Tóxico escrita por Sayuri


Capítulo 2
Posição? Titular!


Notas iniciais do capítulo

Hey ho!Mais um capítulo!Espero que gostemBeijos!



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Brittany chegou ao parque usando seu vestido com detalhes de renda na saia curta e rodada, os pequenos e delicados detalhes em verde-água com a fina cintura bem marcada. O short preto que usava por baixo era mais curto para não comprometer o visual, como o vestido não tinha mangas, usava um casaco fino por cima, apenas para se proteger do vento. Ela aguardava seu adversário, estava sentada no banco do parque com os cabelos negros firmemente presos em um coque alto e as pernas cruzadas.

Shiraishi chegou acompanhado de Kenya, uma garota que aparentava ser bem nova de cabelos pretos presos dentro do boné e outro rapaz que deveria ser irmão da garota com cabelos negros, ondulados, bem volumosos e que andava de forma displicente.

– Desculpe deixa-la esperando, Brit-chan... Mas o treino nos tomou mais tempo que o imaginado. – se desculpou coçando a cabeça meio sem-graça. – Esse é Chitose Senri, estuda conosco, e sua irmã caçula, Chitose Miyuki-chan.

–Prazer em conhecê-la, Brittany. – Chitose fez uma pequena mesura.

– Naa... Tem certeza que você quer mesmo jogar contra o Shiraishi-niisan? – Perguntou menina. – É uma ideia bem estúpida.

– Sim, eu quero... – Brittany respondeu. – Eu perdoaria mais facilmente a vaidade dele se não tivesse ofendido a minha.

A americana olhou para o garoto de cabelos castanhos quando disse isso, os olhos verdes traziam uma expressão séria, ele havia ferido o orgulho dela e seu olhar ofendido e fuzilante expressava bem isso a ele, porém, Miyuki não entendeu muito bem o que ela queria dizer com vaidade. Vaidade não era gostar de se arrumar, ter um estilo? Então, por que Shiraishi teria ofendido a vaidade de Brittany? Ele não havia gostado do estilo dela?

– Bom... Vamos jogar, Brit-chan... Afinal, é por isso que está aqui, certo? – Shiraishi sorriu entrando na quadra vazia, mas deixando que a garota escolhesse o lado que melhor conviesse e oferecendo bolinhas para que a americana começasse servindo, mas ela negou a segunda gentileza. – Senri irá ser o árbitro? Alguma objeção?

– Vamos acabar logo com isso. – a garota falou firmemente e confiante, se posicionando no fundo da quadra e esperando o saque de Shiraishi.

Shiraishi atirou a bolinha para o alto e serviu com força, não estava nem um pouco a fim de perder esse jogo e por isso jogaria sério. Brittany sentiu o peso e força da bola quando a rebateu e precisou empregar muito mais força do que faria normalmente em uma partida contra alguma garota, ele era forte, bem forte e ela sentiu que ele não usou toda sua força contra ela; ainda assim, rebateu para o mesmo canto do serviço, demonstrando seu bom controle de jogo. Porém, Shiraishi com passos rápidos alcançou a bola com facilidade, rebatendo para o canto oposto e que estava aberto sem dar chances a garota de alcançar a bola.

– Eu vou levar esse jogo muito a sério, Brit-chan. – Shiraishi comentou antes de servir novamente. – Não quero te dar a oportunidade de fugir de mim.

Whatever... – a jovem revirou os olhos, irritada. – Vai logo.

Os arredores da quadra começavam a ficarem movimentados, alguns curiosos vinham observar a partida do capitão da Shitenhouji contra a gaijin e isso não passou despercebido por nenhum dos jogadores, principalmente quando ouviram gritinhos estridentes de garotas falando algo como “Vai, Shiraishi-kun! Fighto!” ou “Você vai ganhar, Shiraishi-kun!”.

