas causadas, também, por cortes e fivelas de cintos. Deduzimos que ela usava outras coisas para punir como agulhas e ameaças com insetos. Parece que ela quebrou o braço e pulso da minha garotinha, porque há ossos calcificados. Julinha falou com Alice certa vez sobre o braço doer quando era “quenininha”. A Dra. Kate a examinou minuciosamente e chegou à conclusão de que Savannah puxou o braço de Julia brutalmente e deslocou o cotovelo. Ela chegou a fazer algumas sessões de fisioterapia que a própria Dra. Kate pediu. Seu medo de sentir dor sempre que alguém pega em seu bracinho de forma inesperada diminuiu um pouco, ela está mais segura em relação a isso.

Emmett apertou os olhos com força quando os sentiu arder. Visivelmente emocionado, respirou fundo e prosseguiu:

– Ela desconhecesse coisas básicas como cores, nomes de alguns animais e frutas. Não sabe contar na sequência. Músicas infantis, bem poucas. Nem mesmo o nome de algumas histórias muito conhecidas. Alice está atualizando essa parte. Mas é independente em coisas que a maioria das crianças não fazem. Acordei tarde num sábado e a encontrei na sala, comendo cereal com leite, além de um pote de danoninho vazio na cozinha. Ela adora danoninho – ele ressaltou. Seus olhos brilharam ao recordar o quanto à filha gostava daquele lanchinho. – Ela sabe onde ficam as coisas que gosta no mercado e até conhecesse algumas notas de dinheiro. Coisas que seriam uteis para uma criança que precisa se virar para sobreviver. Um dia ela guardou um pedaço de bolo na mochila dos brinquedos e quando acordou pegou e levou para nosso café da manhã. “Consegui na casa da vovó Emes” – foi o que me respondeu quando questionei o que era aquilo. Sabe... “Consegui” não é uma palavra que uma criança usaria. Deveria ser peguei ou trouxe; algo assim. É como se ela estivesse acostumada a se virar... Conseguir comida... – Rosalie concordou com um breve movimento de cabeça. – Fico imaginando as coisas que minha filha teve que comer por não ter quem lhe oferecesse algo melhor. Um alimento em condições adequadas e de acordo com sua necessidade. Ela sabe tirar e pôr a roupa desde que não seja algo muito trabalhoso, mas não consegue tomar banho sozinha. E fica maravilhada com o fato de estar cheirosa. Isso nos leva acreditar que ela vivia suja. Quando a recebi em meu escritório, estava de banho tomado, mas ela havia ficado alguns dias com a irmã do namorado de Savannah. Suas coisas eram velhas e algumas roupas pequenas para ela. Me dói a alma pensar nos tempos em que minha gotinha de amor, tão doce e carinhosa, vivia em condições insalubres. E tudo por minha culpa.

Não havia palavras que fosse capaz de descrever a dor de Rosalie ao ouvir o relato do marido. Seus olhos se encheram de lágrimas e ele lhe estendeu as mãos sobre a mesa, tentando reconfortá-la da forma que o momento os permitia. Ela abaixou a cabeça sobre as mãos de Emmett, que repousou o queixo em seus cabelos, e, juntos, choraram a dor e sofrimento da filha, ao mesmo tempo em que se fortaleciam para mudar as memorias da garotinha. O ser pequenino, de coração puro, que tanta falta lhes causou.

Sobre a pequena mesa branca da cantina, o sanduiche de ambos estava intacto. Ambos haviam perdido a vontade de comer. Apenas o suco e o café haviam sido bebericados vez ou outra.

– No outro dia – explicou Emmett – a professora dela, a senhorita Megan, me contou, quando fui buscá-la, que era aniversário de uma coleguinha e a mãe levou um bolo para a filha comemorar com os colegas de classe e que na hora que estavam cantando os parabéns, percebeu que Julia não estava por perto. Imediatamente ela se preocupou e foi procurá-la. A encontrou encolhida no tapetinho das histórias, cercadas de almofadas, abraçada a Carinho. A senhorita Megan deduziu imediatamente o que estava acontecendo. Pegou minha filha no colo e a levou para perto dos coleguinhas. Pediu a aniversariante se podiam também cantar os parabéns para Julia. Que a coleguinha até permitiu que minha gotinha soprasse a vela junto com ela. E quando chegamos em casa, Julia passou o resto do dia, com um cupcake, cantando parabéns para Carinho e todas as bonecas. Acredite, nenhuma delas ficou de fora. Nem mesmo eu.

