Por cima escrita por vicmayumi


Capítulo 3
Um Almoço Preocupante


Notas iniciais do capítulo

Finalmente! Sei o que vocês estão pensando, mas a culpa não é minha. É da minha criatividade! Eu não consigo controlo-la... ~sob...
Espero que gostem!



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– Nós finalmente recebemos um pedido de batalha! - anunciou, parecendo bastante empolgada. - Isso não é incrível, pessoal?

A maioria pareceu meio confusa, perguntando para seus amigos se tinham entendido alguma coisa, virando para trás e outras coisas que normalmente se faz para conversar.

Na verdade eu já sabia o que a nossa professora estava querendo dizer. Dei um sorrisinho, meio orgulhosa por saber alguma coisa que o resto não sabia, olhando para baixo, tentando disfarçar, cobrindo minha boca com uma das mãos.

Escutei uma risadinha baixa escapar do meu lado, na direção do lugar onde Bruno sentava.

Tentei convencer a mim mesma de que ele estava rindo pelo mesmo motivo que eu, e não de mim.

– Professora! - a chamou, um garoto do outro lado da sala. - Eu não entendi… Na verdade, acho que ninguém aqui.

– Francamente, vocês não leram o Guia do Aluno? - perguntou visivelmente decepcionada.

"Há, eu li!"

– Não tem jeito então… - disse passando a mão sob a testa. - Vou explicar. Como todos sabem, ou eu pelo menos espero, vocês foram selecionados para ficar nessa sala por um motivo: São os mais inteligentes. Sim, parabéns, parabéns, mas, como somos uma escola justa, as outras salas tem o direito de querer trocar de posição. A que mais a convém, mas tem. Já estamos no meio do ano, e pensei que não haveria ninguém corajoso o suficiente para nos enfrentar, entretanto, vouilà, a 1-B acha que esta preparada para pular as outras salas e vir direto na gente, 1-A.

"Então, não sei se vocês sabem, mas ando sendo ameaçada pelo professor responsável da 1-B. Não quero, de jeito nenhum, que ele suba as nossas custa. VAMOS ENTRAR PARA VENCER, ENTENDIDO?"

O resto da turma gritou um "Sim", mais de medo do que de empolgação.

Ela estava vestindo um vestido azul marinho meio justo, mas não muito, com mangas 3/4 e gola larga. Seu cabelo estava preso e segurava uma pilha de folhas pelo braço. Usava sapatos de salto médio, pretos, simples. Parecia bem empolgada.

Eu podia saber do que se tratava, mas não sabia como funcionava. O que ela queria dizer com batalha? Porque se fosse físico, eu seria uma inútil! E eu não podia ser uma inútil.

Comecei a ficar preocupada, me revirando, tentando encontrar algo que pudesse fazer.

Outra risada escapou do meu lado, e nessa vez eu me viro, só para ter certeza de que era ele.

Sua cabeça estava apoiada em seu braço esquerdo e ele sorria, mas mesmo com isso eu não podia acusa-lo. Ele sempre estava sorrindo.

Algo branco chacoalhou na minha frente, fazendo com que eu pulasse de susto. Peguei uma folha e passei o resto para trás, não muito curiosa para saber o que estaria escrito.

Era uma folha de exercícios de todas as matérias. Frente e verso.

– Pratiquem em casa. Quero todos muito bem preparados para o dia! - disse a professora sorrindo maliciosamente.

Passamos o resto das aulas com os professores bastantes agitados. Parece que os dois encarregados das salas participantes da batalha haviam pedido ensino intensivo.

Voltei para casa com o mesmo cara de antes. Tentei não ficar emburrada, mas aquele foi o maior mico que já havia passado!

Ele olhava para mim pelo espelho de vez em quando, e eu o respondia com uma careta. Ele sorria e revirava os olhos, o que me deixava mais brava ainda porque eu achava engraçado, e eu não queria sorrir por causa de um motorista que me faz passar vergonha.

Sai do carro - com a ajuda dele, mas quem se importa? - e entrei em casa, indo até meu quarto, como sempre.

Liguei o computador, mas ele não estava on-line.

Virei para minha cama e peguei a folha que tinha recebido mais cedo, começando a fazer os exercícios. Nada muito novo… Conseguia resolver sem muita dificuldade e antes que percebesse já estava na metade da folha. Só faltavam mais vinte questões.

Alguém bateu na porta e respondi que entrasse.

– Trouxe seu almoço.