Shiraishi serviu e correu para o lado oposto ao do serviço, mas parou bruscamente em seu caminho quando viu que ela havia dado uma falsa pista, havia olhado para o canto oposto e gesticulado que faria isso, contudo, rebateu em direção ao canto do serviço. Shiraishi deu um giro e conseguiu alcançar a bola facilmente, rebatendo de costas, a bola rebatida era meio fraca, mas exigiria que Brittany se aproximasse da rede para alcança-la e ela fez exatamente como o capitão havia calculado, seria a oportunidade de rebater a bola com força do lado esquerdo dela, afinal, ela era destra e não conseguiria se deslocar a tempo, sorria confiante de sua jogada assim que a bola tocou novamente em sua raquete.

Mas em um movimento inesperado, a jovem mudou a raquete de mão com rapidez e alcançou a bolinha rebatida, rebatendo-a com perfeição no canto aberto do garoto de cabelos castanhos. Ainda meio surpreso e levemente atordoado, Shiraishi reagiu e conseguiu fazer um lob perfeito, encobrindo Brittany e tocando a quadra milímetros antes da linha de limite, perfeitamente calculado.

– 30 to love! – anunciou Chitose.

– Você é canhota? Por essa eu não esperava. – o capitão comentou sorrindo, Brittany ainda não demonstrava sinais de cansaço o que dizia que ela já devia ser atleta ou praticar algum tipo de atividade física há algum tempo.

– Não sou canhota, Kuranosuke... – falou posicionando-se no fundo da quadra. – Sou ambidestra! Sou capaz de fazer qualquer coisa com as duas mãos...

– Bom, bom, muito bom! – respondeu sorrindo. – E você quase me enganou com essa sua... Poker face.

– Anos de apostas... – comentou com casualidade. – Sou imbatível no Poker... Em todos os tipos. – deu um risinho de canto, com um ar malicioso que foi capaz de deixar o capitão da Shitenhouji levemente desconcertado, só não o deixou mais, porque seu foco estava no jogo.

– Vou acabar logo esse jogo... Estou vendo que não posso mesmo pegar leve com você. – anunciou o rapaz, servindo.

Após o anuncio, o jogo foi um total e completo massacre. Perder de lavada ganhou novos contornos na vida da jovem Brittany, que se esforçava muito para conseguir colocar bolas difíceis para Shiraishi, só que ele alcançava todas com uma facilidade quase ridícula se não fosse tão impressionante e o rapaz marcava um ponto atrás do outro. As fãs do capitão berravam histéricas enquanto davam saltinhos de alegria, comemorando a vitória absoluta do garoto sobre a “americana metida” como se referiam a Brittany educadamente, naquele momento. Apenas um pontinho, qual era a dificuldade? Brittany descobriu a dificuldade, além de Tezuka, nunca havia jogado contra alguém daquele nível... E mesmo quando jogava com o amigo, sabia que ele estava brincando, pois utilizava apenas a mão direita e, ocasionalmente, deixava a americana ganhar uns pontos fingindo muito mal que aquilo era verdade; porém, ele sempre foi e sempre seria um péssimo mentiroso.

No último ponto, Brittany tentou algo ousado, quase suicida, pois não tinha nada a perder naquela hora. Estava cansada, ofegante, sua força estava diminuído cada vez mais e pelo jeito teria que tolerar o rapaz o resto do ano... Então, ao invés de rebater àquela última bola bem forte e no fundo da quadra, acertou-a no cordão da rede, fazendo-a perder a força, Shiraishi arregalou os olhos, não teria condições de alcançar a bola, pois esperava-a no fundo da quadra, já que sua análise demonstrava que Brittany não tinha controle o suficiente para uma ação como aquela. A bola bateu na rede, porém, não passou para o outro lado, dificilmente passaria, pois ela havia acertado um ponto muito mais embaixo do que seria necessário para conseguir ter sucesso em sua manobra, e a bolinha caiu no lado da garota, rolando pela quadra.

