Bad Kids escrita por NJBC Club


Capítulo 28
Um mundo que se desmorona


Notas iniciais do capítulo

Queria apenas dizer que estou usando um colete à prova de balas rs por ser quase 3 horas da manha, vou responder à todos apenas amanha (hoje) à tarde. Boa leitura.

ATUALIZADO: As respostas já foram dadas para o pessoal que comentou nos últimos caps. Vou responder à todos que comentarem neste. Bjos!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/327122/chapter/28

28. Um mundo que se desmorona

Cara Srta. Blair,

Lhe escrevo para informar que a senhorita não mais possui um pai, ou uma família, para ser mais sucinto. Recomendo que fique na Itália ou onde quer que esteja para viver a vida que escolheu e não apareça mais em Nova York. A imprensa estará sendo informada de que minha filha – aquela que criei com dedicação e valores e acredito não mais existir – mudou-se definitivamente para outro lugar e que não pretende voltar. Não tente me contatar, e não ouse sujar meu nome mais do que já está sujando. Espero não ter que lidar com os seus problemas – incluindo o desgosto de companheiro que você escolheu e o rebento que você chama de filho.

Até nunca mais,

Harold Waldorf

XOXOXOXOXO

Blair

Sua imprudência foi longe demais! Como pôde escrever tantos detalhes em cartas, mesmo que o destinário seja Serena? Houve um erro na entrega das correspondências e agora seu pai sabe de tudo! Ele sofreu um princípio de ataque cardíaco quando leu suas palavras e teve de ser internado no Lenox Hill por uma noite até que seus batimentos cardíacos voltassem ao normal, mas agora ele passa bem. Seu pai não quer vê-la nunca mais e pediu que Dorota limpasse e trancasse o seu quarto.

Ainda estou falando com Harold sobre todo este problema, mas peço que entre em um acordo com Charles para que você possa ficar mais alguns meses na Itália. Você estando em Nova York com esta situação catastrófica apenas piora as coisas para ambas as partes. Penso que o seu filho esteja pronto para nascer daqui a quase dois meses, ou um, então creio que você deva permanecer de repouso e tomando conta do bebê por pelo menos um semestre após o nascimento. Aguardo sua resposta em relação à isso.

Atenciosamente

Eleanor

XOXOXOXOXOXO

Chuck estava exausto da longa viagem de volta à Nova York, mas ainda tinha de passar em seu escritório para verificar o andamento de seus negócios antes de ir para casa descansar. Assim que chegou, Anthony veio ao seu encontro, segurando um envelope.

– Boa tarde, Senhor Bass. Espero que tenha feito uma boa viagem.

– Digamos que sim. – Chuck olhou para o envelope nas mãos do capanga – O que é isso?

– É um bilhete que o pessoal do Lewis mandou.

Chuck franziu o cenho, pegando o bilhete nas mãos.

– O que diabos Nathan Lewis quer de mim?

– Não faço a mínima ideia, Sr. Bass. – O italiano deu de ombros – Estarei nos fundos, se precisar de mim.

Chuck assentiu, distraído, e Anthony afastou-se. O mafioso abriu o envelope e leu as palavras furiosas de Nathan Lewis Miller rabiscadas no papel. O político havia ficado irado com a interferência da máfia nas eleições e deu um prazo para Chuck ir até o seu escritório para resolver as coisas, caso contrário ele iria atrás de Harold Waldorf para tomar o que era dele de direito. Chuck sentiu sua respiração acelerar-se ao ver que o dito prazo havia expirado no dia anterior – quando ele ainda não havia posto os pés em Nova York. Dobrando a carta rapidamente, ele enfiou o papel dentro de seu bolso e chamou por seus capangas principais.

– Preparem o carro e peguem suas armas. – Ele disse, já se dirigindo à saída – Estamos indo para a residência dos Waldorf.

– Devo avisar o Senhor Archibald, chefe? – Jeremy perguntou, tenso.

– Avise-o apenas, mas lhe diga para não ir até lá. Isto é algo que devo resolver sozinho.

