The Ascent escrita por Thaina Fernandes


Capítulo 34
Capítulo 33




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((Caspian))

 

—Está de bom humor hoje.

 

Continuei lendo meu livro, minhas pernas esticadas a minha frente. O quarto de Isabella, no pouco tempo que ela estava aqui no castelo, me lembrava cada vez mais o porquê insisti que ela tivesse sua própria casa em.minha corte. Ela simplesmente não conseguia manter nada organizado.

 

—O tempo está bom hoje. — respondi simplesmente — Não é motivo o suficiente para estar de bom humor?

 

O rosto de Azriel se contorceu quando Isabella, de pé na janela, se moveu e fez um raio de sol ir diretamente nos olhos dele. De propósito, julgando pela expressão de contentamento no rosto dela depois. Minha corte, ao que me parecia, estava de ressaca depois da festa de ontem.

 

—Apenas é um avanço em relação ao quanto estava ranzinza nos últimos dias. —Ela disse, como quem sabia de algo, seus olhos pratas me escaneando. —Isso teria algo a ver com uma princesa ruiva?

 

Levantei uma sobrancelha para ela, não caindo em sua armadilha. —Sophia e eu conversamos, se é isto que está insinuando. Estamos bem agora.

 

Ela andou em minha direção, tirando o livro de minha mão em um gesto rápido. Quase engoli seu longo cabelo negro quando ela se inclinou para mim. um dedo apontado em fúria.

 

—Eu tive que aguentar os dois choramingando por três dias, mereço saber o que ocorreu. Desembucha, já. Não pense que eu não notei os dois desaparecendo ontem a noite.

 

A ignorei, pegando meu celular do bolso, fingindo que estava mexendo em algo daquele aparelho mundano.

 

Não diria nada para ninguém sem conversar com Sophia antes. Não sem saber o que ela queria que fosse revelado. o que ela estava confortável em compartilhar.

 

Não era como se eu mesmo soubesse em que pé estávamos. Estávamos ocupados demais para conversarmos sobre como faríamos qualquer coisa. Eu não sabia o que ela queria, de verdade, e até às palavras saírem de seus lábios eu não planejava dizer algo. Nem mesmo para minha irmã.

 

—Já arrumou suas coisas para irmos até Cagliriano? —mudei de assunto, me referindo a capital de Andolovina, onde o castelo ficava.



Não parecendo muito feliz com a subta mudança de assunto, virou seu nariz para mim, indo se sentar ao lado do loiro. Rhys estava com o Dracul, tentando fazê-lo dizer algo importante. O que transferia automaticamente para Az o cargo de saco de pancadas de Bella por hoje.

 

—Nao vejo porquê, tenho minhas coisas lá e não iremos ficar tanto tempo. Acha que conseguiremos ver Chiara?

 

Assenti, me arrumando no meu lugar, cruzando um de meus tornozelos sobre meu joelho.. —Espero que sim, quero que Sophia a conheça. Não sei quando iremos ter outra oportunidade além dessa para isso.

 

Azriel finalmente abriu seus olhos, parecendo muito bem preferir estar morto pela careta que estava fazendo.

 

—Sophia e Chiara se darão bem. Mal posso esperar para comer a comida dela novamente.

 

—Isso, Az, vai demorar para acontecer, já que irá ficar aqui para cuidar das tropas.

 

Seu semblante endureceu instantaneamente. Ele se levantou, me encarando de um jeito que não fazia há muito tempo. Seus olhos verdes brilhando desafiadoramente.

 

—Eu fiz uma promessa para Sophia, Caspian. Eu sou o guardião dela. É meu dever ir junto.

 

—Nao ainda. — O lembrei, odiando o quanto soava que eu estava o punindo por algo. —Se deixarmos as tropas aqui sozinhas sem supervisão, acha mesmo que vão se comportar? No mínimo iriam começar uma guerra agora mesmo só por diversão.

 

Seus olhos verdes não perderam sua intensidade. —Ela é minha rainha, Caspian,  de algo acontecer a ela...

