Um Sopro De Felicidade escrita por Mihara


Capítulo 32
Capitulo 32 - Soem as trombetas, a guerra está terminada!


Notas iniciais do capítulo

Voltei com mais um capitulo, esse demorou mas planejei bem ele , se tornou o capitulo mais longo de todos. Espero que vocês estejam realmente gostando. Boa leitura!



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Capitulo 32

Soem as trombetas, a guerra está terminada!

No meio de tanta confusão, Kurogane refletiu um pouco, qual foi a última vez que ele havia dormido? Era meio idiota pensar aquilo numa hora dessas? Talvez, mas naquele momento, ele não queria nem saber, não quando havia um maluco soltando raios e fogos em sua cara. A situação estava bem complicada, mais do que ele esperava, sua espada estava quebrada, Yeilan e Fay estavam muito feridos, e Syaoran estava fora de controle. A situação poderia ficar pior? Porque não? Ele podia sentir sua respiração pesada e mesmo com um bom porte físico, sentia muitas dores devido ao esforço. Não importava mais se ia morrer ou não, mas queria se vingar pela sua família, estava tentando se controlar, precisava pensar com calma.

Fey Wang estendia a mão e soltava por ela uma espécie de bola de energia concentrada, o tiro, muitas vezes era certeiro e outras acertava todos os cantos do salão, quebrando paredes e colunas, forçando os outros a recuarem, menos Syaoran, que desviava dos tiros e tentava se aproximar. A pele de Syaoran estava chamuscada com as aproximações, havia momentos que ele recebia o tiro de frente para poder chegar mais perto e Yeilan olhando para aquela situação entrava em desespero e esquecia a guarda baixa.

Kurogane se aproximava do garoto na tentativa de impedir que ele fosse atingido por mais alguma coisa, mas o ele era furtivo. Syaoran estendeu a mão conjurando um feitiço, e novamente, a grande insígnia de tabuleiro com inscrições chinesas apareceu sob seus pés, invocou uma espada que apareceu em suas mãos e com a outra, novamente Lucan, seu lobo guardião, tudo ao mesmo tempo, o animal caminhou em volta dele por uns instantes, caçando sua presa, e correu para atacar Fey Wang. Kurogane entrou em seu caminho para impedir o menino mais uma vez, mas este apenas deu um rápido giro e o acertou em cheio no estomago, fazendo o homem cair ao chão.

—Por favor Kurogane-san, não se intrometa! – disse ele baixinho.

Kurogane olhou para o moleque encarando diretamente seus olhos, e por poucos segundos foi o suficiente para fazer uma reflexão. Ele riu achando graça, se fosse em outra situação, não deixaria isso em branco, se levantou, saindo do caminho, e então, Syaoran voltou ao ataque.

Yeilan olhou para Kurogane sem entender, ela se aproximou e disse:

—Porque você não impediu ele?

—Bem, se você não consegue nadar contra a corrente então é melhor nadar com ela – disse Kurogane – no fundo, é isso que Syaoran quer. Olhe bem, ele está usando dois tipos de magia diferentes, nunca conseguiria usar sua própria magia se não estivesse completamente inconsciente. Não se preocupe, mesmo ele se machucando assim, vou fazer a maior parte do trabalho.

Yeilan ficou sem entender, mas Fay havia concordado com a ideia. Kurogane havia visto uma fagulha de Syaoran em seus olhos, mesmo que aquele corpo agisse feito um robô. Ele se sentia do mesmo jeito, queria vingar sua família e morreria por isso, não seria mais um fantoche e faria aquele homem pagar por brincar com suas vidas, deixaria a raiva lhe controlar, usaria como combustível e mataria aquele desgraçado de uma vez por todas.  Fay não havia dito uma única palavra, pois compartilhava do mesmo sentimento, podia ver isso em seu único olho bom, ele não tinha dito uma única palavra, apenas observando a situação, tentando encontrar brechas para atacar.

Yeilan não pode dizer nada, afinal, aqueles homens só vieram com ela por um pedido seu em nome de suas antigas amizades. No entanto, o assunto agora não era só de sua família. Muita coisa estava em jogo, até mesmo o nome de seu clã estava no meio de tudo isso, traída pelas costas, não resolveria as coisas agora, mas também não morreria para deixar em branco, por assim dizer. Ela poria um ponto final naquela briga, e Fey Wang era apenas um obstáculo para chegar até lá, pois seu dedo também estava no meio disso.