– Game, set and match to Shiraishi. – anunciou Chitose, Brittany caiu de joelhos no chão com uma expressão terrível no rosto, algo entre o ódio e a frustração causados pela derrota e as consequências que ela traria.

E foi naquele momento, que a morena se levantou como uma fera ferida, o fogo em seus olhos demonstrando que não aceitava aquela derrota ridícula que sofrera que Shiraishi teve certeza absoluta: ela era tudo que a equipe de tênis feminina da Shitenhouji precisava. Tinha essa convicção, porque a equipe masculina da escola era amplamente conhecida por ser uma equipe de ponta que sempre estava no nacional, já a feminina era regionalmente conhecida por serem amáveis e, apesar de perderem o torneio de Kansai*, sempre faziam grandes amizades com as equipes das outras escolas. Jogavam tênis muito bem, melhor que a média, mas a falta de agressividade e gana pela vitória fazia com que coisas do gênero acontecessem.

Brittany se aproximava, apertando a raquete firmemente com a mão e aquele olhar de uma leoa encurralada, pronta para pular na jugular de seu algoz, ela traria o espírito de vitória e a competitividade que falta às outras garotas. Postou-se próxima a ele e as garotas que o cercavam e o enchiam de mil e um elogios, por algum motivo ele parecia incomodado com todo àquele assédio.

– Shiraishi-kun, você foi maravilhoso! – falou uma de cabelos castanhos escuros e curtos, colocando graciosamente as mãos sobre o coração para demonstrar seu sentimento que iam muito além de admiração.

– Não precisava humilhá-la, Shiraishi-kun. – falou outra e aquilo irritava Brittany profundamente, toda aquela babação por conta de um cara que com toda certeza iria partir o coração de todas... Eram umas burras! Umas tolas que mereciam sofrer por aquela coisa ridícula chamada amor.

– Brit-chan, sinto por sua derrota, mas foi uma ótima partida! – ele sorriu fazendo as meninas suspirarem por ele ser tão “legal”.

Yeah... Awesome! Só se for pra você... É hipocrisia falar algo que não se sente. – respondeu na lata com um tom carregado de ironia e raiva, ignorando as feições homicidas das garotas.

– Sim... Eu realmente não sinto. – aquele sorriso irritante estava lá, de novo. – Vai ser ótimo te ver todos os dias durante e após as aulas!

O silêncio poderia ter sido constrangedor, mas devido aos sons do parque e das outras quadras não foi tão constrangedor assim, as groupies de Shiraishi e, aparentemente, de Chitose também, porque insistiam em dizer o quão bem ele havia arbitrado a partida, ficaram em silêncio e com uma cara extremamente surpresa, estavam chocadas por aquela afirmação que nem ao menos foi direcionada a elas.

– Tá... – respondeu meio emburrada, Brittany, soltando os cabelos e prendendo-os em um rabo de cavalo alto.

– Você não vai descumprir sua palavra, né, Brittany-chan? – ele se aproximou um pouco dela e ficou olhando nos olhos verdes.

– Não... – disse entre os dentes. – Mas vontade é o que não me falta.

– Bom... Imaginei que não. – respondeu o rapaz de cabelos castanhos, enquanto reapertava as ataduras frouxas pelo jogo.

– Te vejo por ai. – a americana falou, colocando sua raquete na mala e colocando-a sobre o ombro

Virou-se, jogando os cabelos ainda amarrados para trás e saiu com seus passos convencidos e suaves, tentando não demonstrar o quanto estava odiando o sabor amargo da derrota, não que nunca tivesse perdido antes... Mas odiava perder e odiava ainda mais aquele que a transformava em uma “looser”... Ninguém gostava de perdedores, muito menos ela que conhecia melhor do que ninguém o que significava ser uma.