XOXOXOXO

Blair acordou com os olhos pesados e a cabeça doendo. Ela rezou para que o dia anterior tivesse sido apenas um pesadelo, uma coisa ruim que sua mente havia criado em algum estado de desilusão, mas as cartas abertas em cima de sua penteadeira lhe provaram o contrário. Ela sentiu-se mal ao ver o remetente de ambas as correspondências, mas nada se comparou à sensação de fim de mundo que Blair sentiu ao ler seus conteúdos – seus joelhos tremeram e ela foi ao chão com os olhos cheios d’água, imaginando seu pai mal em uma cama de hospital por causa de todas as mentiras que ela havia contado. O seu choro e seus soluços evoluíram de tal forma que Antoniella a levou até a cama e fez chá quente para acalmar seu estado, mas nem as poderosíssimas ervas italianas foram capazes de apagar os sentimentos ruins de derrota que haviam dentro dela. Blair refugiou-se na escuridão de seu quarto e ficou até altas horas da madrugada pensando no que faria para voltar para casa e explicar os últimos acontecimentos ao pai, até que o cansaço e as lágrimas lhe venceram e ela caiu no sono às quatro da manhã.

Sentando-se na cama e encarando o papel de parede antigo, Blair permaneceu em silêncio, remoendo a situação, até que sentiu um aperto estranho em sua barriga. Foi uma contração dolorosa e curta, que lhe fez fechar os olhos por um momento, mas passou assim que ela pousou a mão no topo de sua enorme protuberância. Sua gravidez havia fechado oito meses redondos e ainda haviam outros longos 30 dias pela frente até que a parteira a fizesse uma visita e lhe pusesse de cama, por isso qualquer dor ou falso alarme era normal até a chegada verdadeira do parto. Blair calçou suas sapatilhas Elza Schiaparelli e levantou-se da cama, mas assim que fez o movimento, outra dor igual à anterior lhe atingiu. Ela respirou fundo e pôs uma mão nas costas e outra na barriga, bem onde o seu bebê estava.

– Acho melhor você ficar quietinho ai. – Ela sussurrou, um pouco rouca por causa do sono e as lágrimas que tinham lhe secado – Você tem mais um mês até ser bem vindo neste mundo perigoso.

XOXOXOXO

– Sr. Waldorf, tem certeza que não precisa de mais nada? – Dorota perguntou, pousando a bandeja com uma xícara de café amargo ao lado da cama. Harold negou com a cabeça.

– Você está dispensada. Aliás, pode me dizer onde Eleanor foi? Ela saiu apressada hoje cedo.

– A Sra. Waldorf teve um chamado urgente no ateliê e penso que deva ficar por lá até mais tarde.

– Estranho. – Harold pegou a xícara e tomou um gole do café – Pensei que tudo estivesse pronto para o seu showroom.

– Aparentemente não. Está confortável, senhor?

– Sim, obrigada. – Ele remexeu-se na cama – Pode ir.

Dorota concordou e deixou a suíte principal. Harold ajeitou-se contra os travesseiros e terminou seu café em dois goles, largando a xícara de porcelana branca na bandeja. Ele fechou os olhos para tentar dormir ou pelo menos cochilar, o que era ordem do doutor, mas o rosto de sua filha continuava vindo à sua mente. De todas as pessoas no mundo, Blair era a última pessoa que Harold acreditava ser capaz de decepcioná-lo e enganá-lo de forma tão cruel. Ele pensou que tinha criado a sua menina da maneira certa, a ensinado os valores certos, mas tudo foi por água baixo quando ela escolheu largar tudo de bom que tinha para viver um romance irresponsável com um homem de má índole. Charles Bass o tinha ajudado a atingir um de seus maiores objetivos de vida, era verdade, mas ele nunca seria bem vindo em sua família para corromper tudo o que Harold tinha construído.

O governador estava tão perdido em pensamentos que não notou o barulho de uma grande movimentação ocorrendo nas escadas e no corredor que levava até seu quarto. Duas batidas na porta foram ouvidas e ele piscou, finalmente voltando à realidade. Ele esfregou os olhos com as mãos e respondeu:

– Entre.

