Bad Kids escrita por NJBC Club


Capítulo 32
Epílogo




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Epílogo

Seis anos depois

Henry fez uma careta. Os sapatos boneca brancos estavam machucando os seus ombros e o peso que ele estava sentindo definitivamente não era leve, mas o pote de biscoitos de chocolate poloneses com certeza valia a pena o sacrifício. Gemendo, ele beliscou a canela da irmã.

– Holly, ande logo com esses biscoitos!

– Espera! – A menina de cinco anos respondeu, reunindo toda a sua concentração e equilíbrio para alcançar o pote que estava em cima do armário da cozinha.

Os irmãos Bass formavam uma bela dupla de lindos anjinhos bagunceiros: Henry Bass, com seis anos, tinha na irmã Holly Bass, com cinco, a sua principal parceira para planos ousados como chantagear os pais para conseguir algum brinquedo, ficar acordado por mais cinco minutos para terminar de brincar ou, como naquele caso, conseguir a sobremesa antes do jantar. Até o momento, o plano estava funcionando.

– Eu preciso ficar mais alta – Holly sussurrou para o irmão, que estava lhe erguendo pelas canelas para que ela pudesse alcançar o armário e consequentemente os biscoitos.

– Não tem como. Tente mais uma vez!

Holly suspirou e esticou os braços o máximo que pode. A ponta de seus pequenos dedos conseguiu tocar o pote de vidro, mas mesmo assim não foi suficiente. Tentando novamente, ela se lançou para frente e finalmente conseguiu pegar o pote, agarrando-o com força com suas duas mãos. Holly olhou para baixo e sorriu para o irmão.

– Consegui!

Henry comemorou baixinho e desceu Holly de seus ombros. Os dois estavam prestes a fechar com chave de ouro o seu plano e sair correndo da cozinha quando bateram de frente com alguém na porta de saída. Olhando para cima, os pequenos deram de cara com Harold.

– Vovô! – Henry exclamou, surpreso. Harold cruzou os braços e olhou de forma repreensiva para os netos.

– Crianças, o que sua mãe disse antes de ir embora sobre os biscoitos?

Henry e Holly arriaram os ombros e responderam ao mesmo tempo:

– “Não comer a sobremesa antes do jantar”.

– Correto. Eu posso saber o que você, Holly, está fazendo com este pote de biscoitos de chocolate?

A pequena Bass olhou para o avô e fez a melhor cara de choro possível: lábios trêmulos, sobrancelhas franzidas e olhos castanhos cheios d’água. Ela abraçou o pote com mais força e respondeu:

– A gente só quer um biscoito, vovô. Só um! Unzinho!

– Holly, não.

– Papai e mamãe nunca deixam a gente comer nada antes do jantar! – Henry disse – Você e a vovó são tão legais e sempre deixam a gente feliz.

– Crianças, eu...

– Ah, vovô, por favor! – Holly implorou, com a voz embargada. Harold olhou para a neta e suspirou: a pequena era praticamente igual à Blair e era quase impossível resistir àqueles olhinhos tristes e lábios trêmulos de coração. Desistindo de contrariar, Harold jogou as mãos para o alto.

– Tudo bem, vocês podem comer um biscoito antes do jantar. Mas depois coloquem o pote no lugar!

– Oba! – Os irmãos comemoraram e saíram correndo da cozinha. Enquanto subiam a escada da casa dos avós rumo ao quarto, Henry sussurrou para a irmã:

– Esconda uns dez biscoitos embaixo do travesseiro, pode ser que a gente precise!

XOXOXOXO

Era 1929, uma sexta feira, noite aberta e os mafiosos se preparavam para mais uma noite agitada no Victrola, que era uma das coisas que mais movimentava o dinheiro dentro da organização. Com os trajes mais finos e elegantes, os Archibald estavam prontos para a festa.

– Nate? – Serena chamou enquanto terminava de aplicar batom vermelho em seus lábios.

– Sim? – O loiro surgiu do banheiro, ajeitando a sua camisa branca social. Serena desviou o olhar de seu reflexo no espelho da penteadeira e olhou para o marido.