—Muito bem! Então eu também estarei derramando meu sangue neste chão! – disse ela pegando seu grande leque novamente.

Era até engraçado, parecia uma missão suicida, mas todos eles se postaram de frente para Fey Wang e avançaram.

Por uns breves instantes, Fey Wang havia hesitado e parado por um momento, perdendo o foco.  Acabou sendo atingido nas costelas, levantou perplexo, tinha se distraído, sentiu o poder contido de Sakura se esvaindo. O que tinha acontecido? Não podia ser, ela estava livre? Mas quem poderia... E como se a ficha caísse, ele percebeu que só haveria uma pessoa capaz de encontrar aquele lugar, aquele maldito traidor. Como ele ousava fazer tal heresia? Mas não era como se nunca houvesse duvidado.

Sentiu uma dor lancinante em seu ombro esquerdo, os dentes de um enorme lobo estavam cravados em sua carne, afundando cada vez mais. Tentou se soltar, mas o animal o sacudia como um cão raivoso, sua pele também começou a queimar em contato com os dentes do animal. Mas não ficaria assim, com força, ele puxou o braço, sentindo seus músculos se distender, mas o lobo não o largava. Apontou para o próprio ombro, bem onde se encontrava o rosto do animal e atirou uma das bolas de energia.  O animal ganiu e o largou, correndo para o lado de seu dono novamente. Fey Wang olhou para o estrago, seu ombro estava dilacerado, não conseguia sentir a movimentação.

Todos pararam, observando a reação, uma fagulha de esperança começou a surgir em seus peitos, eles podiam virar o jogo, e como em um movimento de xadrez, eles esperaram pacientemente a jogada do adversário.

—Vocês acham que isso é o suficiente para me impedir? – disse Fey Wang – isso não é nada!

—Apenas no devolva Sakura – disse Yeilan.

—Isso não vai ser o suficiente para mim, mesmo pegando Sakura de volta, ainda darei um fim nesse cara – rosnou Fay.

Fey Wang riu, olhando diretamente para Fay, cutucando-o em sua ferida com suas palavras.

—Sim, era esse rosto que eu queria ver, foi esse rosto que seu irmão fez antes de morrer, um rosto determinado, pronto para fazer qualquer coisa.

Fay manteve-se quieto, seus machucados nem incomodavam mais, ele apenas queria pôr as mãos no pescoço daquele homem, quanto a Yeilan, era a primeira vez que o via com essa expressão.

—Nao brinquem com fogo, eu ainda tenho muito poder! – disse Fey Wang.

Ao dizer aquelas palavras, ele olhava diretamente para Syaoran. As roupas do garoto estavam rasgadas e manchadas de sangue, seu peito ainda sangrava, mas por conta da magia de clow, que estava regenerando lentamente suas feridas, não estava mais exposto como antes e Fey Wang havia percebido.

E novamente a luta recomeçou com os ataques de Kurogane, Fay e Yeilan., Syaoran também avançou, Fey Wang se desviava facilmente, seu braço esquerdo, agora inútil, apenas balançava de um lado pro outro. Tudo uma questão de habilidade física e magia contra magia, e Kurogane se irritava mais ao pensar em sua espada, como ela quebrara tão facilmente?

Ele se afastou um pouco, parando para pensar, tinha algo errado. O homem não atacava, e não parecia ser porque estava com um braço inutilizado, apenas de desviava de um lado para outro. Ele estava tramando alguma. Retirou a espada quebrada da bainha, encarando-a, conseguia ver o reflexo de seus olhos em sua lamina, era uma relíquia e tinha quebrado tão facilmente! Passou as pontas dos dedos em um escrito na espada, a continuação estava do outro lado da lamina. Olhou ao redor, ela estava do outro lado do salão. Os escritos diziam, o poder de um homem não está na espada..., e a continuação estava no outro lado.

