Um Sopro De Felicidade escrita por Mihara


Capítulo 28
Capitulo 28 - Iguais


Notas iniciais do capítulo

desculpem a demora, se ha alguém que realmente esta lendo a fic, boa leitura.



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Capitulo 28

Iguais

Uma de muitas lições que Watanuki já aprendeu durante sua vida era ser paciente, mas justo naquele momento, ele não conseguia manter a calma. Yuko o tinha avisado do que aconteceria e já não mantinha mais contato com ela, teve que tomar decisões difíceis sem aconselhamento. Lembrava como se fosse ontem do dia em que foi resignado para aquele castelo.

Estava voltando da escola e indo para seu trabalho de meio período, uma loja que atendia desejos, aquele fora um dia estranhamente calmo, sem ser atormentado por espíritos, mas não perguntou nada para Yuko quando ela apenas lhe pediu saquê e uns petiscos, como normalmente faz. A bruxa nunca deixava nada transparecer, era difícil entende-la, então quando ela lhe chamou a noite, não percebeu a intenção de suas ações, mas sabia que ela não estava em seu estado natural, imaginou que não seria por causa do saquê, ela sempre ficava alegre demais com bebidas alcoólicas.

_Watanuki – começou ela – as vezes, meu trabalho não é nada fácil! Eu sempre tenho que ser imparcial, nada mais e nada menos. Acabo sempre ficando por fora, sem me envolver diretamente. Vi muitos dos meus amigos se machucarem por causa disso.

_Srta.Yuko – comentou Watanuki – você está meio estranha hoje.

Ela se manteve em silencio, Watanuki sabia que ela sempre se perdia no passado quando ficava daquele jeito, olhando para longe, como em um filme. A noite estava quente naquele dia, e como sempre, os cabelos de Yuko, tão longos e negros como a noite, desciam por seus ombros e costas como cascatas, e esparramavam-se pelo chão. Sua pele alva exposta pelo quimono leve de veraneio brilhava sob a luz da lua, tão pálida.

Por um leve momento, ele conseguiu ver um pouco de preocupação em seu olhar perdido, era a primeira vez que isso acontecia.

_Watanuki, hoje eu quero um serviço diferente – disse ela – dessa vez, você atendera a um pedido meu. E o preço, eu irei pagar.

Agora ele sabia o porquê, era um desejo alto demais, entrar na toca do lobo disfarçado como um pequeno cordeiro com pele de lobo falsa. Qualquer erro e ele seria descoberto. Teve que ser muito paciente e fazer escolhas ruins para não ser descoberto, quando Syaoran apareceu emitindo um poder magico de Clow, sabia que estava na hora de agir. Mas não de imediato, primeiro, ele tinha que saber os limites do usuário, e por isso não interferiu na luta de agora a pouco. Mas Não esperava que fosse chegar a tanto, quando viu o candelabro cair sobre os dois, ele ficou com medo que estivesse tudo perdido. Quando correu em direção aos destroços, viu um Syaoran ensanguentado levantar-se, ele parecia meio instável, permanecendo em pé, por um instante, Watanuki jurou que aquele era o clone, mas ao ver os olhos do rapaz teve certeza de que o garoto havia conseguido.

Syaoran estava com os olhos coloridos, um castanho e o outro um azul claro, podia sentir Clow de um jeito mais forte do que antes, percebeu também que ele não notou sua presença mais perto, na verdade, nem se moveu, somente olhava fixamente para o ponto em que estava o corpo de seu clone. Entendia agora, era assim que funcionava, um sistema de auto defesa. Isso era bom e ruim ao mesmo tempo, a questão agora era, como tira-lo daquele estado?

O clone começou a se mover novamente, levantando-se devagar, não parecia tão ileso como antes, mas não sentia dor. Dessa vez, sem esperar nem mais um segundo, quem atacou primeiro foi o verdadeiro Syaoran.

Algo estava errado naquela luta, o Syaoran que estava em desvantagem agora estava em uma velocidade superior, antes ele nem conseguia atacar, e agora atacava sem dar espaço, a situação tinha se invertido. Watanuki não conseguia acompanhar muito bem, a velocidade dos dois era demais para seus olhos, ele viu um chute aqui e outro para lá, mas agora não conseguia identificar quem era quem.

