O Feiticeiro Parte III - O Medalhão de Mu escrita por André Tornado


Capítulo 37
V.4 Situação favorável.




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O kucri converteu-se numa nuvem negra. Morreu num guincho abjeto e havia terror nos seus minúsculos olhos vermelhos quando isso ocorreu. Keilo não se compadeceu. Odiava os kucris.

Zephir surgiu à porta da câmara que se abria para aquele corredor. Keilo parou, sem olhar para ele, fixando o fundo da passagem subterrânea. O feiticeiro perguntou-lhe:

- Onde vais?

- Vou sair. Estou cansado de estar fechado.

- Não podes. Ordenei-te que ficasses no Templo da Lua, enquanto Julep e Kumis procuram pelas bolas de dragão.

Keilo sorriu.

- Não devias estar preocupado, homenzinho. Afinal, és um feiticeiro muito poderoso.

Sentiu uma pontada no crânio, como se alguém lhe estivesse a espetar um prego devagar. Reforçou o sorriso, insistiu na rebeldia.

- Nada tens a temer… Dentro dos muros do templo, entre a tua magia, estás a salvo.

- Estás aqui para proteger-me.

- Estou aqui para servir-te. – Acrescentou irritado: – Sei muito bem disso. Não me afastarei demasiado. Se precisares de mim, virei rapidamente em teu auxílio… sensei.

Cuspiu a última palavra, como se fosse uma pedra que se lhe enrolava na língua. A boca sabia-lhe a fel. Aguardou uns segundos, enquanto recuperava a pose, inspirando ruidosamente, sentindo a dor perfurante nos ossos da cabeça, no cérebro, no interior escuro da alma. Mas Zephir nada disse. Recolheu-se na câmara, trancou a porta e ele seguiu caminho pelo corredor.

No pátio principal, o ar exterior refrescou-lhe os pulmões. Tudo estava mergulhado na mais entediante das calmas, não se previa nenhum ataque eminente. Perscrutou o horizonte, não sentiu nada que pudesse significar uma alteração daquela monotonia. O que era de estranhar, pois não percebia por que razão Kakaroto, Vegeta e os outros não tinham regressado para mais um ataque, quando o anterior combate fora repentinamente interrompido.

Abriu os braços, fez alguns movimentos circulares para desentorpecer as articulações. Iria treinar-se, distrair-se. Odiava passar o seu precioso tempo encerrado numa prisão pejada de seres detestáveis, a começar pelo feiticeiro. Percebeu que estava a ser sondado pela magia de Zephir, uma mão esguia a introduzir-se dentro dele, maleável e gelada. Sorriu.

- Hai, vem também treinar-te comigo… sensei!

Saiu do Templo da Lua a voar.

***

Goku interrompeu um bocejo de aborrecimento e enfiou-se no meio das plantas aquáticas quando o viu a cruzar os céus. Camuflou ainda mais o ki. Seguiu-o com o olhar até deixar de o ver.

- Keilo… – sussurrou.

Apontou imediatamente os sentidos para o templo. Só lá estavam o feiticeiro e os kucris. Era estranho… O feiticeiro atrevia-se a ficar sozinho no Templo da Lua? Podia convocar Keilo para que o protegesse, em caso de ataque, mas o saiya-jin ainda demoraria algum tempo a regressar, mesmo que apelasse a toda a sua energia.

Era uma oportunidade que não podia desperdiçar. Ergueu-se, iria entrar e roubar as três bolas de dragão. Não esperaria por Goten e por Trunks. Ou poderia até acabar com Zephir… Levou dois dedos à testa.

Hesitou. Lembrou-se de outro detalhe. Faria um pequeno desvio antes.

Teletransportou-se e chocou com Vegeta em pleno ar.

- Kakaroto?!

- Vegeta…

O príncipe gritou-lhe:

- O que raio estás a fazer aqui, baka?

- Calma, Vegeta. Vim ter contigo para saber quantas bolas de dragão já encontraste.

- Duas. O teu radar está avariado, por acaso? Podias ver no radar!

Os berros eram insuportáveis, mas ele conseguia ter muita paciência.

- Só me quis certificar que eras mesmo tu quem as tinha. Quando consultei o radar e vi três bolas juntas, pensei que fosses tu. Sabes quem tem essas três bolas de dragão?

- O feiticeiro.

- Ahn? Como é que sabes?

Vegeta mostrou-lhe a bola de dragão de sete estrelas.

- Para conseguir esta tive de lutar contra Julep. Foi assim que soube.

- Julep anda à procura das bolas de dragão?

- E presumo que o imbecil do irmão também ande.

- Hum… Os dois demónios procuram pelas bolas de dragão e Keilo ficou no Templo da Lua para proteger Zephir. Faz sentido.

- O maldito feiticeiro quer as bolas de dragão para obter a segunda metade do Medalhão de Mu. Teve a mesma ideia que nós.

Goku concordou com um aceno de cabeça.

- Vegeta, temos de ir já para o templo. Keilo acabou de sair e Zephir ficou sozinho. Podemos recuperar as bolas de dragão e pedir o nosso desejo.

- Ótimo! Tu tens duas bolas de…

- Uma. Dei outra ao Piccolo.

- Nani?

- Ele apanhou-me no Templo da Lua, foi buscar Trunks e Goten para nos ajudar e, como garantia, levou uma bola de dragão.

Vegeta disse cínico:

- Não vamos precisar dos rapazes.

- Não sabemos que dificuldades poderemos encontrar…

- Não me faças rir, Kakaroto! Sem Keilo a estorvar, vai ser fácil entrar naquele templo e roubar as bolas de dragão. Só vamos ter kucris pela frente.

Goku disse:

- Estás pronto, Vegeta?

Com um gesto repentino, o príncipe puxou-lhe o braço.

- O que é que vais fazer?

- Vou utilizar a Shunkan Idou para ir para junto de Zephir – explicou Goku confuso.

- Baka! Não faças isso! Se apareces ao pé do feiticeiro, ele chama imediatamente por Keilo e a nossa oportunidade desaparece… Não. Vamos entrar no templo discretamente, descobrir onde estão as bolas de dragão e roubar-lhas. Quando ele se aperceber do que estamos a fazer, será tarde demais… Apesar de detestar admiti-lo, não creio que tenhamos a possibilidade de o eliminar. Já teremos perdido o efeito surpresa, ele saberá que estamos dentro do templo, vai chamar por Keilo e pelos demónios. E nós só teremos tempo para escapar e prosseguir com o plano inicial: conseguir a segunda metade do medalhão de Mu com a ajuda de Shenron. Compreendido?

Os músculos de Goku descontraíram.

- Hai, Vegeta.

- Vamos. Com pouca energia.

- Vai levar uma eternidade – lamentou-se Goku.

- Damos tempo a que Trunks e Goten cheguem.

- Pensei que não querias a ajuda deles.

- Disse que não vamos precisar da ajuda deles. É muito diferente.

Os dois saiya-jin puseram-se a caminho, a voar lado a lado.

- E como correu a tua busca pelas bolas de dragão? Tiveste encontros estranhos?

- Não me apetece conversar, Kakaroto!

- Ah… Gomen nasai.

A viagem decorreu a uma velocidade moderada, quase a apanhar boleia do vento, para que os ki não fossem notados. Mas não haveria de ser muito longa porque Goku apercebeu-se olhando em volta, reconhecendo a floresta que sobrevoavam, que Vegeta já estava muito perto do local onde se situava o infame Templo da Lua.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo:
Fim das férias.



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