 

O cortei, me irritando. Tentei ao máximo fazer minha voz não mostrar o quando a minha paciência havia se esvaído. Eu sabia que ele estava agindo assim por preocupação com sua única família.

 

—Ela é minha rainha também. Acha que eu deixaria algo assim acontecer? Que permitiria qualquer coisa acontecer com ela?

 

Isabella, percebendo que a tensão estava aumentando, se colocou entre nós. Sua mão no ombro de Azriel o fez relaxar por um momento. Ela segurou o olhar dele no seu.

 

—Estaremos com ela, acha que seríamos imprudentes o suficiente para colocá-la em perigo? Caso tenha se esquecido, Caspian é o vampiro mais poderoso. Ele irá cuidar dela.



Houve um pigarreio da porta. —O júri ainda está decidindo qual de nós é o mais poderoso, Bella.



Sophia estava parada no batente, seu cabelo ruivo ondulado jogado sobre seu ombro. Vestia o mesmo vestido que havia usado para irmos a Seelie, o verde dele fazendo seus olhos esmeraldas brilharem. Ela parecia descansada. Relaxada. Senti novamente uma onda de alívio ao vê-la bem assim.

 

Seus olhos se encontraram com os meus, e ela me deu um sorriso.

 

Quase esqueci de respirar por um momento, ainda não acostumando a ter esse sorriso sendo direcionado a mim.

 

—Não se esqueça, Az, que nossa querida Sophia é perfeitamente capaz de cuidar de si própria. —Eu disse, minha voz mais suave. —Na verdade é mais fácil ela precisar me proteger, com a corte de meu pai presente.

 

Ela andou até seu primo, colocando uma mão em.sua bochecha. Eu senti a flutuação do poder dela no quarto enquanto ela curava a ressaca dele, seus olhos gentis.

 

—Será por poucos dias, Azriel. Não fique bravo. Munin precisa de você aqui. Eu preciso de você aqui.

 

As vezes quase esquecia o quanto os dois eram parecidos, mas olhando os dois lado a lado era impossível negar que eram parentes. Tinham os mesmos traços, a mesma personalidade forte, a única coisa que os diferenciava era a cor de seus cabelos.

 

Ela se sentou ao meu lado, cruzando suas pernas. Seu perfume me alcançou, e foi difícil não me inclinar completamente para ela e segurar sua mão na minha novamente.

 

—Dormiu bem? —perguntei baixo, sabendo que Isabella estava ocupada com nosso amigo loiro para tentar nos bisbilhotar.

 

Sophia me fitou, seus olhos brilhando com humor para mim. —Sim, e você?

 

—O sofá da cabana é confortável, mesmo que minhas pernas não caibam nele.

 

Sua risada foi como um raio de sol cortando o vento gelado do inverno. Isabella e Azriel pararam de se bicar, nos olhando curiosos. Havíamos passado tempo demais sem presenciar isso, afinal de contas.

 

Sem minha permissão, minha mão alcançou uma mecha solta de seu cabelo, a colocando atrás de sua orelha.

 

Parecia que eu podia sentir o toque dela ainda, seus braços me  trazendop perto. Os seus lábios - os mesmos que me davam um sorriso conhecedor agora - macios contra os meus.

 

Engoli em seco. Precisávamos conversar. Eu precisava saber o que, exatamente ela queria.

 

Mas eu sabia que não importava a resposta dela, o que quer que ela quisesse, como ela quisesse… eu o daria a ela.

 

Compreensão passou pelos olhos de minha irmã enquanto ela nos olhava. Suavemente, eu lhe enviei uma mensagem direto para sua mente.

 

Ela soltou um palavrão como resposta a minha ordem para manter a matraca fechada..

 

Sophia não pareceu se abalar, já acostumada com os jeitos de minha irmã.—Sairemos que horas?

 

—No fim da tarde. Em circunstâncias normais iríamos de avião, mas devido a situação, é melhor irmos pelo portal. Não queremos arriscar nenhum encontro desnecessário.

 

Ela fez um barulho de compreensão, fechando seus olhos, fazendo uma careta. Ela havia me dito ontem na minha cabana, enquanto me contava tudo sobre sua visita ao Lord Crisan e eu lhe preparava um chá, que o portal a havia dado dor de cabeça.