Os olhos castanhos de Shiraishi observavam atentamente os movimentos da american girl, os cabelos presos em um rabo de cavalo firme balançavam, revelando algo de tom carmim na nuca da jovem, seus olhos perspicazes viram a rosa e ele sorriu. A tatuagem combinava com ela; combinava com os furos de brincos na orelha; combinava com as unhas pintadas de cores chamativas; com seu ar delicado e com a voz doce, mas o jeito agressivo de falar sem elevar o tom, enfim, combinava com ela. Talvez porque, ao contrário de todas as garotas que conhecia e com as poucas que havia saído, que eram belas, graciosas, femininas e atenciosas; não, Brittany era totalmente errada diante de tudo que era certo, era um acumulado de contradições delicada, mas rude... e talvez por isso ela houvesse conseguido despertar seu interesse em poucos dias.

– Meu deus, ela tem uma tatuagem! – comentou uma das garotas. – Não é horrível, Shiraishi-kun?

O rapaz estava absorto em seus próprios pensamentos, ficou um tempo em silêncio antes de responder:

– Sim, Kuwabara-chan... – ele sorriu para a garota. – Não é perfeito?

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– Meninas, tenho o orgulho de anunciar que temos mais uma participante para o clube de tênis e que preencherá nossa última vaga de titular. – Ikeda Keiko anunciava para a equipe feminina, apresentando cada uma das meninas e, após, Shiraishi apresentou os garotos da equipe de tênis que apenas assistiam mais ao fundo, mas foi a capitã que finalizou. – Sejam carinhosas com a Carter-san!

Todas as garotas aplaudiram alegres, os garotos aplaudiram também. Brittany estava pasma com o que via, além do sorrisinho torto e jocoso de Shiraishi e dos titulares da equipe masculina que davam calorosas boas vindas, via apenas seis meninas na quadra. Todas com o uniforme de titular que era uma saia branca lisa e reta, com pequenas fendas nas laterais, com uma listra verde-água, também na lateral, e uma camiseta polo ajustada uma listra da mesma cor na altura dos seios e nos ombros. A capitã Ikeda Keiko era uma jovem de cabelos castanhos avermelhados, medianos, era bem pequena, media no máximo 1,60m, tinha olhos negros grandes e expressivos, era bem delicada e feminina, apesar dos cabelos um tanto quanto curtos, presos por uma faixa de cabelo branca.

– Cadê o resto do time? – Brittany perguntou a capitã.

– Nós somos o time! Agora teremos jogadoras para o singles 1! – sorriu a simpática capitã.

Brittany apenas assentiu incrédula enquanto ouvia a capitã passar o endereço do local onde deveria comprar seu uniforme de titular, mas perdeu-se em seus próprios pensamentos após isso. Estava tão absorta em seus pensamentos e xingando Shiraishi mentalmente pela roubada em que ele a tinha metido que perdeu boa parte do discurso ridículo da capitã para o resto do time, os rapazes já treinavam há algum tempo.

– Por isso mesmo, Carter-san, nosso lema é: Um sorriso é uma vitória! Uma amizade é uma vitória! – ela sorriu para a nova integrante.

– Ok... Para tudo e volta! – Brittany falou abismada. – Vocês vão para competições e torneios para fazer o que?

Shiraishi chamou a atenção de Zaizen, que achava o plano de incluir Brittany no time totalmente ridículo, e de Kenya que praticava com o “gênio” da Shitenhouji, além da perda de tempo, e todos os outros rapazes ficaram prestando atenção na americana e nas garotas da equipe, deixando o treino de lado para curtir o show. Obviamente o técnico Watanabe Osamu não interferiu e apenas ficou observando o que aconteceria dali em diante.

– Não importa o resultado, desde que façamos boas amizades! – sorriu Shima Miyo, a vice capitã. – Infelizmente as pessoas não reconhecem isso... Ficam tão preocupadas com a neura de ganhar que criam atritos, agem agressivamente, não com violência, mas com a agressividade com as outras equipes e esquecem o que é mais importante... A amizade e a disputa amigável e saudável.

