Estúpido Acidente! escrita por Julia


Capítulo 6
Eu mataria Annelise McCarty!


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas!! Como vocês estão?

Enfim, esse capitulo é para todas as garotas do mundo ok? haha Vocês irão entender logo!

Aproveitem! ;)



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A primeira coisa que senti quando acordei, foi o  calor do sol batendo em meu rosto, atrapalhando meu sono sem sonhos e me fazendo abrir os olhos com dificuldade, a claridade me deixando cega por alguns segundos. 

Já a segunda coisa, foi alguém se remexendo em meus braços, parecendo travar uma batalha árdua contra meus músculos e assim que olhei para a pessoa impaciente, vi meu rosto emburrado e completamente vermelho. Josh tentava com muito esforço, sair do meu abraço de ferro, os músculos do meu braço envoltos em torno da cintura fina.

Franzi a testa, confusa com a cena por um momento antes de arregalar os olhos quando percebi a situação que nos encontrávamos. Soltei um grito masculino e empurrei Josh para longe de mim com mais força do que eu esperava, fazendo-o cair do colchão e bater no chão com um baque mudo e um grunhido alto de dor. 

—Ugh finalmente! Eu estava começando a ficar sem ar – Ele se levantou esfregando os cotovelos, o rosto ainda um pouco vermelho e foi em direção a pequena mochila no canto da cabana, pegando as mesmas roupas da noite anterior, me enviando olhares mortais antes de fechar os olhos e começar a se trocar com um pouco de esforço.

Era estranho ver meu corpo de uma perspectiva diferente que não aquela que eu tinha quando olhava no espelho. Pude ver minhas costas nuas, meus cabelos lisos cobrindo a maior parte e detalhes que eu nunca poderia notar se não estivesse presa ao corpo de outra pessoa.

—Sabe Annelise, – Ele começou a falar casualmente e eu já sabia que iria sair alguma coisa idiota como sempre – Ontem eu decidi vir andando para cá já que o lugar não era longe da sua casa, mas não esperava me cansar tão rápido. Você é muito fracote pirralha, nem consegui sair desse abraço esquisito que você me deu durante a noite.

Eu tinha certeza de que a qualquer momento eu iria voar no pescoço dele e não me importaria de quebrar umas costelas do meu próprio corpo se isso significasse calar a boca daquele ser irritante. Meu rosto esquentou com aquela última observação mas apenas soltei um xingamento de que "a culpa não era minha se seu corpo era igual a de um gorila" (o que era uma mentira descarada, mas ele não precisava saber) e fechei a cara.

Mas então, olhando para a parede de madeira da cabana enquanto esperava que Josh terminasse de se trocar, lembrei de algo que minha mãe havia me dito algumas semanas atrás. Se eu não estava errada...

—Ah, Josh... Que dia é hoje? – Perguntei como quem não quer nada, ignorando seu rosto confuso pela mudança brusca de assunto e meu tom manso e gentil. 

—Terça-feira. Por quê?

Me segurei para não gargalhar mas devo ter deixado alguma expressão de alegria passar por meu rosto porque ele me encarou com desconfiança, estreitando os olhos na minha direção. 

—Ah, nada de mais. Só estava curiosa.

Ele abriu a boca para dizer mais alguma coisa, claramente preocupado com o que quer que eu estivesse tramando, mas pareceu decidir mudar o rumo da conversa antes que terminasse em alguma discussão novamente. 

—Bom, acho que vou indo. Sua mãe já deve estar tendo um ataque, igualzinha a filha.

Fiz uma careta irritada que provavelmente não combinava muito com o rosto de Josh e atirei o travesseiro nele. O desgraçado desviou e riu da minha cara, agarrando a mochila e descendo as escadas com uma agilidade que só o meu corpo pequeno poderia oferecer.

Corri até a janela a tempo de vê-lo atravessar a rua, ainda rindo do acontecido e gritei um ultimo aviso.

—Só espere, Josh Greeanleaf. Você vai ver quem é o fracote!

Sua resposta foi apenas olhar pra mim e me mostrar o dedo do meio. Idiota!