 

Se levantou então, indo em direção a porta. Me olhou por cima de seu ombro. —Vou checar o prisioneiro. Quer me acompanhar?

 

Minha resposta foi começar a  segui-la. Isabella formou as palavras "depois" com seus lábios sem fazer barulho. Eu sabia que ela iria me importunar até eu lhe contar o que ela desconfiava.



Estávamos na metade do caminho, nossas mãos se encostando acidentalmente com nossos passos, cada toque levando uma descarga de poder através de meu corpo. A aura de Sophia estava dourada hoje, mostrando o quanto sua disposição estava boa.

 

Sem conseguir me controlar, puxei seu pulso, a fazendo virar para mim.

 

—Sophia, eu...— parei, não sabendo como formular o quer queria dizer. Perguntar.

 

Ela deu um passo para perto. seu olhar colado ao meu. —Sim?

 

Inclinei minha cabeça. Ela estava tão perto, seu cheiro doce estava me inebriado.

 

—Deveriamos conversar sobre ontem. —Disse, me aproximando mais. Ela inclinou sua cabeça para trás para poder me olhar melhor. Seus olhos esmeraldas me encarando pacientemente.

 

Apenas um.movimento e nossos lábios se tocariam. Eu podia sentir o calor de sua pele, o gosto de seus lábios nos meus, tão doces.

 

Ela concordou. seus olhos descendo até os meus lábios. Como se ela também estivesse pensando na mesma coisa.

 

Eu sabia, que não devia, mas… Me inclinei pra ela,  deixando minha boca roçar sua bochecha suavemente. Ela soltou um suspiro, prestes a se virar -

 

Quando um barulho de surpresa no corredor a fez pular para longe.

 

Duas vampiras com o uniforme dos funcionários do hotel estavam paradas, impedidas de passar por nós dois bloqueando o caminho. Uma delas estava claramente tentando segurar um sorriso.

 

—Claudia, Marinna.— Sophia as cumprimentou, suas bochechas coradas. É claro que ela saberia o nome de todos que trabalham no castelo. —Podem passar, fiquem a vontade.

 

As duas fizeram uma reverência breve para nós dois, que ainda estávamos grudados um no outro, depois saíram dando risadinhas. Ela se afastou suavemente, ajustando seu vestido.

 

—Acho que o castelo inteiro saberá que estávamos quase grudados dentro de uma hora. —constatou, não parecendo perturbada por isso.

 

A estudei novamente. Ela parecia contente, mesmo que eu soubesse que deveria estar preocupada com a guerra que estouraria em pouco tempo. E vê-la assim, depois de tudo, me fez quase beijá-la novamente.

 

Coloquei minha mão na base de suas costas, a empurrando em direção ao calabouço novamente. Teríamos outra hora para falar do que ocorreu na noite anterior.

 

—Esta preparada? Andolovina é muito diferente daqui, principalmente Cagliriano.

 

Ela assentiu, seu queixo levantado quase que como se ela nem tivesse percebido. Sua postura era de quem estava pronta para encarar um desafio. Segurei um sorriso com o quanto ela era adorável.

É claro que se eu a chama-se de adorável levaria um soco na mesma hora. Guardei esse pensamento para mim.

—Sim, estou. Depois de tudo que já passei, acho que aguento um pouco de antipatia.

 

Permanecemos quietos por alguns instantes. apenas os sons dos nossos passos ecoando pelos corredores enquanto desciamos os andares.

 

Eu sabia que ela se sairia bem, mas mesmo assim, a pessoa que eu tinha que me mostrar ser, o jeito que eu teria que agir-

 

—Talvez não me ache tão charmoso lá, minha querida. Lá eu tenho que ser o ser vicioso que todos acham que eu sou -

 

—Nao fará diferença, Cas. —Ela me assegurou, parando no corredor onde a poucas portas de distância Azriel nos esperava. —Eu te conheço. Sei quem é, meu jeito de te ver não mudará.

