O Feiticeiro Parte III - O Medalhão de Mu escrita por André Tornado


Capítulo 58
VII.5 A necessidade de combater.




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Quando tinha corrido pela primeira vez para o Templo da Lua impulsionado pelo apelo mudo de Piccolo, não chegara a combater a sério. Enfrentara os kucris, mas esses bichos eram tão fracos que até podiam ser derrotados por Mr. Satan. Agora, iria combater a sério.

Recordou-se. O seu último combate a sério tinha acontecido havia muito tempo. E curiosamente tinha sido com aquele adversário que se preparava para enfrentar. Majin Bu. Claro, não se iludia com o aspeto dele, o corpo era o de Ubo mas a alma era torcida e maligna como a criatura de Babidi. Aquele “M” na testa era a prova inegável desse facto.

Ubo veio furioso, atacou como um cometa desgovernado. Gohan foi ao encontro dele, chocaram no céu e criaram uma explosão que abafou a paisagem numa onda de calor e de luz.

Entreolharam-se, as faíscas crepitando e silvando em redor dos corpos tensos. Braço com braço. Dentes arreganhados. Cabelos revolvendo-se.

Ubo recuou, ganhou espaço. Gohan conseguiu respirar, uma única inspiração. Não o queria combater, mas sabia que não o conseguiria chamar à razão. Os olhos inflamados e vermelhos denunciavam o feitiço que o comandava. A linguagem corporal era assustadoramente idêntica à de Majin Bu.

Ubo esticou os braços por cima da cabeça e formou uma imensa bola rosa cintilante. Atirou-a. Gohan voou para trás, criou duas pequenas esferas de energia e lançou-as contra a bola rosa, que se desfez em milhentas estrelas. Conseguiu anulá-la no limite, percebeu como o ataque fora ingénuo, quase infantil, contorceu-se ao perceber como estava destreinado. Não aguentaria muito mais contra alguém que estava numa excelente forma e que utilizava a força surpreendente de um inimigo que fora imbatível no passado.

Os pensamentos distraíram-no da segunda bola rosa cintilante. Gohan encheu o peito de ar, gritou e apanhou a bola com as duas mãos. A energia era imensa, viva e perigosa, como uma besta feroz de um mundo tenebroso. Custou-lhe dominá-la. Apertou os maxilares, rugiu determinado. Haveria de o conseguir. Espreitou Ubo através daquele filtro rosa e descobriu aterrado que tinha sobre a palma das mãos que erguia sobre a cabeça uma terceira bola.

O suor escorria-lhe pela testa. Gohan enviou o ataque para os céus num esforço titânico, sentindo a sua própria energia a ser levada. A bola tornou a explodir num conjunto de estrelas.

A terra tremeu com violência. Mais adiante, alguns rochedos desprenderam-se, formando uma avalancha que resvalou ruidosamente para um abismo.

A terceira bola rosa cintilante ameaçava-o. Não tinha maneira de a evitar e recebeu-a, encolhendo-se, protegendo o rosto com os braços, puxando os joelhos para o abdómen, apelando ao seu ki, vazando a mente, mantendo um resquício de um pensamento perturbador: não deveria ter vindo.

Desapareceu na explosão que criava estrelas lindas, mas mortíferas.

A convulsão era escaldante. Quase que se deixava ir, mas recordou o sorriso torcido que vira na cara transtornada de Ubo e agarrou-se a esse fiapo de esperança para se resgatar do remoinho perigoso que o queria sugar. Sentiu-se derrotado.

O fumo dissipava-se e já conseguia respirar. Afrouxou os músculos, espreitou por entre os braços. Tentou focar o ki, Ubo escondia-se da sua perceção.

Umas mãos vigorosas agarraram-se aos seus tornozelos. Antes de conseguir reagir, sentiu um impacto súbito e doloroso na cara e caiu na terra dura. Os ossos estalaram.

Limpou o sangue da testa, soergueu-se. Estava zonzo, mas recuperou os sentidos à pressa ao escutar o silvo característico de alguém a aterrar rapidamente e a controlar a aterragem. Ubo inclinou a cabeça para a esquerda, fez um esgar. Soltou uma risada grave que lhe incendiou os olhos vermelhos. Farejara certamente o sangue, gostara e vinha por mais.

Gohan levantou-se, de pernas trémulas.

Iria tentar mais uma vez. Ainda era cedo para abandonar o combate… A Ana não estava suficientemente longe. Atacou com um pontapé, Ubo baixou a cabeça, atirou um uppercut e Gohan sentiu o maxilar vibrar. Saltou para escapar de um tiro energético de Ubo que ia direito ao seu peito e que acabou por abrir um buraco numa parede rochosa atrás dele.

Alarmou-se. Combatiam até à morte.

No ar, desviou-se de outro tiro. E outro e a seguir outro e depois mais outro. Quando descortinou uma ligeira hesitação, no momento em que Ubo afinava a pontaria, ergueu os dois braços por cima da cabeça e gritou:

- Masenko!!!

O ataque atingiu o sítio onde Ubo estava, que o esquivou saltando. Acercou-se dele rindo, escarnecendo da sua pouca habilidade, provocou-o com um soco denunciado. Gohan desviou-se com facilidade, mas era mesmo para ser fácil, era mesmo para se desviar. A raiva surgiu dentro dele, fria e venenosa. Ubo mostrou-lhe o dedo indicador, negando suavemente, dizendo-lhe que ele não precisava de raiva. De facto, não precisava de mostrar mais truques, porque aquilo não passava de uma brincadeira e Ubo poderia rematar a luta quando quisesse.

Gohan sentiu a ferroada no orgulho.

Mas ele era filho de Son Goku, pensou cada vez mais enraivecido, nadando desesperadamente para fugir da desilusão desse pensamento.

Gohan gritou selvaticamente, pernas e braços abertos. Gritou para si mesmo, exorcizando a frustração que o tolhia e investiu.

O céu foi o palco seguinte daquele duro combate.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo:
Um milagre.



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