Strange escrita por NessAlgumaCoisa


Capítulo 9
Turbulência em terra firme


Notas iniciais do capítulo

Olá... Eu sei que demorei pra caramba e peço desculpas por isso mas espero recuperar todo esse tempo perdido... Mas enfim ai esta um novo capítulo ^^
Boa leitura.



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Os dias foram passando, lentos e quietos, o vento não brincava com meus cabelos, o céu nunca tinha certeza da cor que queria que o cobrisse, o sol não era tão quente.

A única coisa que parecia real eram as vozes que agora realmente falavam comigo, e isso me deixava atordoada e assustada, não durmo a mais de três dias, pareço uma louca que vaga por aí, Leisha parece ter perdido sua personalidade divertida para se tornar um fantasma.

As matérias escolares são tão confusas, afinal tive de repetir um ano porque era muita coisa para estudar sem um auxílio de um professor de verdade... Bem, isso já é um caso aparte.

Minha rotina passou a ser escola, estúdio e casa, não sentia fome, não sentia sono, comecei a tomar café sem Johnny saber, e bem... Esse é apenas um resumo de como minha vida tem andado... Sabe... Às vezes acho que tenho algumas alucinações quando fico muito tempo parada...

***

Cinco e vinte... Nada, nem mesmo um cochilo.

Quarto dia sem dormir.

Céu: Escuro, provavelmente nublado.

Humor: Endoidecida.

Avaliação geral da minha vida: Um pesadelo.

Levantei da cama e fui ao banheiro, lavei o rosto e me olhei no espelho, meu rosto estava muito pálido, profundas olheiras, cabelos secos e bagunçados.

Passei a mão pelo rosto, tirei a roupa, eu estava muito magra, meus ossos apareciam acima do peito, eu parecia um cadáver, coloquei um jeans, uma blusa branca de mangas curtas e um suéter verde por cima, calcei um sapato qualquer, e (finalmente) comi alguma coisa que empurrei com chá.

Fechei a casa e saí, precisava esvaziar minha mente, por isso apenas deixei-me levar pelos meus pés.

Passei por ruelas, parques, lojas fechadas, arbustos recheados de flores que perdiam suas pétalas.

O céu clareava aos poucos e junto dele pessoas surgiam nas ruas.

Caminhei mais um pouco e cheguei ao parque das rosas, sentei-me num banco e encarei o céu.

–Como você pode ser tão indeciso?- perguntei, pois as nuvens se desfaziam aos poucos trazendo a imensidão azul que ainda não havia se mostrado por completo.

Fiquei ali e me perdi, me perdi no tempo, eu podia me ver andando por aquelas ruas deixando rastros, imagens e preenchendo espaços, eu podia me ver sentando no mesmo banco, podia me ver levantando e correndo fugindo de lembranças ruins, fugindo de uma realidade que estava dentro de minha própria cabeça.

Corri e então parei.

O que eu estava fazendo?

Qual era o meu problema?

Por que eu estava assim?

Por que as vozes não calavam a boca?

“Hahahahahhahahahahahhha, não vai se livrar de nós.

Fazemos parte de você.

Você faz parte de nós.

Somos um.”

Sussurraram, eu me abaixei segurei meus cabelos com força e gritei, gritei, e gritei, lágrimas caiam de meus olhos, perdi o equilíbrio e cai para o lado, bati a cabeça contra o canteiro de flores da calçada.

–CALEM A BOCA, SUMAM, SUMAM!- gritei novamente e gritei e senti alguém me levantando pelos ombros, continuei agarrada aos meus próprios cabelos, de olhos fechados, alguém chamava meu nome, mas não identifiquei a voz, meus berros calavam qualquer um que tentasse dizer alguma coisa.

Me debati e a pessoa conseguiu me fazer ficar em pé, ainda com as mãos no rosto, e olhos fechados, senti minha garganta arranhar e meu grito perdeu a forma, me engasguei com minha própria saliva, me desfiz dos braços da outra pessoa e me ajoelhei tossindo muito e cuspindo a saliva que se acumulara em minha boca.

