Gotas De Vinho escrita por Babs Toffolli


Capítulo 23
Visitas e Descobertas


Notas iniciais do capítulo

Eiii ;) como é que vão? Estou postando apenas um cap por dia, porque a história ta acabando e eu só to querendo prolongar um pouco mais hehehe. Boa leitura =D



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      Depois que deixamos Bree no aeroporto - com mais alguns pares de lentes de contato -, voltamos para a casa dos Cullen. Quando chegamos eu ainda estava querendo saber porque Alice estava me olhando daquela maneira. Sempre sorridente como se fosse de chorar por me ver.

- É impressão sua, amor - Foi a resposta de Edward quando eu lhe perguntei - Alice sempre foi uma criaturinha estranha.

      Faltavam alguns dias para a vinda dos Volturi, e eu relaxei um pouco. Não tinha como eles saberem de mais nada agora. Nenhuma regra foi quebrada. E Alice nos garantiu que era apenas uma visita para Carlisle, como um velho amigo de Aro que não se veem há muitos anos.

      Edward continuava a me chamar para morar na sua casa - já que agora eu estava como hóspede, porque eu não poderia voltar pra casa com meu pai lá. Mas eu o visitava sempre que podia. Alice usava o fato de eu não ter mais minhas roupas e se divertia me vestindo todos os dias com roupas mais chamativas e caras que as outras. Devo admitir que eu gostava um pouquinho porque realçava ainda mais a minha beleza imortal e eu nunca consegui me sentir tão linda antes, por isso aproveitava um pouco.

      Esme me recebeu como uma filha agregada da família, sempre sorrindo pra mim e agradecendo por dar um pouco mais de cor à casa e mais vida à Edward. Isso me fez refletir o quanto Edward estava sozinho antes de eu entrar em sua vida. Também percebi o quanto minha vida era monótona antes de ele aparecer e muda-la por completo.

      Depois de mais alguns dias, Alice nos garantiu que Aro apenas estaria passando, mas que a cidade não corria perigo. Isso me relaxou um pouco mais, porque de qualquer maneira eu estava receosa pelo meu pai. 

      Eu e Edward passávamos todas as noites na nossa campina, sempre contano um pouco mais de nossas vidas, e eu percebi em primeira mão, o que ele sentia na época em que matava pessoas.

- Eu era um completo miserável, Bella - Explicou ele - Nunca consegui me satisfazer por completo depois de torturar uma pessoa até a morte.

- Então por que fazia? - Eu tentava entender.

- Porque sem isso, era terrivelmente pior. - Falou com simplicidade - Mas graças à você isso mudou. Nunca vou conseguir de agradecer devidamente por isso.

- Não precisa agradecer. - Falei, enrolando meus dedos em seus cabelos - Passou. Não devemos mais nada um ao outro.

- Está errada - Suspirou ele - Só vou parar de dever à você... - Ele não terminou.

- Quando? - Perguntei, olhando séria.

- Um dia você vai saber. - Respondeu ele com os olhos brilhantes - Na hora certa você saberá.

- E agora não é a hora certa? - Perguntei. Eu queria saber do que ele estava falando.

- Não, ainda não.

- Então quando? - Perguntei ficando cada vez mais curiosa.

- Logo. - Foi sua última palavra. Eu estava começando a achar que ele e Alice estavam tramando alguma coisa nas minhas costas. Fiz cara de emburrada. - Ah, que isso, Bella? Já disse, logo você vai saber.

      Tentei não pensar muito mais no assunto depois disso.

      Alice nos aconselhou a ficarmos em casa todos juntos e agir com naturalidade, para quando eles chegassem. Era apenas uma visita.

      Assim fizemos. Carlisle ficou em seu escritório lendo e trabalhando, Esme ficou arrumando plantas e projetos em seu quarto, Alice ficou em um dos  vários computadores da casa arrumando mais roupas para comprar para todos, Rosalie se manteve na garagem mexendo em um dos carros, Emmett e Jasper se infiltraram em um jogo de xadrez muito mais complicado, que eu nunca vi. E por fim, Edward ficou em seu piano, tacando suavemente comigo ao seu lado. Ele tocou uma música que disse ter sido composta enquanto pensava em mim, no dia que nos reencontramos. Percebi em como as coisas mudaram em tão pouco tempo.

