Uma semana após a galera sangue-suga deixar a cidade, menos os Cullen, claro, a rotina dos lobos se transformou em uma completa monotonia. Não havia nada a fazer. Jacob não saia da casa deles, enquanto Seth e eu ficávamos deslocados. A verdade é que tínhamos escolhido ele e, por mais que o alfa ainda fosse o Sam, as coisas estavam balançadas para nós. Então, para facilitar as coisas, eu patrulhava sempre com o Seth. Ele está crescendo rápido, já posso confiar nele.

Uma noite, fazíamos uma ronda pela floresta quando um cheiro muito esquisito nos pegou em cheio. Estávamos encurralados, pois se retornássemos à forma humana poderíamos cobrir o nariz, mas não poderíamos nos proteger de uma força bruta. Na dúvida, enviamos nosso sinal à alcateia.

Parados na escuridão, não dava para saber de onde vinha o cheiro, ele só aumentava. Parecia sal, água parada e...sal! Tinha que estar vindo do mar! Infelizmente, não fazíamos ideia do que significava. Sem tempo para pensar, mas um pouco mais calma, ordenei que Seth esperasse pelos outros ali enquanto eu procuraria a direção correta. Ele não gostou nada, mas sabia que era preciso.

Corri o máximo que pude tentando encontrar a direção correta, mas era difícil manter o foco, pois ficava cada vez mais difícil enxergar com tanto sal no ar. Minha garganta também clamava por água, ardia muito. Não sabia quanto tempo mais conseguiria correr, só sabia que precisava. Finalmente, quase me arrastando, cheguei onde a cobertura das árvores tinha fim e um penhasco se elevava. O que vi foi algo indescritível. E lindo.

Havia algo como uma tromba d'água cobrindo a superfície do mar, porém não eram nuvens e água. Era algo como areia, exatamente como se pareciam as tempestades de areia no deserto (sim, assisto national geographic). Ao chegar à beira do penhasco pude sentir respingos de algo fino, mas perfurante. Sim, era areia. Não sei como ou porquê, mas as coisas estavam mudando em La Push. 

Fiquei parada na beira do penhasco admirando o fenômeno por muito tempo até que os ouvi chegar. Os lobos estavam ali e paravam tão embasbacados quanto eu. 

- Leah, tudo  bem com você? Por que não esperou por nós?  - Sam não parecia bravo e nem mesmo desviava o olhar do céu.

Não respondi, apenas continuei ali até que a poeira baixasse e pudesse ver algo mais além da escuridão e da água negra. Passaram-se cerca de meia hora quando o fenômeno começou a mudar de forma. Primeiro o que parecia ser areia começou a chover em direção à água. Depois, relâmpagos assustadores acendiam e apagavam de segundo em segundo. Não haviam mais nuvens, apenas luz. Muita luz. Foi quando vi uma pequena formação subindo à superfície do mar. Parecia um animal, do tipo bem grande. Em seguida, outros começaram a emergir como boias e nadar em círculo. Depois disso, algo que parecia um rodamoinho apareceu e os animais se afastaram, apenas para algo que parecia o fundo do mar, literalmente, subir.

Era a coisa mais assustadora que já havia visto, e olha que conheci o Caius Volture, heim! A coisa que subia era um misto de areia e algas, com certeza, e simplesmente tomou uma forma muito conhecida por qualquer pessoa no planeta. Era uma pirâmide.

Não havia notado que havia voltado a ser humana até sentir o fucinho de Seth em minha mão. O brilho de seus olhos mostravam que ele entendeu o que eu vi, apenas ele, para minha sorte.

Quando tudo acabou, o sol começava a nascer, mas este era um fenômeno comum para mim. Fui para a casa na aldeia. Precisava dormir e só pensaria naquilo tudo quando acordasse. Com sorte seria tudo um sonho.