Como se tivesse feito um desejo, os dois se separaram por um instante e voltaram para a mesma situação, mas foi o suficiente para Watanuki ver muito sengue escorrer pelo braço esquerdo de um dos Syaorans, se aquele que ele viu fosse o verdadeiro, significava que ele mesmo tinha que parar aquela luta.

Não poderia usar a força, era praticamente impossível. Uma das vantagens de se estar naquele lugar, é que ele pode aprender muitas coisas, e não lhe faltava feitiços, no entanto, teria que tomar cuidado, pois teria que pegar os dois de uma vez só, Watanuki teria apenas uma oportunidade.

A luta em si estava quente, era uma disputa em que não se previa os resultados, Syaoran, o verdadeiro, agarrou o clone pelos cabelos socando ele no estomago, obrigando – o a se curvar, dando uma joelhada no rosto logo depois. O mesmo recuperou-se rapidamente sem expressão nenhuma, como se nem tivesse recebido o golpe, devolvendo um cruzado e um chute giratório que o acertou em cheio, Syaoran praticamente nem sentiu.

Watanuki assistia a tudo assombrado, o clone ele entendia, mas Syaoran parecia mais um robô, sem dor e emoções. Sabia que sua deixa estava perto, iria destruir a magia do corpo do clone e parar a de Syaoran. Ele demorou muito para aprender a usar essa técnica, era de auto nível, isso ele podia se gabar, mas exigia uma grande quantidade de magia e esforço físico. Ele mordeu a ponta do dedo, deixando sair um pouco de sangue – essa magia era classificada como magia negra, por mexer com o próprio sangue do usuário, o que Yuko diria a ele se ela o visse fazendo magia negra? – depois, fazendo um círculo no chão e escrevendo alguns caracteres japoneses antigos, ele só esperou seus olhos travarem os alvos.

Demorou um pouco para que isso acontecesse, ambos não paravam no lugar, mas quando Watanuki finalmente os visualizou, ele fez um traço vertical dentro do círculo como se estivesse cortando algo. No mesmo momento, o corpo do clone travou e pela primeira vez fez uma expressão diferente em seu rosto, surpresa, sua pele começou a se desfazer e desmontar, restando apenas ossos e areia. O Syaoran que restou olhou para Watanuki, encarando ele como uma ameaça, quando avançou, Watanuki traçou um corte novamente na horizontal. Syaoran caiu inconsciente em seus braços.

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Quando Syaoran acordou, ele estava no colo de Watanuki, surpreso, tentou levantar mas não conseguiu. Seu corpo simplesmente não queria se mover, sentia dores subindo pelo braço esquerdo e na testa.

_Não adianta tentar se mexer, se fizer isso, nunca mais poderá andar novamente. – Watanuki encostou Syaoran no chão.

Ele não conseguia dizer nada, sentia tontura e vertigens, decidiu fechar um pouco os olhos para evitar que a terra girasse.

_Você provavelmente irá passar muito mal, mas também, não é pra tanto, um de seus braços está completamente estraçalhado e você levou pancadas na cabeça muito forte. É claro que tudo viria como uma onda depois.

Syaoran não conseguia olhar para ele, mas quando sentiu a mão dele em sua testa, seu braço bom automaticamente tentou empurra-la para longe.

_Sei o que você está pensando, mas não é exatamente o que parece. Se me deixar ajudar, posso contar tudo pra você.

E sem condições de questionar, Watanuki começou a trabalhar em Syaoran para curar suas feridas, não conseguiria curar tudo, como seu braço, eram feridas muito profundas e não teria tanta magia assim, o feitiço anterior o tinha deixado exausto e quase sem nada, poderia apenas curar alguns cortes e hematomas, e amenizaria as mais profundas.

Foi quase uma hora e meia, Watanuki sentou-se na escadaria, respirando fundo, estava apostando todas suas forças em Syaoran, era bom que valesse a pena.

_Por que você me ajudou? – disse o chinês desconfiado, ele levantou devagar, mantendo-se meio distante por precaução.

_Isso vai ser meio complicado de explicar, você acreditaria em mim?

_Não.

_Isso não ajuda muito. – ele ajeitou os óculos e colocou a mão no bolço, viu que Syaoran recuou um pouco – não se preocupe, é apenas algo que queria fazer a muito tempo.

