O Feiticeiro Parte III - O Medalhão de Mu escrita por André Tornado
O kucri converteu-se numa nuvem negra. Morreu num guincho abjeto e havia terror nos seus minúsculos olhos vermelhos quando isso ocorreu. Keilo não se compadeceu. Odiava os kucris.
Zephir surgiu à porta da câmara que se abria para aquele corredor. Keilo parou, sem olhar para ele, fixando o fundo da passagem subterrânea. O feiticeiro perguntou-lhe:
- Onde vais?
- Vou sair. Estou cansado de estar fechado.
- Não podes. Ordenei-te que ficasses no Templo da Lua, enquanto Julep e Kumis procuram pelas bolas de dragão.
Keilo sorriu.
- Não devias estar preocupado, homenzinho. Afinal, és um feiticeiro muito poderoso.
Sentiu uma pontada no crânio, como se alguém lhe estivesse a espetar um prego devagar. Reforçou o sorriso, insistiu na rebeldia.
- Nada tens a temer… Dentro dos muros do templo, entre a tua magia, estás a salvo.
- Estás aqui para proteger-me.
- Estou aqui para servir-te. – Acrescentou irritado: – Sei muito bem disso. Não me afastarei demasiado. Se precisares de mim, virei rapidamente em teu auxílio… sensei.
Cuspiu a última palavra, como se fosse uma pedra que se lhe enrolava na língua. A boca sabia-lhe a fel. Aguardou uns segundos, enquanto recuperava a pose, inspirando ruidosamente, sentindo a dor perfurante nos ossos da cabeça, no cérebro, no interior escuro da alma. Mas Zephir nada disse. Recolheu-se na câmara, trancou a porta e ele seguiu caminho pelo corredor.
No pátio principal, o ar exterior refrescou-lhe os pulmões. Tudo estava mergulhado na mais entediante das calmas, não se previa nenhum ataque eminente. Perscrutou o horizonte, não sentiu nada que pudesse significar uma alteração daquela monotonia. O que era de estranhar, pois não percebia por que razão Kakaroto, Vegeta e os outros não tinham regressado para mais um ataque, quando o anterior combate fora repentinamente interrompido.
Abriu os braços, fez alguns movimentos circulares para desentorpecer as articulações. Iria treinar-se, distrair-se. Odiava passar o seu precioso tempo encerrado numa prisão pejada de seres detestáveis, a começar pelo feiticeiro. Percebeu que estava a ser sondado pela magia de Zephir, uma mão esguia a introduzir-se dentro dele, maleável e gelada. Sorriu.
- Hai, vem também treinar-te comigo… sensei!
Saiu do Templo da Lua a voar.
***
Goku interrompeu um bocejo de aborrecimento e enfiou-se no meio das plantas aquáticas quando o viu a cruzar os céus. Camuflou ainda mais o ki. Seguiu-o com o olhar até deixar de o ver.
- Keilo… – sussurrou.
Apontou imediatamente os sentidos para o templo. Só lá estavam o feiticeiro e os kucris. Era estranho… O feiticeiro atrevia-se a ficar sozinho no Templo da Lua? Podia convocar Keilo para que o protegesse, em caso de ataque, mas o saiya-jin ainda demoraria algum tempo a regressar, mesmo que apelasse a toda a sua energia.
Era uma oportunidade que não podia desperdiçar. Ergueu-se, iria entrar e roubar as três bolas de dragão. Não esperaria por Goten e por Trunks. Ou poderia até acabar com Zephir… Levou dois dedos à testa.
Hesitou. Lembrou-se de outro detalhe. Faria um pequeno desvio antes.
Teletransportou-se e chocou com Vegeta em pleno ar.
- Kakaroto?!
- Vegeta…
O príncipe gritou-lhe:
- O que raio estás a fazer aqui, baka?
- Calma, Vegeta. Vim ter contigo para saber quantas bolas de dragão já encontraste.
- Duas. O teu radar está avariado, por acaso? Podias ver no radar!
Os berros eram insuportáveis, mas ele conseguia ter muita paciência.
- Só me quis certificar que eras mesmo tu quem as tinha. Quando consultei o radar e vi três bolas juntas, pensei que fosses tu. Sabes quem tem essas três bolas de dragão?
- O feiticeiro.
- Ahn? Como é que sabes?
Vegeta mostrou-lhe a bola de dragão de sete estrelas.
- Para conseguir esta tive de lutar contra Julep. Foi assim que soube.
- Julep anda à procura das bolas de dragão?
- E presumo que o imbecil do irmão também ande.
- Hum… Os dois demónios procuram pelas bolas de dragão e Keilo ficou no Templo da Lua para proteger Zephir. Faz sentido.
- O maldito feiticeiro quer as bolas de dragão para obter a segunda metade do Medalhão de Mu. Teve a mesma ideia que nós.
Goku concordou com um aceno de cabeça.
- Vegeta, temos de ir já para o templo. Keilo acabou de sair e Zephir ficou sozinho. Podemos recuperar as bolas de dragão e pedir o nosso desejo.
- Ótimo! Tu tens duas bolas de…
- Uma. Dei outra ao Piccolo.
- Nani?
- Ele apanhou-me no Templo da Lua, foi buscar Trunks e Goten para nos ajudar e, como garantia, levou uma bola de dragão.
Vegeta disse cínico:
- Não vamos precisar dos rapazes.
- Não sabemos que dificuldades poderemos encontrar…
- Não me faças rir, Kakaroto! Sem Keilo a estorvar, vai ser fácil entrar naquele templo e roubar as bolas de dragão. Só vamos ter kucris pela frente.
Goku disse:
- Estás pronto, Vegeta?
Com um gesto repentino, o príncipe puxou-lhe o braço.
- O que é que vais fazer?
- Vou utilizar a Shunkan Idou para ir para junto de Zephir – explicou Goku confuso.
- Baka! Não faças isso! Se apareces ao pé do feiticeiro, ele chama imediatamente por Keilo e a nossa oportunidade desaparece… Não. Vamos entrar no templo discretamente, descobrir onde estão as bolas de dragão e roubar-lhas. Quando ele se aperceber do que estamos a fazer, será tarde demais… Apesar de detestar admiti-lo, não creio que tenhamos a possibilidade de o eliminar. Já teremos perdido o efeito surpresa, ele saberá que estamos dentro do templo, vai chamar por Keilo e pelos demónios. E nós só teremos tempo para escapar e prosseguir com o plano inicial: conseguir a segunda metade do medalhão de Mu com a ajuda de Shenron. Compreendido?
Os músculos de Goku descontraíram.
- Hai, Vegeta.
- Vamos. Com pouca energia.
- Vai levar uma eternidade – lamentou-se Goku.
- Damos tempo a que Trunks e Goten cheguem.
- Pensei que não querias a ajuda deles.
- Disse que não vamos precisar da ajuda deles. É muito diferente.
Os dois saiya-jin puseram-se a caminho, a voar lado a lado.
- E como correu a tua busca pelas bolas de dragão? Tiveste encontros estranhos?
- Não me apetece conversar, Kakaroto!
- Ah… Gomen nasai.
A viagem decorreu a uma velocidade moderada, quase a apanhar boleia do vento, para que os ki não fossem notados. Mas não haveria de ser muito longa porque Goku apercebeu-se olhando em volta, reconhecendo a floresta que sobrevoavam, que Vegeta já estava muito perto do local onde se situava o infame Templo da Lua.
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Próximo capítulo:
Fim das férias.