– Onde vamos deixar as crianças hoje à noite? Chuck e Blair vão estar na festa também, então não podemos deixá-los no Empire.

– Talvez devêssemos ligar para eles e perguntar onde Henry e Holly ficarão, assim Greg e Cece terão companhia para a noite... Consegue me ajudar com a gravata?

Serena foi até Nate e fez o nó da gravata preta dele. Assim que ela terminou, os dois se olharam por um momento e riram.

– Estamos tão adultos, não?

Onde vamos deixar as crianças hoje à noite? – Nate imitou Serena, e ela lhe deu um tapa brincalhão no ombro. – É, estamos crescidos mesmo...

Serena colocou os braços ao redor dele e suspirou sonhadoramente.

– Parece que foi ontem que você pegou eu e Blair naquele beco...

–... e levei vocês para a sua primeira festa no Victrola...

–... E as coisas começaram a se desenrolar para nós todos.

Eles permaneceram em silêncio por um momento, até que Nate plantou um beijo carinhoso na testa de Serena.

– Aquele tempo foi bom, mas eu não trocaria por nada o que nós temos hoje. Dois filhos lindos e bagunceiros, uh? Não é para qualquer casal.

Serena riu e se inclinou em direção à Nate para lhe beijar a boca. Passinhos de pés pequenos foram ouvidos vindos do corredor e logo em seguida um duplo:

– Eeeeeewwwwww!!

Serena e Nate se separaram e olharam para os gêmeos parados na porta, com cara de nojo.

– O que é “eww”, crianças?

– Essa coisa que você e a mamãe fazem. – Greg disse, com o nariz franzido. Cece olhou para os pais, que estavam vestidos formalmente, e perguntou:

– Vocês vão sair?

– Vamos, meu amor. – Nate respondeu. Cece abraçou o coelhinho de pelúcia que segurava no colo com mais força e alternou o olhar entre sua mãe e seu pai.

– Então vamos ficar no tio Chuck e na tia Blair?

– Ainda não sabemos. Serena, precisamos ligar para eles, lembra?

– Ah, sim! – A loura bateu na testa com a própria mão – Quase ia me esquecendo. Vou até a sala fazer uma ligação para o Empire e já volto com novidades.

Serena saiu do quarto e Nate olhou para os dois pequenos, que o encaravam com expectativa nos olhinhos azuis. Ele fez uma cara séria e cruzou os braços:

– Escutem, Cecilia e Gregory, vocês vão se comportar com Henry e Holly! Nada de vaso quebrado ou correr atrás de Dorota, como na última vez!

Cece correu até o pai e o abraçou.

– Eu juro que a gente vai ser bonzinho, papai.

Nate pegou a menina no colo e beijou a sua testa.

– Muito bem, Cece. Greg?

Greg revirou os olhos.

– Sim, nós vamos ser bonzinhos.

– Este é o meu garoto.

XOXOXOXO

Eleanor sentou-se na cama, ainda um tanto grogue pelo sono. Havia um som esquisito vindo do andar de baixo, mais especialmente da sala de estar, e ela não sabia identificar exatamente o que era. Olhando para o relógio de ponteiros na parede do quarto, ela constatou que já passava da meia noite e uma sensação de desespero tomou conta dela. Sacudindo os ombros de Harold, ela sussurrou:

– Harold!

– Uh. – Ele disse, ainda dormindo.

– Eu acho que tem alguém lá embaixo, ouvi barulhos.

Harold abriu os olhos e franziu o cenho. Ele afastou as cobertas de suas pernas e se levantou, um tanto sonolento. Esfregando os olhos, ele perguntou:

– O que você ouviu?

– Acho que o som das teclas do piano... talvez passos pesados... Eu não sei.

– As crianças já foram postas para dormir, certo?

– Sim.

Harold suspirou e, cuidadosamente, saiu do quarto em direção ao topo das escadas. Ele se apoiou no corrimão e olhou para o andar de baixo para ver o que estava acontecendo: lá estavam Henry e Holly, sentados no banco do piano, tocando aleatoriamente as teclas musicais e Cece e Greg, sentados no topo do enorme instrumento musical e se balançando conforme o som. Harold riu e voltou ao quarto.