Shima Miyo, era uma pessoa visualmente bem sensível e frágil, sua pele era bem clarinha e tinha um ar todo romântico, os cabelos castanhos eram compridos e cacheados, bem cuidados, era bem magra e esguia, tinha altura mediana e um ar extremamente sonhador, quase como uma menina que sonha com um príncipe encantado... Quase como uma boneca de porcelana.

Nom de dieu de putain de bordel de merde de salloperie de conard... – Brittany revirou os olhos proferindo impropérios em todo idiomas que conhecia. – Esse é o discurso mais ridículo que ouvi em minha vida!

– Carter-san... – Miyo tentou interrompê-la sentida, mas os modos agressivos de Brittany a impediram e continuar.

– Vocês falam como perdedoras, porque não passam de um bando de perdedoras! Aliás, graças a um idiota que está aqui, faço parte do grupo das perdedoras! – os olhos de Miyo e da capitã se encheram de lágrimas. – Damn... Por isso ninguém entra nesse clube! O lema é ridículo! Precisamos reverter isso!

– Mas... E as amizades? – Keiko perguntou.

– Fod... – O técnico Osamu deu uma olhada severa para a garota e ela mudou as palavras. – Pro inferno com as amizades! Precisamos ganhar a droga do campeonato! Isso é mais importante! Ou vão me dizer que não querem ver esse clube cheio?

Todas as garotas assentiram meio inseguras, afinal, gostariam de ter suas habilidades reconhecidas, mais meninas para disputar as vagas de titulares, serem, ao menos uma vez, aclamadas como campeãs e terem admiração das outras escolas da região, pois estavam cansadas de ouvir as jogadoras das outras escolas fazendo chacota da Shitenhouji por suas costas durante o torneio feminino de Kansai.

Era até estranho que sempre fossem para o torneio regional e passassem sempre do municipal, mas a realidade é que não havia muitas escolas boas e, querendo ou não, as garotas da Shitenhouji tinham grandes habilidades, porém, naquele ano haviam perdido para a Myushi Gakuen, pois as outras escolas de Osaka estavam cansadas de nunca serem representadas no nacional, de serem ridicularizadas, ainda que o segundo lugar desse a Shintenhouji a classificação para disputar o Regional de Kansai. Era muito óbvio que faltava a elas apenas garra e vontade de vencer, de disputar até o último segundo e dar o sangue para ser campeã, só que elas não tinham esse espírito, eram muito cordiais para isso.

– Ok... E posso saber por que esse clube não está cheio de groupies dos garotos? – perguntou intrigada. – Porque é o lugar perfeito para aquele bando de vadi... Quer dizer... Garotas vulgares que ficam arrastando asa para esses caras aqui e que não tem absolutamente nada de interessante para fazer, ficarem!

– Os meninos são muito abertos e interagem com todos os alunos da escola! Elas não precisariam ficar aqui para ter a atenção deles... Além do técnico Osamu não dar folga para nós nos treinos... Apesar de não parecer, ele é muito severo. – respondeu a capitã Ikeda.

A americana levantou os olhos verdes e analisou os arredores da quadra e suspirou pesadamente, em volta havia milhares de garotas do primeiro, segundo e terceiro anos estrategicamente posicionadas para observar os treinos dos titulares, ocasionalmente eles até sorriam para algumas delas que sorriam apaixonadas e davam risinhos tímidos e nervosos, comentando o fato com as amigas que estavam em volta. Brittany pode perceber a particular preferência que elas tinham por Zaizen, Chitose, Kenya e, principalmente, pelo “Shiraishi-buchou”.