Watanuki retirou um pequeno canivete do bolço e segurou seu rabo de cavalo, deixara seu cabelo crescer desde que Yuko o mandara para aquele lugar, fazia um bom tempo, sentiu uma emoção muito grande no peito e com um movimento único, ele cortou seus cabelos presos, as mexas caíram ao seu lado.

_Finalmente, com isso, já não poderei mais exercer meu papel. – ele olhou para Syaoran que estava confuso, apenas sorriu. – deixe eu me apresentar novamente, prazer em conhece-lo, meu nome é Watanuki Kimihiro, um empregado da Srta.Yuko.

Muitas coisas passaram pela cabeça de Syaoran, menos essa. Ele por um estante não sabia o que fazer e nem em que acreditar, estava confuso e perdido. Como poderia confiar na palavra de um homem que o tinha ameaçado?

_Você deve estar pensando muitas coisas, mas isso é natural, depois de todas as impressões que deixei – ele se lembrou de algo – ah, sobre aquele momento na prisão, me desculpe, eu estava apenas encenando, naquela área tem muitas câmeras de segurança.

_Aqui? Num castelo como esse?

_ Fey Wang é um homem muito meticuloso. – ele olhou para Syaoran nos olhos, o encarando por um momento, o garoto sentiu-se sendo avaliado dos pês a cabeça, era como se estivesse vendo se era o produto certo – Me desculpe, é que eu passei por muitas coisas, assim como você, eu também arrisquei tudo por muito tempo, agora, não dá mais para voltar atrás em minhas escolhas.

Ele guardou o canivete no bolço e retirou outro objeto, algo que brilhou em sua mão, no mesmo instante, Syaoran correu para alcança-lo.

_O colar, mas como?

_Sabia que Yuko iria oferecer para você, estranhei você não estar com ele no pescoço, ela disse que a pessoa que acabaria com tudo isso era decidida e corajosa, não hesitaria em pagar pelo colar, não importa o preço. Imaginei que você o tivesse perdido durante a batalha. – Syaoran olhou para ele cauteloso, com a dúvida lhe consumindo a mente – ainda não confia em mim não é?

_Eu não quero que nada de errado, tenho medo de confiar em você e me arrepender depois.

_Você se arrependeria se não confiasse!

_Se diz que vai ajudar, me leve até Sakura.

_Isso não podemos fazer, você não vai conseguir tira-la, somente Fey Wang pode remover todos aqueles feitiços, a única solução é acabar com ele primeiro.

_Então me leve até ele!

Watanuki, manteve silencio e olhou para todos os ferimentos que estavam quase curados, pro um instante ele ficou temeroso.

_Primeiro temos que conversar, mas isso fazemos no caminho.

E assim, Syaoran seguiu Watanuki, mesmo sentindo o medo de que as coisas poderiam dar mal, não só poderiam, ele sabia que daria, mesmo que não envolvesse Watanuki.

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Em um doce mundo, Sakura sonhava. Ela estava com sua família na mesa de jantar, em sua casa no Japão, sua vida estava normal e feliz. A sua frente, estava seu pai, ele sorria muito, como nunca o tinha visto sorrir, seu irmão estava na lateral, mexendo no celular como sempre e chamando-a de monstrenga, e quem não podia faltar é claro, era sua mãe, Nadeshiko. Ela era tão linda, com seus cabelos encaracolados macios e longos, uma pele tão branquinha e lisa, podia sentir seu cheiro, seu sorriso era cativante, um anjo.

Tudo estava tão perfeito, sentia o vento entrar pela janela, aquele vento de verão aconchegante, raios de sol batiam em sua pele, fazendo-a formigar levemente, e o cheiro de flores, muitas flores. Estava se divertindo tanto.

Sua mente começou a se distrair e pensamentos involuntários vieram em sua mente, algo apontando em sua cabeça de que estava faltando algo, ou alguém. Não devia ser importante para lembrar, tudo o que lhe fazia feliz estava ali. Ou assim ela queria pensar, por mais que quisesse rir, começou a sentir saudade de algo que não existia, algo que não sabia o que era, e bem aos pouquinhos, essa felicidade foi desaparecendo, muito devagar. A imagem de sua família sentada a sua afrente começou a se esvair em fumaça, como se o vento que soprasse estivesse levando todos embora. Ela perderia tudo novamente, perderia todos.