 

Não pude evitar o sorriso que se espalhou em meus lábios. —Então admite que me acha charmoso?

 

Ela bufou em indignação, me empurrando para o lado com seu ombro.

 

—Nunca. — ela disse. mas seu tom era brincalhão.  Ela pausou então, se virando para mim. Estávamos no corredor de onde o Dracul estava aprisionado, a pouca distância da porta que nos levaria a ele. — Estou nervosa sobre conhecer seu pai. 

 

Em conforto, apertei minha mãoq com seu movimento ao virar-se para mim havia deslizado para sua cintura. — Meu pai?

 

Ela pareceu adoravelmente nervosa. Uma mão sua veio até a gola da minha camisa, a endireitando para mim quase que como um gesto inconsciente.

 

—Sim. E se ele não gostar de mim?

 

Deu um passo para mais perto dela, lhe dando um sorriso que ela conhecia bem. Me segurei muito para não rir de seu nervosismo por algo tão normal.

 

—Bem, a esse ponto não irá fazer diferença, não é? —Ela me deu um soco leve no ombro, fingindo estar brava. —Ele irá gostar de você, Sophia. Não se preocupe. Meu pai adora poder, e você é exatamente isso.

 

Sua mão saiu de minha gola, deslizando em um movimento suave até meu colar enquanto sua outra mão segurava o seu. Podíamos sentir o zunido de poder causados por eles. Ela ficou séria então.

 

—Eu sou muito grata, Cas, por tudo que fez por mim esse tempo todo. Não sei se já te disse isso antes. — Ela disse, seu tom baixo, apenas para mim. Seus olhos verdes me encaravam com sinceridade. —Eu sei que não deve ter sido fácil apenas ser obrigado  a vir aqui para se casar comigo, que não teve escolha. Mas acho melhor dizer isso agora, caso aconteça alguma coisa. Fico feliz que essa pessoa foi você.



Eu guardei o fato dela achar que algo poderia acontecer com ela de lado, apenas me contentando em acariciar seu rosto com as costas de minha mão livre, colocando um cacho de seu cabelo atrás de sua orelha logo em seguida.

 

—Eu também, Sophia. —respondi, provavelmente com mais sinceridade do que já havia dito algo em minha vida. Mas com ela, eu não ligava de parecer vulnerável. —Fico feliz que seja você.

 

Guardei o sorriso que ela me deu em um compartimento especial da minha mente, para ser relembrado em momentos de necessidade.

 

Ela me puxou pelo resto do caminho, obstinada.

 

****

 

((Sophia))



—Ele não sabe o nome de quem era, —Rhys começou a nós explicar, limpando sangue de sua adaga. Sangue escuro, grosso. Sangue Dracul. —Mas sabe dizer que era um vampiro antigo. Grisalho.

 

Nicholas.

 

Caspian deve ter visto a fúria passando em meu rosto, pois colocou uma mão em meu ombro para me acalmar.

 

—Isso não é prova. — eu praticamente resmunguei, passando uma mão pelo meu rosto. Dei um passo em direção ao prisioneiro que se debatia na cadeira, as correntes fazendo um baralho com o movimento. — Precisamos de mais.



Tomei a adaga da mão de Rhys, arrastando uma outra cadeira até a frente da criatura.

 

Me sentei, a adaga reluzindo em minha mão.

 

Deixei a aura do meu poder se mostrar. Azriel havia me dito que as vezes, quando estava estressada, eles podiam sentir a aura do meu poder me rodeando, vibrando em ameaça, lembrando a todos o tamanho dele. Eu mesmo sentia isso vindo de Caspian as vezes. A aura dele causava um sentimento de perigo, como se seu próprio corpo estivesse te mandando se afastar dele, ter cuidado.

 

O Dracul ficou quieto, seus olhos negros me olhando.  Deixei o meu poder se esticar até ele, quase o acariciando, o envolvendo. Eu não estava sugando sua energia, nem manipulando ela. Apenas deixei ele pairar sobre ele.

 

—Meu irmão o transformou? —Perguntei, minha voz suave. —É por isso que é tão fiel a ele?



