Ficamos por um tempo testando o que mais conseguíamos fazer e descobrimos alguns poderes. Michael conseguia criar e controlar o fogo. Eu tinha a habilidade da levitação e quebrar as mais sólidas rochas com apenas o pensamento. Uma semelhança que tínhamos: Ambos não se feriam com coisa alguma. Caminhamos de volta até o parque, escondidos, para ver se achávamos algo e testar nossas habilidades ao ar livre, mas enquanto Michael apagava o uma árvore em chamas, uma garotinha nos observava por detrás de uma rocha.

– Olá? – Hesitei.

– Magos. Descendentes. – A garotinha disse sem esboçar emoção.

– Quem é você? – Perguntei.

– Olá Diana. Chamo-me Alice. Filha do Mago das Águas. Ouvi falar de você e do seu amigo. Deve ser difícil habitar em meio a humanos tão estúpidos. – Disse ela fitando-me com os olhos azuis vibrantes.

– Em meio a humanos? Do que está falando? – Fiquei confusa.

– Ah. Esqueci-me de que a Legião dos Angels apagou a memória de vocês e não se lembra de nada. – Ela hesitou por um momento. – Não acho que deveria estar dizendo isso a vocês, mas quero ajuda-los, pois precisamos de sua ajuda.

Alice nos guiou ao banco mais próximo e nos sentamos, enquanto ela começava a falar severa.

– Há alguns anos – Começou. – A Legião dos Angels começou a surgir, ela é formada por alguns descendentes dos quatro Magos. Seu objetivo era destruir os humanos para formar uma sociedade forte e unicamente de descendentes de Magos, fazendo dos seres humanos seus escravos, e incinerado os mais fracos. Mas eles se baseavam em um governo ditatorial, onde podiam comandar todos os seus semelhantes e absorver o poder de alguns magos, tornando-se ainda mais fortes, mas isso só poderia acontecer quando seu governo se consolidasse e todos os humanos submissos ou extintos. Porém eles souberam de sua existência, Diana, e você e Michael eram mais poderosos do que todos os membros da legião e não aceitavam esse destino. Ameaçados, a Legião se uniu e criou um poder sobrenatural para apagar a memória de vocês, tornando mais fácil sua submissão.

Eu e Michael ouvimos tudo com atenção, incrédulos. Entreolhamos-nos e dissemos em uníssono:

– Temos que destruir a Legião dos Angels.

– Temo dizer que esta não é uma tarefa fácil. – Alertou Alice. – Muitos já tentaram e foram executados. A Legião está muito mais forte e vocês dois estão enfraquecidos e sem memória. Mesmo assim, foram exilados para conviver entre os humanos.

Ficamos algumas horas discutindo e Alice tentando recuperar nossa memória. Ela havia fugido da sociedade dos descendentes de Mago em busca de nossa ajuda. Nós precisávamos de um plano para conseguir extinguir a Legião. Precisávamos montar nossa própria Legião.

Alice nos avisou de que várias cidades humanas estavam sendo destruídas pelos descendentes, inclusive a anterior habitada por Michael.

– Espera. – Disse Michael. – Se já destruíram várias cidades... Quantas restam para o domínio total?

– Três apenas. – Respondeu Alice. – Esta é uma delas.

– Precisamos agir. – Disse eu. – E rápido.

– Há mais uma coisa que devem saber. – Avisou Alice. – Os Angels não sabem que estão vivos. Então tome cuidado se os descobrirem, ou serão mortos.

– Apenas um detalhe. – Michael deu de ombros.

Marcamos de nos encontrar pela manhã do dia seguinte para por planos em prática, enquanto Alice passaria a noite procurando outros descendentes para nos apoiar na missão. Deitei na minha cama, exausta. Tentei pensar em planos, em tudo que estava acontecendo e nos humanos. Pensei nos motivos de os Angels quererem acabar com os seres humanos e por um momento cogitei essa ideia, pensando nos meus colegas de colégio e no quanto teriam sido cruéis por anos. Porém pensei na minha mãe e nas poucas pessoas boas que tinha encontrado pelos meus 15 anos. Em meio a tantos pensamentos confusos, adormeci.