A porta abriu e um homem alto e magro, de barba e cabelos pretos entrou, sem cerimônia alguma. Harold alarmou-se com a presença do rival político em seu quarto e sentou-se ereto na cama, desconfiado.

– Miller, não sei se notou, mas está invadindo minha privacidade e sendo extremamente rude.

Nathan Lewis Miller abriu um sorriso e abanou a mão no ar.

– Oras, não sejamos tão formais, certo, Harold? Apenas ouvi que passou as últimas semanas se recuperando de um ataque cardíaco e resolvi passar aqui para prestar solidariedade. Afinal – Ele colocou a mão na cintura, de forma a exibir um revólver escondido no bolso da calça social – Ao contrário de você, que trapaceou e me passou para trás com a ajuda de um grupo de covardes que se intitulam máfia, EU sou um bom amigo.

Harold engoliu em seco e apertou o nó de seu robe azul marinho. Ele indicou o sofá vitoriano do outro lado do quarto e se levantou da cama.

– Por favor, sente-se, e assim podemos conversar.

XOXOXOXO

Blair deu uma última garfada em seu almoço e empurrou o prato quase cheio para longe de si. Ela havia sentido mais algumas contrações desde a hora em que saiu de seu quarto para tomar um pouco de ar fresco, e outra assim que sentou para comer, por isso não tinha conseguido aproveitar as massas de panqueca com molho siscilliano que Antoniella havia preparado para ela. Blair sabia que eram apenas alarmes falsos de seu mês pré-parto, mas os incômodos ficavam cada vez mais desagradáveis assim que as dores curtas e fortes atingiam o seu útero intensamente, com longos intervalos a cada contração. Antoniella franziu o cenho para a careta de Blair na mesa do almoço e retirou o prato dali.

– Srta. Waldorf, está tudo bem?

– Está sim. – ela forçou um sorriso – Me sinto apenas um pouco indisposta.

– Talvez devesse retornar para seu quarto? Não me parece que esteja sentindo apenas uma indisposição.

– Não quero voltar para o quarto. – Blair levantou-se da mesa com dificuldade, e Bibianna correu para seu lado para ajudá-la. Blair esticou as costas e pousou as duas mãos na barriga, um pouco melhor – Prepare o meu banho, por favor, acredito que a água morna me ajude a relaxar.

Antoniella deu a ordem em italiano para Bibianna, que correu escada acima em direção ao banheiro para preparar a água. Enquanto isso, Blair sentiu outra contração: dessa vez mais longa e dolorosa do que as outras. Ela voltou a se sentar na cadeira e pousou as duas mãos nas laterais de sua pesada barriga, respirando e inspirando até que a dor parasse. Antoniella parou ao lado da patroa, aflita.

– Srta. Waldorf, quem sabe eu não peço ao mensageiro que vá buscar Dona Rosali no vilarejo?

– Não precisa, eu vou me sentir melhor em alguns instantes... está cedo para me preocupar com o parto, ainda tenho semanas pela frente.

– Tem certeza?

– Absoluta. O meu banho já está pronto?

– Vou lá em cima verificar, já volto para buscar a senhorita.

Blair concordou com a cabeça e Antoniella subiu as escadas para o banheiro. Restou apenas Blair na sala de jantar, e a quietude a ajudou a se sentir um pouco melhor - as dores que tinha sentido alguns minutos atrás haviam ido embora e agora ela se sentia aliviada, pronta para levantar-se da cadeira e se preparar para um banho. Blair colocou a mão onde seu bebê estava e sentiu que o pequenino se mexia bastante, com agitação, e após verificar que estava tudo bem, ela ergueu-se de sua posição para ir até a escada. Mal ela deu três passos e outra onda de contrações lhe atingiu: forte, longa e intensa. Blair se dobrou de dor e fechou a boca para não gemer. Aquilo não estava certo.

– Srta. Waldorf, lo banho está pronto! – ela ouviu a voz de Antoniella vindo do segundo andar.

– Já vou! – Ela conseguiu responder de volta, em uma lufada de ar. Após alguns segundos sentindo a contração intensa, Blair conseguiu segurar a dor e subir as escadas, apertando sua barriga. Ao chegar ao segundo andar, a dor tinha sumido. Antoniella lhe esperava na porta do banheiro, com uma toalha na mão.