– São apenas as crianças brincando no piano. – Ele bocejou e deitou na cama novamente.

– Oras, então devemos mandá-los de volta à cama!

Harold balançou a mão no ar, dispensando o assunto.

– Eles estão se divertindo, Eleanor. A qualquer momento os pais vão chegar e ai sim, eles vão dormir.

XOXOXO

Blair riu alto e logo em seguida mordeu o lábio inferior para segurar um gemido. Chuck estava com as mãos em todos os lugares: por baixo de seu vestido, em suas coxas, pernas, cintura e ele simplesmente não conseguia parar. Ela foi prensada contra os ferros do elevador e sentiu a boca dele em seu pescoço, queimando caminhos entre o seu ombro e nuca. Blair estava prestes a se deixar levar pelo momento quando a realidade lhe alcançou.

– Chuck, agora não! – Ela o empurrou – Estamos indo buscar as crianças!

– Tudo bem, mas só mais um...

– Nãooo – Ela o empurrou novamente – Se comporte, Bass.

Chuck revirou os olhos. Blair ajeitou a gravata borboleta dele de volta ao seu lugar e arrumou as alças do seu próprio vestido, que estavam caídas em seus ombros. O elevador de ferro soou sua campainha e as portas para a cobertura dos Waldorf se abriram. O lugar estava completamente silencioso, a não ser pelo barulho “tic tac” do relógio cuco que ficava acima da lareira na sala de estar, e Blair estava prestes a subir as escadas em direção ao quarto de hóspedes quando Chuck lhe cutucou.

– Reconhece aquele pézinho atrás do sofá?

Ela olhou em direção onde ele apontava. Ali, atrás do sofá e ao lado do piano, estavam as quatro crianças que ficaram em pé durante a madrugada inteira e que eventualmente dormiram uma ao lado da outra: Henry estava deitado em cima do banco estofado do piano, Holly havia adormecido sentada ao lado do banco, com a cabeça encostada no braço do irmão, Cece descansava delicadamente no colo de Holly e Greg estava desmaiado em cima das pernas da irmã. Blair soltou um “aww” e agachou-se para ficar na altura dos seus filhos.

– Eles não são lindos, Chuck?

– Quando não estão destruindo a casa, sim, eles são lindos.

Ela revirou os olhos e ele riu baixinho. Blair acariciou os cabelos escuros do filho mais velho e Chuck agachou-se ao lado dela para observar os pequenos. Ele sem querer bateu o joelho no pé do banco e o barulho fez com que Holly, a que tinha o sono mais leve, acabasse acordando.

– Papai? Mamãe? – Ela esfregou os olhinhos castanhos. Chuck a pegou no colo e beijou os cabelos ondulados dela.

–Volte a dormir, princesa. Mamãe e eu vamos levar vocês quatro para casa.

A pequena Bass bocejou e descansou sua cabeça no ombro de Chuck. Blair pegou Henry e Cece no colo enquanto Chuck transferiu o peso de Holly para um só braço e pegou Greg com o outro. Os dois caminharam de volta até o elevador com as crianças no colo e fecharam as portas de ferro. Enquanto desciam, Chuck e Blair se encararam e acabaram rindo.

– À sete anos atrás, neste mesmo elevador, eu estava com os braços cheio de garrafas de vodka e tequila, não com duas crianças adormecidas.

– Seus tempos de festa acabaram. – Chuck brincou e Blair riu – Além disso, imagine se nós tivéssemos quatro filhos?

Blair estava prestes a responder quando sentiu um leve cutucão em seu pescoço. Era Henry, que tinha acordado e agora a olhava com os olhos ainda sonolentos.

– Mamãe?

– Sim, filho?

– Eu não quero mais irmãos.

Chuck e Blair se olharam. Blair falou silenciosamente com a boca “a culpa é sua” e Chuck pigarreou. Ele foi até o filho e deu um beijo em sua cabeça.

– Volte a dormir, Henrich. Volte a dormir.


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