As garotas se dispersaram e começaram a treinar, enquanto Brittany olhava o ambiente do local distraída. Já era ruim o suficiente estudar em uma escola dentro de um templo, agora estar num time desastroso como aquele era uma total e completa piada, mas não tinha escolha. Via que os rapazes até conversavam ou falavam com as garotas ocasionalmente, então elas não sentiam-se desamparadas o suficiente para fazer parte de uma equipe que era um fiasco, aliás, pelo visto aquilo poderia ser ruim até para a imagem delas em suas próprias cabecinhas fúteis.

– Analisando suas concorrentes, Brittany-senpai? – Zaizen a provocou.

– O que disse? – perguntou fazendo-se de desentendida.

– Se vai ficar andando por ai com Shiraishi... Prepare-se para sofrer um boicote muito grande delas. – falou em tom provocativo.

– Humpf! Quem disse que tenho a intenção de andar com ele? – olhou cheia de desdém. – Eu sou boa demais para alguém como ele!

– Se você diz... – respondeu o secundarista.

Osamu chamou a atenção das garotas e começou o treinamento, passando exercícios de condicionamento físico antes de começar o treino com a raquete; estava feliz com a nova integrante do clube, parecia uma boa jogadora, nada de espetacular e fora do normal, porém, tinha uma energia e uma garra que faltava em todas as outras integrantes do time.

–--//---

Brittany estava morta no fim do treino, não estava acostumada a um treinamento tão pesado quanto o que tivera, aliás, se ainda jogasse Lacrosse e dançasse, estaria em perfeita forma, mas por fazer algumas semanas, desde que soubera que se mudaria para Osaka, em que só corria no fim da tarde, sabia que estaria dolorida no dia seguinte, contudo, não tinha escapatória, teria que treinar no dia seguinte também. Já havia se trocado e saia da escola rumo sua casa quando viu Shiraishi esperando algo na saída da escola com sua bicicleta, ou melhor, esperava ela.

– Que roubada você foi me meter, heim? – Brittany lançou.

– Elas precisavam de você, da sua energia... – respondeu com um sorriso simpático no rosto. – Se importa se eu te acompanhar?

– Se eu disser que não pode, você irá do mesmo jeito... Então, tanto faz! – respondeu casualmente. – Se me queria na equipe de tênis, por que apostou? Por que não pediu?

– E por que não apostar? – retrucou Shiraishi. – Você não entraria de bom grado, ainda mais se descobrisse a fama da equipe feminina. Você parece fazer o que quer e quando quer... Era o único jeito de te fazer entrar no clube.

– Eu sei... Sou uma garota-problemas, conhece? Daquelas que sua mãe e seu pai não querem ver perto de você. – rebateu em um tom divertido.

– Isso eu percebi desde o momento que você entrou na sala. – respondeu com certeza. – Seu jeito te denuncia e tudo isso fica mais... Ahn! Ecstasy...!

– Humpf! – o tom divertido continuava, mas o tom se transformou para um malicioso, até então inédito para o rapaz. – Você não sabe o que é ecstasy... Mas talvez eu possa te ensinar...

Para isso, Shiraishi definitivamente não tinha resposta, Brittany passou por ele encostando a mão no ombro esquerdo do garoto e deslizando-a um pouco em direção ao tórax enquanto se afastava. Caminhou mais alguns metros e olhou para trás, para ele, com um sorriso travesso; parecia algo entre meio travesso e meio malicioso, acenando para ele, pois era ali que seus caminhos se separavam. O Buchou da Shintenhouji estava extremamente vermelho e desconcertado, em parte pela maneira como ela falara aquilo e em parte pelas imagens que brotaram em sua mente quando a americana falou. Censurou-se mentalmente por ter pensado coisas como aquilo, algumas garotas passavam por ele lhe acenando, ele nem havia percebido e diferentemente de outras vezes não correspondeu, apenas subiu em sua bicicleta e voltou para casa com o pensamento de que tudo aquilo era muito errado.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem e mandem reviews com críticas, dúvidas, sugestões, etc! =]