Rosalie secou uma lágrima que rolou apressada em sua bochecha. Pensando o como a vida parecia irônica. Justo ela, dona de uma casa de festas infantis, descobre que a filha que tanto desejou, e enfim a tem em seus braços, jamais comemorou um aniversário. Suspirou levando a mão ao peito.

– Acho que devemos voltar. Ela já deve estar acordada – murmurou, sentindo uma necessidade repentina de ter a filha em seus braços.

Antes de ficar de pé, Emmett bebericou novamente seu café com leite, suspirou pesadamente e passou a mão no rosto.

Saíram da cantina do hospital lado a lado, porém, em silêncio. Ambos pensavam unicamente em uma coisa; proteger e amar aquela criança para o resto de suas vidas.

Ao chegarem ao quarto encontraram Grace sentada na poltrona com Julia em seu colo, acalentando-a. Ao seu lado estavam Esme e Carlisle, igualmente cuidadosos.

– Eles já vão voltar minha flor do campo. Eu estou aqui com você, a vovó Esme e o vovô Carlisle também. Não chore assim.

– Não chora assim, meu pedacinho do céu... – tentava Esme, carinhosamente afagando seu rostinho. – Papai e mamãe só foram ali na cantina do hospital. Logo estarão de volta.

Em meio ao choro angustiado, a boquinha cheia de baba, Julia implorou.

– Quelo o papai e a mamãe Ose. Papai e mamãe foi embola... Foi embola e deixô Julinha no hopital.

– Porque minha gotinha de amor está chorando? – perguntou Emmett, atravessando o curto espaço entre a porta e a poltrona, Rosalie seguindo seus passos, angustiada com o choro da filha.

Julia imediatamente olhou na direção do som da voz que tanto conhecia e lhe dava segurança. Seu coraçãozinho passando a bater forte, tamanha ansiedade em vê-los.

Mesmo com o rostinho molhado de lágrimas, abriu um enorme sorriso e esse sorriso fez a dor no coração do casal diminuir relativamente. Havia sim a possibilidade de ela ser plenamente feliz. Amor, muito amor.

Julia olhou para as avós através de lágrimas, depois para o pai.

– Papai já chegô. É o papaizinho, vovó – ela fungou –, e a mamãe Ose. Mamãe, papaizinho, Julinha tava com sodade. Uma sodadona. E teve medo...

– Não chora meu amor. Mamãe e papai estão aqui, pertinho de você – dizia Rosalie ao se aproximar.

Emmett chegou um pouco mais perto e a pegou no colo cuidadosamente. Grace ficou de pé no mesmo instante, oferecendo o lugar ao genro.

– Não, não é preciso Grace. Pode ficar sentada.

Ainda assim, Grace insistiu.

– Sente aí com ela. Não se preocupe, eu me sento ali do outro lado – ela indicou o sofá de dois lugares onde Rosalie havia dormido anteriormente.

Como Grace parecia já ter se decidido, Emmett acabou aceitando sentando-se com filha no colo. Limpou as lágrimas em seu rostinho e tornou a beijá-la, em seguida, dando cheirinhos.

– Bebê mais cheiroso do papai – ele elogiou. Julia o olhou com olhinhos brilhando de satisfação. Ele olhou brevemente para a esposa e fez um pedido. – Rose pegue pra mim, por favor, nessa bagagem de mão, um brinquedo que comprei na lojinha de conveniências do aeroporto.

Rosalie sorriu, satisfeita por ele ter se lembrado de trazer um presentinho para a filha. Devagar ela se movimentou no quarto até alcançar a bagagem do marido, e de um dos compartimentos, retirar o brinquedo. Era um My Little Pony de borracha que falava ao ter a barriga apertada.

– Olha o que o papai comprou pra você filha. Que lindo! – comentou Rosalie, fazendo cara de surpresa, mostrando o brinquedo para Julia.

Julia olhou do brinquedo para a mãe, depois para o pai, e novamente para o brinquedo.