A imagem de um garoto com olhos ambares, lhe veio à cabeça, ela conhecia essa pessoa, ela era muito familiar, e uma saudade muito grande veio em seu coração. Tentou falar seu nome, mas não conseguiu, até que ele começou a se esvair em fumaça também.

_Sakura! Hei, Sakura! – uma mão tocou em seu ombro. Ela olhou para traz, uma menina com cabelos castanhos e tranças a estava sacudindo. – Acorda, o parágrafo...o parágrafo...._O que?

Um homem, segurando um livro nas mãos, estava parado em frente a um monte de carteiras, todos os alunos olhavam para Sakura.

_De continuidade a leitura, Sakura.

Ela olhou todos ao redor, era uma sala de aula, olhou para os olhos curiosos e risonhos de todos que a observavam com interesse.

_Parágrafo dois, linha três. – sussurrou uma menina de óculos grandes.

Sakura olhou para sua carteira, onde estava cheia de baba, ela estava dormindo? Levantou devagar, olhou para o próprio corpo, estava usando um uniforme escolar.

_Sakura? Está tudo bem?

_Sim professor, desculpe...- E assim, ela continuou a ler o parágrafo.

Quando a aula acabou, Sakura meio zonza, continuou em se lugar sentindo algo ligeiramente errado.

_Sakura, está tudo bem? Você estava muito estranha na aula. – perguntou a menina de óculos.

_Naoko, eu não sei, tive um sonho muito estranho.

_Você não dormiu bem? – disse a menina de tranças.

_Parece que não – Sakura percebeu que não se lembrava de absolutamente nada do dia anterior – eu devo estar cansada.

_Não se esforce tanto.

_Pode deixar Chiharu.

_Mas é mesmo uma pena, tínhamos combinado de ir a sorveteria hoje – disse Chiharu com as mãos na cintura. – Nós, o Yamazaki e aquele menino bonitinho do outro ano que se interessou em você Sakura, mas qual era o nome dele mesmo?

_Você nunca lembra dos nomes das pessoas, isso não é falta de educação?

_Eu só sou ruim de memória, o Yamazaki é pior, ele mente pra todo mundo. Outro dia ele...

Sakura tinha parado de escutar a conversa, o garoto do sonho lhe veio à mente, ele era bonito mesmo, mas tinha uma estranha sensação a seu respeito, não conseguia lembrar qual. Não tinha memorias dele, era como se tivesse visto um filme e não lembrasse o nome, mesmo que parecesse algo sem importância, isso a incomodava.

_ ... E você poderia sair com ele né Sakura? – disse Chiharu.

_Oi?

_Você não deve estar passando bem Sakura, está tão distraída, vamos te acompanhar até em casa, está bem?

_Não precisa, a sorveteria fica do outro lado não é? Vocês têm que encontrar os meninos. Eu já vou indo, amanhã vou estar melhor.

Sakura parou para pensar, como ela sabia que a sorveteria era do lado oposto e não se lembrava de seus dias anteriores? Estranhamente, ela também saia o caminho de sua casa, o horário que seu pai chegava, que estava responsável pelos deveres, mas não se lembrava da noite de ontem. O que ela tinha feito? O que comeu no dia anterior?

Assim que se despediram, ao longe, ela viu um grupo de garotos que acenavam, um deles parecia estar meio triste. Refez todo o caminho de casa sem erros, ela sabia exatamente como era a mobília, as cômodas e até a cor das paredes. Não errou nada, lembrou-se até mesmo de dar boa tarde para o retrato de sua mãe que estava em cima da mesa da cozinha. O que poderia estar errado? Logo essa sensação passaria, ela não teria muito com o que se preocupar.

E, como tinha certeza que fazia todos os dias, ela preparou a janta para o anoitecer.

Sakura cozinhou feliz, depois assistiu um pouco de Tv na sala e olhou para as estrelas lembrando de sua mãe, seu pai chegou do trabalho, um professor de arqueologia da universidade, ambos se abraçaram e sorriram um para o outro, jantaram juntos e quando foi tarde da noite, seu irmão chegou com um convidado, seu melhor amigo. Sakura tinha uma pequena queda por ele, o achava muito bonito e gentil, Yukito era seu nome. Durante a noite, ela levou uns lanches preparados para eles enquanto ambos estudavam juntos.