      Alice veio em direção a nós na sala e sussurrou para que apenas nós escutássemos.

- Estão chegando.

      Eu me enrijeci no banco do piano ao lado de Edward e ele passou um braço ao eu redor, esfregando a mão em meus ombros. Eu tentei relaxar, mas é inevitável. Eu só baixaria a guarda quando eles se fossem. Por enquanto, eu continuaria com a sensação de que sairia pela porta da casa gritando em desespero.

      Ouvimos alguns passos na varanda e eu olhei pela parede de vidro. Vi apenas um vulto negro passando suavemente, como se flutuasse. Alguém bateu na porta. Eu tremi com o som, era como se eu tivesse entrado e um filme de terror e o assassino estivesse bem atrás de mim.

      Carlisle apareceu na escada e desceu até o primeiro andar para atender a porta.

- Aro, que surpresa, meu grande amigo! - Disse com entusiasmo. Era mentira, não era surpresa nenhuma, todos nós sabíamos que eles chegariam.

- Oh, meu caro amigo Carlisle - Disse uma voz suave e alegre. - Estávamos passando e resolvemos parar por aqui. Vocês construíram uma bela fachada pelo que vejo.

- Bom, nós apenas tentamos - Respondeu Carlisle. Ouvi um barulho de chuva logo depois que Carlisle o convida a entrar. - Vamos, estão todos lá em cima, não fiquem na chuva.

      Percebi claramente que Carlisle usou a palavra no plural quando se dirigiu à Aro. E era verdade, não era apenas Aro que entrou na casa. Junto com ele vinha mais cinco figuras de roupas escuras e sinistras. Mas como nunca os vi pessoalmente, apenas consegui distinguir uma das figuras, pois era feminina. Não poderia dizer que era uma mulher. Ela não tinha a fisionomia certa pra isso. Ela parecia mais com uma garotinha. Era loura e muito pequena. Seu rosto era infantil e lindo. Relaxei, ela não parecia nem um pouco ameaçadora.

- Edward! - Me assustei quando ouvi a voz suave novamente. Olhei para ver de onde vinha e vi que era um vampiro muito diferente de todos que já vi. Era muito branco, certamente, mas sua pele era curiosamente estranha, como se fosse feita de farinha e que poderia se desmanchar ao mais leve toque. - Vejo que você finalmente arranjou uma parceira, meu jovem. - Edward sorriu.

- Sim. - Seu sorriso era de satisfação. Ele olhou pra mim mais uma vez de uma maneira como se eu tivesse acabado de salvar sua vida.

- Bom, Carlisle - Continuou Aro -, eu não conheço o restante de sua família, certamente. - E então vi Carlisle andando pela sala, apresentando cada um de nós à Aro. Ele me deixou por última, pois eu era a mais nova da família e a mais distante da sala. - E esta é Bella, nossa mais nova filha.

      Mordi o lábio. Era a primeira vez que ele se dirigia à mim como filha e eu me segurei para não me emocionar e agir com naturalidade.

- Ora, muito prazer, jovem Bella - Disse Aro, estendendo a mão para me cumprimentar. Hesitei por um momento mais lembrei que ele não poderia ler meus pensamentos e me levantei do banco do piano, e apertei a mão de Aro. Sua pele parecia ser ainda mais gelada que a minha e um pouco lisa.

- O prazer é todo meu, Aro. - Falei com a maior educação que pude reunir. Ele pareceu se encantar quando soltou minha mão. E abriu um largo sorriso.

- Ora ora, mas o que vocês encontraram por aqui? - perguntou maravilhado.

- Eu também não sei Aro - Edward também se levantou, vindo se prostrar ao meu lado - Ela é tão muda para mim quanto para você.

- Fascinante! - Explodiu ele - É um perfeito escudo mental e completamente inconsciente. Brilhante!