– Oh, é a plincesa celestia. O papai complô plá Julinha uma plincesa celestia. Oh, que linda. Muito, muito linda. É a amiguinha do Calinho – ela olhou para o pônei de pelúcia em seu colo. – Oh, Calinho, sua amiguinha. Agola essa sua amiguinha também, Calinho.

– Você gostou gotinha? – pediu Emmett, observando a expressão no rostinho dela.

Julia inclinou a cabeça para olhá-lo novamente.

– Eu gosti. Gosti mesmo. Bigada papai. Esse é muito bonito – ela agradeceu enquanto o pai recebia o brinquedo das mãos da esposa e passava para suas mãozinhas.

Imediatamente Julia se distraiu com o presente e nem chegou a reclamar quando a enfermeira entrou no quarto e disse que era hora dos remédios via oral.

Distraídos com a criança, a família nem notou as horas passarem. E logo era hora de se despedirem. Grace se despediu pouco antes das nove da noite. Emmett se ofereceu para deixá-la no apartamento, mas Grace se recusou, alegando que não era necessário, pois já havia combinado com o taxista que a trouxe mais cedo. Que o genro aproveitasse esse tempinho a mais para ficar com a esposa e a filha.

E quando ele lhe perguntou por que não estava usando o carro de Rosalie, ela lhe respondeu que não gostava de dirigir.

Carlisle e Esme haviam saído um pouco antes, para poderem passar na fisioterapia e pegar Alice.

Ainda no começo daquela noite a Dra. Kate passou para ver como Julia estava. Mesmo tendo passado apenas para visitá-la, fez questão de verificar o prontuário e examiná-la brevemente.

Imediatamente Julia questionou sobre seu “pilili”. A Dra. Kate prometeu que lhe daria um pirulito assim que estivesse liberada. Ela não ficou muito satisfeita, mas, logo voltou a se distrair com Carinho e o mais novo brinquedo.

Quando Kate se despediu, ganhou um beijo estalado na bochecha. E o agradecimento mútuo dos pais.

Depois das onze, e do ultimo anti-inflamatório, finalmente os três deitaram-se para dormir. Emmett havia pedido a assistente social que liberasse sua permanência aquela noite alegando que a esposa estava muito cansada, mas que a filha requer a todo o momento a companhia da mãe.

A verdade era que ele não queria ter que passar novamente a noite longe das duas. Tinha certeza de que se assim o fosse, a noite seria de insônia novamente.

Como Rosalie ficou na cama com a filha, ele ficou no sofá de apenas dois lugares, espremido no pequeno espaço, porém, satisfeito.

Eram quase duas da manhã quando Julia começou a se remexer e resmungar. Emmett abriu os olhos esperando mais uma crise de terror noturno, mas não se mexeu ao ouvir a voz de Rosalie, tranquilizadora, suave e etérea.

– Shhh. Mamãe está aqui amor, tudo bem. Shhh... Estou aqui... – ela afagava seu rostinho com ternura.

Com os olhos semicerrados, ele esperou mais choro, pesadelos e uma madrugada de terror. Mas Julia resmungou apenas mais duas vezes e Rosalie repetiu o acalanto.

E aquela foi a primeira vez que Julia conseguiu ter uma noite inteira de sono sem ser assombrada pelas lembranças do passado...

De olhos fechados, surpreso, Emmett sussurrou a Deus um agradecimento. Mesmo que fosse uma, em milhares de noites ruins, sua gotinha de amor estava tendo uma noite de paz.

E ao ouvir as palavras sussurradas do marido, Rosalie não soube ao certo se era sonho ou realidade. Um homem que antes descrente de tudo, pavio curto, hoje falava com Deus.

O que era tudo aquilo senão o milagre do amor... Da sua gotinha de amor.

Rosalie fechou os olhos e agradeceu mentalmente a Deus por tudo aquilo.

Abraçada a seu pequeno tesouro, velou seu sono sussurrando palavras de carinho e aconchego, espantando seus medos, até que também adormeceu.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O papaizinho voltou o/. Galerinha que estava ansiosa pra isso acontecer, espero que tenham curtido.
Tivemos aí uma parte muito importante da conversa do casal, pai e mãe de Julia. Em breve teremos a conversa, homem e mulher.
Digam o que acharam do capítulo. Espero por vocês nos reviews.
Beijo, beijo
Sill