Gotas De Vinho escrita por Babs Toffolli


Capítulo 16
Esclarecimentos e Revelações


Notas iniciais do capítulo

Ai, nossa gente! Foi um capítulo muito difícil de fazer sem me emocionar hehehe



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      O que havia de errado comigo? No que eu estava pensando quando aceitei me encontrar com o vampiro que quase me matou meses atrás, e ainda conversar com ele calma e friamente. Ele sabia meu nome, mas eu não sabia o dele.

      Depois que ele foi embora, voltei pelo lado que tinha vindo e corri, atrás do alce que ainda poderia estar perto. O encontrei facilmente e fui rápida ao bebe-lo. Depois voltei para casa quando estava quase escurecendo e fui preparar o jantar de Charlie. Ele chegou uma hora depois que eu coloquei o macarrão no fogão, e derreti uma porção pequena de queijo no microondas. Ele comeu e perguntou como havia sido meu dia.

- Apenas corri pela floresta - Falei apenas uma parte da história. Eu não podia imaginar a reação que ele teria se eu falasse que iria me encontrar com o vampiro causador de todos os meus problemas, no topo da montanha em quanto meu pai dormia. Não, eu não contaria isso à ele. Isso só o deixaria mais preocupado.

      Depois que ele jantou, foi até a sala, assistiu o último tempo de uma partida de beisebol e foi se deitar. Eu esperei que ele estivesse roncando para que eu pudesse sair. Não muito tempo depois, ele já estava jogado na cama, afundado em seus sonhos, roncando tão alto, que não perceberia eu entrando em seu quarto, abrindo sua janela e pulando por ela.

      Minha visão a noite era tão boa quanto era de dia. Não tive problemas em correr pelas árvores e subir o pé da montanha. Fui correndo enquanto o lugar ia ficando mais alto e mais claro pela luz do luar. Ao passar por um certo trecho da trilha para a montanha, senti um cheiro que eu já conhecia e o segui. Quando entrei um uma pequena clareira gramada e rodeada de árvores, eu o vi sentado no meio do lugar olhando em minha direção. Quando cruzei com seu olhar, seu sorriso foi esmagador.

      O que significava aquele sorriso? Era como se ele estivesse feliz por me ver, e eu não via motivos pra isso.

- Oi. - Disse ele num tom suave em sua voz calma e aveludada.

- Oi. - Falei enquanto me aproximava dele e parava ao seu lado de pé.

- Não vai se sentar? - Perguntou com um sorriso carinhoso brincando em seus lábios.

- Não, obrigada. Prefiro fica de pé. - Respondi secamente. Ele fez uma cara de dor e se levantou. Eu recuei um passo, em alerta.

- Ei! Calma, calma. Eu não vou te machucar. - Sua voz era tranquilizadora, mas não relaxei. Tinha medo que fosse uma armadilha. Porque eu não dei o fora antes, quando tinha chance?

- Me diga logo o que quer comigo e eu vou embora. - Tentei ser direta.

- Mas eu não quero que você vá embora. - Disse ele cerrando os olhos e sacudindo a cabeça lentamente, em um gesto de tristeza. - Por favor, fique.

- Por que não? - Isso me incomodou. Por que ele me queria por perto? Pensei que ele me odiasse. Pelo menos suas atitudes de quando nos conhecemos, gritavam isso pra mim.

- Gosto de ficar perto de você. Mesmo não ter tido muitas chances pra isso. - Explicou.

      Eu ainda não tinha intendido o porque, mas deixei pra lá, eu queria respostas.

- Então, para que isso tudo? - Perguntei, apontando para o meu novo e lindo corpo, como um simbolo permanente de que havia acontecido naquela noite.

- Bom, por onde eu começo... - Então ele passou a me contar cada detalhe de sua vida antes de me conhecer. Como andava sozinho e como se sentia um completo inútil depois que abandonou sua família. 

- Você tem uma família? - O interrompi, pasma com aquela afirmação. Ele riu.

- É, eu tenho. - Disse com naturalidade.

- Mas... Quem são? Outros vampiros? - Minhas perguntas jorravam da minha boca. Ele riu novamente, como se estivesse aliviado que eu talvez tivesse baixado a guarda.

- Sim, são todos vampiros também. E grande parte deles você conhece. - Sorriu.

      Procurei vários rostos em minha mente mas nenhum deles consegui encaixar com a fisionomia de um vampiro. Não aguentei e perguntei:

- Quem?

- Ah, não acredito que não se lembra deles - Disse brincado - São Alice, Jesper, Rosalie e Emmett. - Aqueles nomes me eram familiares. Principalmente o de Alice. Me espante.

- Ah! São seus irmãos adotivos também? - Ele suspirou e sorriu.