De repente, o jogo se inverteu. Fey Wang chutou Yeilan para o outro lado do salão e derrubou Fay. Ele olhou diretamente para Syaoran com um sorriso meio louco, chamando o garoto para o ataque. Esperando Syaoran chegar mais perto, com um único movimento, Fey Wang agarrou o pescoço do menino e o prendeu ao chão com seu corpo, antes que ele pudesse reagir, colocou sua mão boa sobre seu olho azulado.

—Esse poder vai ser meu! – sussurrou para que apenas Syaoran pudesse ouvir.

E como num passe de mágica, Syaoran voltou a si só por alguns instantes, não por ter voltado ao normal, mas porque começou a sentir uma dor alucinante em seu olho direito, como se ele estivesse sendo arrancado, começou a gritar loucamente e a espernear em baixo do corpo de Fey Wang.

—Temos que impedir, ele está tentando roubar o poder de Clow – gritou Fay para os outros.

Kurogane não deixaria isso acontecer, será que esse homem só pensava em roubar as coisas dos outros? Não, tomaria tudo dele assim como ele tinha feito. Lembrou-se dos dizeres, o poder de um homem não está na espada, não deixaria que Fey Wang se safasse depois de tudo o que tinha feito.

—O poder de um homem não está na espada! – Murmurou entre dentes – o poder está no coração.

E assim, Kurogane, mesmo com a espada quebrada, acumulou todo o poder que tinha na lamina de sua arma e fez um corte na horizontal. Um grande vento cortante saiu da espada, cortando o chão como se fosse de papel. Fay Wang escapou no último segundo, soltando o olho de Syaoran, enquanto Yeilan pulava na frente resgatando o garoto antes que ele também fosse atingido.

Kurogane sentiu sua espada vibrar em suas mãos, quando olhou para a lamina, ela estava luminosa, a lamina estava inteira como se não tivesse sido quebrada, mas ele pode perceber que era uma espada diferente, mais fina e cortante, com mais poder. Ele sorriu, sentindo-se poderoso. Aquela era a relíquia da sua família, uma espada praticamente viva, que tinha sido de seu pai e agora pertencia a ele, sua herança.

Syaoran estava bambo, sentia dores em todo o corpo, mal conseguia se mexer. Viu que estava nos braços de sua mãe, e que ela estava respirando com dificuldade, ele havia caído por cima do ferimento em seu ombro. Sentiu o vomito subir do fundo da garganta e sua cabeça estava girando, virou-se para o lado para vomitar.

—Você precisa descansar um pouco – disse ela colocando a mão sobre as costas do filho – cuidamos disso por enquanto.

E se afastou. O garoto estava perdido, lembrava-se muito pouco do que aconteceu, tudo o que vinha em sua mente era a espada de Fey Wang o atravessando. Ele colocou as mãos sobre o estomago onde estava o corte, não sangrava mais, mas porquê? Lembrou-se da dor descomunal que sentiu sobre seu olho cego, como se ele estivesse sendo arrancado. Colocou a mão sobre ele, sentindo um liquido viscoso, ele estava sangrando? O que Watanuki havia dito mesmo? Olhou ao redor, tudo estava destruído, mas o que ele havia perdido? Watanuki! Sim, onde estava Watanuki? Ele prometeu recuperar Sakura, olhou em volta, mas nem sinal do garoto, talvez não tivesse chegado ainda? Colocou a mão sobre o pescoço, o colar ainda estava lá, eles ainda teriam chance.

Novamente, as coisas haviam congelado, todos esperando o próximo movimento do adversário, isso já tinha se estendido demais, pensavam eles. Fay olhou para Syaoran, ele ainda parecia meio zonzo, mas tinha saído daquele estado sobre-humano dele, mas não podia confiar, seu olho ainda estava azul, a magia de clow ainda estava ativa, se ele estivesse em sã consciência seria perigoso demais, pois talvez não conseguisse controlar os poderes. Sem a linhagem sanguínea de Clow, Syaoran jamais conseguiria dominar a magia completamente, seria um risco para ele e para todos.

—Muito bem, temos que cuidar disso sozinhos por um tempo – disse Fay aos outros – mas trabalhando juntos.

Uma grande insígnia de invocação apareceu sobre os pês de Fay, o ar em volta dele parecia ter ficado mais frio e um vento forte como um redemoinho circulava sobre o feiticeiro. Um grande pássaro gigante surgiu, uma fênix gigantesca, mas com penas claras meio congeladas, elas brilhavam sobre o gelo fino do pássaro. Ele batia as asas produzindo um vento arrebatador.

