O Amor Acima De Tudo escrita por ana_christie


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Mais um história original minha. Espero que apreciem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/324663/chapter/1

Capítulo 01

O coração de Hannah Scharf se despedaçou no instante em que ela ouviu as palavras de sua chefa na hora do brinde que ela fazia em sua recepção.

— Ofereço um brinde a Mark Travis, que se tornou meu noivo ontem.

Não! Não podia ser o seu Mark! Ele era seu namorado! Horas antes da recepção, quando ambos haviam se despedido no trabalho, ele dissera que a amava e que não amaria nenhuma outra mulher enquanto vivesse!

A taça que ela segurava escorregou dos dedos e se espatifou no chão polido, todo o champanhe antes contido alagando um dos grandes ladrilhos de mármore.

Hannah olhou para todos os lados. Os presentes a olhavam, com certeza esperando sua reação. Não havia uma só pessoa no salão que não soubesse o quanto ela adorava Mark.

De pálido, o rosto dela passou a corado. Sentia, além da dor, muita vergonha. Não podia ficar ali! Onde estariam sua dignidade e orgulho próprios se ficasse?

Trêmula, ela foi atrás de outra bebida. Desistiu logo ao pegar a taça. Aquilo não aliviaria a dor da traição nem o sofrimento. Deixou a taça intocada sobre uma mesa.

Por educação, ela foi até a anfitriã, Lauren Simmpson, que lhe roubara o namorado.

— Vim me despedir, Srta. Simmpson.

— Já vai embora, Srta. Scharf? Mas é tão cedo!

— Creio que eu não suportaria essa terrível humilhação por mais tempo. Tenho que manter minha dignidade.

— Srta. Scharf, eu não sabia que você ainda estava interessada em Mark. Ele vem me namorando há seis meses. Pediu-me em casamento domingo passado e ontem aconteceu nossa festa de noivado. Não tenho culpa da situação constrangedora pela qual a senhorita está passando.

No rosto transtornado de dor, Hannah esboçou um sorriso forçado.

— Não precisa se preocupar comigo, Srta. Simmpson, nem se desculpar. A senhorita não tem culpa por ter me convidado para essa recepção maravilhosa. Tenha uma boa noite.

— Você também.

Ainda se sentindo desorientada, ela se dirigiu à porta mais próxima que viu. Na sua frente, Mark apareceu. Várias sensações a atingiram como um soco no estômago. Eram sensações de revolta, mágoa, dor, tristeza, ira. Desviou o rosto e tentou passar sem lhe dignar um olhar. Ele, no entanto, barrou-lhe o caminho.

— Hannah, eu posso explicar...

— Não tem nada a ser explicado. Simplesmente você achou que eu não era suficiente para você e resolveu me humilhar na frente de todos os nossos colegas. Posso entender isso, Mark — ironizou.

Ele pareceu não entender a ironia.

— Você ficou tão desnorteada quando ouviu Lauren revelar nosso compromisso...

— Já passou — mentiu ela. — Fiquei irada ao saber que mantinha a nós duas. Por que não acabou nosso namoro primeiro, Mark?

— Eu... não queria ficar longe de você. Saiba que tudo, tudo o que eu falei a você é a mais pura e absoluta verdade.

— Até o fato de dizer que me amava e que sempre me amaria? — ela sussurrou.

— Sim, querida. Entenda, Lauren poderia me oferecer tudo o que você nunca poderia! Status, fama, dinheiro, posição. Nada disso você, sendo apenas uma projetista de chips de computador da empresa dela, poderia me oferecer!

O coração de Hannah se apertou.

— Mas poderia oferecer amor. Compreensão. Carinho.

— Tudo isso Lauren também pode me oferecer, porque ela me ama também.

— E você a ama. Entendi o recado. Tenha uma boa noite — ela disse se virando para passar pela porta.

— Você não entendeu coisa nenhuma! Eu te amo, Hannah, mas tive que escolher entre você, que pode me oferecer apenas amor, e Lauren, que pode me oferecer, além de amor, dinheiro e poder!

— E escolheu Lauren.

Ele hesitou ao responder.

— Sim, mas... quero continuar com você.

Ela não entendeu.

— O quê?!

— Quero que você seja minha amante. Eu poderia sustentá-la e...

Olhou o rosto de Hannah e percebeu o quanto ela estava pálida.

— O que houve de errado?

— Você ainda pergunta? — a voz dela estava trêmula. — Essa é a proposta mais indecente que já me fizeram em toda minha vida! Eu nasci para ser matriz, Mark, não filial. Estou... decepcionada com você, Mark Travis. Espero nunca, nunca mais falar com você. Estou com nojo de você!