– Pronta? – A governanta sorriu. Blair fez que sim com a cabeça – Ótimo! Bibianna pôs alguns sais de banho extra para a senhorita na água!

– Obrigada. – Blair pegou a toalha – Eu me despido sozinha, se não for um problema.

– Tudo bem. Estaremos lá embaixo qualquer coisa que a senhorita precisar. – Antoniella falou e saiu do banheiro. Blair fechou a porta e encarou a gigante banheira de porcelana enchida até quase as bordas com água morna e sais – parecia reconfortante. Ela tirou os sapatos, a meia calça e o vestido e entrou lentamente na água, colocando uma perna após a outra na banheira. Uma nova contração a atingiu, e Blair afundou o corpo na água morna com esperanças de aquietar o incomodo. Não funcionou. Ela pressionou a barriga com as duas mãos e fechou os olhos para enfrentar o desconforto que a atingia no baixo ventre, tentando aplacar esta sensação. Seu bebê parecia estar dando piruetas dentro de seu útero e à medida que a dor piorava, Blair sentia mais vontade do que nunca de gritar. Ela agarrou as bordas da banheira e soltou uma respiração profunda que não sabia estar segurando até aquele momento.

– Fique ai dentro. – Ela sussurrou – Por favor, não é sua hora.

XOXOXOXO

Dorota quase soltou um grito ao ver Chuck entrando de fininho na cobertura dos Waldorf. Quase. Jeremy lhe tapou a boca bem em tempo e Chuck colocou o dedo indicador sob os lábios, pedindo silêncio. A empregada concordou, mas muito à contra gosto.

– Mister Chuck, o senhor não devia estar aqui! O Sr. Harold está muito bravo com o senhor, além de estar atendendo uma visita agora.

– Que visita, Dorota? – Ele perguntou, olhando para as escadas que levavam para o segundo andar da cobertura. Por enquanto, não tinha ouvido nada suspeito.

– Um homem alto de bigodes pretos. Deve ser alguém importante, pois chegou com um segurança. Eles estão em reunião lá em cima.

– É o Miller. – Chuck murmurou para os capangas, e depois voltou a falar com a polonesa – Escute, Dorota: este homem que está lá em cima com o seu patrão é perigoso. Nós estamos aqui para evitar que um acerto de contas seja feito.

– Acerto de contas? – Ela ergueu as sobrancelhas.

– Morte. – Jeremy respondeu casualmente, e Dorota tremeu de horror. Anthony deu um tapa no ombro do colega, que lhe xingou baixinhho. Chuck ignorou os dois e deu um passo à frente.

– Escute, Dorota, vou precisar que você fique nos seus aposentos por questões de segurança.

– Segurança? – A empregada cruzou os braços, cética – Quem o senhor pensa que engana, Mister Chuck?

– Estou falando sério. – E virou-se para um dos seus capangas – Anthony, acompanhe-a até o seu quarto e suba. Jeremy, você vem comigo.

Sob protestos, Anthony levou Dorota até o corredor mais à fundo da cobertura, que era onde ficava o quartinho da empregada. Chuck e Jeremy subiram as escadas em silêncio, e esconderam-se atrás de um pilar assim que viram um segurança parado em frente à porta do quarto de Harold. De dentro do aposento, vozes alteradas podiam ser ouvidas.

– Droga – Chuck xingou, baixinho – Miller e Waldorf provavelmente estão jogando ameaças um contra o outro à essa altura do campeonato.

– O que eu faço, chefe? – Jeremy perguntou. Chuck deu uma boa olhada no segurança, que não parecia estar armado, apesar de ser um homem grandalhão e forte. Eles sentiram uma presença atrás de si e perceberam que era Anthony que havia se juntado à eles.

– Rendam o segurança e o prendam em algum lugar, não sei, deem um jeito. – Chuck murmurou – Façam qualquer coisa, mas não atirem. A última coisa que preciso agora é de barulho.