A sensação de estar sendo sufocada era clara e a vontade de morrer junto dela era óbvia.

Finalmente abri os olhos, tirei o cabelo da cara e olhei para quem estava me segurando, era o senhorzinho do mercadinho em que comprei as limonadas.

Fiquei em silêncio depois de me recuperar e encarei-o por um momento, ele me encarou de volta, um ar de preocupação e compaixão cobriam aquele senhor.

Em silêncio me ajudou a ficar em pé novamente, e me guiou até sua loja, que obviamente não era longe, fez um chá de camomila para mim e ainda em silêncio entregou a xícara para mim.

–Esta mais calma?- perguntou depois de já ter bebido metade da xícara.

–Sim... Muito obrigada.- disse envergonhada.

Como eu sou ridícula, fiz o maior escândalo... Minha cabeça estava mais relaxada, aquele senhor me transmitia tanta calma que chegava a apagar todo e qualquer sentimento ruim.

–Que bom.- sorriu, seus dentes eram amarelados e a pele era parda.

–Você é a Anne certo?- perguntou, sua voz era suave, como uma brisa de verão.

Assenti e ele tocou minha mão.

–Anne, quero que saiba que se quiser conversar, estou sempre aqui.- sorriu novamente.

–Vá para casa, descanse, não precisa ir para aula. Seu bem estar é mais importante do que algumas aulas que você pode repor.- sorriu, colocou mais do chá de camomila num copo térmico e me deu.

Disse que lhe pagaria mais tarde e ele recusou, disse ser um problema. Antes de sair ele disse:

–Quando não conseguir dormir, faça um chá, qualquer um, o chá é um calmante natural, acalma a alma e a mente.

–Obrigada mais uma vez.- e então voltei para minha fortaleza da solidão.

Quando olhei a hora já era 7:10, terminei meu chá, minha cabeça não dava mais tantas voltas, eu estava mais calma, e um tanto sonolenta, voltei ao meu quarto, tirei os sapatos e me joguei na cama cobrindo-me até a cabeça e ao me acomodar bem adormeci de imediato e eu juro, nada de pesadelos, nada de sonhos, nada de vozes, só o doce silêncio.

Quando acordei era 17:13, foi tão bom que eu não queria que tivesse acabado.

Levantei, arrumei a cama, abri todas as janelas para deixar luz e ar entrar naquele apartamento pequeno.

No geral eu arrumei a casa inteira, em total silêncio, nem mesmo um ruído atrapalhava aquele silêncio mental, e eu estava amando aquilo, ser normal, nada de vozes, só pensamentos.

Depois calcei um par de botas e coloquei um casaco de 4 botões e sai novamente, fui até o estúdio, e Castiel estava na sala de espera junto de Lysandre e....

E....

Debrah...

Fiquei tão chocada com aquela cena que quase cai, eles me encaravam e eu os encarava. Senti um frio percorrer toda a minha espinha e meus pelos se arrepiarem.

Dei um passo atraz, e Debrah olhou fundo dos meus olhos com voracidade levantou-se e me olhou de cima a baixo.

–O que você faz aqui?- perguntou com tanta frieza que me deixou gelada.

Respirei fundo e antes que eu pudesse responder algo a porta do estúdio se abriu e meu irmão apareceu na porta com um saquinho de comida em mãos.

–Mas que droga ta acontecendo aqui?- perguntou depois de ver Debrah ali com os garotos.

Ele se pôs ao meu lado e encarou os rapazes ali sentados e aquela garota... Que um dia partira corações, que um dia roubara sonhos e que deixou um rastro de destruições quando foi embora. E eu juro... Teria sido melhor se ela não tivesse voltado.


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Notas finais do capítulo

Este capítulo acabou ficando pequeno e talvez meio parado... Mas ainda tem muito mais por vir espero não estar escrevendo para as paredes ¬¬
É isso ai então Kissus



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