- Do que vocês estão falando? Escudo? - Perguntei confusa.

- Acredito que ainda não sabia, não é? - Perguntou um outro vampiro atrás de Aro. Ele tinha cabelos brancos e uma cara fechada e mal humorada.

- Na verdade, não. - Falei.

- Oh, vocês simplesmente esbarraram com esse magnífico tesouro! - Aro disse alegre. - E nem ela mesmo sabia disto. Diga-me querida, qual sua idade nesta vida?

- Ah... - Tentei responder, mas não sabia se seria certo. Olhei para Edward em busca de ajuda.

- Ela é bem jovem, Aro. Apenas alguns meses - Ele decidiu não mentir, então. Talvez porque provavelmente Aro descobriria se o tocasse.

- Meses! - Se espantou. - E tão controlada. Como consegue?

- Eu tive algum treinamento. - Expliquei.

- Deles? - Perguntou novamente o vampiro louro, apontando um dedo para os Cullen.

- Não. - Respondi. Eu queria dizer a verdade. Nunca fui boa para mentir. - Eu mesma me treinei sozinha. É uma longa história.

- Talvez eu possa lhe contar - Disse Edward.

- Perfeito. - Aro juntou as duas mãos e sorriu.

      Quando dei por mim, Edward estava contando toda a história, chocando todos nós. Vi os Cullen ficarem paralisados - eles não sabiam de absolutamente nada do que aconteceu realmente - e os Volturi ainda mais, quando Edward contou sobre toda a chacina que já fez, e que ia cometer comigo. Como não conseguiu me matar, e que já havia me mordido. Que me deixou transformando e como eu fui esperta para descobrir o que ele era e o que eu me tornaria. E como fui ainda mais esperta em seguir o caminho certo nesta vida. Como nunca me revelei para ninguém. Ele acabou a história na parte em que nos reencontramos e nos apaixonamos. Os rostos de todos na sala eram uma perfeita máscara de terror e surpresa.

- Edward... - Esme tentou dizer, mas não conseguiu terminar.

- Eu sei, eu sei. - Ele disse - Eu estou tão arrependido que não consegui segurar essa história por mais tempo.

- Você e Bella guardavam esse segredo de nós todos esses dias? - Rosalie falou, fiquei surpresa por ela ter se importado tanto quanto os outros.

- Sim. - Falou Edward.

- Nós decidimos que poderia ser uma história nossa. - Falei tentando amenizar a situação.

- É mas agora eu achei correto que não deveríamos ter segredos com a família. Por isso achei melhor contar - Edward estava falando num tom grosso e firme.

- Permita-me, meu caro. - Aro finalmente disse, estendendo a mão para Edward como um convite. Edward não hesitou em dar um passo à frente e segurar a mão de Aro.

      Aro fechou os olhos e inclinou a cabeça em direção a suas mãos que cobriram a mão de Edward, se concentrado. Edward estava imóvel como uma rocha e não dirigiu seu olhar à ninguém na sala. Por fim, Aro abriu os olhos e largou a mão de Edward.

- Fascinante. - Sussurrou ele. - E ela viveu por tanto tempo obscura... Fascinante! - Disse mais alto. - Embora, sua atitude tenha sido irresponsável. - Voltou a falar em um tom sério.

- Eu sei, mas voltei para consertar o meu erro. - Disse Edward num tom defensivo.

- Mas não deixa de ter sido um erro, meu caro. - Aro disse num tom carinhoso. - E se a situação não tivesse sido dessa maneira? E se esta jovem não tivesse se importado em nos expor? Foi um erro muito grave.

- Mas não aconteceu. Vocês não tem o que punir aqui. - Edward disse tranquilo mas que não deixava de ser ameaçador - Podem descansar e irem em paz, quando desejarem.

      Continuei parada ao lado de Edward como se estivesse grudada no chão. O que eles podiam fazer conosco? Nos matar? Nos esquartejar e queimar nossos pedaços como Edward havia me contado? As perguntas rodavam em minha cabeça e me embrulhavam o estômago.

