Se eu disser que estou passada, estarei mentindo. Não estou. A surpresa é um fato, mas ainda assim, algo me diz que eu já esperava por isso. Quando penso que não há como ficar pior... fica!

Benjamin cismou comigo. Não sei porquê e nem quero saber. Tudo o que preciso agora é me focar no trabalho que temos a fazer. Ameaças graves podem destruir muitas vidas, a minha não é nada em comparação, nunca foi. Então por que, diabos, um estranho movimento em meu estômago ameaça minha calma? Por que um estranho palpitar em meu coração parece ter ligação com um certo sangue-suga que está sentado do outro lado da mesa de carvalho vermelho da casa de Suhen? Não, Leah, não é nada! Você só está de saco cheio desse cara e espera que ele vá embora logo! 

Mas ele não vai. Ele fica nesta missão por sabe-se lá qual razão. Tudo o que sei é que ele já garantiu que ficará e eu não posso fugir. Meu destino está aqui, agora. Não posso desapontar meus companheiros e não posso temer o desconhecido. A luta, que parecia simples há dois dias, agora é certeza de que não acabará bem para todos. Tenho medo do futuro, pela primeira vez, desde Sam. Tenho medo do que posso me tornar se as coisas saírem do controle, mas arriscarei. 

Aqui, reunida com pessoas da minha espécie ou, quase isso, só tenho uma certeza: a coisa vai ficar feia! Os três vampiros não vieram até nós a toa. Alice sabe de algo grande, mas não quer nos contar. Duvido que tenha contado tudo aos outros. Eles estão aqui porque são altruístas demais para deixar as coisas passarem sem que façam algo. Kate e Garret são um pacote, por isso estão aqui. Ficarão juntos na batalha e na vida, é o que me disseram. Benjamin é um intruso, um enxerido, e gosta de causar tumulto e bocas abertas. Está aqui porque precisa provar algo para os lobos, não para mim. Eu já sei do que ele é capaz e seu rosto de anjo e as atitudes galantes não me enganam. 

Sentada em um banco desconfortável, observo, sorrateiramente, cada um dos membros da guarda, nossa guarda. Quatro lobos e três vampiros podem dar conta dos problemas da região, espero. Alice e Jasper já foram para onde quer que precisem estar, deixando dúvidas e segredos ocultos. Não quero confiar no julgamento de Alice a respeito da necessidade de ajuda dos vampiros, mas preciso. Jacob confia, até demais, e Paul se obriga a ficar calado, enquanto controla os próprios nervos. Se tratamento psicológico irá por água abaixo se perder a linha, ainda que no calor da batalha. Frieza é o que precisamos agora, nesta luta. Há algum tempo atrás, estaria tranquila, mas hoje não. O gelo quer derreter e um brilho dourado aquece meu coração iceberg. Sou uma idiota. Caí direitinho nas armadilhas.

Suhen nos passa todas as informações que nos possam ser úteis. Desde os domínios da cidade e floresta, até a posição de cada habitante em perigo. Tenho que admitir, o cara é bom. Sabe cuidar de seu povo (e também faze-los...) e tem boas estratégias, mas será preciso muito mais. Ainda não sei o que o garoto dos elementos tem para nós, mas ele parece saber muito bem, já que seu sorriso é presunçoso e seu olhar me confirma a segurança. 

Uma garotinha, filha de Suhen, claro, chega correndo e invade a sala, ofegante. Seu pai lhe segura as mãos e eu sei que algo aconteceu.

- Mãe Danh foi atacada! - uma lágrima desce pelas bochechinhas da menina, enquanto o semblante de Suhen endurece. Ele abraça a menina e lhe indica a porta de saída. Olha para o grupo à sua frente e confirma o que já sabemos. Começou, e dessa vez, estamos aqui.