- Sim. E você também deve conhecer meu pai, Dr. Cullen. - Lembrou-me ele. E eu me lembrava. Algumas vezes eu tinha quedas um pouco mais graves do que as normais, por isso eu visitava o hospital com um pouco de frequência e as vezes via o Dr. Cullen andando pelos corredores. Um homem belo, e um pouco jovem para estar tão no auge de sua carreira como médico. Tinha os cabelos louros e a pele muito branca - branca como giz. Liguei os pontos nos outros e constatei que era verdade, ele era um vampiro também. Mas um vampiro médico? Como assim? Ele era masoquista?

- Seu pai, mesmo sendo um vampiro, suporta perfeitamente uma carreira de medicina. Como ele suporta? - Perguntei tão formalmente que mais parecia uma entrevista de jornal.

- Ah, bem, Carlisle já é vegetariano há mais tempo que todos na família, e isso lhe deu uma imunidade a sangue que nem eu consigo explicar. - Explicou ele, mas eu não estava dando muita atenção. Eu tinha me intrigado com a palavra que ele havia usado.

- Vegetariano? - Perguntei, erguendo as sobrancelhas.

- Sim. Nossa pequena piadinha interna. - Explicou mais eu continuei olhando-o da mesma maneira. - Bom, é que nós todos também nos alimentamos apenas de sangue animal. Quer dizer, pelo menos eles. Eu voltei pra essa vida a pouco tempo. - Ele me lançou um olhar e eu tremi.

      Tentei pigarrear, para libertar minha garganta sufocada com tantas novidades. Eu tinha um nome pro meu estilo de vida. Eu era vegetariana. Muito irônico. Percebi que ele estava muito calado e olhava para baixo. Parecia tentar dizer alguma coisa.

- Sinto muito. - Disse por fim - Eu não sabia o que ia acontecer com você. Eu estava tão acostumado a matar pessoas daquela maneira. E elas sempre agiam do mesmo jeito, e você foi a única que foi diferente durante meu ataque. E isso me assustou, então eu não sabia o que fazer e fiquei com ódio de mim mesmo por estar fazendo aquilo com você. Juro, sinto muito, muito mesmo. Espero que um dia você possa me perdoar.

      Ele terminou seu pedido de desculpas e não voltou a falar. Não levantou seus olhos, apenas continuou fitando a grama abaixo de nós. De repente uma onda de um sentimento desconhecido me tomou. Eu me sentia culpada, mas são sabia pelo quê. Eu senti uma forte vontade de acalma-lo, dizer que tudo estava bem e consola-lo o resto da noite. Mas minha sanidade berrava para não confiar num inimigo. Mas eu não a escutei.

- Eu perdoo você. - Senti minhas palavras saltarem da minha boca. - Eu estou bem agora não estou? Viva e bem. Não completamente normal, mas me sinto bem. - Ele não disse nada. E, sem pensar, levei minha mão até sua face e levantei seu rosto. Sua pele era da mesma temperatura que a minha e macia e lisa como cetim. Quando nossos olhos se encontraram, tive a impressão de que ele estava aponto de chorar, o que não era possível para o nosso corpo.

- Ah, Bella... - Sim, definitivamente ele estava chorando a sua maneira. Mas mais uma vez naquele dia, me espantei quando ouvi meu nome saindo pela sua boca. Sentei-me, finalmente, no chão e puxei sua mão para que se juntasse a mim. Tentei acalenta-lo por um bom tempo para logo depois perguntar.

- Como você sabe meu nome? - Minha voz estava mais suave e bem mais educada.

- Ah, eu fiquei de te explicar isso, não é? - Ele deu um sorriso tristonho. - O que me lembra... Você não sabe o meu. - Comentou. Sacudi minha cabeça. - Bom, mil perdões. Meu nome é Edward. E sim, eu já fui apresentado à você, na mesma noite em que a ataquei.

- Como? - perguntei

- Veja bem, alguns de nossa espécie possuem dons. - ele disse sério, então não descordei. Mas continuei o olhando sem entender - É como um sexto sentido, um pequeno poder que desenvolvemos quando passamos para essa vida. 

- E você tem algum?

- Sim. - sorriu- Tenho o dom de ler mentes. - Pisquei duas vezes para quela novidade assustadora. Ele podia ler mentes. Podia estar lendo a minha naquele exato momento. - Consigo ouvir a mente de todos ao meu redor, ao mesmo tempo. - Ele fez uma pausa e me olhou - Bem, nem todos, não é?

      Não intendi. Como assim? Havia apenas uma pessoa que ele não podia ouvir? E por que?

- Quem? - Perguntei curiosa.

- Está sentada bem ao meu lado - Mesmo no escuro, pude ver seus olhos brilharem ao dizer a frase.

- Eu? Mas... mas, como? - Como assim, não poderia ler minha mente? Sempre fui uma pessoa muito previsível. Ele não devia ter problemas em me ler pelo meu comportamento.