Josh

Acabei não entendendo o que Annelise quis dizer com tudo aquilo, nem o por que dela não ter me enchido de socos quando eu a xinguei de fracote, já que era o que normalmente fazia em casos como aquele. Deduzi que o motivo era o de que com a troca de corpos agora, ela não teria coragem de estragar o próprio corpo apenas para calar a minha boca.

Ainda sim, todos esses anos de briga me mostraram que Annelise não levava desaforo pra casa, e não seria nesse momento que iria ser diferente. Alguma coisa de ruim iria acontecer e eu tentava estar preparado.

Quando cheguei na casa da garota, assim que abri a porta, fui esmagado por um abraço caloroso e sufocante. Quase pior que o da Annelise naquela manhã.

—Anne querida! Eu estava tão preocupada! Pensei que você não chegaria a tempo!

—Tempo pra que? – Perguntei enquanto ela me puxava em direção a garagem. Nem tentei contestar, ainda inebriado e um pouco chocado com todo aquele carinho maternal que eu nunca tinha recebido antes. Era maravilhoso e segurei a mão da mulher com mais força, esperando que aquilo acontecesse outra vez. 

Ela se virou para mim com uma careta e botou a mão livre na cintura, claramente desapontada com o que eu havia dito.

—Ah meu deus Annelise! Não me diga que você esqueceu? - Ela me empurrou para dentro do carro e trancou as portas antes que eu pudesse perguntar o que estava acontecendo - Vamos, já estamos atrasadas!

Durante todo o trajeto, a mulher ficou falando coisas sobre “Uma madrinha precisa estar sempre apresentável e blá, blá"; mesmo que eu estivesse adorando toda aquela atenção maternal, preferi não escutar o que ela falava sobre produtos de beleza e apenas fiquei olhando as gotinhas da chuva que começavam a cair na janela do carro.

—Chegamos!

Sai do transe que me encontrava apenas para erguer o olhar e ver um SPA na minha frente. Arqueei a sobrancelha e olhei para a mulher com uma pergunta debochada no rosto; ela apenas deu um enorme sorriso em resposta e saiu do carro alegre, ralhando para eu fazer o mesmo.

Fui puxado até a entrada onde fomos atendidos por uma mulher artificialmente (?) gentil e guiados até uma sala com diversos instrumentos de tortura. Ok, talvez apenas eram coisas de SPA mas pra mim, ainda pareciam instrumentos de tortura.

—Olá senhorita McCarty, sua mãe já me informou que você veio fazer uma depilação completa, certo?

Depilação? Eu já tinha ouvido algo a respeito mas não sabia bem o que era. Todas as garotas que eu conhecia e tinha ficado, haviam feito então supus que também poderia fazer. SPAs eram para relaxar não é? Devia ser algo bom. Só acenei com a cabeça e deixei a mulher me conduzir para uma salinha com uma maca.

—Pode deitar ali – Fiz o que ela mandou e fechei os olhos esperando a massagem ou o que quer que fosse – É a sua primeira vez?

O que eu diria? Não sabia que Annelise tinha feito isso ou não, então decidi contar a verdade e disse que sim.

—Não se preocupe ok? Só vai doer um pouquinho...

Doer? Eu não tinha dito nada sobre dor!

Algo se revoltou no fundo da minha mente e o aviso da garota pela manhã me fez abrir os olhos outra vez. "Você vai ver quem é o fracote!" era sobre isso que ela estava falando? 

Senti a mulher passar uma coisa gosmenta e quente na minha perna e relaxei com o calor, ainda que não fosse a coisa mais agradável já que grudava um pouco nos pelos finos da garota. Mesmo assim, não tinha doido como Annelise achou que doeria e soltei um riso anasalado; ela era mesmo uma fracote.

Um papel fino foi pressionado em cima da gosma e após a mulher firmar aquilo mais algumas vezes em minha pele, ela puxou rapidamente.

O grito que saiu da minha garganta não parecia ser nada com o de um ser humano e minhas costas arquearam na maca, enquanto eu tentava puxar a perna machucada para perto do meu corpo. A mulher tinha os olhos um pouco arregalados pelo meu escândalo mas segurava meu tornozelo com firmeza para retirar o que havia restado da gosma quente no local.

Os palavrões foram inevitáveis. Como descrever essa merda? Era como se tivessem arrancando a minha pele até os ossos. Como as garotas faziam aquilo o tempo todo?