Mesmo assim, tinha algo errado, tentou ignorar esse sentimento durante todo o dia, mas isso não saia de seu peito. Uma terrível nostalgia, uma saudade que não tinha motivo para sentir, mesmo seus sentimentos pelo amigo de seu irmão estavam diferentes.

Quando bateu 22h da noite, Sakura foi se deitar com aquela dúvida na mente, que sensações eram essas em seu coração?

–---------****-----------

_Syaoran, você terá um terrível problema!

Dizia Watanuki enquanto caminhavam calmamente, eles tinham saído do salão principal e seguiam um caminho que nem mesmo Syaoran sabia que existia, era uma passagem secreta atrás de um quadro que estava todo rasgado, mas aparentemente, a passagem estava inteira.

_Antes de irmos para nosso próximo destino, quero que entenda uma coisa antes. – Ele fechou a passagem, e tudo ficou escuro, ele acendeu um isqueiro que sempre mantinha em seu bolço para situações como essas – Você já reparou algo diferente em você antes?

_Não entendo o que está dizendo.

_Se lembra do que aconteceu nas últimas horas?

Syaoran se manteve quieto, a última coisa que ele lembrava era de sua armadilha que dera errado e um candelabro que acabou despencando em sua cabeça. O garoto sabia que algo acontecia com ele sempre que ele ficava em situações complicadas, ele apagava e ao acordar não se lembrava de mais nada. Isso era um pouco desconfortante para ele, era como se fosse um defeito e não gostava de mostrar esse lado a ninguém.

_O poder de Clow é mais forte em você do que imagina. Ele não se adequou em você, dá para ver. – o garoto ainda se manteve em silencio – não é querendo te jugar nem nada, na verdade, você já tem uma chama própria, mas se não tiver cuidado, essa chama pode se apagar.

_O que exatamente acontece comigo? Você sabe não é?

_Yuko me explicou e o resto eu deduzi – Watanuki parou por um momento e iluminou a o caminho para saber qual direção tomar, então eles viraram a direita – Você entra em um sistema e auto defesa. É como uma programação de seu poder, quando você fica em grave perigo, suas emoções acabam ativando a magia escondida em seu olho. Você já está cego dele, não é?

Bastou Syaoran levar a mão em um reflexo automático até o olho para Watanuki ter sua resposta.

_Isso é um grande poder, sua força aumenta quase em dez vezes, seus sentidos ficam mais aguçados e você, de presa, vira caçador, pode-se assim dizer. A raiva também é um grande estimulo, é uma forma que seu corpo induz você a utilizar esse poder, pois é que nem deixar água parada, uma pessoa não pode guardar uma magia por tanto tempo, ela acumula e fica mais forte e indominável.

_Mas isso não seria algo bom? Será mais fácil derrotar Fey Wang dessa maneira.

_Não, isso não é uma carta trunfo, quando você entra em seu modo de auto defesa, você deixa de sentir dor e sua mente desliga, basicamente, você vira um boneco. Você não se desvia de ataques, recebe todos de frente e usa seu poder de forma máxima para destruir qualquer coisa que te ameace. Quando voltar a seu estado normal, tudo aquilo que seu corpo aguentou sem dor alguma vem dobrado, e seu poder fica zerado. É um risco muito alto a se correr. São poucas pessoas no mundo que desenvolveram um sistema de defesa inconsciente, tem que ocorrer uma situação rara para causar esse efeito, mas sei que elas não tem um período longo de vida.

_Mas se esse for o único poder que dá para salvar Sakura, eu o usarei.

_Por esse motivo você tem o colar.

_E o que tem de tão especial nele?

_Fey Wang quer o poder de Sakura por muitos motivos, mas o principal é trazer uma pessoa muito importante para ele de volta a vida. Mas é impossível, em todos os mundos, os mortos nunca voltam, foi isso que a Srta.Yuko me disse. O colar pertence a essa pessoa, sei que ele será de importância fundamental.

_Não sabe como utiliza-lo? Fey Wang não desistira de um poder como o de Sakura por um mero colar.

_Isso você terá que descobrir sozinho.

Eles saíram por outra passagem, essa estava entre uma velha estatueta sem cabeça e braço. Syaoran ouviu um chiado em seu radio na orelha, tentou contato novamente, mas não conseguiu.

_Não adianta mais, eles já devem ter sido capturados.