Empurrou-o e saiu do casarão. Aquela porta dava para o jardim lateral. Quando a porta foi fechada e ela ficou no silêncio, encostou-se na parede, com a respiração ofegante. Ali, sozinha, deu vazão ao sofrimento, mágoa e dor que sentira e mantivera represados até o momento. As lágrimas quentes e salgadas caíram de quatro em quatro dos olhos.

— Mark... Por quê, Mark? Eu te amei tanto! Nunca supus que você seria tão crápula, tão calhorda!

Lentamente escorregou pela parede e sentou no chão, com os joelhos dobrados encostados ao peito. Sentia tanta dor que passou os braços pelas pernas e encostou o rosto nos joelhos. Ficou a chorar ali, encolhida e só.

***

Hannah abriu os olhos. Não sabia havia quanto tempo estava sentada ali. Não soubera como nem por que adormecera. Que horas seriam?

Olhou para seu braço. Diabos! Não trouxera relógio por ele não combinar com a roupa. Pelos sons, a festa ainda acontecia a todo vapor.

Levantou-se. Os saltos muito altos e finos quase a desequilibraram.

— Tenho que ir embora.

Atravessou o extenso jardim, sem nem olhar as belas flores e plantas, algo incomum para alguém que, como ela, era fascinada por jardinagem.

De repente alguém lhe segurou o braço com força.

— Quem é você? — a voz era grave, envolvente e ela sabia que nunca a ouvira antes.

Virou-se. Quem segurara o seu braço era um homem que parecia ter saído de dentro de uma revista de modas. Era muito mais alto que ela, apesar dos saltos altíssimos, e, a julgar pelo rosto perfeito, pelo corpo atlético e musculoso e o elegante smoking era algum convidado da festa.

— Ah, senhorita, desculpe-me — ele continuou. — Você é aquela moça que se desorientou ao ouvir Lauren anunciar o noivado, não é?

Hannah sentiu as faces quentes de vergonha.

— Sou. Deixe-me ir, por favor. Eu preciso ir! Que horas são?

— Onze horas.

— Céus! Como é tarde!

Ela dormira por uma hora. Por isso estava sentindo tantas dores nas costas e pernas. Os saltos não a estavam ajudando.

— Eu a levo até o seu carro — o misterioso homem falou.

— Não é preciso, senhor.

— Faço questão. Já é tarde e é muito perigoso para uma moça frágil como a senhorita.

— Eu não tenho carro.

— E como vai?

— A pé. Moro perto.

— Faço questão de acompanhá-la, então.

— Repito que não é preciso. Estou precisando ficar sozinha.

A mágoa e a dor a consumiam por dentro.

— Eu já disse que vou acompanhá-la. Quando ponho algo em mente, eu não desisto!

Ela deu de ombros. Nada a interessava, no momento.

— Faça o que quiser.

Começou a andar e ele a acompanhou. O frio estava forte, principalmente para Hannah, que vestia um decotado vestido dourado de seda. No entanto ela estava distraída demais para perceber a pele arrepiada. Imersa em seus próprios pensamentos, não percebeu o gesto cavalheiresco do homem misterioso, que tirara o paletó do smoking e gentilmente o pusera sobre os ombros delicados dela.

Por quê?, ela se perguntava, por que Mark havia feito aquilo com ela? Será que ele a conhecia tão pouco para não saber que ela rejeitaria aquela proposta indecente? Será que não foram nada para ele aqueles quatro anos de total dedicação e entrega? Naquela noite ela conhecera o verdadeiro Mark, que era um crápula, um canalha. Nunca faria aquele absurdo! Não nascera para ser uma amante sustentada, nascera para ser uma esposa, e alguém sempre independente.

Chegaram, enfim, diante à aconchegante casa dela. Só ao se virar ela percebeu que vestia o paletó dele.

— Muito obrigada. O senhor foi muito gentil — ela disse retirando o casaco e o entregando a ele.

Ela abriu o portão, mas ele a deteve quando ela tentou entrar.

— O que houve?

— Quero saber como se chama.

— Hannah Scharf.

— É alemã?

— Descendente. E você, como se chama?

— Richard. Boa noite.

Quando ela entrou, jogou-se no sofá. Estava muito deprimida. Não tinha mais vontade de fazer nada. Sentia-se insegura, magoada.

Por muito tempo ela permaneceu deitada no sofá, às escuras. A mágoa e tristeza foram dando lugar a muito ódio. Quando já estava clareando, decidiu não ficar chorando por alguém que não a merecia e cuidar de sua vida. Não devia dar o braço a torcer e deixar Mark perceber o quanto ela sofrera.

Só então ela conseguiu ter um sono tranquilo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Por, favor, pessoal, cometem!
Bjs da Ana