Kurogane e Yeilan fizeram o mesmo, copiando a magia. Kurogane podia ser poderoso com espadas, mas conhecia alguns truques, seu guardião era um gigantesco dragão azulado, com asas tão grandes como a do pássaro ao lado. Era mesmo de fazer inveja, pensava Yeilan, ela não conseguia acreditar no tamanho do poder daqueles dois, o tamanho de seus guardiões mostrava claramente a grandeza de suas magias, no entanto, não tinha vergonha de seu animal, sua águia branca voou pelo salão, até pousar em seu ombro, ela podia ser pequena comparada aos outros, no entanto, parecia muito astuta e poderosa o suficiente para causar um belo estrago com suas garras afiadas. Sua cor era tão branca que mostrava a quão refinada sua magia era.

Fey Wang riu encarando os animais e disse.

—Eu tenho um cachorrinho também!

Fay Wang invocou seu guardião. Não se poderia dizer que criatura era aquela logo de cara, ela era tão imensa quanto os guardiões de Kurogane e Fay, Yeilan demorou um pouco para reconhecer, olhou horrorizada, o guardião de Fay Wang era o terrível Yamata no Orochi, o dragão de oito cabeças. Seu corpo era como o de uma cobra esguia, suas cabeças tinham uma pelagem meio escura e seus pares de olhos todos amarelos, Por um breve instante, ela titubeou e pensou, conseguiremos derrotar tamanho inimigo? Seu Falcos comparado com aquele monstro era apenas uma formiga, mas lembrou-se de seus verdadeiros objetivos, o motivo de estarem ali, não era apenas para resgatar Sakura, muita coisa havia entrado em jogo, então retomou sua compostura.

—Vou cortar cada uma dessas cabeças – disse Kurogane se dirigindo a Fey Wang – e depois, deixo a sua por último.

—Você não pode cortar a cabeça de um Orochi – comentou Fay rapidamente – diz a lenda que crescem mais duas no lugar.

—Isso não é na mitologia grega? – perguntou ele.

— Melhor não arriscar – respondeu Fay

—Então cortarei a dele primeiro – disse Kurogane apontando para Fey Wang.

—Acho melhor!

A conversa foi interrompida quando o monstro de Fay Wang atacou, eles eram grandes demais para o salão, quando a fênix de Fay abriu suas grandes asas não podia alçar voo pois o teto do salão era baixo demais, mas ela usava suas poderosas garras para atacar, o dragão de Kurogane atacou mirando os pescoços do Yamata. Ele prendeu duas cabeças com as patas e uma com os dentes, mas eram grandes e numerosas demais, mais duas cabeças livres abocanharam seu pescoço e a pata dianteira enquanto a fênix se ocupava o restante, tentando arranha-las da maneira que conseguia.

Sem perder tempo, enquanto os animais lutavam entre si, seus donos não ficaram parados e retomaram a batalha, no entanto, os animais atrapalhavam, todos tiveram que sair do caminho para evitar a cauda do Yamata que se debatia, mas aproveitaram essa desvantagem da falta do campo de visão, os guardiões entravam na frente a todo o momento com suas patas e caudas, resolveram atacar sempre pelos lados opostos. Yeilan ficou de recanto com Falcos em seu ombro, não estava na hora dela atacar ainda, esperaria uma abertura.

A batalha de titãs, apesar de rápida, estava chegando ao fim, o Yamata tinha cabeças demais para os guardiões de Kurogane e Fay segurar de uma só vez. Como um ataque de cobra, o corpo do Orochi enrolou o dragão menor, apertando-o como uma serpente, as cabeças os pés da fênix enquanto ela se debatia tentando se soltar, causando uma tremenda ventania.

Fay e Kurogane podiam sentir que eles estavam sofrendo, o dragão azul de Kurogane estava como uma presa sendo esmagada, o desconforto e falta de ar fizeram ele recuar um pouco, pois seu dragão era um espelho seu, tudo o que ele sentia, Kurogane sentia também. E o mesmo se aplicava a Fey, sentia dores nos braços e nas pernas, as bocas do Yamata no Orochi arrancavam as penas de seu animal enquanto ela de debatia.