—Noah será o rei de todos, ao lado de nossa verdadeira rainha. Juntos eles governarão todos os reinos, e seu sangue irá escorrer pelo chão desse seu reino maldito.



Eu lhe dei um sorriso maldoso, mostrando minhas presas afiadas. Ele estremeceu, engolindo em seco.

 

Meu poder se apertou em volta dele, o fazendo engasgar em suas próprias palavras, sugando a energia em volta dele.

 

Caspian deu um passo para perto de mim.

 

—Me chamam de Rainha dos Mortos. —Minha voz soou baixa, e como se eu estivesse contando um segredo, me inclinei para frente. —Que eu saiba, é isso que você é, certo? Seu coração não bate, não está vivo. Eu te aconselho a largar esse ato de rebelde e apenas me contar o que quero saber. Onde está meu irmão?

 

O ser continuou calado, me encarando. Senti aquela sensação novamente, como se alguém estivesse deslizando um dedo pelo me escudo mental. Desta vez permiti que ele entrasse, imaginando uma pequena abertura se formando nele, o deixando entrar.

 

"A mente dele é como se fosse um labirinto de pensamentos mesquinhos e horrendos." Caspian me alertou, sua voz deslizando como mel por meus pensamentos. " O nome dele é Mikhail. O direcione com perguntas, tentarei fazê-lo falar."

 

—Mikhail, — o chamei, o fazendo se alarmar. Por um segundo imaginei o homem que ele devia ser antes de ser transformado. Me perguntei se ele tinha família.—Meu irmão deve lhe tratar bem, se o protege desse jeito. É parte de sua guarda pessoal?

 

Uma imagem passou de Caspian a mim, sem dúvidas vindo do Dracul a nossa frente. Uma casa, cheia de videiras no meio de uma floresta escura, o céu era laranja fogo. Não precisava ser muito esperta para saber que se tratava de outra dimensão.

 

Unseelie, assim como James havia me contado.

 

—Apenas os mais fortes são da guarda dele, estúpida. Não que ele precise, é mais poderoso que todos. Não terá chance contra ele.

 

Dei uma risada ironica. —Você se esqueceu do que fiz com seus colegas no ataque?



O campo ao lado do casarão de Lord Crisan apareceu em minha mente. Meu cabelo estava solto, uma confusão de cachos enquanto eu olhava ao redor, parecendo estar pensando, cenho franzido por baixo de manchas de sangue dos Giovanni que eu havia matado. a visão dele era do chão, de onde James o segurava. Meu rosto se endureceu, meus olhos ficam quase pretos enquanto um calafrio de ouro terror passava o corpo do Dracul, seus irmãos indo ao chão logo em seguida, se desintegrando.



Voltei ao presente, onde o ser me olhava com ódio. —Devia ter me matado, não falarei nada. Noah irá me libertar. Ele consegue quebrar seus feitiços idiotas, entrará no castelo e te matará em seu sono.

 

Um objeto brilhou na memória dele, segurado por uma pessoa velha, um homem com barba comprida. Um feiticeiro segurando um livro que parecia estar vivo, vibrando.



Suspirei. Ele não nos diria mais nada, eu sabia. E eu não era uma pessoa cruel. A esse ponto, ele não nos servia para nada e a ideia de usar tortura me parecia errada. 

 

Me virei para Caspian. Ele apenas sorriu, dando de ombros. Eu sabia que era a maneira dele de dizer que eu deveria fazer o que achava melhor.

 

Suguei a energia dele para mim, aquela sensação de errado me invadindo, fazendo meu estômago se revirar enquanto a criatura na minha frente morria rapidamente.  Novamente me senti pesada com a sensação de ter causado uma morte, mesmo que fosse de um ser que havia causado tantas outras.

Ele já estava morto, repeti a mim mesma. Não se sinta mal por isso.

 

Cambaleei, sendo segurada por Cas, suas mãos em minha cintura para me manter de pé. Minha cabeça rodou por alguns segundos, fechei meus olhos com força, minhas mãos segurando seus ombros para me firmar no chão novamente, minha testa apoiada em seu peito.