Os dois capangas concordaram, e saíram de seu esconderijo com suas pistolas em mãos. Com o dedo indicador sob os lábios, pedindo silêncio, Anthony saiu na frente, apontando seu revólver para o homem, que fez uma careta assustada e colocou as duas mãos pra cima em rendição. Jeremy veio por trás dele e encostou a mira na cabeça do segurança. Os dois conduziram o homem de Lewis Miller até o primeiro andar, onde o trancaram em um dos banheiros privativos. Com o caminho limpo, Chuck foi até a porta de Harold e encostou a orelha na madeira para ouvir.

– ... se você pensa que vai tirar o título de mim apenas vindo em minha casa ameaçando me matar, está muito enganado!! – A voz brava do Sr. Waldorf ecoou pela suíte. A risada de Nathan Lewis Miller foi ouvida e o político disse algo que Chuck não conseguiu distinguir o que era. Mais algumas palavras foram proferidas e depois a seguinte frase:

– Vamos lá, estou lhe dando uma chance de sair desta vivo e sem grandes dramas para a página policial do New York Times!

– Nunca, Miller!

– Realmente prefere ter seu nome em uma coluna funeral, e ainda por cima associado com a máfia Bass?? – Nathan falou – Charles pode ter lhe ajudado a ganhar estas eleições, mas onde ele está agora?! Quero que saiba que mandei um bilhete avisando que, caso ele não se manifestasse, eu viria até sua casa para conversar diretamente com você! E onde ele foi? Onde está a resposta dele? Charles saiu fora!

– Ele fez a parte dele, o que já é o bastante. – Harold respondeu – Agora abaixe esta arma e converse comigo como homem!

Foi o suficiente para Chuck puxar o próprio revolver. Ele esperou por mais algum sinal de que as coisas iriam piorar, e foi o que ele conseguiu:

– Não vou baixar nada! Eu avisei desde o início, mas você preferiu bancar o esperto! Agora lide com as consequências!!

Chuck abriu a porta com um supetão, com a arma já apontada no ar. Harold soltou um grito de pavor com a surpresa repentina e Nathan se virou, com o dedo já no gatilho.

– Não ouse disparar esta arma, seu verme! – Chuck proferiu, e Nathan arreganhou a boca de raiva.

– CALE A BOCA! – Ele apontou o revólver para Chuck. Harold aproveitou o momento de distração de seu inimigo e desferiu um soco nas costas de Lewis Miller. Com o golpe, o dedo do político inimigo empurrou o gatilho sem querer e um tiro foi disparado, acertando o ombro de Chuck. Anthony e Jeremy invadiram o quarto e dispararam inúmeros tiros contra Nathan, que caiu imediatamente morto no tapete persa da suíte dos Waldorf. Harold foi até Chuck e analisou o buraco vermelho no ombro do mafioso, que estava sentado no chão.

– Meu Deus, o seu ombro! – Harold fez uma careta – Acho melhor chamarmos Dorota.

– Sua empregada está escondida lá embaixo, lhe demos ordens para ficar lá. – Anthony falou – Jeremy, me ajude a carregar o senhor Bass até o carro, precisamos levar ele ao hospital.

Os dois capangas pegaram o chefe, que gemia de dor, pelo braço bom e pela cintura. Harold os ajudou descerem as escadas e os chamou antes que saíssem pelo elevador.

– Esperem, o que eu faço agora?! Tem um homem morto no meu tapete, por Deus!

– Não chame a droga da polícia – Chuck ofegou – Meus homens vão voltar para limpar esta bagunça.

– Mas e o barulho dos tiros, meus vizinhos provavelmente...

– QUE DROGA, HAROLD! – Chuck assoviou de dor, e perdeu a paciência – Esqueça os outros por um segundo! Nós vamos resolver isso!

Harold fez uma careta, mas nada respondeu. Ele acompanhou os dois capangas e o mafioso ferido até o elevador, e antes de deixar os rapazes irem embora, ele chamou.

– Charles!

Chuck o olhou, estancando o sangue de sua ferida com a mão.

– Obrigado por salvar minha vida. – O político falou - Isto é algo que não esquecerei.