Não tinha mais jeito, mesmo sendo criaturas magicas, eram criaturas vivas, não poderiam força-los mais. Desfizeram a magia, guardiões podiam ser uma boa vantagem ou uma grande desvantagem, já que seu dono também se põe a risco. Os dois animais enormes desapareceram no ar.

Fay Wang riu nervosamente, considerava a batalha vencida, tomaria de volta os poderes de Sakura para trazer aquela pessoa de volta e ainda pegaria aquele colar do moleque.

—Imaginei que terminaria assim, Acabe com eles de uma vez Orochi!

Todas as cabeças de ergueram de uma só vez preparando-se para o bote, Yeilan, Fay e Kurogane não tinham como se defender de uma investida de tantas cabeça. Kurogane se preparou para cortar o ar novamente, mas antes que eles avançassem, Fey Wang não viu Falcos, que estava ainda em repouso no ombro de Yeilan, se aproximava velozmente, dando uma investida contra Fey Wang, suas garras arranharam seu rosto, fazendo um corte no olho e quebrando o monóculo que estava usando. No mesmo momento, as cabeças do Orochi desapareceram, quebrando o selo.

Fey Wang caiu de joelhos segurando o rosto entre as mãos, gritando de dor. Olhou na direção de onde viera o ataque.

—Maldita! – ele estacou, ouvindo atentamente, olhou para o lado por um instante e começou a sorrir loucamente – mas vocês não pagam por esperar!

Antes que o grupo pudessem perceber, um som como o de uma marcha inundou o salão, e quando menos se esperava eles estavam novamente cercados. Milhares e milhares de guardas empunhando armas de fogo e facões estavam por todo o salão, fechando eles em um cerco que não tinha mais saída.

—Vocês foram muito precipitados em virem sem ajuda nenhuma! Entraram em um covil de cobras de olhos vendados. – disse Fey Wang se erguendo novamente – Está na hora de encerrarmos com a brincadeira, não tenho tanto tempo livre assim. Guardas! Peguem eles!

Todos os guardas apontaram as armas para os intrusos do castelo, fechando o cerco devagar, estavam cercados.

                                 ----------****----------

Watanuki carregava Sakura em suas costas, sua raposa chamava atenção demais para abrir caminho, quando eles se depararam com a multidão de guardas cercando seus amigos ele decidiu que seria melhor de esconder. A situação não estava muito favorável, Kurogane Fay e Yeilan estavam de costas para o outro, protegendo a guarda, e no meio se encontrava Syaoran sentado de cabeça baixa. Ele não parecia nada bem, pode ver que um de seus olhos havia mudado de cor. Tinha avisado a ele, mas como era cabeça dura mesmo.

Naquela situação, nem ele sabia exatamente o que fazer, carregando Sakura, não havia onde esconde-la e havia muitos guardas para passar despercebido. Como eles estavam em uma das passagens perto da estátua gigante, não podiam ser vistos, Watanuki colocou Sakura no chão, deixando-a escondida o máximo possível, deixou sua raposa tomando de conta da menina e caminhou até o mar de guardas que estavam virados para seus inimigos.

Seu plano não daria certo, ele estaria se jogando na fogueira, tinha certeza que Fey Wang já sabia de sua traição, mas tinha que arriscar. Qualquer coisa para distrair a atenção e dar mais tempo para que um milagre caísse do céu.

—Saiam! Abram caminho! – gritou ele – Deixem-me passar!

                                   ----------****----------

Syaoran sentia-se como em um filme de terror. Ele estava envergonhado, não podia fazer nada além de ficar ajoelhado, seu corpo estava parcialmente paralisado e quase não conseguia mais se mexer, mas tinha que ser forte. Os guardas se aproximavam aos poucos quando ele escutou uma voz.

—Saiam! Abram caminho! Deixem-me passar!

