Telling Lies escrita por Yokichan


Capítulo 11
Amor de primo


Notas iniciais do capítulo

Shipper: Hyuuga Neji x Hyuuga Hinata
Classificação: +13



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— Traga mais sake!

Ele estava confortavelmente sentado no sofá da sala, os calcanhares sobre a mesinha de centro, o controle remoto sobre o colo e a camisa meio aberta na altura do peito, assistindo o noticiário da noite e sentindo-se o dono da casa. E bem, de certo modo, ele o era mesmo. O Sr. Hiashi havia viajado para uma conferência importante ou coisa que o valha e o deixado no comando de tudo, inclusive de sua bela mansão.

E daquilo que estivesse dentro dela.

Ou seja, Hinata.

— Eu não sou sua empregada! — ela gritou da cozinha.

— E traga mais daqueles biscoitos também!

Ele a ouviu praguejar e soltar gritinhos de raiva como sempre fazia quando ele a irritava de propósito e sorriu, achando graça. Lembrou-se de quando eram crianças e de como era divertido deixá-la brava só para ver aquele bico que ela fazia com a boca. Neji costumava dizer que ela se parecia com um pato naqueles momentos e dobrar-se de tanto rir. Então ela saia correndo e chorando, chamando pelo pai que estava sempre muito ocupado para consolá-la. E no final das contas, era ele mesmo que acabava dando-lhe tapinhas na cabeça e sorrindo um “tudo bem, tudo bem, já passou”.

Eles haviam crescido, mas aquilo nunca mudara.

Hinata praticamente jogou a garrafa de sake e o prato de biscoitos sobre ele. Então atirou-se no sofá ao seu lado e bufou como faria um touro cheio de raiva. Neji pensou que ela podia até parecer uma boneca de porcelana incapaz de matar uma mosca, como realmente parecia para Konoha inteira, mas ninguém a conhecia como ele a conhecia. Ninguém conhecia a verdadeira Hinata que só queria asfixiá-lo com uma das almofadas do sofá naquele momento.

— Tire os pés de cima da mesinha. — ela mandou.

— Não.

— Você está sujando tudo!

— E você vai limpar depois.

Ela começou a torcer os dedos em garras sobre o colo.

— Eu já disse que não sou sua empregada!

Neji bebeu mais um gole e olhou-a com um meio sorriso inclinado no rosto.

— Quem manda aqui?

— Eu! — e cruzou os braços. — Eu moro aqui.

— Quem seu pai disse que manda aqui?

— Uh, seu...

Ela atirou-lhe uma almofada que ele desviou com a mão e, derrotada, ficou a olhar para a maldita TV sem realmente vê-la. Neji soltou uma daquelas risadas que ela odiava — porque, droga, ele sempre ganhava em tudo — e jogou um dos biscoitos na boca. Hinata estava pensando que o pai só podia ter enlouquecido para abandoná-la à tirania de Neji por uma semana inteira, quando a voz dele a despertou.

— Vamos jogar alguma coisa.

— Não vou jogar nada com você.

— Você está entediada. Não negue.

— Não estou! — e tomou-lhe o controle remoto. — Eu quero assistir a novela.

Porém, antes que ela pudesse mudar de canal, ele já havia se apoderado do controle outra vez. E para fazê-la desistir realmente da idéia, escondeu-o numa das dobras do sofá. Hinata encarou-o outra vez com aquele bico — aquele bico de pato — e ele uivou uma gargalhada que primeiro a deixou assustada e depois furiosa.

Oh, Deus, por que a castigara dando-lhe Neji como primo?

— Tudo bem. — ela deixou os ombros caírem. — Vamos jogar.

Ele ajeitou-se melhor no sofá e colocou os biscoitos de lado.

— O que você quer?

— Qualquer coisa. — Hinata rolou os olhos.

— Então Verdade ou Consequência.*

— Não esse jogo estúpido!

— Você disse qualquer coisa. — ele sorriu.

— Mas não esse!