XOXOXOXO

Os nós dos dedos de Blair estavam brancos de tanto agarrar as bordas da banheira, e ela agora já não tinha mais forças para lutar contra a dor. Ela sentiu a sensação morna de algo em meio às suas pernas, que não era da água já fria da banheira, e foi o que pôs um ponto final em seu auto controle.

– ANTONIELLA! – Ela gritou com todos os seus pulmões, e a governanta voou escada à cima em direção ao banheiro, apavorada. Ao chegar lá, ela deparou-se com Blair deitada na banheira, com os braços nas bordas e com as pernas abertas dentro da água. – CHAME ROSALI, AGORA!

Mamma mia! – A governanta ajoelhou-se ao lado da patroa – Ainda está cedo para o pequeno nascer!

– Minha bolsa estourou! – Blair colocou a cabeça no encosto banheira e arqueou as costas quando uma nova onda de contrações a atingiu – Chame Rosali!!

A governanta gritou o nome de Bibianna, que apareceu rapidamente na porta do banheiro. Ela deu instruções à menina para mandar Dotto até o vilarejo onde a parteira morava e trazê-la até a mansão imediatamente, pois o bebê estava por nascer um mês antes de sua data correta. A italiana assentiu, um tanto assustada, mas correu para falar com o motorista. Enquanto isso, Blair gritava de dor e apertava a mão da governanta com a maior força que conseguia reunir.

– Srta. Waldorf, não pode dar à luz dentro da água!

– Eu não consigo levantar – Blair ofegou – Não posso levantar. Rosali não vai chegar à tempo!

Antoniella olhou em volta. Ela pegou a toalha de banho e a dobrou até formar um travesseiro, que colocou atrás da cabeça de Blair para suporte. Lágrimas começaram a cair pelo rosto de Blair e ela amoleceu o corpo, se sentindo fraca com a intensidade com que as contrações lhe atingiam. Antoniella afastou o cabelo úmido do rosto dela e lhe apertou a mão gentilmente.

– A senhorita vai precisar ter forças para começar a empurrar, não há mais como evitar.

Blair chorou mais ainda, e balançou a cabeça.

– Eu não consigo.

– Sim, você consegue – A italiana colocou um braço para dentro da água e levantou uma das pernas de Blair até a borda da banheira – Levante suas pernas e empurre seu bebê! Vamos lá!

Blair reuniu todas as suas forças e fez o que a governanta mandou: com suas duas pernas bem abertas, ela começou a respirar fundo em meio à dor e a empurrar a criança para fora. A cada lufada de ar que seus pulmões soltavam, uma empurrada. Uma lufada de ar, uma empurrada. A italiana falava palavras de incentivo e Blair apertava sua mão com força, tentando mais do que nunca expelir o bebê para fora de seu corpo. Depois de muitas tentativas, ela sentiu a pior dor de todas, como se lhe estivessem rasgando lá embaixo, e um pequeno corpinho passou com sucesso por suas regiões intimas. Blair soltou um gemido de alívio e caiu para trás na porcelana da banheira.

Es um bambino! – Antoniella exclamou, tirando o bebê da águae o enrolando rapidamente na toalha de banho. Blair olhou para o lado e viu o seu filho pela primeira vez: era pequenino e rosado, com uma penugem marrom escura no topo da cabeça que lembrava muito o castanho dos cabelos de Chuck. Ele não chorou, mas as mãozinhas que se movimentavam no ar indicavam que ele estava bem e vivo.

– Srta. Waldorf, é um lindo menino – A governanta sorriu, limpando o sangue da barriga e do rosto do bebê – Quer segurá-lo?

Blair tentou estender os braços para segurar o filho, mas não conseguiu. Aos poucos, sua visão ficava mais embaçada e a voz de Antoniella cada vez mais distante. Ela ainda viu a governanta deitar o bebê na cadeira de madeira ao lado e sentiu o toque das mãos da italiana em seu rosto, mas seu corpo simplesmente não obedecia mais os seus comandos, e a água da banheira agora estava completamente gelada. Suas pálpebras tentaram lutar contra a escuridão, até que tudo ficou preto e ela não conseguiu evitar.

– Srta. Waldorf, acorde!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Bad Kids" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.