- Pode ser, mas suas ações foram inconsequentes, e não podemos deixar isto passar - O vampiro louro voltou a falar. - Pode não ter acontecido hoje, mas e amanhã quando formos embora?

- Eu não farei mais isso, Caius. - Disse Edward num tom firme. - Eu garanto. Minha dieta mudou logo depois que deixei Bella, naquele dia. Não há chance nenhuma de eu voltar àquela vida. Acreditem. - Finalizou com um aceno de cabeça.

- Vocês não vieram aqui para punição. Vieram para visitar um velho amigo, Aro. - Alice falou pela primeira vez. - Viram que não apresentamos nenhum perigo de nos expor aqui.

      Então houve um momento que não entendi. A garota loura que mais parecia uma menina se pôs à frente de Caius e olhou fixamente para Edward com um sorriso angelical em seus lábios cheios. Depois, Edward caiu no chão se contorcendo de dor ao meu lado. Ela estava o machucando. Este deveria ser o seu dom.

- Jane - Ouvi Jasper tentar para-la com o tom de sua voz calma, mas eu me apavorei vendo Edward ainda se espremendo no chão, com muita dor.

      Sem pesar, senti algo crescendo dentro de mim. Algo que nunca senti antes e que queria se libertar do meu corpo. O soltei, liberando o escudo que até aquele momento eu não sabia que o possuía. Senti Edward relaxar e a garota, Jane, me olhar com fúria.

- Obrigado - Sussurrou Edward em meu ouvido.

      Em todo o momento, Aro e os outros dois - que presumi que fossem os outros anciãos - ficaram completamente mudos, como as outras figuras de vestes negras no fundo da sala. Aro percebeu o que havia acontecido e soltou uma gargalhada gutural de gelar os ossos.

- Brilhante! - Quase gritou - É brilhante! Em desespero para salvar o parceiro, ela liberta seu sexto sentido sem nem ao menos perceber. Brilhante! - Ele narrou como se estivesse em um jogo.

      Ninguém mais se mexeu ou falou. Todos - até eu - encantados e assustados com a minha capacidade.

- Bom, acho que realmente não podemos punir ninguém aqui. - Aro disse depois de algum tempo pensando consigo mesmo - A regra foi quebrada, certamente, mas podemos dar mais uma chance. Nada mais.

      Relaxei e Edward que ainda estava sentado no chão, se levantou, segurando minha mão. Aro viu e eu vi seus olhos - vermelhos e enevoados como poeira - brilharem ao perceber nossa ligação.

- Podemos ir em paz. - Disse ele. - Mas voltaremos, Carlisle. Para saber se esta promessa não foi quebrada.

- Podem voltar - Edward respondeu no lugar de Carlisle - Não verá nada mais diferente que isto.

- Ótimo. - Aro juntou as mãos novamente - Vamos irmãos, já podemos voltar pra casa.

- Ora, já vai? - Perguntou Carlisle com educação. Eu queria que eles fossem - Não ficará para colocar conversas em dia?

- Desculpe, meu amigo, mas o dever me chama. - Sorriu Aro gentilmente - Tenho negócios à tratar em Volterra e não posso me demorar. Apenas estava de passagem e resolvi fazer uma visita à um amigo de tantos séculos.

- Bom, tudo bem, vão em paz - Disse Carlisle conduzindo todos para baixo na porta da frente. - Mas não hesite em nos visitar novamente quando quiser.

- Claro, claro. Não demorarei à voltar - Falou e me olhou com cobiça. Ele também dirigiu aquele mesmo olhar para Alice e Edward.

      E assim, rápido como quando chegaram, eles partiram. Flutuando pela floresta exalando poder e superioridade. Com a promessa de voltarem em breve. Eu me perguntava quando seria breve. Apenas desejava que agora eu pudesse ter uma vida normal e tranquila com Edward e sua família. Eu precisava disto. E se pudesse, com meu pai por perto. Mas ele nunca mais saberia sobre mim. Esta era minha promessa.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Ficou bom??? Mandem Reviews!! (=