POV’ Felipe

Aquilo estava me matando. Eu não podia beijar nem abraçar a minha garota? Ela não se lembrava da nada que tinha acontecido entre nós?

Resolvi parar de ter contato, afinal, só iria me machucar mais. Mas ver ela junto com o ex-namorado Gui, isso me tirou do sério. O cara se aproveitando da perda de memória para voltar com ela? Isso já foi longe de mais. Os dois estavam saindo da escola juntos, ele abraçado nela.

- Cara, você não tem vergonha? – eu disse chegando na frente deles.

- Vergonha de quê? – ele perguntou com voz de deboche.

- De você se aproveitar da garota mais linda dessa escola! Qual é o seu problema?

- Não estou me aproveitando de ninguém.

- Clara, - eu segurei as mãos dela – por favor, me escuta. Você não se lembra de nada que aconteceu entre a gente?

- Não... – ela abaixou a cabeça.

- Tudo bem, então vê se você se lembra disso – eu segurei os ombros dela e a beijei.

No começo sim, ela se assustou, mas Clara não evitou. Ela correspondeu o beijo. Só nos separamos quando eu recebi um soco no nariz e caí no chão.

- Guilherme! – ela sentou ao meu lado e olhou horrorizada para ele. - Você tá bem?

- Sim... Mais ou menos...

- O seu nariz tá sangrando! Eu te levo pra casa – ela se levantou e estendeu a mão para mim. Eu aceitei e me levantei.

- Onde pensa que vai, anjo? – ele segurou o pulso dela.

- Não te devo explicações, e, por favor, não me chama mais assim – e ela saiu comigo.

Pegamos uma gaze da enfermaria e fomos andando para casa. Bem, eu pensava que era em casa. Fomos na casa dela e ela cuidou do meu nariz.

- Eu... eu tô confusa. Não queria te beijar, mas alguma coisa foi mais forte que eu e correspondeu...

- Sabe, você fazia muito disso antes daquele Guilherme te tirar de mim.

- A gente namorava?

- Uhum...

- E por que eu não me lembro disso?

- Bem... não sou um médico pra dizer exatamente, mas você cortou a cabeça e perdeu a memória. Teve até que levar ponto.

- Acho que explica isso – ela pegou a mochila e tirou um caderno de capa de couro com um cadeado.

Ela abriu o cadeado e me mostrou algumas páginas. Era o diário dela. No dia que eu pedi ela em namoro, ela escreveu:

“Diário,

Hoje foi um dia incrível. Lipe me pediu em namoro. Ele beija muito bem, aliás!!!

Ele é muito fofo e cavalheiro. Me deu um buquê de flores e tudo mais. Quase chorei quando ele me entregou as rosas vermelhas e se declarou para mim.

Definir Felipe em uma palavra? Incrível.

Só isso mesmo

Beijos”.

Eu sorri muito com aquelas anotações.

Ela tirou a rosa seca que estava dentro e cheirou. Uma lágrima escorreu de seu rosto.

- O que foi? – eu perguntei a abraçando.

- Eu... eu só queria lembrar disso tudo. Parece que me deixou muito feliz, só queria sentir essa felicidade de novo.

- Sério?

- Sim.

- Não sei se posso fazer isso... mas eu só queria que você me emprestasse o seu diário.

- O meu diário? Por quê?

- Pra me lembrar de tudo.

- Tudo bem, mas não ri das coisas que eu escrevi – ela me entregou o caderno e eu saí. Não beijei ela de novo, ela já estava assustada de mais.