 

—O que diabos era aquilo, Noah está trabalhando com um bruxo? É assim que está atravessando os feitiços de proteção? —Eu exigi uma explicação para ninguém em particular, levantando minha cabeça do conforto da camisa cara de Cas.

 

Rhys parecia preocupado, pegando as correntes de onde agora apenas as cinzas restavam. Ele trocou um olhar com Caspian, assentindo logo em seguida.

 

—Ordenarei que meus espiões mantenham vigia nos lugares que os feitiços daqui e os de Andolovina foram lançados, não tomaremos nenhum risco.

 

O príncipe ao meu lado apenas deu um aceno com sua cabeça, seu cenho franzido em pensamento. —Obrigada, Rhys.



O mestre espião nos deixou na sala, as mãos de Caspian ainda me segurando no lugar. Ele estava me olhando mais intensamente, analisando meu rosto. Parecia mais preocupado do que quando eu havia me despedido dele para ir até às terras de Lord Crisan.

 

—Cas, qual o problema?

 

Ele sacudiu a cabeça. como se quisesse espantar seus ppensamento —Nada, querida. Estou apenas preocupado. Aquele livro… parecia um que foi destruído a muito tempo, o grimório de um bruxo muito poderoso.



Me estiquei, meus dedos alisando as linhas de preocupação que se formavam em sua testa assim como ele sempre fazia comigo. Sua expressão se suavizou, ele fechou seus olhos por um segundo, absorvendo o gesto como um gato.

 

—Vou ficar bem. Você viu que sei me proteger, não se preocupe comigo.

 

Ele abriu seus olhos violáceos novamente,  me olhando por alguns segundos. —Sua aura ficou preta quando usou seu poder nele. Parece que puxar a energia deles para você é perigoso. Aquele livro disse que se curasse muitas pessoas, podeira ter consequências. Deve funcionar ao contrário também.



Assenti, suspirando, me afastando um pouco dele. —A aura deles é completamente errada, Cas. Eles não deveriam existir. Não são naturais. Parece que a minha energia se esvai quando faço isso. Poderia tirar uma longa soneca agora, ele sugou completamente minha energia.

 

Ele começou a me guiar para fora do calabouço, em direção ao meu quarto. Levantando seu pulso, olhou seu relógio. Segurei o riso, Caspian deveria ser a única pessoa que ainda usava relógio analógico. 

Algo me dizia que ele usava apenas pelo motivo de combinar com sua roupa.

—Temos um pouco de tempo antes de você ter que se aprontar para irmos.

 

Deixei ele me guiar, me contentando com a mão dele na minha. Familiar, reconfortante.

 

Assim que chegamos em meu quarto, eu me joguei na cama, suspirando em alívio. Eu estava tensa, nervosa com tudo que iria acontecer. Caspian estava se virando para ir embora, e sem que eu pensasse sobre o que estava fazendo, segurei seu pulso. Eu sabia que ele queria conversar sobre ontem a noite, sobre tudo que aconteceu entre nós. Que estava acontecendo.

 

—Cas, —comecei, parando para realinhar meus pensamentos. —Sobre ontem...



Seus olhos violaceos me fitavam, aguardando. Sempre paciente comigo. 

—Se arrepende? — Questionou suavemente.

 

Sacudindo minha cabeça, meu aperto em seu pulso fica mais forte. Eu podia ver que ele estava apreensivo no momento que fez a pergunta.

 

—De jeito nenhum. —Assegurei-o, rapidamente. —Apenas acho que deveríamos ir devagar. Depois de tudo que aconteceu comigo, eu… Eu quero tentar direito. Sempre mergulho de cabeça em tudo, e nunca da certo. Talvez se formos mais lentamente…



Sua mão livre repousou em minha bochecha, um olhar carinhoso passando pelo seu rosto. Apenas seu toque em mim foi capaz de causar aqueles choques em minha pele, a descarga de poder que agora era mais forte do que antes, por algum motivo.

 

—O que quiser, Sophie querida. — respondeu, parecendo aliviado. —Achei que iria dizer que foi um erro.