Era Watanuki, olhou assustado para o garoto, ele só podia ser louco, Fey Wang sabia de sua traição, ele estava querendo morrer? Sakura! Ele tinha ido buscar Sakura, onde ela estava? Olhou ao redor, ele não estava com ela? O olhar de Watanuki caiu sobre o de Syaoran, ele estava fazendo a mesma cara de quando haviam se encontrado, aquilo era fingimento? Quem ele estava traindo afinal? Ficaram se encarando por uns instantes até ele virar para Fey Wang e dizer:

—Meu senhor, um dos guardas invadiu a sala especial, a máquina parou de funcionar! – disse ele se ajoelhando, mas em um tom bem alto para que todos pudessem ouvir, no mesmo momento, os guardas começaram a murmurar um para o outro tentando entender o que estava acontecendo. Ele causaria o pânico.

O silencio, mais uma vez, pairou sobre todos, eles ficaram estagnados, os guardas ficaram confusos e vacilaram ao segurar as armas por um instante, as armas apontadas para os intrusos abaixaram-se por um breve instante até Fey Wang dar a palavra.

— Não há possibilidade de ter sido um dos guardas – ele chegou perto de Watanuki, colocando a lamina de sua espada perto o suficiente de seu rosto para que escorresse um filete de sangue, o olhar de Fey Wang era tão gelado e cortante como sua lamina afiada – você era o único que tinha acesso.

—Eu vinha investigando sem seu conhecimento, meu senhor – Watanuki manteve-se frio – um dos guardas é um traidor!

Os guardas começaram a ficar assustados e olhando um para o outro, se perguntando quem poderia ser o possível traidor.

—Eles não são espertos o suficiente para isso, só uma pessoa aqui teria a capacidade para isso – rosnou Fey Wang - E onde está a garota?

Watanuki suava frio mas mantinha a compostura, que tipo de resposta ele estava querendo ouvir? Uma palavra em falso e ele morreria. Literalmente estava forjando sua própria cova.

—Ela sumiu!

—ENTAO A CULPA É SUA!

Berrou Fey Wang avançando sobre Watanuki e levantando-o pelo colarinho, apontando sua espada para seu pescoço. Ele tinha se transformado numa fera, seus olhos estavam avermelhados de raiva e sua voz esganiçada, Fey Wang havia perdido sua compostura tão educada e sua mente era levada pela loucura.

—Nao, um dos guardas é um deles – disse Watanuki se referindo ao grupo de Syaoran - Em quem você confia mais, em mim ou em seus guardas porcalhões?

Como Fey Wang não respondeu, percebeu que estava dando certo, a duvida começou a nascer em Fey Wang, ele olhou de Watanuki para seus guardas ao redor, muitos deles começaram a gritar desesperados.

—Isso é calunia!

—Não acredite nele meu senhor!

—É mentira!

E um som ensurdecedor de vozes aumentou pelo salão, todos sabiam que Fey Wang não se daria ao trabalho de achar um culpado, ele acabaria com todos de uma só vez.

—Meu senhor – disse Watanuki – e se houver mais traidores? Os guardas sempre faziam um serviço sujo e sem vontade. Eles se voltaram contra você, seu próprio Deus, para tomar suas terras de volta. São rebeldes!

Watanuki via veias pulsarem no pescoço de Fey Wang, sinal de que ele estava ficando confuso, não sabia em quem acreditar, e ficava mais nervoso por causa disso. Sem pensar duas vezes ele gritou enfurecido e apontou para qualquer direção soltando suas bolas de energia, fazendo muitos guardas explodirem e voarem pelo salão. No mesmo instante, todos os guardas se desesperaram e abaixaram suas armas, causando um grande alvoroço e correndo que nem baratas, o pavor fez com que eles esquecessem de seus alvos principais. O plano estava dando certo, o feitiço estava voltando contra o feiticeiro.

—Eles já devem tê-la levado meu senhor! Não há tempo a perder! – disse Watanuki que se ajoelhou aos pês de seu suposto mestre quando ele soltou-lhe para atirar nos guardas.

—NAO ACREDITE NELE! – Gritou um dos guardas correndo e tropeçando – EU VI ELE NO CORREDOR DO LADO OPOSTO DO CASTELO, ELE DISSE QUE ESTAVA EM UMA MISSAO COM ORDEM SUA.

O guarda, desesperado, falava gritando tentando salvar sua vida. Watanuki sentiu o coração parar no mesmo instante, era o guarda com quem ele tinha trombado. Maldito porco nojento! O plano iria por agua abaixo.

—É mentira! Ele deve ser o traidor – gritou Watanuki.

