Rose estava sentada em sua sala, remoendo a conversa que acabara de ter com James Potter.

Lógico que ele reconheceria as garotas. Lyanna poderia ser muito parecida com Rose, mas ainda tinha olhos idênticos aos do pai. Já Daenerys... Bem, ninguém ousaria negar que ela era filha dele.

Foi difícil explicar ao primo como a filha mais nova veio parar em suas mãos, mas ele ouviu tudo atentamente. Desde quando ela fugiu ao descobrir que estava grávida de Lyanna, quando uma antiga colega de escola apareceu com Daenerys recém-nascida à sua porta, implorando para que Rose ficasse com a criança, até o recente acidente de Lyanna, e como isso prejudicara a sua vida.

A ruiva ainda pensava que era louca por voltar. Apenas seus pais e seu irmão sabiam de sua gravidez e o resto de sua família... Era difícil imaginar o que eles pensavam.

A campainha tocou pela segunda vez naquele dia. Rose achou que fosse seu irmão, mas se surpreendeu ao abrir a porta.

Ele estava diferente. Mais alto, mais encorpado e com barba, mas os inconfundíveis olhos verdes ainda brilhavam no rosto daquele homem que um dia havia sido seu. 

- Albus... – Falou em um sussurro.

- Você voltou. – Albus engoliu em seco.

- O que... Quem...? – Rose acabara de chegar ao país, apenas Hugo e James sabiam que ela estava ali. – James. – Ela concluiu por si própria.

Ela se afastou, convidando-o para entrar. Ele foi meio receoso, mas a casa estava vazia, aparentemente.

- O que James te contou? – Ela fez sinal para que ele se sentasse a sua frente, no sofá.

- Só me deu o endereço.

Rose mordeu o lábio, queria tanto puxá-lo para um abraço e dizer o quanto sentiu sua falta. Queria pedir desculpas por ter partido. E talvez criasse coragem para fazer isso, se não ouvisse um grito vindo do segundo andar da casa, o qual fez os dois pularem assustados.

Ela reconheceu o grito da filha mais velha e revirou os olhos, já sabendo que deveria ser apenas um bicho no quarto dela ou alguma coisa do tipo.

- Eu vou... – Rose começou se levantando, mas viu Daenerys descendo as escadas com um sorriso divertido no rosto.

- Eu vou te matar sua peste! – Lyanna vinha logo atrás com uma expressão assassina, mas já arrumada.

- Meninas... – Rose repreendeu, fazendo as filhas perceberem que tinha visitas.

Lyanna cruzou os braços e se calou. Daenerys abriu um sorriso maior ainda e foi cumprimentar o desconhecido na sala.

- Olá senhor, meu nome é Daenerys Weasley, mas pode me chamar de Dany. É um prazer conhecê-lo, senhor.

- Quantos anos você tem? – Albus perguntou, assustado com a fala da pequena garota.

- Tenho cinco, senhor. Mas seria mais educado se o senhor me falasse o seu nome. – Ela estendeu a mãozinha para ele.

O mais velho a olhou curioso. Ela se parecia com alguém, mas ele não sabia quem. Então ele percebeu que aqueles olhos verdes e aquele nariz delineado não eram da filha de Rose Weasley, mas seus.

Ele engoliu em seco e forçou um sorriso, apertando a mão de Daenerys enquanto falava o seu nome.

- E aquela é a minha irmã Lyanna. Ela é chata, mas hoje está pior.

- Mãe! – Lyanna reclamou, batendo pé.

- Tem bolacha na cozinha. – Rose sorriu para as suas filhas,  Lyanna foi em silêncio e Daenerys saltitando, para o lugar proferido.
Albus as observou ir, ainda atônico com a semelhança que tinha com a mais nova.

- É tão óbvio assim? – Rose perguntou assim que elas saíram.

- Ela... – Albus não conseguia formar uma frase, então esperou que Rose continuasse.

- A mãe dela me entregou há cinco anos. – Ela sorriu sem emoção. – Me disse que era sua filha, mas isso é óbvio.

- Deveria ter me contado. – Ele sussurrou. – Onde você esteve Rose? Eu senti tanto a sua falta. – Ele se levantou e foi até Rose, se ajoelhando para ficar na altura da mesma, que estava sentada no braço de um sofá.

- Muitos lugares...  – Ela passou a mão no cabelo dele respirou fundo, sentindo o perfume que tanto sentira falta. – Fiquei um bom tempo na América Latina... É bom lá. – Albus apreciava o carinho proporcionado de olhos fechados. – Eu fui a alguns de seus jogos.