 

Bufei. —Isso não é um filme de sessão da tarde, Cas.  Eu tenho consciência de minhas ações.

 

Deu de ombros, andando até minha porta. Sua camisa azul escura contrastava com sua pele de uma maneira linda, me peguei percebendo. Era bom poder finalmente admitir o quão irritantemente bonito Caspian era.

Ele se virou para mim, me dando um sorriso que eu podia classificar como metido.

—Leve vestidos como o que usou para conhecer as tropas. A moda de meu reino é…. um tanto mais livre que a daqui. Quanto mais pele, melhor. Te vejo no portal, querida.



E com isso ele se foi.

 

Com um sorriso ainda descansando em meus lábios, aproveitei meu momento de descanso. Eu sabia que não teria outro tão cedo.



**



Seguindo o conselho dele, pedi para Lizbete empacotar em minha mala os vestidos mais reveladores que eu tinha. Nada dos vestidos de moça pura que eu sempre usava.

 

Meu cabelo estava repartido para o lado, caindo de uma maneira mais madura sobre meu ombro, a tiara reluzindo com a luz. O vestido vermelho, praticamente grudado em meu corpo, tinha uma longa fenda na perna direita, assim como um decote mais profundo do que eu estava acostumado a usar. Pelo menos ele desvia até meus pés.

 

Quando entrei no salão onde o portal estava nos aguardando, no fim da tarde, Isabella assobiou para mim. Ela estava usando um de seus vestidos colados, mas desta vez preto.

 

—Meu deus Soph, Está fantástica.

 

Os olhos de Caspian me varreram dos pés a cabeça, seus olhos se escurecendo com o que eu sabia ser pura admiração, e algo mais. A cada passo que eu dava para perto deles, a fenda revelava a pele de minha perna. 

Ele engoliu em seco, observando o movimento do vestido.

 

—Esta deslumbrante.— Ele concedeu finalmente,  seu olhar se demorando em minha pele exposta, quase me causando um arrepio involuntário. —Porém atrasada.

 

Rolei os olhos para ele, o efeito de seu olhar se esvaindo. —Estava me arrumando, conforme pediu.

 

Olhei ao redor, a sala estava quase escura pelo crepúsculo. sendo iluminada apenas pelos castiçais nas paredes. Fui até a janela, olhando as montanhas que rodeavam os castelos.

 

Me perguntei se veria essa calmaria tão cedo.

 

Carolinne praticamente se materializou ao meu lado me fazendo xingar baixo. Minha melhor amiga riu da minha cara, seu cabelo solto jogado sobre seu ombro. Ela estava vestida em roupas escuras, muito parecidas com as que usava geralmente quando ainda tínhamos um pouco de normalidade em nossas vidas.

 

—Desculpe, — ela disse, vendo meu olhar assassino. —Mas precisava te entregar sua encomenda. Aqui, coloque-o.

 

Ela me entregou uma pulseira com um pingente de pedra negra, que parecia cintilar com a luz.  Olhei ao redor, para ter certeza que ninguém estava prestando atenção em nós duas, mas Caspian estava ocupado com sua irmã, que lhe dizia algo baixo em italiano em tom de bronca. o fazendo se encolher.

 

Deslizei minha mão pela peça, sentindo o poder que ela escondia.

 

—Obrigada, Linne. —A abracei com força, agradecida por tê-la junto a mim em meio disto tudo. Me afastei um pouco dela, minhas mãos apertando as suas agora. — Tem certeza que vai ficar bem aqui? Pode ir para sua casa, sabe disso.

 

Ela estalou a língua em indignação para mim. —E te deixar ter toda diversão? Nem morta.

 

Ela estava tentando fazer a situação parecer leve, mas…. Se algo acontecesse a ela, especialmente quando eu não estava aqui, eu nunca me perdoaria.

 

—Vai ser perigoso nos próximos meses, não quero que nada aconteça com você.

 

Ela me deu um sorriso assegurador. —Soph, eu sei me cuidar, e além do mais, tenho Klaus e Jordan aqui. É você quem deve me prometer que vai tomar cuidado.