- Sim, eu também não sei ao certo. Mas de qual quer forma, uma boa explicação sugere que você não seja igual as outras pessoas. Você nunca age como eu espero que você aja, sempre me surpreendendo... - pensei naquilo por um instante e fiquei feliz. Meus pensamentos ainda eram só meus.

- Bom, o que nos leva... - lembrei ele.

- Oh, sim. Sei seu nome porque o vi na mente de seu pai, na noite que ele voltou para casa sem você.

- Aah - compreendi por fim. - Muito interessante.

- É mesmo. Nossa espécie vive em mudança. Nem todo vampiro possuí um talento. Mas nenhum vampiro talentoso possui um talento idêntico a outro. - E passamos algum tempo conversando sobre vários tipos de talentos existentes no mundo e ele me disse que tinha uma irmã que via o futuro. - Alice. - Respondeu, quando perguntei qual delas.

      Alice...

      Então era por isso que ela me olhou daquele jeito estranho na formatura. Ela sabia que seu irmão me atacaria. Mas provavelmente não sabia que ele desistiria de me matar e me deixaria me transformando com seu veneno em meu corpo.

      Depois de tudo ter sido esclarecido, nós passamos a apenas conversar. Ele me contou da visão que sua irmã teve aquela tarde, mas que escondeu dele para seu próprio bem. Ela havia visto que ele iria me encontrar na floresta, mas só escondeu dele porque sabia que se ele soubesse disso, nunca teria ido ao bosque aquela tarde.

- Então quando fui embora, senti que estava um pouco mais leve de quando cheguei perto de você. - Contou ele.

- Como, mais leve?

- Ah... - Ele pareceu tímido e não conseguiu falar. De início - Bom, senti algo que nunca senti antes, Bella. Algo que até agora não sei dizer o que é.

- Tente. - Pedi.

- Bella, desde que te vi, você foi um completo mistério pra mim. Eu não podia ler seus pensamentos e nem prever suas reações. Isso me fascinou e...

- E...? - Insisti.

- Desculpe, não posso. - E virou o rosto para trás, escondendo sua expressão. Mais uma vez levei uma de minhas mãos e toquei levemente em seu rosto macio e trouxe seu olhar para o meu novamente.

      Mas quando ele me olhou, foi um tipo de olhar diferente. Um olhar mais intenso, devorador. Um olhar apaixonado.

      Sem ambos pensarem direito, nossos corpos foram se inclinando para frente bem lentamente, eu fechei os olhos e parei. Mas ele continuou até que seus lábios tocassem delicadamente os meus, fazendo nossas respirações acelerarem. Ele pediu espaço e eu cedi lugar para que sua língua invadisse minha boca, explorando toda a extensão lentamente. Novamente sem pensar, levei minhas duas mãos até sua nuca e apertei com força, intensificando o beijo. Meus dedos se enroscaram e seus cabelos e ele também me segurou pela minha cintura e apertou, nos aproximando até que não restasse mais espaço entre nossos corpos.

      Não sei quanto tempo durou. Poderiam ter sido segundos ou horas, dias ou anos. Mas quando ele começou a se afastar e eu também, senti uma coisa que nunca havia experimentado na vida. Era pura paixão.

      Minha consciência ainda gritava, dizendo que ele foi o causador de tudo isso, mas eu não queria ouvir. Seu rosto estava perfeitamente lindo, de olhos fechados e um sorriso tranquilo nos lábios.

      Neste mesmo momento, o sol começou a nascer em algum lugar do leste e nos atingiu, revelando a beleza de nossa pele. Fiquei chocada com a beleza de Edward. Ele estava brilhando exatamente como eu. Mas sua pele aos meus olhos era bem mais fascinante.

      Ele abriu os olhos e fitou meu rosto. Também reparando nas facetas de luz que eu refletia. Cuidadosamente, ele levou sua mão direita e acariciou meu rosto, e senti aquela mesma onda de eletricidade passando entre nós. Ele olhava tão tranquilamente e tão silencioso, que me assustei quando sussurrou:

- Eu te amo.

      Ouvir aquilo foi como se milhares de fogos de artifício explodissem em meu coração parado. Senti tanta felicidade que minha voz quase sumiu. Mas eu forcei-a a sair e disse de volta:

- Eu também te amo.

      Ele fechou os olhos novamente e deitou-se de costas na grama. A paz esculpida em seu rosto. Fui me juntar a ele, deitando a cabeça em seu peito duro, mas confortável pra mim. Ficamos ali, parados, vendo mais um amanhecer de nossas vidas. Mas o amanhecer mais feliz que já tivemos até ali.


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Notas finais do capítulo

Awn!! Quem achou esse cap super romântico levanta a mão: o/ kkk' Ficou bem legal, né?



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