—Eu já estou cansado de tudo isso! – ele riu olhando para Watanuki – Seus serviços estão dispensados!

Watanuki fechou os olhos esperando que a espada de Fey Wang o cortasse em dois, mas antes que isso acontecesse, quando se deu por si, as mantas de Fey Wang estavam pegando fogo, fazendo ele largar a espada e apagasse as chamas. Olhou em que direção tinha vindo o tiro.

—Você quer isso não quer? – disse Syaoran.

Syaoran sentia suas pernas tremerem devido ao esforço, aguentaria encarando tudo como um dia de treino pesado, apesar disso, sentiu uma nova energia percorrer todo o seu corpo, nunca tinha sentido aquilo antes, seus olhos estavam diferentes, um ainda estava azulado por conta da magia de Clow que estava ativa, mas o outro brilhava num castanho alaranjado, como se estivesse com cor de chamas. Em uma das mãos ele erguia o colar que Fey Wang tanto queria, e a outra ardia em um fogo alaranjado.

—Esta é minha própria magia!  - Disse Syaoran – não é à toa que fui escolhido para ser o herdeiro do clã.

Yeilan olhava fascinada, era o mesmo tipo de magia que o garoto possuía quando o tinha encontrado. Seu corpo ardia em chamas como se ele fosse uma tocha ambulante, de todo o seu corpo sai vapor, se ele quisesse poderia incendiar tudo. Era uma magia natural, do elemento mais poderoso, seu corpo estava usando como fonte de combustível reserva. O garoto podia não ter a linhagem de Clow, mais era muito talentoso.

—E eu sei de quem pertence este colar! Eu finalmente descobri!

Fey Wang esqueceu-se completamente de Watanuki, seus olhos estavam cravejados no colar que balançava na mão de Syaoran. As palavras do menino entraram em sua mente, como se estivesse sendo hipnotizado.

—Você...quer trazer de volta o mago Clow não é?

Um silencio se estabeleceu no aposento, ninguém estava entendendo mais nada. Os guardas, antes apavorados, agora olhavam para o rosto de seu mestre com medo, aproveitando a oportunidade, alguns dos guardas, que estavam caídos perto da entrada, começaram a escapar de mansinho, se arrastando devagar e em silencio, Fey Wang estava distraído em pensamentos, era a chance perfeita, mas um deles esbarrou em um dos facões que estavam no chão, fazendo um leve ruído, mas audível o suficiente para tirar o feiticeiro de seu pequeno mundo e trazê-lo de volta a realidade.

Com raiva, Fey Weng explodiu mais uma levada de seus guardas beberrões que se afastavam se tremendo, abrindo mais o cerco em volta dos invasores. Eles já não sabiam mais quem poderia ser o inimigo mais perigoso.

—Não tentem escapar seus vermes – murmurou Fey Wang – estou de olho em vocês.

Era obvio para Syaoran que aquelas palavras o deixaram irritado. Ele olhou de relance para Watanuki, seguiria o plano dele.

—Você tem razão, eu quero trazer o mago Clow de volta!

—Mas porquê? Se você o odeia tanto? – perguntou Yeilan secamente.

Fey Wang hesitou um pouco ao responder, mas continuou.

—Sim, odiava aquelas manias ridículas dele de acreditar em todo mundo – comentava para si mesmo – até mesmo em mim. Mesmo assim, ele ainda conseguia ser tão...

As palavras de Fey Wang eram confusas, ele comentava baixo e de repente toda aquela ira tinha esfriado. Todos o encaravam atentamente, mas ele mantivesse em silencio, navegando por suas lembranças.

—Estamos com Sakura agora! – mentiu Syaoran, olhando para Watanuki – é tarde demais.

—Não! – explodiu Fey Wang – não é tarde demais! Trarei o mago Clow de volta de qualquer jeito. O homem mais poderoso do mundo, o homem que mais digno, o rei dos reis. Minha pessoa mais especial e ficarei ao lado dele para sempre!

—O mago Clow nunca o perdoaria por seus atos, você o envergonhou maltratando as pessoas e brincando com elas como se fossem bonecos.