Então Neji inclinou-se em sua direção e ela afastou o rosto enquanto o empurrava pelos ombros de volta para trás. E perguntou-se, tentando varrer para debaixo do tapete os pensamentos inconvenientes, por que ele sempre tinha que ficar tão perto e por que parecia haver borboletas dentro de sua barriga toda vez que aquilo acontecia.

— Por acaso está com medo? — ele ergueu uma sobrancelha que zombava dela.

— Não seja ridículo. Medo de quê?

— De dizer a verdade?

— Cale a boca e comece logo com isso.

E, dessa vez, foi Hinata quem sorriu. Afinal, não era como se ela fosse entregar seus sentimentos de bandeja para ele naquele maldito jogo, mas era divertido inventar respostas para as suas perguntas e vê-lo acreditar num bando de bobagens.

Eles sentaram-se de pernas cruzadas um de frente para o outro.

— O que você escolhe? — ele perguntou.

— Verdade.

Consequência era sempre pior, pelo menos com Neji.

— É verdade que você foi a um encontro romântico com Naruto?

— N-Não! — e não tinha ido mesmo.

— Sei...

— Eu já disse que não! — ela fechou os olhos e respirou fundo. — E você?

— Eu também não.

Hinata bateu-lhe com uma almofada.

— Estou perguntando o que você escolhe!

— Consequência.

— Lamba o chão. — e mordeu o lábio inferior para segurar uma risada.

— Então eu mudo pra verdade.

— Você não pode mudar!

— Já mudei. — ele deu de ombros.

Ela bufou outra vez e tentou pensar em algo embaraçoso.

— É verdade que você fez... Aquilo... Com a Tenten? — e sorriu com sarcasmo.

— Sim.

Então seu sorriso se foi e a boca caiu de espanto.

— Oh, seu pervertido! C-Como você...

— Minha vez. E você quer verdade.

— Eu nem disse ainda! — mas ele a ignorou.

— É verdade que você ainda é virgem?

Hinata sentiu o rosto pegando fogo e escondeu-se atrás de uma almofada.

Não! — mentiu.

— É verdade que você tem sonhos eróticos comigo?

É claro que não! — e mentiu de novo.

— É verdade que você me ama, Hinata?

O modo como ele pronunciou seu nome a fez estremecer como se um vulcão estivesse explodindo dentro dela. Seu coração batia tão forte e tão depressa que ela pensou que fosse morrer.

— Não, eu não amo você! — mas era apenas mais uma mentira.

E é claro que Neji sabia disso. Ele arrancou-lhe a almofada do rosto e teve ainda mais certeza ao ver como ela estava corada. Sentiu vontade de rir, a garota parecia um tomate maduro, mas não queria que ela tivesse uma síncope e desmaiasse ali. Ele ainda tinha perguntas a fazer.

— Por que não?

— P-Porque você é um idiota!

— E o que mais?

— E eu odeio você!

— E vai me odiar ainda mais se eu te beijar agora?

— Você não ousaria! Eu sou...

Neji a silenciou com dois dedos sobre os lábios.

— Sim, você é a garota que eu amo.

E inclinando-se sobre ela, ele a beijou. Hinata era uma estátua que ora queimava, ora gelava e ora estremecia. Depois era apenas uma coisa mole derretendo debaixo dos braços dele. E, por fim, aquela que o agarrou pela gola da camisa e o puxou para si. Aquela que nunca se esqueceria do dia em que Ino lhe disse, meio sem querer, que amor de primo era o amor mais perigoso do mundo.

Mas agora era tarde demais.

Agora nada mais importava.


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Notas finais do capítulo

*Verdade ou Consequência: para quem não sabe, é um jogo bem conhecido. Uma pessoa escolhe, verdade ou consequência, e a outra faz a pergunta (no caso de “verdade”) ou lança o desafio (no caso de “consequência”). O que vale é ser sincero. Quando mais de duas pessoas jogam, costuma-se girar uma garrafa entre os participantes. Os dois jogadores que a garrafa apontar serão aqueles a perguntar e a responder durante a rodada.



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