- Por que não falou comigo?

- Eu fui para levar Lya.

Albus se afastou momentaneamente.

- E ela?

Rose abriu a boca para responder, mas suas filhas logo voltaram, ainda brigando. O motivo agora era Lyanna pegar a bolacha só para ela.

- Vocês estão impossíveis hoje! – Rose exclamou, mandando as duas para o quarto. – E tentem não se matar.

- Elas... Elas são sempre assim? – Albus perguntou confuso.

- Não... São bem carinhosas, menos quando Dany acorda Lya, ou vice-versa. – Ela respirou fundo. – Vamos lá para fora, não quero que elas nos ouçam.

Albus a acompanhou para o jardim e ficou calado, não se permitia esboçar nenhuma reação.

- Eu fui te contar que estava grávida naquele dia. – Ela confessou. Esperou Albus falar alguma coisa, mas ele fechou os olhos e abaixou a cabeça. – Não podia estragar a sua vida.

- Estragar? – Albus riu sem emoção, descrente com o que havia ouvido. Finalmente, olhou pra ela. – Não deveria ter feito isso, Rose. – Ele passou as mãos pelo cabelo e se apoiou na parede com a respiração descompassada.

Rose esperou um tempo, sabia que não era fácil receber tal notícia. 

- Elas são lindas, não são? – Perguntou. – As duas se parecem tanto com você... – Rose tinha os olhos cheios de lágrimas, assim como o primo.

- Deveria ter me contado. – Ele sussurrou pela terceira vez.

- Mãe? – Lyanna chamou da porta, receosa. – Dany está me irritando por causa do cinema, nós vamos ou não? – Ela lançou um olhar discreto para Albus.

O moreno percebeu que Rose estava certa. Poderia ter os cabelos ruivos, a boca e as sardas da mãe, mas aqueles olhos eram, definitivamente, seus.

- Vão se arrumar. – Rose forçou um sorriso para a filha mais velha.

- Ahn... O senhor vem conosco, senhor Potter? – Lyanna perguntou tão educada quanto a irmã, mas mais tímida.

Albus olhos de relance para Rose, perguntando a ela por olhar, esta sorriu novamente e respondeu.

- Por que não, Al? Vai ser divertido.

- Não tenho nada para fazer hoje. – Ele deu os ombros.

- Ótimo. – Lyanna sorriu e entrou na casa.

- Ela é linda... – Albus sussurrou, observando-a partir.

- Ela precisa de ajuda. – Rose tirou o sorriso do rosto e abaixou o tom de voz, se aproximando dele. – Ela jogava quadribol, mas caiu da vassoura. Se machucou muito, não achei que pudesse voltar a andar. 

- O que aconteceu?

- Ela quebrou a perna direita em três lugares diferentes e quebrou o tornozelo esquerdo. Ela não pode dançar, não pode correr, não pode ficar muito tempo em pé, e por aí vai... Por isso, eu queria te pedir uma coisa: Não conta pra ela. Nenhuma das duas. Tem muito coisa acontecendo.

- Eu acabo de descobrir que tenho duas filhas e você quer me afastar delas?

- Não, afastar não. Pelo contrário, queria que se aproximasse delas... Mas não fala nada. Lyanna sempre admirou tanto o jeito que você joga. Quando ela descobriu que teria tantas limitações, se recusou a subir em uma vassoura de novo. – Rose já recomeçara a lacrimejar. – Mas ela sofre tanto, tem pesadelos com o acidente, se sente mal por não poder correr ou dançar. Talvez... Se ela, ao menos, pudesse voar de novo... Não ficaria tão triste.

Albus engoliu em seco e desviou o olhar. Coçou o pescoço, respirou fundo e abaixou a cabeça.

- Foi por isso que você voltou?

- Queria afastá-la de tudo que a lembrasse desse maldito acidente. A escola, a casa, etc... E também... – Ele voltou a olhá-la. – Acho que catorze anos é muito tempo.

Ele negou.

- Você as tinha, Rose. Eu não tinha ninguém.

- Tinha seu pai, sua mãe, seus irmãos, sobrinhos.

- Eu não tinha você.

Quando decidiu voltar, Rose prometeu a si mesma que não se entregaria a Albus de novo, era tudo por suas filhas. Mas isso não importava mais. Puxou-o para um beijo, o qual tanto sentira falta.
Albus retribuiu, enlaçando-a pela cintura e aprofundando o beijo.