 

A xinguei internamente por me deixar emocional quando ela saia da sala depois de um último abraço.

 

Enrolei meus braços em volta de mim mesma, nervosa com o que estava por vir. Essa insegurança ainda surgia do nada, mesmo com a minha fachada bem colocada. Precisava fazer tanto, tanto em tão pouco tempo.

 

Um casaco foi colocado ao meu redor, e apenas pelo cheiro eu sabia de quem era.

 

Caspian se encostou na janela, também olhando para fora. Seus dedos batucando a caixa de cigarros que sempre carregava em o que eu sabia ser um hábito nervoso. Ultimamente ele não estava fumando tanto, pelo menos não em minha presença, sabendo que eu não era a maior fã do vício dele.

 

Me olhou de canto de olho, parecendo estar inquieto.

 

—O que? —Perguntei, me aconchegando mais no casaco dele. Eu não estava com frio, mas com esse vestido ainda no castelo eu me sentia exposta.

 

—Tenho algo para lhe dar. —Respondeu, sua mão alcançando algo dentro de seu bolso.

 

Tirou uma caixinha lá de dentro, a colocando em minha frente no parapeito da janela. Levantei uma sobrancelha para ele, pegando a caixinha e a sacudindo próximo a minha orelha. — Um presente? É um chapéu?

 

Rolou seu olhos para mim, nada impressionado com minhas graças.

 

—Apenas abra. — O obedeci, abrindo. Senti minha respiração se prender em meu peito, soltando um barulho de surpresa.

 

O anel no centro da caixa era lindo. Seu rubi era um que nunca havia visto antes, salpicado de dourado no meio. O anel em si era de um metal escuro, contorcido fomos e fosse galhos, com pequenas pedras de esmeralda e diamantes sendo as folhas.

 

Eu nunca liguei para jóias, mas essa…

 

—É lindo, Cas. — eu disse verdadeiramente, retirando o ano de dentro o admirando contra a luz.

 

—Tudo bem se não quiser usá-lo. Eu sei que estamos fazendo tudo ao contrário, mas seria bom se o usasse em Andolovina. —Ele parecia envergonhado. pegando o anel de minha mão, um olhar de incerteza passando por seus olhos. —É o anel de noivado de minha mãe.

 

Eu apenas assenti com a cabeça, o observando deslizar o anel até a base do meu dedo. Coube perfeitamente. 

 

—Vou cuidar bem dele.

 

Meus olhos estavam travados nos dele, que me olhavam procurando algo, como se ele estivesse tentando averiguar se algo era verdade ou não. Novamente eu senti o quão… natural era estar perto de Caspian. Ele deu um passo a frente, sua mão ainda na minha. Seus olhos se desviaram para meus lábios quando eu os umedeci com a língua, me sentindo com a garganta seca de repente.

 

—Soph, há algo que preciso te dizer. —ele praticamente sussurrou, seus polegar desenhando circulado em minha mão.

 

—O quê?

Ele me olhou, buscando, procurando. Quase como se estivesse apreensivo.

 

—Eu…

 

Ele se aproximou mais, parecendo vulnerável. 

 

Lembrei do jeito que ele havia me segurado na noite passada, da sensação das mãos dele em minha cintura enquanto dançávamos. Eu inclinei minha cabeça para cima, o olhando também. Se inclinou para baixo-

 

Fomos interrompidos por Isabella. Ela nos deu uma olhada conhecedora.

 

—Tudo pronto. Papai está nos esperando.

 

Caspian respirou profundamente, fechando seus olhos em irritação por ser interrompido, estendeu a mão para mim, como forma de convite.



—Está na hora de você conhecer Andolovina, Sophia querida.

 

Ansiosa, o segui através do portal. Deixando meu reino para trás pela primeira vez desde que voltei para cá.

Apenas esperava que ele ainda estivesse inteiro quando eu voltasse.


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Notas finais do capítulo

Demorei mas postei kk Essa capitulo na realidade tava com a contagem de palavras beirando os 11k, mas decidi dividir ele pra não ficar tão cansativo... Prometo que o próximo sai dentro da próxima semana!

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