Depois de mais algumas puxadas e palavrões, fui informado que teria que fazer a sobrancelha e em meu estado de choque e dor, aceitei ser praticamente carregado até outra maca. Estremeci quando a vi mas deitei mesmo assim e finquei as unhas compridas nas palmas da mão assim que uma outra desconhecida começou a picar minhas sobrancelhas com... agulhas? Facas? Eu não saberia dizer.

Doeu quase mais do que a maldita depilação. Acho que as clientes do SPA já estavam assustadas com a quantidade de palavrões que saiam da minha boca. Alguns não existiam até aquele momento e tinha a certeza de que havia inventado novas palavras para descrever a dor.

Quando tudo acabou eu já estava rouco de tanto berrar e o rosto gelado e inchado pelas lágrimas que agora haviam secado. A mãe de Annelise estava em parte horrorizada com todo o drama que eu havia feito (e isso era muito vindo da mulher que tinha Annelise McCarty, a rainha do drama, como filha) e em parte segurando o riso, tentando não olhar para minha expressão traumatizada e gargalhar. 

No final, eu estava certo. Aquela garota desgraçada já sabia o que iria acontecer e nem se importou em me avisar sobre todos os perigos. 

Eu estava puto da vida até que senti uma coisa incômoda no meio das minhas pernas, quando entramos outra vez no carro. Parecia algo líquido, quente e totalmente desconfortável. Fiquei com medo de ter feito algo mais do que apenas chorar durante a sessão de tortura e mesmo com um pouco de vergonha, informei para a mãe de Annelise o que eu estava sentindo (esperando também que a garota ficasse com uma imagem suja para mãe, como uma vingança pela falta de aviso).

No entanto, ela apenas riu e falou “vamos parar na farmácia” antes de mudar o curso e ir em direção a farmácia mais próxima.

Franzi a testa, irritado pela falta de reação e resolvi ligar para a única (infelizmente) pessoa que podia me ajudar a desvendar o que estava acontecendo, enquanto a mãe da garota estava dentro da farmácia comprando o que quer que fosse para me ajudar.

—Alô?

—Primeiramente, sua demoniazinha, por que não me avisou sobre a tortura que eu ia passar hoje? – A escutei explosão de risadas do outro lado da linha – E segundo, o que é esse liquido que ta saindo de mim? Eu to mijando? Annelise você não tem bexiga solta não é? 

A gargalhada dela só se intensificou, o que me irritou ainda mais. Era estranho também pois aquela era a minha voz e minha risada, sendo que na verdade, eu estava acostumado e sempre gostei (que ela nunca saiba disso!) de ouvir sua risada escandalosa.

—Eu só não vou te mandar tomar num lugar inapropriado hoje porque tô adorando demais ver você sofrer Greeanleaf. Está muito ferrado! O nome disso é menstruação Josh – Ela soltou um riso de escárnio que me fez ter um ódio mortal e meu sangue congelar nas veias, ao mesmo tempo. Eu sabia o que era menstruação e sabia que não estava preparado para nada do que viria.

—Boa sorte, garanhão! O que você tinha dito mesmo? Ah é! Eu sou muito fracote.

—O que você quer dizer com iss...Alô? Annelise? Ugh, pirralha irritante!

Um tempo depois, assim que chegamos em casa, "minha mãe" avisou que prepararia chá e uma bolsa de água quente (teria que tomar uma bolsa de água quente também?!) enquanto eu tomava banho. Apenas assenti, decidindo confiar no que ela falava já que passava por aquilo todo mês; subi as escadas até o quarto de Annelise e antes que eu pudesse começar a pensar em como tomaria banho de olhos fechados sem bater cada centímetro do meu corpo outra vez, senti uma dor muito forte na barriga e me curvei, soltando um suspiro de dor involuntário. 

Trinquei os dentes, envolvendo meus braços finos em volta do corpo e encarando a parede com raiva, a risada daquela pirralha ainda zunindo em meus ouvidos. Outra coisa que ela, ao que parecia, tinha casualmente se esquecido de avisar. 

Eu mataria Annelise McCarty!


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Notas finais do capítulo

Gostaram? DEIXEM REIVEWS!!

Desculpem se ficou pequeno :/

Até a próxima amorecos :*