– Pensei que a única coisa que você fazia por aqui fosse dirigir…

– Bety está com dor nas costas - se explicou.

– Espero que não seja nada grave… - disse sem demostrar nem metade da preocupação que estava sentindo.

– Se esta preocupada, por que não desce e pergunta a ela? - disse sorrindo. Ele devia ter uns vinte cinco anos. Seus cabelos eram castanhos, assim como a cor de seus olhos. Vestia um terno simples, o que lhe caia muito bem.

– Não estou preocupada. Só não quero que outra pessoa cozinhe para mim - menti. Eu estava realmente preocupada.

Ele já estava me ignorando, olhando para meu computador.

– Com licença! - disse desligando o monitor. Vi de relance, mas ele havia me enviado uma mensagem….

– Sabia que é perigoso conversar com pessoas estranhas? - me repreendeu.

– Então por que eu estou conversando com você mesmo? - rebati. Ok, era uma resposta péssima. "Você tem cinco anos por acaso?"

– Estou falando sério.

– E eu também. Quem é você? Meu pai? - perguntei. Bom, meu pai com certeza não…

– Tem razão. Sinto muito - disse sério, saindo do quarto.

Deixei cair minha cabeça, fechando os olhos e pus minhas mãos como apoio a cabeça. Havia feito de novo… "Quem sabe se eu não me isolasse, o mundo ficaria mais feliz.. "

Sai do carro e fui em direção a escola, sem dizer nada o trajeto todo. Estava tão constrangida com o que havia acontecido antes, que só de olhar para ele me fazia me sentir mal.

Eu sabia que ele só estava sendo cuidadoso e legal comigo, e mesmo assim eu fui arrogante. Ainda por cima, não dei nenhum pedido de desculpas…

Entrei na sala com o nariz levemente empinado, como de costume, mas ainda estava abalada por causa daquilo.

Tirei minha mochila do colo e a coloquei sobre a mesa, deitando minha cabeça nela. Fiquei pensando no meu amigo. Eu não havia respondido a ele no final das contas. "Será que ele ficou bravo?"

O sinal tocou e um batalhão de pessoas entraram na sala apressados, antes que a professora viesse primeiro que eles.

Todos se acomodaram e então ela entrou, na mesma empolgação do dia anterior. Ela usava dessa vez um moletom vinho claro, batendo em suas coxas e um Jeans preto justo. Usava óculos com a armação preta, e seu cabelo estava solto. Uma bota de salto, cano baixo. Possuía novamente uma pilha de folhas nos braços.

– Muito bem, vamos ver essas lições. Passem para o primeiro da fileira que eu vou corrigir agora, enquanto vocês fazem essa outra folha que irei entregar.

Todos se mexeram para abrir as malas e pegar suas lições de casa. Tirei meu estojo e a pasta contendo minha folha. A tirei e entreguei para o da minha frente, que foi passando em diante.

Quando todas finalmente foram entregues, nos deram essa outra folha, contendo alguns exercícios um pouco mais difíceis que a anterior, mas dava para ser resolvido mesmo assim. De vez em quando alguém levantava para tirar dúvida, mas nada de muito anormal.

Quanto a última folha foi corrigida, ela se levantou e foi devolvendo as folhas, dizendo eventualmente um "Parabéns", ou "Muito bem". Apenas para os que se saíam mal ela parava e conversava, perguntando o que havia acontecido.

– Laura, o que aconteceu?

Pisquei umas duas vezes para ela antes de entender o que estava acontecendo.

– O que aconteceu o que? - perguntei confusa. Estava certa de que não havia errado nada.

– Você errou praticamente todos os exercícios. Esta tudo bem? - sussurrou preocupada.

– Deve haver algum engano - tentei explicar.

Ela me mostrou a folha. Meu nome, mas não a minha letra e não as minhas respostas.

Olhei para frente e alguns da minha fileira estavam olhando para mim pelo canto do olho, rindo discretamente.

– Sinto muito, mas desse jeito eu não tenho escolha, se não te dar algum reforço.

– Entendo… - murmurei.

Ela se levantou e continuou a entregar as folhas.

Respirei fundo discretamente, me forçando a não chorar. Pisquei algumas vezes rapidamente e torcia meus dedos por baixo da mesa. "Não chore, não chore, não chore!"


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Notas finais do capítulo

É isso... Tentei fazer um capítulo maior dessa vez, mas não ficou grande coisa... O próximo virá o mais rápido possível, prometo.



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