_capturados?

_Assim como você enfrentou um clone seu, eles enfrentaram desafios diferentes, mas creio que Fey Wang esperava por isso, ele só queria ganhar tempo.

_Precisamos acha-los, sem eles não conseguirei sozinho.

_Não se preocupe, iremos acha-los também – Watanuki estava admirado com a nobreza do rapaz, ele definitivamente acabaria com tudo aquilo que ele esteve aguentando por muito tempo.

_Mas para onde estamos indo?

Eles estavam em um largo corredor, cheio de janelas largas, onde a luz da lua entrava. Já tinha enfrentado tanta coisa que ainda não conseguia acreditar que era noite, mas não tinha muito a noção do tempo, seria de madrugada? Ou apenas a lua se levantara?

_Não posso te levar até Sakura, mas posso te levar até o próprio Fey Wang. – disse Watanuki – você encontrará seus amigos lá.

Syaoran estava ansioso para que a noite terminasse, ele queria acordar no dia seguinte com Sakura ao seu lado. Quanto a Watanuki, esteve aguardava por anos. Como ele tinha decorado completamente os caminhos do castelo, poderia facilitar um pouco as coisas, é como se ele estivesse no labirinto do minotauro e em sua mão tivesse um fio de náilon, porém, o minotauro estava mais para um dragão.

Observando bem todos os quadros antigos na parede, muitos apagados, outros rasgados e pouquíssimos intactos, uma curiosidade atingiu Syaoran, ele se lembrou do estado que estava o grande salão, de todos os buracos de tiros e manchas de sangue seco.

_O que aconteceu com esse lugar exatamente?

_Você percebeu? Eu não estive tempo suficiente aqui para poder lhe dizer com detalhes, mas soube que aqui era uma espécie de fortaleza, um reino que caiu nas desgraças de Fey Wang. O rei desse castelo era muito poderoso, e mesmo assim acabou morrendo – Watanuki contava a história como se fosse um conto de terror - o reino se desesperou, houve guerras e revoltas nesse castelo, mas as pessoas foram dominadas facilmente, foi um massacre, soube que famílias lutaram umas contra outras, amigos matando amigos, era como uma rachadura interna, que começou por dentro e foi crescendo, quebrando a base e desmoronando.

Eles viraram por um outro corredor, saindo daquele mais aberto, encostaram na parede antes de continuar, observando para ver se havia alguma movimentação suspeita.

_Tudo foi culpa de Fey Wang, na verdade, ele interferiu muito em diversos lugares, manipulando e mentindo, fazendo com que mudasse o curso da história. Provavelmente ele já mexeu com você também.

_Como assim!

_Você, Sakura e todos os outros não se encontraram por acaso, muito menos obra do destino. Ele planejou tudo desde o início. Kurogane, Fay, Yeilan, todos vocês foram apenas peças do jogo dele para que ele atingisse seu objetivo principal. Por isso temos que tomar muito cuidado.

Syaoran parou para refletir, em que Fey Wang poderia ter mexido exatamente? Ou com quem? E se isso tivesse alterado algo de importância em sua vida?

_De qualquer forma, temos que nos apressar!

_Quando tudo acabar, o que você vai fazer Watanuki?

_Vou voltar para a loja, sinto falta da Srta.Yuko e de suas manhas, sacrifiquei minha vida antiga, mas quero ela de volta. – Watanuki olhava para cima como se pudesse imaginar sua vida voltando – mas ainda não podemos nos dar por vencidos, temos que recuperar Sakura e isso não vai ser fácil. E você? O que fara

_Vou recuperar Sakura de qualquer jeito, e quando isso acontecer, quero ir para longe. Se afastar de tudo e de todos por um tempo, manter ela segura.

_Isso parece bem agradável!

Ambos sentiram seus corpos doerem, pois estavam pedindo por descanso, e imaginar o alivio que viria depois saírem dessas teias embaraçadas. No entanto, eles sabiam que era preciso se enroscar mais ainda para chegarem ao final.

Havia uma longa e tenebrosa estrada para se percorrer e a noite seria terrivelmente longa.


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Notas finais do capítulo

É isso, escreverei o proximo capitulo em breve, estou demorando muito para postar por conta dos estudos, esse ano foi bem difícil, mas irei superar e postar os capítulos.



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