— Eu não me importo, trarei aquela pessoa que roubou meu coração no dia em que ele morreu. – ele olhou para Syaoran e disse – é o mesmo para você não é? Ficar sem aquela garota? Faria qualquer coisa por ela não é? Vou traze-lo de volta e ficar tão grandioso quanto, para que possamos ficar lado a lado.

Quanto mais Fey Wang falava, mais ele surtava imaginando as possibilidades, de como estava a apenas uns passos de alcançar seu sonho. Syaoran teve um pensamento involuntário e no mesmo instante se arrependeu de pensar dessa maneira, que Fey Wang e ele eram muito parecidos, o que Sakura era para Syaoran, o mago Clow era para Fey Wang, e que ele também faria de tudo por Sakura, poderia chegar ao ponto em qual o homem em sua frente deprimentemente estava?

—Não há jeito Fey Wang – respondeu Syaoran – os mortos jamais devem retornar, destruiria a ordem de equilíbrio.

—Não me importo com o equilíbrio!

—Mesmo se Clow voltar, ele nunca olharia para sua cara.

—Isso não é verdade, eu não tenho que ouvir suas besteiras! – gritou Fey Wang.

E de repente, Syaoran sacou, Fey Wang ficava cada vez mais nervoso a suas palavras, ele perdia a compostura novamente, assim como fizera ao mostrar o colar, então decidiu continuar.

—Ele sabia o homem sombrio que você era, como sua alma era suja e repugnante, por isso, no momento de escolher alguém para suceder seus poderes e bens, ele deu esse colar para outra pessoa, não é? – dizia Syaoran bem lentamente, esperando que aquelas palavras enfurecessem Fey Wang – ele ainda nem estava morto e já sabia que você não prestava.

—ISSO NÃO É VERDADE!

—Ele nunca confiou em você! Eu, mesmo sendo apenas um garoto de rua abandonado, sou mais valoroso de carregar essa herança do que você – disse Syaoran apontando seu olho azulado.

—VOCE NÃO SABE DE NADA! – explodiu Fey Wang.

—Então veremos, proponho um desafio, para provar quem é o melhor, aquele que merece carregar a herança de mago clow! – brandiu Syaoran.

—NÃO PRECISA MOSTRAR NADA – gritou Fey Wang preparando sua espada – EU TOMAREI DE VOCE O QUE ME PERTENCE!

Syaoran olhou rapidamente para Kurogane e Fay, que consentiram com a cabeça, ele sentiu seu corpo se incendiar, ou pelo menos, essa era a sensação, seu cabelo esvoaçava e ao seu redor, chamas alteavam onde ele pisava. Sentia a magia extra que tinha juntado se acumular e vazar aos poucos pelo corpo, então, preparou-se para o ataque. Tinha que dar certo, essa era a última chance, o milagre esperado.

Fey Wang atacou.

Foi tudo muito rápido para se acompanhar. Syaoran deixou a guarda aberta de propósito para virar um alvo fácil, ele chegou perto o suficiente para no último segundo desviar-se para baixo, passando por baixo de seu braço, a espada do homem passou raspando-lhe o ombro, mas continuou correndo reto.

Fey Wang também se surpreendeu, ele desviou sua atenção para Syaoran que escapava covardemente de seu ataque, enquanto seus olhos acompanhavam o garoto sentiu duas laminas atravessando seu peito. Quando olhou para frente, estavam os dois homens cuja tinha brincado com suas vidas, que o encaravam ferozmente. Kurogane atravessou sua espada por seu peito, enquanto Fay, com unhas afiadas, atravessou sua barriga.

Todos assistiam a cena estáticos, paralisados, nunca tinham visto Fay Wang perder as estribeiras. Para eles, o movimento foi rápido demais, apenas viram um avançar sobre o outro, e então, paralisou. Era como sentir o tempo parar.

A luta estava acabada, a guerra estava vencida.


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Notas finais do capítulo

Espero que vocês realmente tenham gostado, achei que deveria colocar esse titulo pois em minha cabeça, toda vez que uma guerra termina - uma suposta guerra - cornetas tocam para anunciar o fim, sera que vi isso em um filme? Ou é apenas coisa da minha cabeça? Mas em fim, espero que quem realmente esteja gostando possa recomendar ou comentar, ajudaria muito. Quero aprender mais sobre minha escrita e melhora-la. Até o próximo capitulo!